EDUCAÇÃO HOLÍSTICA – No livro Visão holística em psicologia e educação,
organizado por Dênis S. Brandão e Roberto Crema, encontro o estudo denominado
de Educação Holística, de Jorge Ponciano Ribeiro, no qual o autor entende que:
[...] A ideia holística é aquela da
integração harmoniosa parte-todo-parte. [...]. Contudo, ele trata da
fragmentação, observando que: [...] Somos
educados ou para o trabalho ou para o estudo, provocando um cansaço extremo por
falta de uma maior união entre os dois hemisférios. Uma visão não fragmentada
da educação supõe uma visão criativa de qualquer campo do saber ou da ação, de
modo que o homem trabalhe o todo e não apenas uma parte sua [...] A educação do cotidiano, na vida, na escola
é uma educação para o sucesso, para a fuga da frustração. No mundo capitalista
e ocidental se educa para o sucesso, para o lucro, para a aventura ofensiva ou
comuflada. A dor, o sofrimento, a vivência de emoções legitimas, o encontro
criador entre pessoas não objeto da educação. Antes, não se fala, se evita, se proíbem
porque aí o ser humano se depara com suas próprias contradições. Educar é fazer
crescer, e não se cresce indo sempre na mesma direção [...]. Fomos educados na fragmentação e para a
fragmentação, porque a fragmentação – e isso é interessante – nos dá uma
sensação de segurança, pois ela permite o controle, ao passo que a totalidade é
o risco, porque não se tem parâmetros. Esta está além do tempo e do espaço. Educar
é caminhar para a totalidade. Totalidade esa que implica uma unidade interna
dentro de cada um de nós [...]. A partir disso o autor vai chamar atenção
para a transdisciplinaridade: [...] A
interdisciplinaridade junta elementos vários para compreender o todo. É o
médico, o engenheiro, o ecólogo planejando a estrada. Essa é a
interdisciplinaridade a serviço da ciência. A transdisciplinaridade, porém,
começa onde termina a interdisciplinaridade, porque é um movimento, é algo fora
do tempo e do espaço. Ela transcende. É o espirito presente na interdisciplinaridade.
É o movimento presente da interdisciplinaridade. O homem criou a ciência e, em
seguida, a ciência recria o homem. Numa visão transdisciplinar, o cientista sai
de seu isolamento e passa a jogar no time do outro. Cada um usa tudo que sabe,
tudo que pode, cada um à sua maneira, para que o gol se faça. Neste contexto,
somos todos servos da verdade e não da ciência; neste contexto, nosso saber se
torna serviço e não poder. Somos todos servos da grande caminhada para a
humanidade do ser ou para a hominização do ser. [...] Chama também atenção
para o conceito de Consciência: Fundamental
no holismo é o conceito de consciência [...] Holismo é uma relação de consciência com a realidade. Não uma realidade
fragmentada, mas uma realidade unificada pela dinâmica da relação
dentro-fora-dentro. Isso é a consciência, consciência da totalidade, mesmo
porque só temos consciência quando temos a totalidade. Se nos falta isso, não
chegamos à consciência [...]. Além disso, ele traz à baila a questão da
totalidade: [...] o holismo se plenifica,
se essencializa, torna-se plenamente holismo através da totalidade. Se, de um
lado, a consciência é sempre consciência de alguma coisa, de outro lado, a
totalidade é algo inatingível. E, por outra parte aina, só se tem consciência de
algo quando se tem uma totalidade. Como a totalidade é algo inatingível,
segue-se que nossa consciência do ser é sempre parcial e provisória. Vemos,
então, que a consciência é uma relação da totalidade. Embora a apreensão da
totalidade absoluta seja algo impossível, a visão unitária do ser como um todo
no mundo e do mundo como um todo no ser cria essa sensação de plenitude. [...].
Por consequência, o autor advoga que: [...] educar
significa consumar a essência do ser na sua relação. Só se educa quando o ser
se consuma, quando o ser se plenifica, quando o ser se objetiva plenamente. E quanto
mais tenho consciência dessa objetivação do meu ser, tanto mais a educação
acontece. [...] Ou se educa para a
totalidade e para a totalidade ou não se educa. Fragmentar é romper com o equilíbrio
essencial das partes e com sua natural e necessária interdependência, que a própria
natureza produz para que o ser seja. [...]. A partir de então, o autor vai
discorrer sobre conceitos alusivos à parte-todo, figura e fundo, seguindo-se
para a conclusão de que:[...] Educar é
promover o Bem, a Paz, o Novo.