terça-feira, 8 de dezembro de 2015

INFÂNCIA, IMAGEM E LITERATURA: UMA EXPERIÊNCIA PSICOSSOCIAL NA COMUNIDADE DO JACARÉ-AL



INFÂNCIA, IMAGEM E LITERATURA – O projeto de extensão Infância, imagem e literatura: uma experiência psicossocial na comunidade do Jacaré-AL, orientado pelo professor Ms Cláudio Jorge Gomes de Morais e realizado pelos granduandos dos cursos de Psicologia e Jornalismo do Centro Universitário Cesmac, Luiz Alberto Machado, Williane dos Santos Sotero, Grinauria Franciele Miranda, Alessandra de Matos Pinto, Luis Gustavo Barbosa Temório e Gustavo Santos da Silva, resultou no relatório a seguir descrito. 


RESUMO O trabalho aponta como objeto de estudo o discurso literário imagético como mediação psicossocial da infância na comunidade do Jacaré-AL, após o processo de modernização do litoral alagoano, mais precisamente, imagem e literatura nos espaços subjetivos da infância na pesquisa em Psicologia e Comunicação Social. O primeiro será a reflexão de todo o processo sobre habitação e sobre a população da comunidade do Jacaré-AL. O objetivo geral está voltado para o discurso literário imagético como forma de inserção social da infância na comunidade do Jacaré-AL através da reflexão de pertencimento dos grupos após o processo de modernização do litoral alagoano, especificamente na reconstrução das memórias da comunidade, de ontem e hoje, privilegiando sua realidade histórica e cotidiana, debatendo e possibilitando uma nova sociabilidade na comunidade através da infância. Os materiais e métodos envolvidas foram a realização de visitas e contatos com a comunidade, aplicando questionário com perguntas fechadas e recolhendo depoimentos e entrevistas, analisando a realidade e orientações quanto à consciência de serem sujeitos históricos e comunitários, identificação e pertinência dos grupos, aproximando os veículos da Comunicação Social e Psicologia. Por resultado ocorreu a interpretação e relações de estudos do material coletado com as informações desenvolvidas durante o processo de vivência com uma postura interdisciplinar na configuração da transformação do trauma em consciência histórica. 


APRESENTAÇÃO – A intervenção proposta após divulgação e esclarecimentos dos objetivos propostos pelo projeto junto à  comunidade do Jacaré-AL, possibilitaram a realização de oficinas de fotografia, contação de histórias, dramatizações, esquetes e atividades literárias/teatrais/musicais infantis devidamente selecionadas a partir do eixo proposto pelo projeto. Também foram utilizadas imagens, encenações e discussões acerca das questões vivenciadas pelos sujeitos envolvidos com a comunidade. Num segundo momento os participantes do projeto receberam orientações quanto à consciência de serem sujeitos históricos e comunitários, identificação e pertinência dos grupos, bem como, discutir sobre como relacionar essa experiência com a fotografia, a literatura e a psicologia a um propósito social comunicativo do grupo. Ou seja, unir fotografia, literatura e memória coletiva à multiplicidade da comunicação e da psicologia que seria a de “re-construir” a comunidade a partir das suas múltiplas realidades – isso a partir dos encontros, através das imagens e do debate sobre fotografia, literatura e memória interpretada junto à comunidade. Entretanto, tornou-se fundamental concretizar uma aproximação desses veículos, na esfera do estudo a partir de uma perspectiva metodológica: estabelecer um estudo da fotografia e da literatura, reconstruindo sua interpretação histórica no contexto da realidade concreta; problematizar o contexto geográfico ou psicossocial que a vida cotidiana é vivida pelos sujeitos (infância) através das imagens e textos/dramatizações escolhidos e devidamente estudados; compreender através das fotos o sistema de relações e representações, níveis de consciência, identificação e pertinência dos indivíduos aos grupos; analisar a importância da imagem, especificamente a fotografia e a literatura infantil, no desenvolvimento da infância e dos moradores como sujeitos históricos e comunitários; interpretar e relacionar os estudos do material coletado com as informações desenvolvidas durante o processo de exibição e apresentações através de uma postura interdisciplinar que tem como objetivo a transformação do trauma em consciência histórica. Dessa forma, pesquisar a relação entre fotografia, literatura infantil e memória na comunidade do Jacaré-AL através da interdisciplinaridade é instituir efetivamente a importância desse suporte a partir das novas formas e práticas que a sociabilidade atual impõe aos sujeitos. O presente trabalho aponta como objeto de estudo o discurso literário imagético como mediação psicossocial da infância na comunidade do Jacaré-AL, após o processo de modernização do litoral alagoano, mais precisamente, imagem e literatura nos espaços subjetivos da infância na pesquisa em Psicologia e Comunicação Social. O estudo da imagem em Psicologia e Comunicação Social tem sua importância necessária, uma vez que, será compreendida como uma linguagem que precisa ser interpretada no seu contexto de produção e recepção na tentativa de instituir novas práticas visuais e literárias da realidade. Dessa forma, existe necessidade de elaborar uma pesquisa a partir desses registros fotográficos e literários para possibilitar cada vez mais uma maior quantidade e qualidade de olhares dos formandos em Psicologia e Comunicação Social sobre as práticas visuais e literárias da nossa contemporaneidade. Apontamos, entretanto, dois olhares a serem interpretados na nossa pesquisa. O primeiro será a reflexão de todo o processo sobre habitação e sobre a população da comunidade do Jacaré-AL. A comunidade se põe como lócus simbólico, lugar onde a alteridade e a conviviabilidade se manifestam. Segundo Naumi, o espaço social é interpretado como organização e o espaço cultural existe como relação simbólica na instituição da identidade. O objetivo dessa análise é possibilitar a interpretação do discurso entre cultura, comunidade e modernização na representatividade dos habitus da comunidade do Jacaré-AL. O segundo momento consistirá em um diálogo entre as diversas práticas visuais e literárias na tentativa de elaborar um documentário para interpretar os múltiplos olhares e representações sobre o espaço comunitário e a sua inserção compulsória na modernização do litoral alagoano. Sendo a imagem um veículo de comunicação possuidor de possibilidades inesgotáveis de representação da realidade, o uso do documentário e da literatura na pesquisa proposta é, então, condizente com essa perspectiva. A imagem e suas possibilidades semióticas e terapêuticas acarretam consequências irremediáveis na sociedade, criando, muitas vezes, conceitos ilusórios pré-fabricados ou desalienantes, que são tomados como absolutos e unos, acarretando movimentos que busquem caracterizar, de acordo com a realidade ditada pela imagem, elementos até então inexistentes ou ignorados, transmutando-os em seu extremo oposto anterior, ou seja, incorporando-os como fatores determinantes e incisivos de sua memória.
A possibilidade de estudar cada aspecto, para compor o mosaico que aparece como representação social em seus âmbitos e em suas características determinantes, para a imposição através de imagens e da literatura, de desejos, sonhos, fantasias, que estimuladas subliminarmente, fazem-se passar por desejos, sonhos e fantasias genuínas, suscitam à pesquisa científica voltada para tais aspectos.
A área de intervenção está localiza-se na Mesorregião do Leste Alagoano, na microrregião Geográfica de Maceió, limitando-se ao norte os municípios  de Satuba, Santa Luzia do Norte e Coqueiro Seco, ao sul com São Miguel dos campos e Barra de São Miguel, a leste com o município de Pilar. O núcleo urbano situa-se na margem direita da Laguna Manguaba, e o município tem uma área de 334 km (IBGE, 2007).
Um dos mais ricos municípios alagoanos, Marechal Deodoro tem uma economia diversificada. A agricultura está centralizada na cana-de-açúcar, que tem sua industrialização na Usina e Destilaria Sumaúma, fundada em 1970. A presença do petróleo traz benefícios como o pagamento de royalties. Marechal Deodoro tem uma população de 45,141(IBGE) e uma renda per capita duas vezes maior que Alagoas. No entanto, os indicadores sociais do município mostram que para uma localidade ser desenvolvida, não basta somente a produção de riquezas, são necessárias também políticas sociais, programa de geração de emprego e distribuição de renda.
O impacto de transformações a serem vivenciadas pela comunidade do Jacaré-AL, vai acontecer por meio da fotografia e atividades literárias/dramatizações no que diz respeito às questões do cotidiano da comunidade e, assim, confrontar o discurso instituído e a realidade vivida pela comunidade em questão. No contexto dessa “lógica” de mediação entre fotografia, literatura e memória, a imagem pode ser vista como um instrumento social capaz de manifestar os sintomas, por vezes, traumáticos e contraditórios da modernização. A utilização da fotografia e da literatura – na tentativa de potencializar a memória dos sujeitos envolvidos – pode despertar a atenção da comunidade, sinalizar as mudanças de comportamento, informando sobre a identidade e o contexto.
Por meio do processo de sociabilidade comunicativa que deve culminar com o impacto na comunidade envolvida e por meio da utilização do cinema, da literatura e debates, descritos no item anterior, a comunidade acadêmica também compartilhará das experiências e das transformações, sendo sujeito ativo do processo. Assim, desempenhando uma das funções sociais da comunicação, da literatura e da psicologia social, que é a de refletir junto à comunidade – criticamente – os temas que fazem parte da realidade social do sujeito. Isso vai possibilitar o exercício de uma comunicação dialógica que atenda às necessidades de uma ação para emancipação da comunidade.


OBJETIVOS – Geral: O discurso literário imagético como forma de inserção social da infância na comunidade do Jacaré-AL através da reflexão de pertencimento dos grupos após o processo de modernização do litoral alagoano, mais precisamente: o discurso literário imagético e os espaços subjetivos da infância na pesquisa em Psicologia e Comunicação Social.
Específicos: reconstruir memórias da comunidade do Jacaré-AL, de ontem e hoje, privilegiando sua realidade histórica e cotidiana, debatendo e possibilitando uma nova sociabilidade na comunidade através da infância; construir a autenticidade e recuperação das suas possíveis leituras na instituição das representações sociais; confrontar o discurso instituído e a realidade vivida socialmente pela infância na comunidade do Jacaré-AL; fomentar entre a comunidade acadêmica o exercício da Comunicação Social e da Psicologia voltadas para a infância como uma problematização social na contemporaneidade.


METODOLOGIA – O projeto foi desenvolvido como de natureza descritiva e desenvolvida com base em pesquisa bibliográfica que envolveu livros, revistas, publicações especializadas impressas e da internet, abordando desde os fundamentos conceituais da proposta e observando-se a infância e a comunidade.
A metodologia aplicada envolveu duas etapas de pesquisa, a primeira delas de natureza bibliográfica no sentido de buscar a fundamentação para realização da revisão da literatura acerca da temática e suas articulações com as áreas de Psicologia e Comunicação Social.
Na segunda etapa realizou-se uma série de visitas à comunidade procurando compreender como se deu a mudança da comunidade Jacaré para o Condomínio Recanto da Ilha, especificamente às condições da criança e a sua relação com o ambiente e a comunidade.
Realizou-se por meio de observação na busca acerca do conhecimento e entendimento da realidade estudada com suas características e problemas, por meio de coleta de dados exclusivamente obtidos por observação enquadrada como ocasional temporalmente, bem como por meio do instrumento questionário e entrevistas.
A técnica de pesquisa adotada na primeira etapa dos estudos observou o modelo de uma pesquisa documental e bibliográfica efetuada por meio da técnica do fichamento e revisão da literatura no sentido de encontrar o conteúdo para ter conhecimento acerca da temática abordada por meio de livros, revistas, publicações especializadas e sites da internet.
A segunda etapa foi realizada inicialmente meio de observação caracterizada como pesquisa-ação, procurando proporcionar a apresentação de um movimento transformador ao conhecimento disponível com a utilização de procedimentos para sua aquisição, trazendo implicações capazes de efetuar transformações no sujeito envolvido e que possibilite a partir dos conhecimentos obtidos e produzidos durante a intervenção na realidade para transformá-la, tendo em vista que esse modelo de pesquisa valoriza a produção do conhecimento por meio de um processo emancipador que desenvolve nos sujeitos envolvidos uma consciência crítica sobre a sua realidade cotidiana e corrobora a ampliação de horizontes, de intervenções e de transformações. Há que se evidenciar que esse modelo de pesquisa foi constituída de fases que foram realizadas a partir de visitas à comunidade, aplicação do instrumento questionário com perguntas fechadas e entrevista com os moradores.
Nesse caso, a coleta dos dados necessária na pesquisa bibliográfica, documental e estudo caso, sendo que para a pesquisa bibliográfica recorreu-se à revisão da literatura para fundamentação teórica por meio de livros, artigos, publicações impressas e online.
Para levantamento de dados e análise do estudo foi realizado por meio de pesquisa de campo com dados coletados por meio de observação da realidade local, instrumento questionário e entrevistas.
Após a realização da coleta de dados, providenciou-se a reunião e tabulação dos dados obtidos no universo alvo, envolvendo o ambiente, com observação e recolhimento de informações obtidas no ambiente da comunidade.
As técnicas para análise foram efetuadas por meio de reunião dos fichamentos processados para construção da revisão da literatura que analisou toda dimensão temática. Em seguida, procedeu-se à coleta e análise dos dados colhidos no processo de pesquisa na comunidade, no sentido de estabelecer as conclusões proporcionadas pela coleta de dados e observação da realidade na comunidade.


RESULTADOS E DISCUSSÃO A comunidade em referência foi transferida dois anos atrás de um ambiente desassistido pelo Estado para um condomínio recém-construído. Antes da transferência, viviam todos de forma solidaria e coletiva, uns aos outros se ajudando. Na nova moradia, os problemas começaram a aparecer. Por ter o presidente da Associação de Moradores recebido a melhor casa, o processo de destituição ocorreu, tornando-se a dita instituição acéfala. Os muros começaram a divisar as residências, formando um processo de segregação. Quando foram instalados, todos receberam as chaves do Governo do Estado como sendo um processo de reassentemento, não havendo nenhum valor a ser pago por todo processo por parte dos moradores. Alguns meses depois, foram informados de que se tratava do projeto Minha Casa, Minha Vida e que todos deveriam se recadastrar para começarem a efetuar o pagamento pela aquisição do patrimônio. O processo foi desenvolvido com a ameaça de despejo, o que fez com que alguns dos moradores oriundos da moradia anterior, vendessem sua casa, transferindo-se para local incerto e ignorado. Outros se mantiveram nas suas residências, protestando contra a cobrança do financiamento, mantendo-se o processo de ajuizamento de despejo daqueles não cadastrados e, por consequêcia, inadimplentes. Até o presente momento, nenhuma família foi ainda despejada. O processo de desagregação da comunidade tornou-se mais agudo pela realização do sonho de cada morador de ter a casa própria, entrentanto, tal processo prejudicou a socialização, restando apenas afinidades de alguns moradores pela afinidade familiar. Outros, em sua grande maioria, passaram a viver enclausurados e vivendo de suas próprias posses e resultados profissionais. A localidade Recanto da Ilha é aprazível, em razão de sua construção ainda recente, o que tem sido fonte de felicitações por parte dos moradores. Entretanto, ficou apurado que a comunidade não dispõe de escola, posto de saúde, segurança e mercado público. A área de lazer é prejudicada, tornando difícil o ambiente para as crianças, vez que o parque precisou de aterro por iniciativa da própria comunidade, sem as adequações necessárias e sujeito a lamaçal. As praças da comunidade são abandonadas, não foram concluídas e são os próprios moradores que procuram viabilizar um ambiente nos equipamentos precários existentes para lazer infantil. Dispõe a comunidade de dois campos de futebol que não foram concluídos e que quando chove fica intransitável com o lamaçal. Os reclamos se estendem à cobrança de luz elétrica, valores que os moradores denunciam como exorbitantes. O acesso à comunidade é bom, segundo eles próprios, mas se ressentem de empoçamento e problemas nos esgotos que empoçam, prejudicando o trânsito de transeuntes pelas vias dos barros, acumulando sujeiras e dejetos oriundos dos esgostos sanitários. A qualidade de vida, segundo os moradores, é ótima, mesmo com os problemas de segurança que os vitimam da invasão de malfeitores e assaltos, bem como com o saneamento básico que empoçam as vias públicas, proliferando insetos e poluição para eles. A relação entre os vizinhos é pacifica, muito embora existam apenas entre os das relações familiares, vivendo cada qual de forma isolada e de forma individualizada. Pelo visto, as crianças são as que mais estão sujeitas a pouca vivência, vez que ou ficam presas nas casas que acumulam cerca de 8 pessoas numa residência apenas de sala, cozinha e um único quarto, ou das precárias condições de lazer, sujeitas, inclusive, ao ataque de répteis e insetos. O projeto procurou realizar o processo de ressocialização entre os moradores, encontrando-se dificuldades a respeito, vez que apenas as crianças se aglomeram independente de laços familiares ou parentesco com todos. Contudo, entre os adultos o processo é mantido de forma individualizada, sem que haja a solidariedade que se havia no antigo ambiente de moradia, a qual, inclusive, todos são unânimes em esconjurar, salvando-se daquele ambiente abjeto de um barraco, para viverem com o sonho realizado de uma casa de alvenaria e própria. 


CONCLUSÃO - O presente projeto alcançou seus objetivos, tendo em vista aproximar tanto os discentes da realidade da comunidade, como da comunidade com o Jornalismo e a Psicologia. Nesse sentido, foi possível o atendimento do objetivo geral ao procurar aproximar o discurso literário imagético como forma de inserção social da infância na comunidade do Jacaré-AL, através da reflexão de pertencimento dos grupos após o processo de modernização do litoral alagoano, mais precisamente: o discurso literário imagético e os espaços subjetivos da infância na pesquisa em Psicologia e Comunicação Social. Com relação aos objetivos específicos, o presente projeto obteve êxito em buscar reconstruir memórias da comunidade do Jacaré-AL, de ontem e hoje, privilegiando sua realidade histórica e cotidiana, debatendo e possibilitando uma nova sociabilidade na comunidade através da infância, na construção da autenticidade e recuperação das suas possíveis leituras na instituição das representações sociais, no confronto do discurso instituído e a realidade vivida socialmente pela infância na comunidade do Jacaré-AL e, por fim, procurando fomentar entre a comunidade acadêmica o exercício da Comunicação Social e da Psicologia voltadas para a infância como uma problematização social na contemporaneidade. Devido às dificuldades estruturais não foi possivel realizar todas as atividades previstas e desejadas no cronograma de atividades, tendo em vista o processo de balcanização existente na comunidade e, também, pela dificuldade de fomentar atividades culturais e artísticas para as crianças da localidade, tendo em vista a não compatibilização de horário que contemplasse os horários para realização das atividades.


REFERÊNCIAS
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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

PSICOLOGIA AMBIENTAL: A ARTE NA EDUCAÇÃO E DIREITOS DAS COMUNIDADES DO RIACHO SALGADINHO – MACEIÓ – AL


PROJETO DE PESQUISA – INTRODUÇÃO - A preocupação com a relação entre o ser humano e o meio ambiente é uma das pautas que tem levado aos mais diversos debates em todo planeta, devido ao aumento populacional e a intervenção humana no meio ambiente por meio do uso dos recursos naturais, represamento dos rios, o uso da água, o consumo de fertilizantes, a população urbana, o consumo de papel e a quantidade de veículos a motor, entre outros que atuam modificando a natureza que se encontra diante de transformações como aquecimento global, desastres naturais, extinção de espécies, destruição da camada de ozônio e das florestas tropicais, entre outros graves acidentes. Tendo em vista os graves problemas ambientais por que passa a humanidade, um forte aparato legal, desde as previsões constitucionais e legislação infraconstitucional, que se tem procurado minimizar esses problemas por meio de ações preventivas e educacionais. Consequência disso é a avançada e progressista legislação ambiental que é adotada dentro do contexto de Educação Ambiental e do tema transversal Meio Ambiente, para evidenciar a necessidade de conscientização por uma prática responsável e sustentável por parte de governos, instituições e sociedade em geral. Sobre essa realidade é que se pretende desenvolver o presente projeto de Estágio Básico, voltado para a realidade em que vivem as comunidades do Riacho Salgadinho, Maceió – AL, no sentido de articular os fundamentos teóricos da Psicologia Ambiental com a atividade artística – teatro, música e literatura – para efetivação da Educação Ambiental e do tema transversal Meio Ambiente, no que concerne às práticas, atitudes e comportamento das comunidades atinentes a essa área e que possam fazer aquisição de seus direitos e deveres com relação às questões ambientais, usufruindo e atuando de forma preventiva, responsável e sustentável.

JUSTIFICATIVA - A Constituição Federal vigente prevê em seu art. 225 que: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; [...] VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; [...]. Por conta disso, diversos diplomas legais infraconstitucionais foram editados, a exemplo da Lei 9605/98 dispondo sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente; a Lei 9985/00 que regulamentou o § 1º e seus incisos, instituindo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza; e a introdução da Educação Ambiental a partir da edição da Lei 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – e instituição do tema transversal Meio Ambiente em todos os níveis da educação brasileira. Tais iniciativas norteiam a intervenção do profissional da Psicologia Ambiental, conhecedor dos ideais comportamentos e atitudes necessárias para o bem-estar, qualidade de vida e promoção da saúde da população, embasado notadamente no princípio da dignidade da pessoa humana e do exercício da cidadania, bem como dos pressupostos básicos da saúde psicológica do ser humano. Articulando a intervenção psicológica com o os direitos e deveres da população, sua responsabilidade com a prevenção e promoção do meio ambiente equilibrado e saudável, bem como do papel da arte no processo de Educação Ambiental, justifica-se a realização do presente projeto de Estágio Básico, voltado para as comunidades do Riacho Salgadinho, Maceió – AL, no sentido de promover atividades que levem à consciência emancipatória e atuação responsável e sustentável na prevenção e promoção da saúde tanto do sujeito, como da comunidade e do meio ambiente em que ele viva. Justifica-se pela importância da promoção da saúde em comunidades que se encontram expostas aos esgotos a céu aberto, provocado pela transformação do citado riacho quando se deu de secar as duas fontes que perenizavam este recurso hídrico, hoje reduzido a simples esgoto. Justifica-se mais tendo em vista a grandiosidade das comunidades que se encontram expostas a todo tipo de invertebrado nocivo à saúde, poluição e lixo, provocando mal-estares e enfermidades desde a sua nascente no bairro do Tabuleiro dos Martins, no alto da cidade, perpassando diversos bairros até a sua foz na praia da Avenida. São diversos bairros que se encontram expostos ao esgoto, no qual antes era o riacho em referência, sujeitando as comunidades às mais diversas enfermidades. Assim sendo, motivados pelo fato de que por meio da utilização da atividade artística – teatro, música e literatura -, veiculando-se a Educação Ambiental, os direitos e deveres do cidadão com o Meio Ambiente, na busca por promover ações preventivas, evitando-se danos ambientais e à população, bem como corroborando as práticas psicológicas para prevenção e promoção da saúde.

OBJETIVOS - Objetivo geral: Promover atividades artísticas embasadas na Psicologia e Educação Ambientais nas comunidades do riacho Salgadinho – Maceió – AL. Objetivos específicos: Investigar as bases fundamentais da Psicologia Ambiental para intervenção artística em comunidades com problemas ambientais; Articular conteúdos da Psicologia Ambiental com as previsões legais, a Educação Ambiental, o tema transversal Meio Ambiente e as práticas artísticas de teatro, música e literatura para intervenção nas comunidades; Elaborar esquetes, intervenções, debates e ações que levem às comunidades foco os direitos e deveres, responsabilidade e sustentabilidade, prevenção e promoção da saúde e a defesa do Meio Ambiente.

REFERENCIAL TEÓRICO - O MEIO AMBIENTE - O meio ambiente, conforme a previsão constitucional e bases fundamentais da Educação Ambiental, é um bem de todos, sendo responsabilidade do Estado e da sociedade a sua preservação. Entretanto, conforme observam Moser (2005), Pinheiro (2003), Morval (2007) e Maior, Zutira e Bezerra (2007), o homem tem mantido a todo instante e desde as mais remotas eras, uma interação com o ambiente que se delineia tanto predatória quanto esgotadora dos recursos naturais, necessitando, em vista disso, de uma ação que se revele educadora, conscientizadora e ativa, pautada tanto na preservação como na perspectiva sustentável. Na atualidade detecta-se, portanto, uma crise ambiental que, segundo Santos (2005), Pinheiro (2005), Wiesfeld (2005), Tassara e Rabinovich (2003), tem envolvido e levado à mobilizações da sociedade na busca por uma conscientização ambiental que se efetive de forma mais incidente sobre a preservação do meio ambiente. Em vista disso, a questão ambiental tem sido emplacada como uma das mais importantes pautas de discussões e mobilizações, no sentido da prevenção e promoção da saúde por um meio ambiente equilibrado e saudável para todos.

A PSICOLOGIA AMBIENTAL - A psicologia ambiental, Verdugo (2005), tem se definido como uma área ou subdisciplina da ciência psicológica mais geral, com seu objeto definido no estudo do comportamento e de seus correlatos, por meio de modos pelos quais os aspectos social e físico do ambiente influenciam o comportamento das pessoas e como as ações das pessoas, por sua vez, afetam os seus entornos. Este envolvimento torna necessária a promoção de esforços interdisciplinares a fim de abranger uma variedade diversa de dimensões (social, material) influenciadas por ou afetando o comportamento. Dessa forma, a psicologia ambiental emergiu como uma área aplicada da psicologia objetivando resolver problemas com respeito às interações ambiente comportamento. por consequência, anota Santos (2015) que se trata de uma disciplina que tem como objetivo compreender a relação pessoa-ambiente. Entendem Alves, Sacramento e Higuchi (2004) que os conhecimentos da psicologia devem contribuir para que um processo de educação ambiental se efetive. Tal processo deve se deter a novas práticas de uso do meio que propiciem novas vivências e aprendizado, por meio de novas regras e valores tais como a solidariedade, o respeito ao saber comum que se efetivem na trajetória humana como singularidades expressas por sentimentos opostos que não se excluem, mas se complementam. Neste sentido, observam Moser (1998b), Gunther e Rozestraten (2004), Freire e Vieira (2006) e Pinheiro, Gunther e Guzzo (2004) que a psicologia é identificada como uma ciência que possui o objeto de estudar o comportamento e, por consequência, investigar por meio da psicologia ambiental o comportamento humano e o ambiente. Para tanto, assinalam Pinheiro (1997), Moser (1998a), Elali (2003), Di Castro (2005) e Carneiro e Bindé (1997), que essa modalidade de Psicologia está voltada para o estudo do homem em seu contexto e suas interrelações com o meio ambiente social e físico. O seu objetivo, conforme anotado por Higuchi (2002), Rabinovich (2005) e Alves e Bassani (2008), é o estudar e analisar as condições, formas e modos que se encontram inseridos nas relações entre as ações humanas e o meio ambiente, observando a mobilização dos comportamentos sociais causadores de impacto à saúde mental, analisando as percepções e interpretações entre a saúde humana e o meio ambiente. Esta ação, segundo Tassara e Rabinovich (2003), pode ser efetuada por meio de intervenções interdisciplinares, tais como com a antropologia urbana, a sociologia, a medicina, a biologia, o urbanismo, a engenharia florestal, o paisagismo, a geografia, p desenho industrial, entre outras, e utilizando-se de métodos plurais que envolvam desde a observação, a pesquisa participante ou pesquisa-ação, pesquisa experimental, entre outros. Wiesenfeld (2005) e Morval (2007), chama a atenção que o campo de estudos da psicologia ambiental está voltado para a possibilidade de se compreender as reações individuais às condições ambientais, avaliando e percebendo os espaços físicos e suas influencias na atuação e na interação entre as pessoas e a localidade, a melhoria da conservação e edificação dos espaços e sua incidência individual, familiar e social, envolvendo conceitos como dimensões temporais, espaço pessoal, referencia ao passado e futuro da espécie, a história, ao direito ao ambiente equilibrado, à informação e à educação ambiental, atuação essa multidisciplinar com colaboração interdisciplinar devido a complexidade dos problemas ambiental. O trabalho do psicólogo ambiental, segundo Pinheiro (1997), se dá por meio da percepção ambiental, do estudo do ambiente físico com sua dimensão social e aspectos funcionais, enfoque da interrelação e interdependência pessoa-ambiente numa visão bidirecional, entre outras ações que, segundo Santos (2015), compreendam a interação do homem com seu ambiente para desenvolver estratégias e ferramentas de aplicação e intervenção que contribuam para a mudança dessa relação de forma mais consciente. A sua ação pode se dar em conjunto com as áreas da educação, especificamente educação ambiental, com o direito ambiental, psicologia do trânsito, entre outras, utilizando-se de instrumental oriundo das atividades artísticas, a partir das visões de Vigotsky (1999), no sentido de por meio do teatro, da música e da literatura, transmitir princípios e normatizações constitucionais e da legislação ambiental, diretrizes educacionais para construção de comportamentos ambientalmente responsáveis e sustentáveis. No Brasil, segundo Pinheiro (2003), o desenvolvimento da Psicologia Ambiental tem se aprofundado desde 2001 com a criação da Rede de Psicologia Ambiental Latino-Americana (REPALA), dando prosseguimento aos estudos iniciados pelo Laboratório de Psicologia Ambiental (LPA), da Universidade de Brasília, desde 1993, articulando-se com outras iniciativas como a do Laboratório de Psicologia Sócio-Ambiental e Intervenção da USP (LAPSI) e com a International Association People-Environment Studies (Associação Internacional para Estudos Pessoa-Ambiente - IAPS).

O COMPLEXO LAGUNAR SALGADINHO - O complexo lagunar Salgadinho integra a Bacia do Reginaldo. É conhecido como Riacho Salgadinho, tendo inicialmente a denominação de riacho Maçayó. A sua nascente se encontra na localidade denominada de Poço Azul, no bairro de Jardim Petrópolis, em Maceió, limítrofe do logradouro da Via Expressa e da comunidade Aldebaran. A sua foz está localizada na Praia da Avenida da Paz, em Maceió. Até a década de 1940, a foz localizava-se na praia do Sobral, sendo desviada do seu curso original nesta data, canalizado para a praia da Avenida da Paz, onde se encontra até o presente.  A partir da década de 1950, começou a sofrer o processo de degradação com a expansão econômica na construção de edificações sem saneamento básico e com esgotos direcionados para o seu curso até hoje, onde, no presente, se encontram estabelecidas mais de 10 mil famílias despejando dejetos e lixos domésticos, afora canos de PVC dos esgotos. Ferindo as Constituições Federal e Estadual, bem como a Lei Estadual 5329/2002 – Política Municipal de Saneamento -, o Salgadinho assoreado e poluído agoniza. Em 2006, secou a fonte do Poço Azul, pela impermeabilização do solo e degradação, comprometendo o lençol freático, transformando o riacho em corredor para despejo de esgotos sanitários e chuvas. Também contribuíram para o seu assoreamento e poluição as derrubadas de vegetação nativa para instalação de habitações às suas margens, para o qual foram direcionados esgotos sanitários e industriais. Em 2010, foi instaurado o Inquérito Civil Público de nº 1.11.000.001.521/2010-25, pelo Ministério Público Federal que se encontra em diligências na Polícia Federal, publicado no Diário da Justiça, pag, 62 da edição nº 229, da quinta-feira, dia 1 de dezembro de 2010, dando conta da Portaria nº 157, de 17 de novembro de 2010, envolvendo o, com o seguinte teor: O Ministério Público Federal, por seu representante subscrito, no cumprimento de suas atribuições constitucionais e legais, e: considerando que o Ministério Público é instituição permanente, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (CF, art. 127); considerando que são funções institucionais do Ministério Público alar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados na Constituição Federal, bem como promover o inquérito civil e ação civil pública, para proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos (art. 129, II e III, da CF/88, regulamentado pelo art. 6º, VII, da Lei Complementar 75/93 e o art. 8º, parágrafo 1º, c/c art. 21 da Lei 7347/85, c/c art. 90 da Lei 8078/90); considerando que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (art. 225, caput, da CRFB/88); considerando o e-mail enviado à PR/AL por Jordan Costa, no qual noticia a falta de coleta de lixo e o esgoto que é jogado no riacho Salgadinho, ao longo da Avenida Humberto Mendes, bairro do Poço, indo desaguar na praia da Avenida, terreno de marinha, área federal; conduta essa que poderá se subsumir, em tese, ao tipo de delito tipificado no art. 53, caput, da Lei 9605/98; considerando que, segundo o Superior Tribunal de Justiça – STJ, todo e qualquer crime ambiental configura simultaneamente, infração administrativa ambiental (STF; REsp 109/486/RO). No mesmo sentido, a CF/88, art. 225, parágrafo 3º, bem como jurisprudência e doutrina pátrias são uníssonos em afirmar (com tese na teoria dos lícitos concêntricos) que todo injusto penal é, ao mesmo tempo, um ilícito civil (objetiva, nas infrações extrapenais ambientais); considerando a necessidade de se preservar a aplicação da Lei 7347/85, art. 10 c/c Lei 8429/92, art. 11, II, Resolve: a) instaurar Inquérito Civil Público, nos termos da CF/88, ART. 129, III, regulamentada pelo art. 6º, VII, da Lei Complementar 75/93 e art. 8º, parágrafo 1º, c/c art. 21 da Lei 7347/85, c/c art. 90 da 8078/90); b) determinar à Secretaria deste 9º Oficio da PRAL, a adoção das seguintes providências: b.1: anule-se e registre-se no sistema Único a presente portaria; b.2: comunique-se em 10 (de) dias, a Conspicua 4ª CCR acerca da instauração do presente inquérito civil, encaminhando-lhe arquivo digital desta portarial, para fins de cumprimento da Resolução CSMPF 87/2006, art. 6º c/c art. 16 (publicação no Diário Oficial); b.3: após, volvam-se os autos para analise contextual e posteriores deliberações. Maceió, 17 de novembro de 2010. Bruno Baiocchi Vieira. Procurador da República. Em conformidade com informações recolhidas de Albuquerque (2012), Oliveira (2008), Menezes (2012), Francisco (2008), Epifanio (2012) e Codá (2012), há registros de que no Instituto do Meio Ambiente (IMA), existem propostas de recomposição da bacia do riacho, obras do Eixo Viário, desapropriação de terrenos nas grotas onde estão construídas residências, recuperação da mata e ações de educação ambiental para recuperação do riacho. Tais propostas estão em R$ 120 milhões oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, sendo que a Prefeitura de Maceió administrará 50% desse montante para executar as obras, e o Governo do Estado, os outros 50% destinados aos processos de indenizações. Segundo os autores mencionados, as obras já foram iniciadas no trecho do Ouro Preto, margeando a Avenida Fernandes Lima e os bairros da Via Expressa. A confirmação desse fato foi encontrada em matéria datada de 11 de outubro de 2010, do Jornal Primeira Edição, dando conta de que a Prefeitura Municipal deu um prazo até 2012 para despoluição do riacho Salgadinho, pela recepção de R$ 60 milhões oriundos do PAC para aplicação nas áreas de pavimentação, drenagem, esgotamento sanitário e abastecimento de água. Entretanto, registram também que autoridades da engenharia local, assinalam que solução para a poluição do Salgadinho exigirá um investimento da ordem de R$ 250 milhões, para criação de coletores laterais nas duas margens para recolhimento do esgoto, reenviando para o Emissário Submarino. Ao mesmo tempo, informam os autores mencionados, que ações foram realizadas pelos órgãos municipais no sentido de minimizar os problemas do Riacho Salgadinho. Inclusive, ressalta Albuquerque (2012), que a Responsabilidade do Estado por dano ambiental obrigam aos Poderes Públicos a proteção ao meio ambiente, tanto por meio do poder de policia, exercendo a proteção do direito difuso ambiental, além de responder solidariamente com o causador poluidor. Assim sendo, a Responsabilidade Civil e Administrativa do Estado, conforme destacado por Albuquerque (2012), se comprova com o poder-dever da Administração Pública na omissão diante de danos ambientais e na não intervenção em defesa do meio ambiente equilibrado. É diante dessa realidade que se pretende desenvolver o presente projeto de pesquisa, procurando articular as bases teóricas da Psicologia Ambiental, com a atividade artística – teatro, música e literatura -, com a Educação Ambiental, Direito Ambiental e tema transversal Meio Ambiente, no sentido de intervir nas comunidades instaladas às margens do Riacho Salgadinho, levando direitos e responsabilidades, atitudes e comportamentos que legitimem os direitos e deveres com o Meio Ambiente, notadamente quanto ao recurso natural Riacho Salgadinho.

METODOLOGIA - A metodologia empregada para o desenvolvimento do presente projeto está determinada em duas etapas. A primeira etapa compreende o levantamento da fundamentação teórica por meio de uma revisão da literatura disponível em livros, publicações especializadas e da internet, no sentido de incorporar toda a dimensão temática. Neste sentido compreende o levantamento das bases da Psicologia Ambiental, articulando-a com as previsões legais do Direito Ambiental, as diretrizes da Educação Ambiental e do tema transversal Meio Ambiente, bem como de técnicas e atividades artísticas que envolvem teatro, música e literatura. Nessa etapa, os procedimentos adotados compreenderão desde o fichamento das fontes, elaboração dos estudos e redação do relatório final. Na segunda etapa será procedida a articulação de atividades que compreendem a intervenção dos membros do grupo nas comunidades do riacho Salgadinho, Maceió – AL, desenvolvidas a partir da elaboração e encenação de esquetes e atividades musicais, teatrais e literárias com o conteúdo da Psicologia Ambiental, Direito Ambiental, Educação Ambiental e tema transversal Meio Ambiente, além da realização de debates e outras atividades com as comunidades alvo do presente estudo, desde a nascente até a foz do respectivo riacho. Após a intervenção, serão levantados os depoimentos recolhidos, as observações realizadas e o resultado das atividades promovidas nas comunidades para apresentação de um diagnóstico e prognostico por meio de um relatório que será realizado ao final do trabalho.

CRONOGRAMA - O cronograma de atividades compreenderá as atividades desenvolvidas no período de julho de 2015 a julho de 2016: Confecção do projeto de estágio – início das atividades Jul/2015. Levantamento das fontes bibliográficas; Elaboração das atividades; Realização de esquetes, debates e intervenções nas comunidades; Elaboração da versão preliminar do relatório de atividades realizadas; Submissão da versão preliminar do relatório de atividades ao professor da disciplina; Elaboração das correções e adequações necessárias no relatório de atividades sugeridas pelo professor da disciplina; Elaboração do relatório final de atividades; Encerramento das atividades previstas para o final do período letivo – Julho/2016.

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Projeto apresentado à disciplina Estágio Básico II, ministrado pela professora Dra. Daniella Botti Rosa, pelos graduandos Luiz Alberto Machado, Edjane Galvão, Taiana Kislanov. Luís Gustavo Barbosa, Maria Aparecida Martins, Taliany Talita e Caíque Almeida.

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