quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

LITERATURA E VIDA NACIONAL, DE ANTONIO GRAMSCI


[...] Um determinado momento histórico-social jamais é homogêneo, ao contrário, é rico em contradições. [...] Os escritores desta antologia, portanto, são novos não porque tenha da arte uma ideia diversa da dos escritores que lhes precederam. Ou, para tocar imediatamente no essencial, são novos porque acreditam na arte, ao passo que aqueles acreditavam em muitas outras coisas que nada tinham a ver com a arte. Esta novidade, por isso, pode permitir a forma tradicional e o antigo conteúdo, mas não pode permitir desvios da ideia essencial da arte. [...] Poesia não gera poesia; a partenogênese não existe, é necessária a intervenção do elemento masculino, do que é real, passional, prático, moral. Os mais altos críticos de poesia aconselham, neste caso, a não recorrer a receitas literárias, mas sim – como eles dizem – a refazer o homem. Refeito o homem, refrescado o espírito, surgida uma nova vida afetiva, dela surgirá – se surgir – uma nova poesia. Esta observação pode ser assimilada pelo materialismo histórico. A literatura não gera literatura, etc., isto é, as ideologias não geram ideologias, as superestruturas não geram superestruturas senão como herança de inércia e passividade: elas são geradas, não por partenogênese, mas pela intervenção do elemento masculino, a história, a atividade revolucionária que cria o novo homem, isto é, novas relações sociais.


LITERATURA E VIDA NACIONAL – No livro Literatura e vida nacional, o filósofo, cientista político e comunista italiano, Antonio Gramsci (1891-1937), traz os Cadernos do Cárcere, abordando sobre arte e cultura, a arte e a luta por uma nova civilização, a arte educativa, critérios de crítica literária, Neolalismo, a língua e a linguagem, literatura funcional, o teatro de Pirandello, caráter não nacional-popular da literatura italiana, a literatura popular, conteúdo e forma, degenerescência artiítica, língua nacional e gramática, linguística, observações sobre o folclore e crônicas teatrais.

REFERÊNCIA
GRAMSCI, Antonio. Literatura e vida nacional. Rio de Janeiro: Cibilização Brasileira, 1978.

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