ERICH FROMM – O filósofo, sociólogo e
psicanalista alemão Erich Fromm (1900-1980), produziu uma extensa obra na qual aborda
temas como linguagem simbólica, inconsciente social, sonhos, a tecnologia, a
religião, humanismo normativo e a moldagem do individuo pela sociedade, a
destrutividade, as falhas predeterminadas pela cultura, as influencias
intrafamiliares, a situação humana, as necessidades básicas da alma humana, a
experimentação da identidade por individualidade ou conformidade, ligação
através do amor ou narcisismo, transcendência por criatividade ou por
destruição, raízes por irmandade ou incesto, entre outras, criticando o
processo de desumanização provocada pela sociedade capitalista, tornando-se um
renovador da psicanalise com a promoção de inclusão das relações sociais e da
cultura na compreensão dos fenômenos psíquicos.
A TEORIA DA PERSONALIDADE – A teoria da
personalidade de Fromm está embasada na orientação de caráter, identificada
como sendo as formas que os indivíduos se relacionam com o mundo e constituem
de forma geral o caráter de dias formas: pela assimilação e peça socialização. Ambas
as formas quatro tipos de caráter identificados como negativos. São eles: o
receptivo, o explorador, o acumulador e o mercantil. Um quinto tipo
identificado como sendo positivo é denominado de caráter produtivo.
No caráter receptivo se caracteriza pela
noção de que o que se precisa está fora de si e que os fatores externos são os
únicos modos de receber o que se quer, tornando-se dependente e submisso,
precisando do outro para cuidar e que para identificar-se com aquele que cuida
fará tudo para se assemelhar e não decepcionar.
O caráter explorador é aquele agressivo
que procurar retirar e explorar os outros, tomar dos outros pela esperteza como
pela força, utilizando-se do poder para obter o que se deseja.
O caráter acumulativo é aquele que
identifica o mundo como um lugar ameaçador, desconfiando e tornando-se rígido
em possuir e poupar, tornar-se frugal, avarenta ou econômica.
O caráter mercantil está relacionado com
o capitalismo, pelo qual ocorre o desempenho de papeis aprovados socialmente,
foco na tarefa de se vender.
Esses tipos de caráter se mesclam num
individuo concerto e será um produto social o tipo de caráter predominante. Na sociedade
moderna é predominante a orientação mercantil, gerando a opção pelo ter ao
invés do ser.
Estas orientações de caráter podem se
mesclar num indivíduo concreto e o tipo de caráter predominante nos indivíduos
é um produto social.
A pessoa saudável não precisa de nenhuma
dessas características, voltando-se para o caráter produtivo na busca pela
realização do pleno potencial sem necessitar, depender ou explorar os outros. O
amor produtivo não é possessivo e nem se reduz ao amor sexual. O amor produtivo
tem sua base na produtividade e é o amor autêntico, que tem como exemplo máximo
o amor materno e é marcado pelo desvelo, responsabilidade, respeito e
conhecimento, razão pela qual este tipo de amor é desintegrado na sociedade capitalista
contemporânea. O pensamento produtivo tanto respeita como reage e possui
interesse no seu objeto, na busca pela compreensão e visão total dele.
O caráter social pode ser dividido entre
os que se orientam produtivamente ou improdutivamente. Os improdutivos são
caracterizados como receptivos, exploradores, acumuladores e mercantis. Os produtivos
são aqueles que manifestam a essência humana e realiza a produtividade.
Para Fromm a base fundamental do caráter se
encontra nos diversos tipos de organização da libido, admitindo que o caráter social
se encontra na relação da pessoa com o mundo, com o outro e consigo mesmo, na
função de moldar os indivíduos a agir na direção de exigência da sociedade. Esse
caráter social produz o desejo de agir em conformidade com a exigência da
sociedade que produz no individio a satisfação de agir conforme a cultura e
realizar a mediação entre as ideias dominantes e o modo de produção.
HUMANISMO – Para Fromm o homem é potencialmente
bom e só se torna mau em condições adversas quando desenvolve uma
potencialidade secundária. Ao distinguir a consciência humanista da consciência
autoritária, Fromm observa que a consciência humanista está voltada para a
integridade e interesse próprio, enquanto que a consciência autoritária está
voltada para obediência, dever e abnegação do homem e seu ajustamento social. A
meta da consciência humanista é a produtividade e a felicidade. Estas são as
bases da ética humanista e da psicanálise do autor.
A
psicanálise humanista de Fromm envolve tanto a tipologia do caráter e suas
influências na sociedade e no processo histórico, como também o questionamento
acerca das bases da sociedade moderna, anti-humanista e mercantil, discutindo a
questão do caráter social e os processos sociais gerados pelo capitalismo na influencia
sobre o ser humano na quantificação/abstratificação, na alienação, na
burocratização e na mercantilização.
SAÚDE
MENTAL – Ao abordar as relações sociais, Fromm passa a tratar sobre a saúde
mental e com questionamento sobre a ideia de normalidade e a qualificação de
anormalidade, entendendo que normalidade se dá na dependência e na adaptação do
individuo em determinadas relações sociais, discutindo se essas relações são realmente
saudáveis ou se o individuo comunga com a maioria da mesma doença psíquica para
ser considerado normal.
O
SOCIALISMO HUMANISTA – A ideia do socialismo humanista surge da critica da
sociedade contemporâneo e do socialismo real – o capitalismo de Estado –,
propondo o socialismo comunitário humanista com foco nas relações sociais.
REFERÊNCIAS
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Erich. O espírito da liberdade. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.
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A crise da psicanálise: Freud, Marx e a Psicologia Social. Rio de Janeiro,
Zahar, 1977.
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A linguagem esquecida: uma introdução ao entendimento dos sonhos, contos de fadas
e mitos. Rio de Janeiro, Zahar, 1983.
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A revolução da esperança: por uma tecnologia humanizada. 5ª edição, Rio de
Janeiro, Zahar, 1984.
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Análise do homem. Rio de Janeiro, Zahar, 1978.
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Anatomia da destrutividade humana. Rio de Janeiro, Zahar, 1975.
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Da desobediência e outros ensaios. Rio de Janeiro, Zahar, 1984.
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Do ter ao ser. Rio de Janeiro, Manole, 1992.
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Grandeza e limitações no pensamento de Freud. Rio de Janeiro, Zahar, 1980.
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Meu encontro com Marx e Freud. Rio de Janeiro: Zahar, 1984.
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O coração do homem. Rio de Janeiro, Zahar, 1965.
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O medo à liberdade. Rio de Janeiro, Zahar, 1981.
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Psicanálise da sociedade contemporânea. Rio de Janeiro, Zahar, 1976.
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Psicanálise e religião. Rio de Janeiro: Livro Ibero-Americano, 1966.
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Ter ou ser? Rio de Janeiro, Guanabara, 1987.