sábado, 20 de junho de 2015

PSICOLOGIA, JORNALISMO & PUBLICIDADE


PSICOLOGIA & JORNALISMO – Nesta sexta-feira, dia 19, aconteceu mais uma visita dos estudantes de Jornalismo, Publicidade e Psicologia do Cesmac, comandados pelo Professor Ms Cláudio Jorge Morais Gomes, à comunidade Recanto da Ilha – Jacaré -, na cidade de Marechal Deodoro, Alagoas.

PROJETO DE EXTENSÃO – As atividades desenvolvidas pelos estudantes fazem parte do Projeto de Extensão Infância, Imagem e Literatura: uma experiência psicossocial na comunidade do Jacaré – AL, realizado pelos graduandos dos cursos de Psicologia, Jornalismo e Publicidade do Centro Universitário Cesmac.

ATIVIDADES DO DIA – Entre as atividades do dia efetuou-se contato com a comunidade no sentido de previsão de data para realização de evento voltado para as crianças da comunidade. Esse acontecimento envolve a apresentação da peça infantil O jacaré & a princesa, doação de livros, contações de histórias, brincadeiras, recreações pedagógicas, entre outras atividades. Foram contatados diversos moradores que manifestaram satisfação em recepcionar as atividades que foram assinaladas para realização no segundo semestre, em data ainda a ser discutida numa outra oportunidade com a mesma. Na ocasião, a comunidade aproveitou para expressar alguns problemas detectados na localidade, os quais foram recebidos e levados para discussão do grupo, na busca por providências. Como resultado, ficou definido reunião do grupo para a próxima quinta-feira, dia 25 de junho, na qual serão levantados os materiais colhidos na visita e o debate acerca do andamento das atividades do cronograma do respectivo projeto.

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quinta-feira, 11 de junho de 2015

A TEORIA INTERPESSOAL DE SULLIVAN


A PSIQUIATRIA DE SULLIVAN - O médico psiquiatra estadunidense Harry Arack Sullivan (1892-1949) trabalhou com esquizofrênico pelo qual adquiriu reputação de notável clínico que iniciou as atividades das comunidades terapêuticas, envolvendo-se posteriormente nas áreas clinicas, de consultoria e ensino. É autor de diversos ensaios sobre a esquizofrenia e palestras que resultaram na publicação de seus livros. É reconhecido como um teórico de psiquiatria dinâmica utilizando termos como distorção paratáxica e autoestima como importante no desenvolvimento e nas relações interpessoais. Com isso desenvolveu uma teoria psicológica social da personalidade, segundo a qual a personalidade é um conceito relacional, criando a teoria interpessoal da psiquiatria, pela qual acredita que a personalidade é o padrão relativamente duradouro de situações interpessoais recorrentes que caracteriza uma vida humana. Desta forma, a personalidade é uma entidade hipotética que não pode ser isolada das situações interpessoais, e o comportamento interpessoal é tudo o que podemos observar como personalidade.

TEORIA DA PERSONALIDADE – Para Sullivan a personalidade se constrói na relação com o outro. A sua teoria teve embasamento inicial em Freud, desenvolvendo posteriormente sua própria teoria funcional da personalidade, psicopatologia e terapia, voltando para a linguagem que se mostrava desencaminhadora, precavendo-se das conceituações autoconcretizadoras das teorias rígidas. Enfatizou o papel dos psiquiatras como participantes-observadores na situação clínica, buscando observações objetivas que pudessem lidar com as experiências emocionais do paciente. Observava, com isso, a interação social, definindo a personalidade como sendo o padrão relativo e duradouro de relações interpessoais que caracterizam a vida humana. O seu foco estava na abordagem psicopatológica, o que proporcionou a criação da teoria de campo por meio de processos temporais e interativos. Para ele o dinamismo é o padrão relativo e duradouro das transformações de energia que ele denominou de padrões de comportamento interpessoal recorrentes. Com isso, entende-se que a sua teoria é voltada para as necessidades e ansiedade. Para ele, as necessidades podem ser tanto por satisfação como por segurança, uma vez que ocorre quando são fundamentais em situações de perigo quando não ser satisfeitas; por outro lado, a ansiedade é o motivador primário do comportamento humano. As necessidades por satisfação incluem necessidades físicas - como ar, água, comida e calor - e necessidades emocionais, especialmente por contato humano e por expressar os próprios talentos e capacidades. Ele trouxe pro cenário dos debates a ligação empática, a qual se estabelece entre o cuidador e o bebê, descrevendo a complicada interação dos bebês comunicando tensão e ansiedade, provocando ansiedade no cuidador e levando a respostas-temas as necessidades do bebê. A falha na satisfação dessas necessidades traz como resultado a solidão e a ansiedade. Por isso ele definiu segurança como a ausência de ansiedade. Necessidades por segurança incluem a necessidade de evitar, prevenir ou reduzir ansiedade.
Na sua teoria o autosistema ou autodinamismo foi definido como o dinamismo que é responsável por evitar ou reduzir ansiedade, igualando o self-identidade-ego com os padrões desenvolvidos da pessoa para evitar os desconfortos que surgem a partir da falha dos outros de satisfazer as necessidades fundamentais da pessoa. Esse autosistema existe, como tudo mais puramente dentro de uma estrutura interpessoal e desenvolve um conjunto de mecanismos, denominado operações de segurança que reduz a ansiedade. Essas operações de segurança funcionam de modo bastante semelhante aos mecanismos de defesa dentro da teoria psicanalítica. No entanto, as operações de segurança específicas foram definidas interpessoalmente, ligadas a observações ou experiências reais. Com isso, entende-se que o autosistema advém de experiências interpessoais sempre em desenvolvimento e que as experiências mais difíceis não são necessariamente aquelas que envolvem falha em satisfazer as necessidades da criança, mas a criança sentir a ansiedade do cuidador no processo de responder a estas necessidades. A ansiedade do cuidador provoca ansiedade na criança, promove a necessidade de estabelecer um senso de segurança e conduz a evolução do autosistema e ao desenvolvimento de operações de segurança.
Por sua vez, o autosistema é dividido em três partes - eu bom, eu mau e não eu. O eu bom é um conjunto de imagens, experiências e comportamentos associados a respostas não ansiosas, temas, empáticas e aprovadoras e aceitadoras do ambiente. O eu mau vem a tornar-se associado a idéias, ações e percepções que provocam ansiedade e desaprovação de cuidadores. Algumas situações, no entanto, provocam ansiedade tão intensa que elas são inteiramente desautorizadas e desapropriadas; e, além disso, se tornam parte do não eu. Por fim, a ligação empática torna-se desnecessária e o autosistema opera de forma autônoma dentro da pessoa, desenvolvendo meios cada vez mais complexos e sutis de manejar a ansiedade da pessoa.
As suas contribuições mais significativas estão na definição de apatia, desapego sonolento e desatenção seletiva. Estas operações de segurança foram extraídas da observação de como os bebês e crianças novas reagem a interações dolorosas, como repreensão dos seus pais. Com isso apresentou suas teorias desenvolvimentais, postulando três modos cognitivos desenvolvimentais de experiência cujo grau de persistência na fase adulta é importante para entender a psicopatologia.
O primeiro deles é o modo prototáxico, característico da primeira infância e da infância, envolve uma série de estados breves desconectados experimentados como totalidades sem qualquer relacionamento temporal. Na vida posterior, experiências místicas e fusão esquizofrênica representam experiências prototáxicas persistentes. O segundo modo é o da experiência paratáxica que começa cedo na infância à medida que o autosistema inicia seu funcionamento independente. Ela também envolve uma série de experiências momentâneas; no entanto, elas são registradas em seqüência com conexão aparente uma a outra. Elas podem receber sentidos simbólicos, porém regras de lógica estão ausentes e a coincidência desempenha um papel importante em como o mundo é percebido. O autosistema utiliza experiência paratáxica para buscar comportamentos redutores de ansiedade eficazes e repeti-los, buscando igualdade e previsibilidade. Com isso, ele usou o modo para explicar transferência, lapsos de língua e ideação paranóide.
O terceiro modo é denominado de sintático de experimentar que se baseia no desenvolvimento da linguagem e na validação consensual. Validação consensual é a aceitação das percepções partilhadas dos outros como uma base para definir a realidade objetiva. O mundo e o self são percebidos dentro de regras de lógica, sequenciamento temporal, validade externa e consistência interna. Pensar sobre si mesmo e sobre os outros se torna testável e modificável com base na análise rigorosa de experiências em uma variedade de situações diferentes. A maturidade pode ser definida como o predomínio extensivo do modo sintático de experimentar.
A teoria do desenvolvimento social baseia-se nos modos cognitivos em desenvolvimento. No entanto, relacionamentos interpessoais perturbados podem fazer com que os modos primitivos de experimentar o mundo persistam. Esse modo se caracteriza pela satisfação de necessidades que predominam e a esfera interpessoal na qual as necessidades de satisfação e suas necessidades de segurança resultantes são preenchidas. Cada estágio é também caracterizado pela zona primária de interação - áreas corporais através das quais a pessoa canaliza necessidades, ansiedade e alívio.
Para o autor, a primeira infância, do nascimento ao início da linguagem, caracteriza-se pela necessidade primária de contato corporal e ternura. O modo prototáxico predomina e as zonas primárias de interação são orais e, de algum modo, anais. No momento em que necessidades são preenchidas com um mínimo de ansiedade, o bebê experimenta euforia e um sentimento de bem-estar. No momento que alguma ansiedade está comumente presente nos cuidadores, apatia e desapego sonolento são operações de segurança regularmente usadas, persistindo na vida adulta como uma posição básica desapegada e passiva. Se a ansiedade e a inconsistência são severas, experiências intensas de pavor persistem na vida posterior apresentando-se como estados internos sinistros bizarramente disruptivos observados nos pacientes esquizofrênicos.
A fase da infância, que começa com o início de linguagem utilizável e continua até o início da escola, caracteriza-se pelo foco da criança sobre os pais como o outro de quem louvor e aceitação são buscados. O modo primário de experiência muda para o paratáxico e a zona de interação mais comum é a anal. A criança precisa de um público adulto aprovador. Esta necessidade conduz a uma variedade de áreas de aprendizagem - linguagem, comportamento e autocontrole. Ela pode também ser observada em uma variedade de esforços, tentativa e erro, pela criança para encontrar o que agrada. A gratificação, conduz a um autosistema expansivo com muitas facetas da vida associadas ao bom eu e a autoestima positiva. Ansiedade moderada conduz à ansiedade crônica, incerteza e insegurança. Ansiedade extrema resulta em desistir de comportamento exitoso conhecido em favor de padrões autodestrutivos que preencherão o que veio a ser esperado pelos outros.
A era juvenil cobre as idades de 5 a 8 anos. O desvio do modo cognitivo sintático inicia e o foco interpessoal espalha-se para grupos de pares e para figuras de autoridade externas. Existe a oportunidade para pares e os professores aprovarem e aceitarem comportamentos previamente inibidos dentro da família. Cooperação interpessoal, competição, brinquedo e acordos tornam-se experiências gratificantes. Os jovens aprendem a negociar suas próprias necessidades com um interesse social legítimo sem sacrificar a autoestima no processo. Os riscos de ansiedade excessiva são uma necessidade demasiado grande para controlar e dominar as situações sociais ou internalização de atitudes sociais prejudiciais e restritivas.
A pré-adolescência, idades de 8 a 12, marca o movimento da criança da cooperação e da competição dos grupos de pares embasada em regras para intimidade genuína com um camarada. É essa fase como um estágio particularmente importante no qual o dar e receber com um amigo especial pode reparar e desfazer distorções causadas por ansiedade excessiva em estágios anteriores. A criança dirige-se verdadeiramente para fora da família pela primeira vez e se engaja em um dar e receber livre com uma outra pessoa não afetada pela dinâmica da mesma família. A grande mudança em direção ao pensamento sintático ocorre, embora algumas distorções possam persistir até a adolescência. Uma capacidade para apego, amor e colaboração emerge ou falha em desenvolver-se em face da ansiedade excessiva. Embora exploração sexual possa ser uma parte do relacionamento de camaradagem, ele não viu a sexualidade como um elemento central na pré-adolescência.
A adolescência inicia na puberdade, tem em seu estágio inicial preocupações semelhantes as da pré-adolescência, com a importante exceção de que sensualidade é acrescentada a equação interpessoal. As mesmas necessidades de um relacionamento de partilha especial persistem, mas mudam para o sexo oposto como um escape conduzindo a uma importante oportunidade para aprendizagem ou ansiedade severa. À medida que a pessoa enfrenta a estereotipia culturalmente definida, muitas oportunidades novas para experimentação social podem levar à consolidação da autoestima ou a autoridicularização. A luta para integrar sensualidade com intimidade é realizada por dolorosa tentativa e erro. Se a integração é concluída com o autosistema relativamente intacto, os anos posteriores da adolescência tornam-se uma oportunidade para expandir o modo sintático para áreas como visão consensual de relações interpessoais, valores e idéias, decisões de carreira e interesses sociais.
A sua teoria psicopatológica buscou entender o processo humano fundamental que ocorre dentro dos seus pacientes, especialmente os mais doentes. Para ele, a psicopatologia era resultante de ansiedade excessiva que detém o desenvolvimento do autosistema e, por meio disso, limita tanto oportunidades para satisfação interpessoal como operações de segurança disponíveis. Com isso, pensou que diversos fatores afetam a forma que os distúrbios assumem. O nível de ansiedade em um estágio desenvolvimental particular pode lançar a fundação para uma parte do desenvolvimento. A capacidade cognitiva básica pode desempenhar um papel na escola de operações de segurança confiadas ou retidas. O grau de sucesso obtido interpessoalmente, combinado com quaisquer capacidades usadas, afetam o sucesso posterior. A ocorrência casual de estresses encontrados durante a vida é também um fator.
A sua psicoterapia interpessoal enfatiza que o psiquiatra é um participante-observador em todas as interações com os pacientes, uma vez que quando o profissional interage ativamente com os pacientes, expressões verbais e não-verbais de padrões interpessoais recorrentes tornam-se aparentes. Estas observações então informam o comportamento posterior do terapeuta, deste modo criando uma oportunidade para mudança. Com isso, a terapia elucida os padrões interpessoais do paciente, explorando sua utilidade a serviço das necessidades do paciente e considerando as possibilidades alternativas e mais favoráveis, enfatizando a experiência do paciente das distorções, as necessidades, os padrões e as mudanças potenciais dentro da interação em andamento com o terapeuta. Ele dividiu a terapia em quatro estágios distintos: incepção, reconhecimento, levantamento detalhado e término.
A incepção envolve o comecinho, freqüentemente apenas uma parte da primeira entrevista, durante a qual o contrato e os papéis são estipulados.
O reconhecimento pode prosseguir por tantas quantas 15 sessões, durante as quais o terapeuta identifica os padrões recorrentes dos pacientes e avalia suas qualidades adaptativas e mal-adaptativas.
O levantamento detalhado é um processo prolongado de explorar os pensamentos, sentimentos e memórias do paciente e de avaliar e reavaliar dados de estágios anteriores, buscando reconhecer, esclarecer e mudar distorções paratáxicas persistentes.
Os padrões recorrentes são discutidos dentro do contexto da história desenvolvimental do paciente, necessidades, ansiedades, fracassos e sucessos.
As metas finais da psicoterapia são obter tanta experimentação dentro do modo sintáxico quanto possível e ampliar o repertório do auto-sistema. No momento que estas metas são atingidas, os pacientes são capazes de tornar-se responsáveis por seu crescimento em andamento através de interações interpessoais subsequentes.

O COMPORTAMENTO INTERPESSOAL – Para o autor em estudo o  comportamento é o que se observa, defendendo que a personalidade se constrói na relação com o outro e que os padrões de comportamento são uma característica da personalidade. Assim, o dinamismo é a menor parte da personalidade. Por consequência a personalidade é uma hipótese teórica, cuja unidade de estudo é a relação interpessoal e não a pessoa, e que sua organização consiste em eventos interpessoais que só se manifesta quando a pessoa está se comportando em relação a um ou mais indivíduos, mesmo que estes não estejam presentes. Com isso, entende o autor que a personalidade é o centro dinâmico de vários processos que ocorrem em vários campos interpessoais. As personificações são o resultado da imagem que o indivíduo tem de si mesmo ou de uma outra pessoa, sendo, com isso, um complexo de sentimentos, atitudes e concepções que decorrem de experiências de satisfação de necessidade e de ansiedade. Os estereótipos são personificações compartilhadas por várias pessoas, não existem a priori, são construídas, porque são generalizações de personificações.

REFERÊNCIAS
ATKINSON, Richard; HILGARD, Ernest; ATKINSON, Rita; BEM, Daryl; HOEKSENA, Susan. Introdução à Psicologia. São Paulo: Cengage, 2011.
BERNAUD, J. Métodos de avaliação da personalidade. Lisboa: Climepsi, 1998.
BOCK, A.M et al. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. São Paulo: Saraiva, 2001
DAVIDOFF, Linda. Introdução à Psicologia. São Paulo: Pearson Makron Books, 2001.
GAZZANIGA, Michael; HEATHERTON, Todd. Ciência psicológica: mente, cérebro e comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2005.
HANSENNE, M. Psicologia da personalidade. Lisboa: Climepsi, 2003.
MORRIS, Charles; MAISTO, Alberto. Introdução à psicologia. São Paulo: Pretence Hall, 2004.
MYERS, David. Psicologia. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
SCHULTZ, Duane; SCHULTZ, Sydney. Historia da psicologia moderna. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
______. Teorias da personalidade. São Paulo: Cengage Learning, 2014.
WOOLFOLK, Anita. Psicologia da educação. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.


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quarta-feira, 10 de junho de 2015

PSICOPATOLOGIA & VONTADE, PSICOMOTRICIDADE E SUAS ALTERAÇÕES


VONTADE – Segundo Dalgalarrondo (2008), a vontade é uma dimensão complexa da vida mental, relacionada intimamente com as esferas instintiva, afetiva e intelectiva que envolve aaliar, julgar, analisar, decidir, bem como o conjunto de valores, princípios, hábitos e normas socioculturais do invidiuo. Não é ponto pacífico se a vontade depende mais da esfera instintiva, de forças inconscientes, da esfera afetiva, de valores culturais ou de componentes intelectuais conscientes. Alguns autores identificam a vontade ao desejo consciente ou inconsciente.

O INSTINTO – Para Dalgalarrondo (2008), é definido como um modo relatyivamente organizado, fixo e complexo de resposta comportamental de determinada espécie, que, por meio dela, pode sobreviver melhor em seus ambiente natural.
A pulsão, para a psicanálise, é o conjunto de elementos inatos, inconscientes, de origem parcialmente biológica e parcialmente psicológica, que movem o sujeito em direção à vida ou à morte.

DESEJO - Dalgalarrondo (2008) define que é um querer, um anseio, um apetite, de natureza consciente ou inconsciente, que visa sempre algo, que busca sempre a sua safisfação.
Os desejos diferenciam-se das necessidades, pois estas são fixas e inatas, independentes da cultura e da historia individual, enquanto aqueles são móveis, moldados e transformados social e historicamente.
A inclinação, por sua vez, é a tendência a desejar, buscar, gostar, entre outros, intimamente relacionada à personalidade do individuo, duradoura e estável, que inclui tantos aspectos afetivos como volitivos. Trata-se de algo constitutivo do individuo e é, em certa proporção, de natureza genética.

ATO VOLITIVO OU DE VONTADE – O ato volitivo ou de vontade, segundo Dalgalarrondo (2008). É traduzido pelas expressões típicas do eu quero ou eu não quero, que caracterizam a vontade humana sensu strictu.
Os motivos, ou razões intelectuais que influem no ato volitivo, dos móveis, ou influencias afetivas atrativas ou repulsivas que pressionam a decisão volitiva para um lado ou para outro.
O ato volitivo se dá, de forma geral, como um processo, o chamado processo volitivo, no qual se distinguem quatro etapas ou momentos fundamentais e em geral cronologicamente seguidos.

FASES DO PROCESSO VOLITIVO – A fase de intenção ou proposito, no qual, segundo Dalgalarrondo (2008), se esboçam as tendências básicas do individuo, suas inclinações e interesses.
A fase da deliberação diz respeito à ponderação consciente, levando-se em conta tanto os motivos como os moveis implicados no ato volitivo. É um momento de apreciação, consideração dos vários aspectos e das implicações de determinada decisão.
A fase de decisão propriamente dita é o momento culminante do processo volitivo, instante que demarca o começo da ação, no qual os moveis e os motivos vencidos dão lugar aos vencedores.
A fase de execução constitui a etapa final do processo volitivo, na qual os atos psicomotores simples e complexos decorrentes da decisão são postos em funcionamento, a fim de realizar e consumar aquilo que mentalmente foi decidido e aprovado pelo individuo.
O ato de vontade pautado por essas quatro fases, em que ponderação, analise e reflexão precedem a execução motora, é denominado ação voluntária.

ALTERAÇÕES DA VONTADE – A hiperbulia ou abulia, para Dalgalarrondo (2008), o individuo refere que não tem vontade para nada, sente-se muito desanimado, sem forças, sem pique. A abulia não se confunde com a ataraxia, que é um estado de indiferença volitiva e afetiva desejada e buscada ativamente pelo individuo. Trata-se aqui do estado de imperturbabilidade almejada por místicos, ascetas e filósofos da chamada escola estoica.

ATOS IMPULSIVOS E COMPULSIVOS - O ato impulsivo, segundo Dalgalarrondo (2008), abole abruptamente as fases de intenção, deliberação e decisão, em função tanto da intensidade dos desejos ou temores inconscientes como da fragilidade das instancias psíquicas implicadas na reflexão, na analise, na ponderação e na contenção dos impulsos e dos desejos. O ato impulsivo apresenta as seguintes características: é realizado sem fase previa de intenção, deliberação e decisão; é realizado, de modo geral, de forma egossintomica, quando o individuo não percebe tal ato como inadequado, não tenta evita-lo e considerando ser o ato impulsivo frequentemente não é contrário aos valores morais e desejos de quem o pratica; é geralmente associado a impulsos patológicos ou à incapacidade de tolerância à frustração e necessária adapatação à realidade objetiva sendo que, dessa forma, o individuo dominado pelo ato impulsivo tende a desconsiderar os desejos e as necessidades das outras pessoas.
O ato compulsivo ou compulsão, para Dalgalarrondo (2008), difere do ato impulsivo por se reconhecido pelo individuo como indesejável e inadequado, assim como pela tentativa de refreá-lo ou adiá-lo. A compulsão é geralmente uma ação motora complexa que pode envolver desde atos compulsivos relativamente simples, como coçar-se, picar-se, arranhar-se, até rituais compulsivos complexos, como tomar banho de forma repetida e muito ritualizada, lavar as mãos e secar-se de modo estereotipado, por inúmeras vezes seguidas, entre outros.
Os atos e os rituais compulsivos, segundo Dalgalarrondo (2008), apresentam característica como vivência frequente de desconforto subjetivo por parte do individuo que realiza o ato compulsivo; são egodistônicos e experienciados como indesejáveis, contrários aos valores morais e anseios de quem os sofre; tentativa de resistir ou adiar à realização do ato compulsivo; sensação de alívio ao realizar o ato, alívio de que logo é substituído pelo retorno do desconforto subjetivo e pela urgência em realizar novamente o ato compulsivo; ocorrem frequentemente associados a ideias obsessivas, muito desagradáveis, representando tentativas de neutralizar tais pensamentos.

TIPOS DE IMPULSOS E COMPULSÕES PATOLÓGICAS – Os impulsos e compulsões agressivas auto ou heterodestrutivas, segundo Dalgalarrondo (2008), são automutilação e frangofilia.
A automutilação é o impulso ou compulsão seguido de comportamento de autolesão voluntária. São pacientes que produzir escoriações na pele e nas mucosas, furam braços com pregos e pedaços de vidro, arrancam os cabelos (tricotilomania), entre outras, e são leves e moderadas quando observadas em individuos com transtorno da personalidade bordeline, naqueles com transtorno obsessivo-compulsivo e em alguns deficientes mentais.
A frangofilia é o impulso patológico de destruir os objetos que circundam o individuo. Está associado geralmente a estados de excitação impulsiva intensa e agressiva.
A piromania é o impulso de atear fogo a objetos, prédios, lugares, e ocorre principalmente em indivíduos com transtornos da personalidade.
Os impulsos e compulsões relacionados à ingestão de substancia ou alimentos possui o uso do agente psicotiavo que se caracteriza por grande impulsividade.
A dispsomania ocorre como impulso ou compulsão periódica para ingestão de grandes quantidades de álcool. O individuo bebe seguidamente até ficar inconsciente; a crise é superada, voltando o paciente à situação anterior, havendo geralmente amnesia retrograda para o ocorrido.
A bulimia é o impulso irresistível de ingerir rapidamente grande quantidade de alimentos, muitas vezes doces e chocolates, em geral como ataque à geladeira. Após a ingestão rápida o paciente bulímico sente-se culpado, com medo de engordar e induz vômitos ou toma laxativos.
A potomania é a compulsão de beber água ou outros líquidos sem que haja sede exagerada. Difere da polodipsia em que o individuo sente sede exagerada geralmente devido a alterações metabólicas em seu organismo.
Os atos e compulsões relacionados ao desejo e comportamento sexual foram classificados e descritos como perversões sexuais, preferindo-=se atualmente os termos atos impulsivos e compulsões sexuais.
O fetichismo é o impulso e o desejo sexual concentrado em partes da vestimenta ou do corpo da pessoa desejada.
O exibicionismo é o impulso de mostrar os órgãos genitais, geralmente contra a vontade da pessoa que observa. O ato de mostrar já é suficiente para o individuo obter prazer; ele não busca o contato sexual direto com a pessoa para a qual se exibe.
O voyeurismo é o impulso de obter prazer pela observação visual de uma pessoa que está tendo relação sexual, ou simplesmente está nua ou se despindo.
A pedofilia é o desejo sexual por crianças ou púberes do sexo oposto; a pederastia é o desejo sexual por crianças ou adolescentes do mesmo sexo.
A gerontofilia é o desejo sexual por pessoas consideravelmente mais velhas.
A zoofilia ou bestialismo é o desejo sexual dirigido a animais.
A necrofilia ou vampirismo é o caso de desejo sexual por cadáveres.
A coprofilia é a busca do prazer com uso de excrementos no ato sexual.
A ninfomania é o desejo sexual quantitativamente muito aumentado na mulher e a satiríase, em nível muito aumentado no homem.
Esses aumentos patológicos do desejo sexual ocorrem principalmente em indivíduos em fase maniacal de transtorno bipolar. Não é rara a compulsão à masturbação, vivenciada como intensa necessidade de realizar atividade masturbatória repetitiva, até mesmo praticada com desprazer.
Outros impulsos e compulsões são identificados como Poriomania que é o impulso e o comportamento de andar a esmo, viajar, desaparecer de casa, ganhar o mundo.
A cleptomania ou roubo patológico é o ato impulsivo ou compulsivo de roubar, precedido geralmente de intensa ansiedade e apreensão, que apenas se alivia quando indivíduo realiza o roubo.
A compulsão por comprar é um tipo de compulsão em que o individuo sente necessidade premente de compra objetos de forma compulsiva, sem observar a utilidade e sem ter necessidade ou poder utilizar adequadamente. No momento em que realiza a compra, sente um certo alivio, que geralmente é de curta duração, seguindo-se de sentimentos de culpa e arrependimento.
O negativismo é a oposição do individuo às solicitações do meio ambiente.
A sitiofobia é a recusa sistemática de alimentos, geralmente revelando negativismo profundo. O termo também é utilizado para designar a recusa de alimentos associada a quadros delirantes persecutórios (delírio de envenenamento) ou depressivos graves.
A obediência automática é o oposto do negativismo, quando o individuo obedece automaticamente como um robô teleguiado, às solicitações de pessoas que entrem em contato.
Os fenômenos em eco, ecopraxia, ecolalia, ecomimia e ecografia, o indivíduo repete de forma automática, durante a entrevista, os últimos atos do entrevistador, suas palavras ou silabas, reações mímicas ou escrita. Esses fenômenos revelam acentuada perda do controle da atividade voluntária e sua substituição por atos automáticos, sugeridos pelo ambiente circundante.
O automatismo refer-se aos sintomas psicomotores, como movimentos de lábios, língua e deglutição, abotoar/desabotoar a roupa, deambular a esmo, associados à crise epiléptica do tipo parcial complexa, na qual já alteração do nível de consciência, geralmente acompanhada de automatismos psicomotores. O automatismo psíquico representa o surgimento de pensamentos, representações, lembranças e comportamentos apenas muito precariamente controlados pela atenção voluntária e pelos desejos conscientes. O automatismo mental refere-se a fenômenos psíquicos sentidos pelo paciente, mas não reconhecidos por ele como provindo de sua personalidade por atribui-los a uma ação externa.

AS ALTERAÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE – Para Dalgalarrondo (2008), assim como o ato motor é componente final do ato volitivo, as alterações psicomotoras frequentemente são expressão final de alterações da volição.
A agitação psicomotora é uma das mais comuns, implicando a aceleração e exaltação de toda a atividade motora do individuo, em geral secundária a taquipsiquismo acentuado. Comumente se associa à hostilidade e à heteroagressividade. A agitação psicomotora é um sinal psicopatológico muito frequente e relativamente inespecífico, sendo vista todos os dias nos serviços de emergencia e internação.
A lentificação psicomotora reflete a lentificação de toda a atividade psíquica, bradipsiquismo. Toda a movimentação voluntária torna-se lenta, difícil, pesada, podendo haver período de latência entre uma solicitação ambiental e a resposta motora do paciente.
O estupor é a perda de toda a atividade espontânea que atinge o individuo globalmente, na vigência de um nível de consciência aparentemente preservado e de capacidade sensório-motora para reagir ao ambiente.
A catalepsia é um acentuado exagero do tônus postural, com grande redução da mobilidade passiva dos vários segmentos corporais e com hipertonia muscular global de tipo plástico.
A cataplexia é a perda abrupta do tônus muscular, geralmente acompanha de queda ao chão.
Estereotipias motoras são repetições automáticas e uniformes de determinado ato motor complexo, indicando geralmente marcante perda do controle voluntário sobre a esfera motora. O paciente repete o mesmo gesto com as mãos dezenas ou centenas de vezes em um mesmo dia. Observam-se estereotipias motoras na esquizofrenia, sobretudo nas formas crônicas e catatônicas, assim como na deficiência mental.
Os tiques são atos coordenados, repetitivos, resultantes de contrações súbitas, breves e intermitentes, envolvendo geralmente um grupo de músculos que atua em suas relações sinérgicas normais. Acentuam-se muito com a ansiedade. Os tiques geralmente são reflexos condicionados, os quais surgiram associados a determinados estímulos emocionais ou físicos, mantendo-se forma estereotipada, como um movimento involuntário.
Na conversão há o surgimento abruto de sintomas físicos, como paralisias, anestesias, parestesias, cegueiras, de origem psicogênica. A conversão motora ocorre geralmente em situação estressante, de ameaça ou conflito intrapsíquico ou interpessoal significativos para o individuo. Segundo a teoria psicanalítica, a conversão expressa a representação simbólica de um conflito psíquico em termos de manifestações motoras ou sensoriais. A conversão ocorre sobretudo na histeria e no transtorno da personalidade histriônica.

REFERÊNCIAS
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed, 2008.
PAIM, Isaías. Curso de psicopatologia. São Paulo: EPU, 1993.


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segunda-feira, 8 de junho de 2015

A TEORIA DA PERSONALIDADE DE ERICH FROMM


ERICH FROMM – O filósofo, sociólogo e psicanalista alemão Erich Fromm (1900-1980), produziu uma extensa obra na qual aborda temas como linguagem simbólica, inconsciente social, sonhos, a tecnologia, a religião, humanismo normativo e a moldagem do individuo pela sociedade, a destrutividade, as falhas predeterminadas pela cultura, as influencias intrafamiliares, a situação humana, as necessidades básicas da alma humana, a experimentação da identidade por individualidade ou conformidade, ligação através do amor ou narcisismo, transcendência por criatividade ou por destruição, raízes por irmandade ou incesto, entre outras, criticando o processo de desumanização provocada pela sociedade capitalista, tornando-se um renovador da psicanalise com a promoção de inclusão das relações sociais e da cultura na compreensão dos fenômenos psíquicos.

A TEORIA DA PERSONALIDADE – A teoria da personalidade de Fromm está embasada na orientação de caráter, identificada como sendo as formas que os indivíduos se relacionam com o mundo e constituem de forma geral o caráter de dias formas: pela assimilação e peça socialização. Ambas as formas quatro tipos de caráter identificados como negativos. São eles: o receptivo, o explorador, o acumulador e o mercantil. Um quinto tipo identificado como sendo positivo é denominado de caráter produtivo.
No caráter receptivo se caracteriza pela noção de que o que se precisa está fora de si e que os fatores externos são os únicos modos de receber o que se quer, tornando-se dependente e submisso, precisando do outro para cuidar e que para identificar-se com aquele que cuida fará tudo para se assemelhar e não decepcionar.
O caráter explorador é aquele agressivo que procurar retirar e explorar os outros, tomar dos outros pela esperteza como pela força, utilizando-se do poder para obter o que se deseja.
O caráter acumulativo é aquele que identifica o mundo como um lugar ameaçador, desconfiando e tornando-se rígido em possuir e poupar, tornar-se frugal, avarenta ou econômica.
O caráter mercantil está relacionado com o capitalismo, pelo qual ocorre o desempenho de papeis aprovados socialmente, foco na tarefa de se vender.
Esses tipos de caráter se mesclam num individuo concerto e será um produto social o tipo de caráter predominante. Na sociedade moderna é predominante a orientação mercantil, gerando a opção pelo ter ao invés do ser.
Estas orientações de caráter podem se mesclar num indivíduo concreto e o tipo de caráter predominante nos indivíduos é um produto social.
A pessoa saudável não precisa de nenhuma dessas características, voltando-se para o caráter produtivo na busca pela realização do pleno potencial sem necessitar, depender ou explorar os outros. O amor produtivo não é possessivo e nem se reduz ao amor sexual. O amor produtivo tem sua base na produtividade e é o amor autêntico, que tem como exemplo máximo o amor materno e é marcado pelo desvelo, responsabilidade, respeito e conhecimento, razão pela qual este tipo de amor é desintegrado na sociedade capitalista contemporânea. O pensamento produtivo tanto respeita como reage e possui interesse no seu objeto, na busca pela compreensão e visão total dele.
O caráter social pode ser dividido entre os que se orientam produtivamente ou improdutivamente. Os improdutivos são caracterizados como receptivos, exploradores, acumuladores e mercantis. Os produtivos são aqueles que manifestam a essência humana e realiza a produtividade.
Para Fromm a base fundamental do caráter se encontra nos diversos tipos de organização da libido, admitindo que o caráter social se encontra na relação da pessoa com o mundo, com o outro e consigo mesmo, na função de moldar os indivíduos a agir na direção de exigência da sociedade. Esse caráter social produz o desejo de agir em conformidade com a exigência da sociedade que produz no individio a satisfação de agir conforme a cultura e realizar a mediação entre as ideias dominantes e o modo de produção.

HUMANISMO – Para Fromm o homem é potencialmente bom e só se torna mau em condições adversas quando desenvolve uma potencialidade secundária. Ao distinguir a consciência humanista da consciência autoritária, Fromm observa que a consciência humanista está voltada para a integridade e interesse próprio, enquanto que a consciência autoritária está voltada para obediência, dever e abnegação do homem e seu ajustamento social. A meta da consciência humanista é a produtividade e a felicidade. Estas são as bases da ética humanista e da psicanálise do autor.
A psicanálise humanista de Fromm envolve tanto a tipologia do caráter e suas influências na sociedade e no processo histórico, como também o questionamento acerca das bases da sociedade moderna, anti-humanista e mercantil, discutindo a questão do caráter social e os processos sociais gerados pelo capitalismo na influencia sobre o ser humano na quantificação/abstratificação, na alienação, na burocratização e na mercantilização.

SAÚDE MENTAL – Ao abordar as relações sociais, Fromm passa a tratar sobre a saúde mental e com questionamento sobre a ideia de normalidade e a qualificação de anormalidade, entendendo que normalidade se dá na dependência e na adaptação do individuo em determinadas relações sociais, discutindo se essas relações são realmente saudáveis ou se o individuo comunga com a maioria da mesma doença psíquica para ser considerado normal.

O SOCIALISMO HUMANISTA – A ideia do socialismo humanista surge da critica da sociedade contemporâneo e do socialismo real – o capitalismo de Estado –, propondo o socialismo comunitário humanista com foco nas relações sociais.

REFERÊNCIAS
FROMM, Erich. O espírito da liberdade. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.
______. A arte de amar. São Paulo, Itatiaia, 1990.
______. A crise da psicanálise: Freud, Marx e a Psicologia Social. Rio de Janeiro, Zahar, 1977.
______. A linguagem esquecida: uma introdução ao entendimento dos sonhos, contos de fadas e mitos. Rio de Janeiro, Zahar, 1983.
______. A revolução da esperança: por uma tecnologia humanizada. 5ª edição, Rio de Janeiro, Zahar, 1984.
______. Análise do homem. Rio de Janeiro, Zahar, 1978.
______. Anatomia da destrutividade humana. Rio de Janeiro, Zahar, 1975.
______. Da desobediência e outros ensaios. Rio de Janeiro, Zahar, 1984.
______. Do ter ao ser. Rio de Janeiro, Manole, 1992.
______. Grandeza e limitações no pensamento de Freud. Rio de Janeiro, Zahar, 1980.
______. Meu encontro com Marx e Freud. Rio de Janeiro: Zahar, 1984.
______. O coração do homem. Rio de Janeiro, Zahar, 1965.
______. O medo à liberdade. Rio de Janeiro, Zahar, 1981.
______. Psicanálise da sociedade contemporânea. Rio de Janeiro, Zahar, 1976.
______. Psicanálise e religião. Rio de Janeiro: Livro Ibero-Americano, 1966.
______. Ter ou ser? Rio de Janeiro, Guanabara, 1987.

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sábado, 6 de junho de 2015

A TEORIA DA ESTRUTURAÇÃO DE ANTHONY GIDDENS


[...] O conceito de estrutura inclui o da dualidade da estruturam, que se relaciona com o caráter recorrente da vida social e expressa a mútua dependência da estrutura e da ação. Por dualidade da estrutura quero dizer que as propriedades estruturais dos sistemas sociais são tanto o meio como o resultado das praticas que constituem tais sistemas. A teoria da estrutura assim formulada rejeita qualquer diferenciação entre o sincrônico e o diacrônico. A identificação da estrutura com aquilo que restringe também é rejeitada: a estrutura possibilita ao mesmo tempo que restringe [...] De acordo com esta concepção, as mesmas características estruturais participam no individuo (ator) e no objeto (sociedade). A estrutura forma a pessoa e a sociedade de maneira simultânea. [...]

ANTHONY GIDDENS - O sociólogo britânico Anthony Giddens é considerado um dos teóricos mais importantes e influentes da atualidade por conseguir consolidar uma visão da sociologia que explica o comportamento das pessoas e o desenvolvimento das sociedades a partir da relação entre as macroestruturas e as interações que acontecem nos microssistemas, bem como de que as forças sociais determinam a vida individual, resgata o papel dos atores na consolidação e mudança dessas macroescrutura. Tornou-se importante filosofo social por ter sido pioneiro da Terceira Via e um dos primeiros a tratar acerca da Globalização, centrando-se na reformulação da teoria social e reexame da compreensão do desenvolvimento e da modernidade, envolvendo temáticas diversas como a história do pensamento social, a estrutura de classes, elites e poder, nações e nacionalismos, identidade pessoal e social, a família, relações e sexualidade.

TEORIA DA ESTRUTURAÇÃO – Por essa teoria, em ciências sociais são possíveis dois tipos de generalizações. As primeiras se referem à previsibilidade da ação social pelo conhecimento que os atores sociais têm das convenções sociais que regulam suas atividades. A noção de ator é importante esquema e leva a uma diferença-chave na teoria entre consciência prática e consciência teórica. Como atores sociais, conhece-se o sentido das ações (consciência prática), embora não seja capaz de expor verbalmente as razões (consciência teórica). Essa teoria social inclui a noção de condições inadvertidas da ação, confeito que se refere aos fatores inconscientes com influencia na ação, que operam à margem da compreensão que os atores sociais têm dos motivos que guiam seus atos. O segundo tipo de generalizações faz referencia às consequências não-intencionais da ação no sentido de reprodução social, ou seja, à continuidade das instituições sociais, distanciando-se dos cientistas naturais que explicam a ordem social como alheio às ações dos indivíduos. O autor analisa as condições de reprodução do sistema social, considerando que os agentes sociais, no curso de suas interações, também podem mudar as práticas sociais anteriores, desenvolvendo pautas de comportamento diferentes das manifestadas no passado. Por isso, a noção de reprodução social tem um sentido contingente e histórico e, portanto, sujeito às ações dos atores sociais. As condições inadvertidas da ação e as consequências não-intencionais estão envolvidas na reprodução das instituições sociais. Os atores sociais extraem de suas atividades e das dos outros um conhecimento que lhes serve para orientar em suas ações (registro reflexivo); do mesmo modo, são capazes de compreender seu sentido (intenções, razões), embora nem sempre saibam expressá-lo verbalmente (racionalização da ação) e, finalmente, existem desejos que guiam suas ações e dos quais não necessariamente são conscientes (motivação para ação). Os outros dois aspectos-chaves da teoria são os espaço e tempo. A vida social acontece em um lugar e em um espaço temporal, referindo-se à contextualização da vida social para indicar o caráter situacional da interação. A escola, como organização social, é um lugar onde os encontros se realizam em uma estrutura física (dividida em regiões como são as salas de aula ou as salas de pessoal) e temporal (começo e final das aulas).

REFERÊNCIAS
GIDDENS, Anthony. Em defesa da sociologia. São Paulo: UNESP, 2001.
ÁLVARO, José Luis; GARRIDO, Alicia. Psicologia social: perspectivas psicológicas e sociológicas. São Paulo: McGraw-Hill, 2006.


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A TEIA DA INTERDEPENDÊNCIA E A SOCIOLOGIA FIGURATIVA DE NORBERT ELIAS


NORBERT ELIAS – As ideias do sociólogo alemão Norbert Elias (1897-1990), foram responsáveis pelo desenvolvimento de uma teoria social inovadora que alargou o campo dos estudos sociológicos e estão voltadas à elucidação de processos sociais, da interação humana no âmbito da sociedade, para a relação entre poder, comportamento, emoção e conhecimento na História. A sua concepção de grandes redes sociais tem tido aplicação nas sociedades ocidentais pós-modernas, por enfatizar a presença da ação individual e a estrutura em vigor sobre o individuo.

SOCIOLOGIA FIGURATIVA – É teoria sociológica que adota uma abordagem de caráter crítico, cujos conceitos fundamentais foram construídos a partir da identificação das deficiências e limitações de perspectivas teóricas consideradas clássicas pelas ciências sociais, associadas, sobretudo, ao funcionalismo parsoniano e a certas versões do estruturalismo. Preocupa-se com a relação entre o indivíduo e a sociedade, analisando os processos sociais baseados nas necessidades do indivíduos na construção de teias de interdependência que, por sua vez, originam configurações como aldeia, família, cidade, estado, nações: "[...] a complexidade de se investigar algumas configurações decorre do fato de que as cadeias de interdependência são maiores e mais diferenciadas". Essas configurações são denominadas de estruturas. A teoria da figuração articula o social e o individual, as estruturas sociais e a subjetividade, o eu e o nós, a identidade individual e a identidade coletiva. Parte do princípio de que a realidade social não se contrapõe aos indivíduos, mas surge da interdependência de suas ações. O autor concebe as ações individuais ou interpessoais no marco das estruturas sociais que as possibilitam e ao mesmo tempo que limitam os cursos de ações e interação possíveis. Assim, a ideia de figuração é semelhante à ideia de totalidade dos psicólogos gestaltistas. A explicação do comportamento só pode ser efetuada em relação às figurações que eles formam entre si e às interdependências que os vinculam. Com isso, ele substitui o conceito de sistema da teoria parsoniana pelo conceito dinâmico de figuração, em uma teoria social da ação entendida como interdependência, semelhante ao conceito de ação recíproca de George Simmel. Os problemas histórico-sociais, para Elias, não podem ser explicados a partir das ações individuais nem das interações entre um ego e um alter, entre um eu e um outro, mas como parte da complexa trama de interdependências em que se desenvolvem as ações das pessoas. Por consequência, o autor torna inteligível a ordem social que se vai constituindo em um período histórico como produto das interações, vinculando as transformações sociais às mudanças na estrutura da personalidade. Sua preocupação está voltada para o comportamento entendido em relação a cada configuração de pessoas e em cada momento histórico. Assim, as figurações são sempre formas de relação historicamente construídas.

REFERÊNCIAS
ÁLVARO, José Luis; GARRIDO, Alicia. Psicologia social: perspectivas psicológicas e sociológicas. São Paulo: McGraw-Hill, 2006.
BRANDÃO, Carlos da Fonseca. Norbert Elias: formação, educação e emoções no processo de civilização. Petrópolis: Vozes, 2003.
LEÃO, Andréa Borges. Norbert Elias & e a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.


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