segunda-feira, 8 de junho de 2015

A TEORIA DA PERSONALIDADE DE ERICH FROMM


ERICH FROMM – O filósofo, sociólogo e psicanalista alemão Erich Fromm (1900-1980), produziu uma extensa obra na qual aborda temas como linguagem simbólica, inconsciente social, sonhos, a tecnologia, a religião, humanismo normativo e a moldagem do individuo pela sociedade, a destrutividade, as falhas predeterminadas pela cultura, as influencias intrafamiliares, a situação humana, as necessidades básicas da alma humana, a experimentação da identidade por individualidade ou conformidade, ligação através do amor ou narcisismo, transcendência por criatividade ou por destruição, raízes por irmandade ou incesto, entre outras, criticando o processo de desumanização provocada pela sociedade capitalista, tornando-se um renovador da psicanalise com a promoção de inclusão das relações sociais e da cultura na compreensão dos fenômenos psíquicos.

A TEORIA DA PERSONALIDADE – A teoria da personalidade de Fromm está embasada na orientação de caráter, identificada como sendo as formas que os indivíduos se relacionam com o mundo e constituem de forma geral o caráter de dias formas: pela assimilação e peça socialização. Ambas as formas quatro tipos de caráter identificados como negativos. São eles: o receptivo, o explorador, o acumulador e o mercantil. Um quinto tipo identificado como sendo positivo é denominado de caráter produtivo.
No caráter receptivo se caracteriza pela noção de que o que se precisa está fora de si e que os fatores externos são os únicos modos de receber o que se quer, tornando-se dependente e submisso, precisando do outro para cuidar e que para identificar-se com aquele que cuida fará tudo para se assemelhar e não decepcionar.
O caráter explorador é aquele agressivo que procurar retirar e explorar os outros, tomar dos outros pela esperteza como pela força, utilizando-se do poder para obter o que se deseja.
O caráter acumulativo é aquele que identifica o mundo como um lugar ameaçador, desconfiando e tornando-se rígido em possuir e poupar, tornar-se frugal, avarenta ou econômica.
O caráter mercantil está relacionado com o capitalismo, pelo qual ocorre o desempenho de papeis aprovados socialmente, foco na tarefa de se vender.
Esses tipos de caráter se mesclam num individuo concerto e será um produto social o tipo de caráter predominante. Na sociedade moderna é predominante a orientação mercantil, gerando a opção pelo ter ao invés do ser.
Estas orientações de caráter podem se mesclar num indivíduo concreto e o tipo de caráter predominante nos indivíduos é um produto social.
A pessoa saudável não precisa de nenhuma dessas características, voltando-se para o caráter produtivo na busca pela realização do pleno potencial sem necessitar, depender ou explorar os outros. O amor produtivo não é possessivo e nem se reduz ao amor sexual. O amor produtivo tem sua base na produtividade e é o amor autêntico, que tem como exemplo máximo o amor materno e é marcado pelo desvelo, responsabilidade, respeito e conhecimento, razão pela qual este tipo de amor é desintegrado na sociedade capitalista contemporânea. O pensamento produtivo tanto respeita como reage e possui interesse no seu objeto, na busca pela compreensão e visão total dele.
O caráter social pode ser dividido entre os que se orientam produtivamente ou improdutivamente. Os improdutivos são caracterizados como receptivos, exploradores, acumuladores e mercantis. Os produtivos são aqueles que manifestam a essência humana e realiza a produtividade.
Para Fromm a base fundamental do caráter se encontra nos diversos tipos de organização da libido, admitindo que o caráter social se encontra na relação da pessoa com o mundo, com o outro e consigo mesmo, na função de moldar os indivíduos a agir na direção de exigência da sociedade. Esse caráter social produz o desejo de agir em conformidade com a exigência da sociedade que produz no individio a satisfação de agir conforme a cultura e realizar a mediação entre as ideias dominantes e o modo de produção.

HUMANISMO – Para Fromm o homem é potencialmente bom e só se torna mau em condições adversas quando desenvolve uma potencialidade secundária. Ao distinguir a consciência humanista da consciência autoritária, Fromm observa que a consciência humanista está voltada para a integridade e interesse próprio, enquanto que a consciência autoritária está voltada para obediência, dever e abnegação do homem e seu ajustamento social. A meta da consciência humanista é a produtividade e a felicidade. Estas são as bases da ética humanista e da psicanálise do autor.
A psicanálise humanista de Fromm envolve tanto a tipologia do caráter e suas influências na sociedade e no processo histórico, como também o questionamento acerca das bases da sociedade moderna, anti-humanista e mercantil, discutindo a questão do caráter social e os processos sociais gerados pelo capitalismo na influencia sobre o ser humano na quantificação/abstratificação, na alienação, na burocratização e na mercantilização.

SAÚDE MENTAL – Ao abordar as relações sociais, Fromm passa a tratar sobre a saúde mental e com questionamento sobre a ideia de normalidade e a qualificação de anormalidade, entendendo que normalidade se dá na dependência e na adaptação do individuo em determinadas relações sociais, discutindo se essas relações são realmente saudáveis ou se o individuo comunga com a maioria da mesma doença psíquica para ser considerado normal.

O SOCIALISMO HUMANISTA – A ideia do socialismo humanista surge da critica da sociedade contemporâneo e do socialismo real – o capitalismo de Estado –, propondo o socialismo comunitário humanista com foco nas relações sociais.

REFERÊNCIAS
FROMM, Erich. O espírito da liberdade. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.
______. A arte de amar. São Paulo, Itatiaia, 1990.
______. A crise da psicanálise: Freud, Marx e a Psicologia Social. Rio de Janeiro, Zahar, 1977.
______. A linguagem esquecida: uma introdução ao entendimento dos sonhos, contos de fadas e mitos. Rio de Janeiro, Zahar, 1983.
______. A revolução da esperança: por uma tecnologia humanizada. 5ª edição, Rio de Janeiro, Zahar, 1984.
______. Análise do homem. Rio de Janeiro, Zahar, 1978.
______. Anatomia da destrutividade humana. Rio de Janeiro, Zahar, 1975.
______. Da desobediência e outros ensaios. Rio de Janeiro, Zahar, 1984.
______. Do ter ao ser. Rio de Janeiro, Manole, 1992.
______. Grandeza e limitações no pensamento de Freud. Rio de Janeiro, Zahar, 1980.
______. Meu encontro com Marx e Freud. Rio de Janeiro: Zahar, 1984.
______. O coração do homem. Rio de Janeiro, Zahar, 1965.
______. O medo à liberdade. Rio de Janeiro, Zahar, 1981.
______. Psicanálise da sociedade contemporânea. Rio de Janeiro, Zahar, 1976.
______. Psicanálise e religião. Rio de Janeiro: Livro Ibero-Americano, 1966.
______. Ter ou ser? Rio de Janeiro, Guanabara, 1987.

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