[…] A análise critica do papel da
televisão é um elemento capital da luta contra a imposição da visão dominante
do mundo social e do seu devir. O mais importante consiste na influência que a
televisão exerce sobre a totalidade do jornalismo e através dele, sobre o
conjunto da produção cultural. A lógica do comércio, simbolizada pelos índices
de audiência, do sucesso comercial, da venda e do marketing, como meio
específico para atingir esses fins puramente temporais, impôs-se em primeiro
lugar ao campo filosófico, com os “novos filósofos”, e ao campo literário com
os grandes best sellers internacionais e o que Pascale Casanova chamou de world
fiction, ou seja, em especial os romances acadêmicos à David Lodge ou Umberto
Eco; mas ela atingiu também o campo jurídico; com os processos sensacionalistas
arbitrados pela mídia, e no próprio campo científico, com a intrusão da
notoriedade jornalística na avaliação dos cientistas e das suas obras. […]
O CONSTRUTIVISMO ESTRUTURALISTA DE PIERRE
BOURDIEU – O construtivismo estruturalista do sociólogo francês Pierre Bourdieu
(1930-2002), está assentado sobre dois conceitos: habitus e campo. O habitus
pode ser considerado um conjunto de disposições permanentes, resultado da
internalização da estrutura social. O habitus significa um processo de
adaptação das percepções, pensamentos e ações às situações objetivas nas quais
acontecem. Ele estrutura as práticas e representações. É o que leva a pensar,
sentir e atuar de acordo com as condições sociais em que se vive. Estas
disposições tendem a durar e afetam os diferentes campos de atividade. Os
atores não são atores cujas práticas sejam livremente motivadas. O habutus é
constituído por umn conjunto de disposições que refletem o meio social no qual
se é educado e que fazem ter determinada maneira de perceber o mundo e certas
atitudes comuns. Em suas obras o autor discute temas como educação, cultura,
literatura, arte, mídia, linguística e política, posicionando-se contra o
liberalismo e a globalização. Inclusive, efetuou uma análise acerca dos meios
de comunicação, notadamente sobre a televisão, tratando a respeito da mercantilização
generalizada da cultura e demonstrando sua responsabilidade na perpetuação da
ordem simbólica, comprovando que aqueles que dela participam são tão
manipulados quanto manipuladores. Além disso, traz a demonstração de que a
televisão exerce uma das formas mais nocivas de violência simbólica, pois,
conta com a cumplicidade silenciosa dos que a recebem e dos que a praticam.
REFERÊNCIA
ÁLVARO, José Luis; GARRIDO, Alicia.
Psicologia social: perspectivas psicológicas e sociológicas. São Paulo: McGraw
Hill, 2006.
BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
Veja mais aqui.