[...] Os
senhores me perguntam o que são todas as idiossincrasias dos filósofos?... Por
exemplo, sua falta de sentido histórico, seu ódio contra a representação mesma
do vir-a-ser, seu egipcismo. Eles acreditam que desistoricizar uma coisa,
torná-la uma sub specie aeterni, construir a partir dela uma múmia, é uma forma
de honrá-la. Tudo o que os filósofos tiveram nas mãos nos últimos milênios
foram múmias conceituais; nada de efetivamente vital veio de suas mãos. Eles
matam, eles empalham, quando adoram, esses senhores idólatras de conceitos.
Eles trazem um risco de vida para todos, quando adoram. A morte, a mudança, a
idade, do mesmo modo que a geração e o crescimento são para eles objeções - e
até refutações. O que é não vem-a-ser; o que vem-a-ser não é... Agora, eles
acreditam todos, mesmo com desespero, no Ser. No entanto, visto que não
conseguem se apoderar deste, eles buscam os fundamentos pelos quais ele se lhes
oculta. "É preciso que uma aparência, que um 'engano' aí se imiscua, para
que não venhamos a perceber o ser: onde está aquele que nos engana?"
"Nós o temos, eles gritam venturosamente, o que nos engana é a
sensibilidade! Esses sentidos, que por outro lado são mesmo totalmente imorais,
nos enganam quanto ao mundo verdadeiro. Moral: conseguir desembaraçar-se do engano
dos sentidos, do vir-a-ser, da história, da mentira. História não é outra coisa
senão crença nos sentidos, crença na mentira. Moral: dizer não a tudo o que nos
faz crer nos sentidos, a todo o resto da humanidade. Tudo isto é o “povo”. Ser
filósofo, ser múmia, apresentar o monótono-teísmo através de uma mímica de
coveiros! - E antes de tudo para fora com o corpo, esta ideia fixa dos sentidos
digna de compadecimento! Este corpo acometido por todas as falhas da lógica,
refutado, até mesmo impossível, apesar de ser suficientemente impertinente para
se portar como se fosse efetivo!"...
[...] Todas
as paixões têm um tempo em que são meramente nefastas, em que aviltam suas
vítimas com o peso da estupidez; e um tempo posterior, muito posterior, em que
se casam com o espírito, em que se "espiritualizam". Outrora, em
virtude da estupidez na paixão, combatia-se a própria paixão: conjurava-se para
a sua aniquilação. Todos os antigos monstros da moral são unânimes quanto a
isso: "il faut tuer les passions". A formulação mais famosa desta
sentença encontra-se no Novo Testamento, naquele Sermão da Montanha, no qual,
dito de passagem, as coisas não foram consideradas de modo algum desde o alto.
Aí mesmo, por exemplo, diz-se com respeito à sexualidade: "Se teu olho te
escandaliza, arranca-o fora". Por sorte nenhum cristão age segundo este
preceito. Aniquilar os sofrimentos e os desejos, apenas para evitar sua
estupidez e as consequências desagradáveis de sua estupidez, se nos apresenta
hoje como sendo mesmo apenas uma forma aguda desta última. Não passamos a
admirar mais os dentistas que arrancam os nossos dentes, para que eles não doam
mais... Por outro lado, é preciso confessar com alguma equidade que, sobre o
solo de crescimento do Cristianismo, o conceito de "Espiritualização da
Paixão" não podia ser concebido de forma alguma. Como é de fato
reconhecido, a igreja primitiva lutou contra os "Inteligentes" em
favor dos "Pobres de Espírito": como seria possível esperar dela uma
guerra inteligente contra a paixão? - A igreja combate o sofrimento através da extirpação
em todos os sentidos: sua prática, seu "tratamento" é o da castração.
Ela nunca pergunta: "como se espiritualiza, se embeleza, se diviniza um
desejo?" Em todos os tempos, ela pôs a ênfase da disciplina na supressão
(da sensibilidade, do orgulho, do desejo de domínio, de posse e de vingança). -
Mas atacar os sofrimentos na raiz é o mesmo que atacar a vida na raiz: a práxis
da igreja é inimiga da vida...
[...] Todo
o âmbito da moral e da religião pertence a este conceito das causas
imaginárias. - "Explicação" dos sentimentos universais desagradáveis.
Estes sentimentos são condicionados pelos seres que são nossos inimigos (os
espíritos maus são o caso mais célebre - as histéricas que foram mal
compreendidas como bruxas). Eles são condicionados por ações que não são passíveis
de aprovação (o sentimento do "pecado", do "caráter
pecaminoso", "imputado" a um mal-estar fisiológico - sempre se
encontra razões para se estar descontente consigo mesmo). Eles são
condicionados como punições, como a paga por algo que não deveríamos ter feito,
para algo que não deveríamos ter sido (ideia universalizada de forma impudente
por Schopenhauer através de uma proposição, na qual a moral aparece como o que
é, como a própria envenenadora e caluniadora da vida: "toda e qualquer
grande dor, seja ela corporal, ou espiritual, expressa o que merecemos; pois
ela não poderia advir-nos, se não a merecêssemos". Mundo como Vontade e
Representação. Eles são condicionados enquanto consequências de ações
irrefletidas que prosseguem terrivelmente (os afetos, os sentidos são
estipulados como causas, como "culpáveis"; estados de necessidade
fisiológicos interpretados com a ajuda de outros estados de necessidade como
"merecidos"). - "Explicação" dos sentimentos universais
agradáveis. Eles são condicionados pela confiança em Deus. Eles são
condicionados pela consciência de boas ações (a assim chamada "boa
consciência"; um estado fisiológico que por vezes parece tão similar a uma
digestão feliz, que chegamos a confundi-los). Eles são condicionados pelo desenlace
feliz de certos empreendimentos (falsa conclusão, de uma ingenuidade patética:
o desenlace feliz de um empreendimento não cria, para um hipocondríaco ou para
um Pascal, nenhum sentimento universal agradável). Estes são condicionados pela
crença, pelo amor, pela esperança - as virtudes cristãs. – Em verdade, todas
estas pretensas explicações são consequências de estados de prazer e de
desprazer traduzidos, por assim dizer, em um falso dialeto: se está em
condições de ter esperanças porque o sentimento fundamental fisiológico está de
novo forte e rico; confia-se em Deus porque o sentimento de plenitude e de
força entrega ao indivíduo a quietude. - A moral e a religião pertencem
completamente à psicologia do erro: em
todos os casos particulares, a causa e o efeito são confundidos; ou bem a
verdade é confundida com o efeito do que se crê como verdadeiro; ou bem um
estado de consciência com a causalidade desse estado.
[...] Qual
pode ser nossa única doutrina?- Que ninguém dá ao homem suas propriedades; nem
Deus, nem a sociedade, nem seus pais e ancestrais, nem ele mesmo (- o contrassenso da representação, aqui por fim
recusada, é ensinado por Kant, e talvez mesmo já por Platão, como
"liberdade inteligível"). Ninguém é responsável em geral por ele
existir, por ele ser constituído de tal ou tal modo, por ele se encontrar sob
estas circunstâncias, nesta ambiência. A fatalidade de sua existência não pode ser
separada da fatalidade de tudo o que foi e de tudo o que será. O homem não é a
consequência de uma intenção própria, de uma vontade, de uma finalidade. Com
ele não é feita a tentativa de alcançar um "ideal de homem" ou um
"ideal de felicidade" ou um "ideal de moralidade". - É
absurdo querer fazer rolar sua existência em direção a uma finalidade qualquer.
Nós inventamos o conceito de "finalidade": na realidade falta a
finalidade... É-se necessariamente, se é um pedaço de fatalidade, se pertence
ao todo, se está no todo. Não há nada que pudesse julgar, medir, comparar,
condenar nosso ser, pois isso significaria julgar, medir, comparar, condenar o
todo... Mas não há nada fora do todo! Que ninguém mais seja responsável, que o
modo de ser não possa ser reconduzido a uma causa prima, que o mundo não seja
uma unidade nem enquanto mundo sensível, nem enquanto "espírito": só
isso é a grande libertação. - Com isso a inocência do vir-a-ser é
restabelecida... O conceito de "Deus" foi até aqui a maior objeção
contra a existência... Nós negamos Deus, negamos a responsabilidade em Deus:
somente com isso redimimos o mundo.
[...] Eu
apresento a partir de agora, para não perder o meu jeito afirmativo, este jeito
que só tem a ver mediada e involuntariamente com a contradição e a crítica, as
três tarefas em virtude das quais se precisa de educadores. Tem-se de aprender
a ver, tem-se de aprender a pensar, tem-se de aprender a falar e escrever: o
alvo em todas as três é uma cultura nobre. - Aprender a ver: acostumar os olhos
à quietude, à paciência, a aguardar atentamente as coisas; protelar os juízos,
aprender a circundar e envolver o caso singular por todos os lados. Esta é a
primeira preparação para a espiritualidade: não reagir imediatamente a um
estímulo, mas saber acolher os instintos que entravam e isolam. Aprender a ver,
assim como eu o entendo, é quase isso que o modo de falar não-filosófico chama
de a vontade forte: o essencial nisso é precisamente o fato de poder não
"querer", de poder suspender a decisão. Toda ação sem
espiritualidade, bem como toda vulgaridade repousa sobre a incapacidade de
sustentar uma oposição a um estímulo - o "precisa-se reagir" segue-se
a cada impulso. Em muitos casos, uma tal necessidade já é prova de um caráter
doentio, de decadência, de um sintoma de esgotamento. – Quase tudo que a rudeza
não-filosófica denomina com o nome de "vício" é meramente aquela
incapacidade fisiológica de não reagir. Uma aplicação do ter-aprendido-a-ver: à
medida que nos tornamos um destes que aprende, nos tornamos em geral lentos,
desconfiados e resistentes. Deixa-se inicialmente advir todo tipo de coisa
estranha e nova com uma quietude hostil - se retirará a mão daí. O ter todas as
portas abertas, o deitar de bruços submisso diante de todo e qualquer pequeno
fato, o inserir-se e o lançar-se sempre pronto para o salto no diverso, em
resumo a célebre "objetividade moderna" é de mau gosto, é não-nobre
par excellence.
[...] Moral
para Psicólogos. - Não desempenhar nenhuma psicologia barata! Nunca observar
por observar! Isto dá uma falsa ótica, uma vesguice, algo forçado e
desmesurante. Vivenciar enquanto um querer vivenciar não funciona. Não é permitido
olhar para si mesmo em uma vivência, toda olhada torna-se aí um "mau
olhado". Um psicólogo nato protege-se instintivamente de ver por ver; o
mesmo vale para o pintor nato. Ele nunca trabalha "segundo a
natureza" - ele abandona ao seu instinto, à sua câmera obscura o
transpassamento e a expressão do "caso", da "natureza", do
"vivenciado"... Ele não tem consciência senão do universal, da
conclusão, do resultado: ele não conhece aquela abstração arbitrária do caso
singular. - O que acontece, quando se age de outra maneira? Por exemplo, quando
à moda dos novelistas parisienses se implementa a grande e a pequena psicologia
barata? Espreita-se aí do mesmo modo a efetividade, se traz toda noite para casa
a mão cheia de curiosidades... Mas eu diria: só se vê o que por último vem à
tona - um monte de nódoas, um mosaico na melhor das hipóteses, de qualquer
forma algo co-adicionado, inquieto e de cores gritantes. São os irmãos Goncourt
que alcançam o que há de pior nisto: eles não alinhavam sequer três frases sem
simplesmente ferir os olhos, os olhos do psicólogo. A natureza, avaliada
artisticamente, não é nenhum modelo. Ela exagera, ela desfigura, ela deixa brechas.
A natureza é o acaso. O estudo "segundo a natureza" parece-me um mau
sinal: ele trai sujeição, fraqueza, fatalismo. Esta prostração pulverizada
diante dos fatos pequenos é indigna de um artista completo. Ver o que é
pertence a um outro gênero de espíritos, aos espíritos anti-artísticos, aos objetivos.
É preciso saber quem se é...
Para a Psicologia do Artista - Para que haja a arte, para que haja uma
ação e uma visualização estéticas é incontornável uma precondição fisiológica:
a embriaguez. A embriaguez precisa ter elevado primeiramente a excitabilidade
de toda a máquina: senão não se chega à arte. Todos os modos mais diversamente
condicionados da embriaguez ainda possuem a força para isso: antes de tudo, a embriaguez
da excitação sexual, a mais antiga e originária forma da embriaguez. Da mesma
forma, a embriaguez que nasce como consequência de todo grande empenho do
desejo, de toda e qualquer afecção forte; a embriaguez da festa, do combate,
dos atos de bravura, da vitória, de todo e qualquer movimento extremo; a
embriaguez da crueldade; a embriaguez na destruição; a embriaguez sob certas influências
meteorológicas, por exemplo a embriaguez primaveril; ou sob a influência dos
narcóticos; por fim, a embriaguez da vontade, a embriaguez de uma vontade
acumulada e dilatada. - O essencial na embriaguez é o sentimento de elevação da
força e de plenitude. A partir deste sentimento nos entregamos às coisas, as
obrigamos a nos tornar, as violentamos. – Denomina-se esse evento como uma
idealização. Desprendamo-nos aqui de um preconceito: o idealizar não consiste, como
geralmente se pensa, em uma subtração e uma dedução disto que é pequeno e
secundário. O que é decisivo é muito mais uma monstruosa exaltarão dos traços
principais, de modo que os outros traços pertinentes se dissipam.
[...] Casuística
de Psicólogo. - O psicólogo é alguém que
conhece o homem: para que estuda propriamente os homens? Ele quer retirar deles
pequenas vantagens, ou mesmo grandes - ele é um político!... Este aí também é
um conhecedor dos homens: e vós dizeis que ele não quer com isso nada para si,
que ele é um grande "impessoal". Atentai mais incisivamente! Talvez
ele ainda queira até mesmo uma vantagem pior: sentir-se superior aos homens,
ter o direito de olhar para eles desde cima, não se misturar mais com eles.
Este "impessoal" é um desprezador de homens: e aquele primeiro é da espécie
mais humana, independentemente do que possa dizer a aparência. Ele se coloca no
mínimo como igual, ele se insere... O compasso psicológico dos alemães
parece-me estar colocado em questão por toda uma série de casos, cuja modéstia
me impede de apresentar a lista. Em um caso não me faltará um grande ensejo
para fundamentar minha tese: eu guardo rancor dos alemães por terem se
equivocado quanto a Kant e a sua "Filosofia das Portas dos Fundos",
como a chamo. - Isto não foi condizente com a tipologia da retidão intelectual.
- Uma outra coisa que não consigo escutar é um famigerado e nefando
"e": os alemães dizem "Goethe e Schiller". Temia que
dissessem "Schiller e Goethe"... Então não se conhece este Schiller?
-Mas há ainda um "e" pior; ouvi com meus próprios ouvidos (apesar de
ser apenas dentre professores universitários): "Schopenhauer e
Hartmann"...
[...] L'art
pour l'art - A luta contra a finalidade na arte é sempre a luta contra a
tendência moralizante na arte, contra a sua subordinação à moral. L'art pour
l'art significa: "Que o diabo carregue a moral!" - Mas até mesmo esta
inimizade denuncia a força preponderante do preconceito. Se se exclui da arte a
finalidade própria à pregação moral e ao melhoramento da humanidade, então
ainda está longe de seguir daí que a arte é em geral sem finalidade, sem meta,
sem sentido; em resumo, a arte pela arte - um verme que morde seu próprio rabo.
É preferível nenhuma finalidade a uma finalidade da moral!" - assim fala a
mera paixão. Um psicólogo pergunta em contrapartida: o que faz toda arte? ela
não louva? ela não glorifica? ela não seleciona? não realça? Com tudo isto, ela
fortalece e enfraquece certas estimativas de valor... Isto é apenas um
acessório? Um acaso? Algo de que o interesse do artista não tomaria parte absolutamente?
Ou então: não é o pressuposto para tanto que o artista esteja em condições de empreender
tudo isto ... ? Seu instinto mais profundo tende para a arte, ou, ao invés
disso, muito mais para o sentido da arte, para a vida? Para algo desejável da
vida? - A arte é o maior estimulante para a vida: como se poderia entendê-la
como sem finalidade, como sem meta, como l'art pour l'art? Uma pergunta
ressurge: a arte faz com que se manifeste também algo feio, duro, discutível da
vida - ela não parece com isto dirimir a paixão pela vida? - E de fato houve
filósofos que lhe emprestaram este sentido: "apartar-se da vontade",
ensinava Schopenhauer enquanto intuito
total da arte, "estar afinado com a resignação" honrava ele enquanto
a grande utilidade da tragédia. - Mas isto - já dei a entender - é uma ótica de
pessimista e um "mau-olhado": precisa-se apelar para os próprios
artistas. O que é que o artista trágico comunica de si? Não é exatamente um
estado sem temor frente ao temível e problemático, que ele indica? - Esse
estado mesmo é algo desejável; quem o conhece o louva com os louvores mais elevados.
Ele o comunica, ele precisa comunicá-lo, pressuposto que é um artista, um gênio
da comunicação. A valentia e a liberdade do sentimento frente a um inimigo
poderoso, frente a uma sublime adversidade, frente a um problema que desperta
horror - esse estado triunfal é aquele que o artista seleciona, que ele
glorifica. Diante da tragédia, o que há de belicoso em nossa alma festeja suas Saturnais;
quem procura por sofrimento, o homem heróico, exalta com a tragédia sua
existência - a ele apenas, o artista trágico oferta o cálice desta dulcíssima
crueldade.
[...] Por
fim uma palavra sobre aquele mundo, ao qual busquei acessos, ao qual talvez
tenha encontrado um novo acesso - o mundo antigo. Meu gosto, que pode bem ser o
contrário de um gosto tolerante, também está longe aqui de dizer sim em bloco:
ele não gosta absolutamente de dizer sim, de preferência ainda um não, na
melhor das hipóteses não diz nada... Isto vale em relação a culturas como um
todo, isto vale em relação a livros - vale também para lugares e paisagens. No
fundo há um número muito pequeno de livros antigos, que contam em minha vida;
os mais célebres não se encontram entre eles. Meu sentido para o estilo, para o
epigrama enquanto estilo, despertou quase instantaneamente ao contato com
Salustio. Eu não esqueço o espanto de meu honrado professor Corssen, quando
precisou dar ao seu pior aluno de latim a melhor nota, - de uma tacada só
estava pronto. Conciso, rigoroso, com tanta substância quanto possível por
fundamento, uma malícia fria contra a "bela palavra", também contra o
"belo sentimento" - nisto desvendei a mim mesmo. Se reconhecerá em
mim até o meu Zaratustra uma ambição muito séria pelo estilo romano, pelo
"aere perennius" no estilo. - Não de modo diverso se passaram as
coisas para mim em meio ao primeiro contato com Horácio. Até hoje nunca tive em
nenhum outro poeta o mesmo encanto artístico que me foi dado desde o princípio
pela Ode de Horácio. Em certas línguas, não se deve sequer querer o que aqui é
alcançado. Este mosaico de palavras, no qual cada palavra espraia sua força
enquanto som, enquanto lugar, enquanto conceito, para a direita e para a esquerda
e por sobre o todo, este minimum em abrangência e em número de signos, este
maximum de energia dos signos com isto intentado. Tudo isto é romano, e, se
quiserem acreditar em mim, nobre por excelência. Todo o resto da poesia
torna-se inversamente algo por demais popular - um mero falatório sentimental...
CREPÚSCULO DOS ÍDOLOS – A obra Crepúsculo
dos ídolos: ou como filosofar a marteladas, do filósofo alemão Friedrich
Nietzsche, trata do problema de Sócrates, a razão na filosofia, como o
mundo-ver5dade se tornou enfim uma fábula, os quatros grandes erros (o erro da
confusão entre causa e efeito: a religião e a moral; de uma causalidade falsa;
das causas imaginárias; e do livre-arbítrio: a psicologia da vontade), aqueles
que querem t0rnar a humanidade melhor, o que os alemão estão na iminência de
perder, passatempos inatuais, o que devo aos antigos e o martelo fala, entre
outros assuntos como psicologia, religião, arte e, sobretudo, filosofia.
REFERÊNCIA
NIETZSCHE, Friedrich. Crepúsculo dos ídolos:
ou como filosofar a marteladas.