[...] e
em sua mulher chamada a Mulher Escarlate está todo o poder concedido. Eles
agruparão minhas crianças dentro do seu cercado: eles trarão a glória das
estrelas para dentro do coração dos homens. [...] Ó mulher das pálpebras azul-celeste, curva-te sobre eles! [...] Então disse o profeta e escravo da mais
bela: Quem sou eu, e o que será o sinal? Então ela lhe respondeu, curvando-se
para baixo, uma suave chama de azul, tudo tocando, tudo penetrando, suas
adoráveis mãos sobre a terra negra, & seu corpo flexível arqueado por amor,
e seus pés macios não ferindo as pequenas flores: Tu o sabes! E o sinal deverá
ser meu êxtase, a consciência da continuidade da existência, a onipresença de
meu corpo. [...] Mas ela disse: os
ordálios eu não escrevo: os rituais deverão ser metade conhecidos e metade
ocultos: a Lei é para todos. Isto que tu escreves é o tríplice livro da Lei.
[...] Mas amar-me é melhor do que todas
as coisas: se sob as estrelas noturnas no deserto tu neste momento queimas meu
incenso perante mim, invocando-me com um coração puro, e a chama da Serpente aí
dentro, tu virás a deitar um pouco em meu seio. Por um beijo tu então estarás
querendo dar tudo, mas aquele que der uma partícula de pó perderá tudo nessa
hora. Vós devereis juntar bens e provisões de mulheres e especiarias; vós
devereis trajar ricas jóias, vós devereis exceder as nações da terra em
esplendor & orgulho; mas sempre no amor de mim, e então devereis vir para a
minha alegria. Eu vos ordeno seriamente a vir ante mim num robe único e
cobertos com um rico adorno na cabeça. Eu vos amo! Eu anseio por vós! Pálido ou
púrpura, velado ou voluptuoso, eu que sou toda prazer e púrpura, e a embriaguez
do sentido mais profundo, vos desejo. Colocai as asas e despertai o esplendor
enrodilhado dentro de vós: vinde até mim!
[...] Que a Mulher Escarlate se acautele! Se a
piedade e a compaixão e a ternura visitarem seu coração; se ela deixar meu trabalho
para brincar com velhas doçuras; então minha vingança será conhecida. Eu
sacrificarei sua criança para mim: eu alienarei seu coração: eu a arremessarei
para fora dos homens: como uma meretriz encolhida e desprezada, ela rastejará
através das ruas escuras e úmidas, e morrerá gelada e faminta. Mas que ela se
erga em orgulho! Que ela me siga em meu caminho! Que ela trabalhe a obra da
perversidade! Que ela mate seu coração! Que ela seja escandalosa e adúltera!
Que ela seja coberta de jóias, e ricos trajes, e que ela seja desavergonhada
perante todos os homens! Então eu a elevarei aos pináculos do poder: então eu
gerarei nela uma criança mais poderosa que todos os reis da terra. Eu a
preencherei com júbilo: com minha força ela verá & golpeará na adoração de
Nu: ela alcançará Hadit.
LIBER AL VEL LEGIS – A obra Liber al
vel Legis (O Livro da Lei), de Aleister Crowley, pseudônimo do ocultista
britânico Edward Alexander Crowley (1875-1947), trata no primeiro capítulo da manifestação
de Nuit, o desvelar da companhia do céu, todo homem e toda mulher é uma estrela,
todo número é infinito; não existe diferença, o esplendor nu de Nuit e ela se
curva em êxtase a beijar, os ardores secretos de Hadit, entre outras. No
segundo capítulo, o esconder de Hadit, eu sou a chama que queima em todo
coração humano, e no âmago de cada estrela. Eu sou a Vida e o doador da Vida;
entretanto o conhecimento de mim é o conhecimento da morte; eu sou o Mago e o
Exorcista. Eu sou o eixo da roda, e o cubo no círculo. “Vinde a mim” é uma palavra
tola, pois sou eu quem vai; eu sou a Serpente que dá o Conhecimento e a Delícia
e a glória que brilha, e agito os corações dos homens com a embriaguez. Para me
adorar toma vinho e drogas estranhas sobre as quais falarei ao meu profeta,
& embebeda-te de todas ! Elas não te farão mal algum. Isso é mentira, essa
tolice contra ti. A exposição da inocência é uma mentira. Sê forte, ó homem!
Deseja intensamente, usufrui de todas as coisas dos sentidos e do
arrebatamento: não temas que qualquer Deus venha a te renegar por isso; existem
os rituais dos elementos e as festas das estações; eu estou erguido em teu
coração; e os beijos das estrelas chovem forte sobre teu corpo, o fim do
esconderijo de Hadit; e bênção & adoração para o profeta da adorável
Estrela, entre outros. No capítulo três, Abrahadabra! a recompensa de Ra Hoor
Khut, escolhei uma ilha!, Fortificai-a!, Meu altar é de latão trabalhado:
queimai sobre ele em prata ou ouro! Este livro deverá ser traduzido para todas
as línguas; mas sempre com o original na escrita da Besta; pois na forma casual
das letras e suas posições de uma para outra: nisso estão mistérios que nenhuma
Besta adivinhará . Que ele não procure tentar; mas um virá após ele, de que
lugar eu não digo, que descobrirá a Chave de tudo. Então esta linha traçada é
uma chave: então este círculo enquadrado em sua falha é uma chave também. E
Abrahadabra. Será a criança dele & isso estranhamente. Que ele não vá atrás
disso; pois desse modo ele pode cair sozinho. O fim das palavras é a Palavra
Abrahadabra. O Livro da Lei está Escrito E oculto Aum. Ha.
REFERÊNCIA
CROWLEY, Aleister.
Liber al vel Legis - O Livro da Lei. Phoenix Library, s/d.
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