ENVELHECIMENTO – A cultura é um fator importante na
experiência do envelhecimento, uma vez que afeta as percepções, os sentimentos
de papéis, direito e responsabilidades, sistema de cuidado e apoio. No ocidente
onde a maioria dos países é orientado para a juventude, o envelhecimento é
aterrorizante, ocorrendo o declínio do papel desempenhado, queda na renda
financeira, respeito em baixa levando os idosos a sentirem inúteis, não
atraentes e indesejados. Tal fato corrobora a depressão e ansiedade, suicídio,
mudança de humor e clima social desfavorável nessa parcela populacional.
No aspecto da competência, o idoso passar
ser visto como lento com problemas de audição, rígido e fechado, senil e
incompetente. As capacidades sensoriais dos idosos ocorre o declínio da capacidade de ver,
ouvir e saborear, difícil comunicação, retraimento, sentimento de intimidação e
hesitante, mas isso não os inutiliza. As capacidades motoras sofrem declínio da
força e da agilidade com as mudanças sensoriais que limitam o desempenho motor,
carecendo de exercícios e atividades físicas, contudo não os invalida. As
capacidades intelectuais deterioram ocorrendo baixa em algumas habilidades
intelectuais que podem ser corrigidas, bem como declínios na inteligência
devida à saúde precária e inatividade, entretanto tais declínios não os fazem
de mortos. É preciso ter em mente que os aspectos biopsicossociais que envolvem
a fase da velhice compreendem a redução da natalidade e envelhecimento
demográfico, o que significa uma nova fase na vida e não o fim dela.
Destacam Morris e Maisto (2004) que em um
processo que se inicia na metade da idade adulta e continua na terceira idade,
a aparência física e o funcionamento de todos os órgãos passam por várias
alterações.
Os aspectos físicos do envelhecimento são
identificados por modificações internas, tais como endurecimento dos ossos,
atrofiamento dos órgãos reduzindo o funcionamento, atrofiamento e perda de
memória no cérebro, metabolismo mais lento, digestão mais difícil, insônia e
fadiga, perda da visão, degeneração das células do ouvido, endurecimento e
entupimento das artérias e diminuição do olfato e paladar por um desgaste
inevitável. Os problemas orgânicos envolvem baixa na visão, audição e
locomoção, depressão, distúrbio do sono, excesso de medicação, hipocondria e
paranoia, provocando doenças como demência, doença de Alzheimer, depressão,
pseudodemência e doença de Parkinson. Apesar disso, longe de sentir-se
entediados e dependentes, assinalam Morris e Maisto (2004) que a maioria dos
homens e mulheres com idades acima de 65 anos de idade leva uma vida autonomia
longe dos filhos e fora das clínicas de repouso, e a maioria está satisfeita
com seu estilo de vida. Nesse sentido, os aspectos sociais envolvem crise de
identidade, aposentadoria, mudanças de papeis, perdas diversas e diminuição dos
contatos sociais. Faz-se, portanto, necessária a realização de um trabalho de
ajustamento, novos relacionamentos e aprendizagem de um novo estilo de vida.
Os aspectos psicológicos envolvem
dificuldade de adaptação, falta de motivação e planejamento do futuro, perdas
orgânicas, afetivas e sociais; dificuldade com mudanças rápidas, alterações
psíquicas que requerem tratamento, depressão, hipocondria, somatização,
paranoia, suicido, baixa autoestima e autoimagem, dificuldade de tornar-se
dependente, exigindo que haja por parte do idoso flexibilidade e adaptação para
mudar de comportamento, adquirir novos hábitos e criar outra postura para
produzir felicidade. Observam Morris e Maisto (2004) que pessoas saudáveis que
se mantêm intelectualmente ativas conservam um alto nível de funcionamento
mental na terceira idade.
Tem-se, portanto, que o envelhecimento
é um processo progressivo e previsível que envolve a evolução e maturação do
organismo vivo, ou seja, é a manifestação de eventos que ocorrem ao longo de um
período. O envelhecimento é inevitável e o processo sofre enorme variação entre
os seres humanos. Este processo não é simplesmente a passagem do tempo. O
tempo, em si não produz efeitos biológicos e sim os eventos que ocorrem no tempo,
devido a sua passagem. Na realidade, não existe uma definição para explicar o
envelhecimento, como ocorre no amor e na beleza, podendo-se reconhecê-lo quando
se sente ou vê. Myers (2006) e Davidoff (2001) classifica a velhice em: inicial
e avançada. A velhice inicial compreende o período dos 65 aos 75 anos de idade,
quando aparecem tempo livre devido à aposentadoria, mente alerta e saúde
melhorada. As limitações aumentam com a idade, sentem-se propensas à aventura
gozando da liberdade para segunda vida. A velhice avançada ocorre a partir dos
75 anos de idade quando surgem novos desafios, se preparam para lidar com
doenças que geram incapacidade, declínio e morte, contudo, procuram a
satisfação da vida;
A APOSENTADORIA – Outra grande mudança anotada
por Morris e Maisto (2004) é a aposentadoria pela qual passa a terceira idade,
saindo do mercado de trabalho. As reações diante da aposentadoria diferem
bastante, em parte porque a sociedade não tem uma ideia clara do que os
aposentados devem fazer. A vantagem da falta de expectativas sociais é que os
idosos têm a liberdade de estruturar sua aposentadoria da maneira que
desejarem. É claro que o tipo de qualidade de vida após a aposentadoria
depende, em parte, da condição financeira. Se a mudança significar uma grande
queda no padrão de vida da pessoa, ela terá menos prazer em se aposentar e
levará uma vida restrita após fazê-lo. Outro fator influente na atitude diante
da aposentadoria é a maneira como a pessoa se sente em relação ao trabalho.
Quem se sente realizado no trabalho geralmente se interessa menos pela
aposentadoria que aqueles cujo emprego não os satisfaz. De maneira semelhante,
pessoas muito ambiciosas e de personalidade difícil tendem a querer continuar
trabalhando por mais tempo que as mais relaxadas.
COMPORTAMENTO SEXUAL E RELACIONAMENTO CONJUGAL NA
TERCEIRA IDADE – Uma interpretação incorreta assinalada por Morris
e Maisto (2004) é a de que os idosos duram mais que sua sexualidade. Esse mito
reflete estereótipos por considerar que as pessoas idosas são fisicamente
frágeis e pouco atraentes, não acreditando-se que elas sejam sexualmente
ativas. Realmente os mais velhos reahem mais lentamente e são menos ativos
sexualmente.
Assim como, no
envelhecimento o relacionamento conjugal é um processo de ajustamento que se
desenrola através de toda a vida do casal e isso inclui por certo, os aspectos
de ajustamento sexual, familiar e financeiro. Quando esses ajustamentos são bem
sucedidos no início do casamento a tendência é que seja reforçado um laço de
cumplicidade e amizade entre o casal que pode fazer com que a relação permaneça
por muitos anos. Quando isso não ocorre, existem vários motivos causadores da
infidelidade, encontrando-se dificuldade de se ter, com o conjugue, o mesmo
prazer que se obtém numa relação extraconjugal. O prazer ou gozo masculino está
ligado à ejaculação, de uma forma concreta e explicita, de viver a sexualidade,
sendo, mais ou menos, semelhante para todos os homens, de forma geral. A
vivência de infidelidade, para ele, é muito menos para ela. Para que haja uma
boa convivência, entre avós e filhos casados é necessário que haja respeito
mútuo, que os filhos respeitem a casa e os costumes de seus pais, em que os
avôs tenham clara consciência do respeito pela nova família, criada pelos
filhos (a), além disso, a nora ou o genro que vem de outro ambiente e que
merece respeito e consideração, ao seu modo de ser.
Muitos casais que permanecem juntos na terceira idade,
segundo pesquisas realizadas, afirmam que são mais felizes agora no casamento
do que eram em seus anos mais jovens. São muito importantes os benefícios que o
relacionamento conjugal trás para os casais da terceira idade, são benefícios
que podem ajudar os casais mais velhos a enfrentar os altos e baixos da idade,
incluindo amizade, compartilhamento e o senso de pertencimento um ao outro. O
divórcio na terceira idade é raro de acontecer, os casais que tomam essa
decisão geralmente fazem mais cedo. O divórcio pode ser mais difícil para as
pessoas mais velhas. Homens divorciados e separados sentem-se menos satisfeitos
com as amizades e com as atividades de lazer do que homens casados. Para ambos
os sexos, as taxas de doenças mentais e morte são mais elevados do que a média,
talvez isso ocorra devido ao fato do apoio da sociedade ser insuficiente. Casar-se
pela segunda vez na terceira idade pode ser algo especial, pesquisas realizadas
afirmam que pessoas que se casam novamente na terceira idade parecem ser mais
confiantes e mais satisfeitas e com menor necessidade de partilhar sentimentos
pessoais. Os homens tendiam a ter mais satisfação quando se casam pela segunda
vez na terceira idade do que quando fizeram na meia-idade.
ENFRENTAMENTO DAS PERDAS – Nessa fase
ocorrem perdas de trabalho, de pessoas queridas, de competência pessoal e
autoridade, quando, na verdade, os idosos querem permanecer ativos, com senso
de identidade e valor. É como ocorrer o desengajamento por causa da perda de
contato com papéis e atividades, preocupação com doenças, desconsideração pelas
coisas fúteis porque o tempo é precioso e logo virá a morte, bem como a morte
de pessoas mais jovens. O ajustamento devem ser reorganizadores, na
substituição de antigas atividades por comunitárias; focalizados, variando
atividades e realização de cursos; e devem ser aplicados em desengajados que
abandonam compromissos sociais para ficar na cadeira de balanço. É preciso dar
importância nessa fase da revisão da vida pela necessidade de redefinir a
identidade. O senso de controle passar a existir por causa de maior inércia,
conformismo e dependência, possibilitando o sentimento de controle que melhora
a saúde mental e física e promove a longevidade.
A MORTE – Normalmente, segundo Myers (2006), a separação
mais difícil é a de um cônjuge. O luto é especialmente severo quando a morte de
um ente amado chega de repente e antes de seu tempo esperado no relógio social.
O medo da
morte, no dizer de Morris e Maisto (2004) raramente constitui uma preocupação
central para as pessoas da terceira idade. Entretanto, os idosos sentem medo da
dor, de um tratamento indigno e da despersonalização pela qual podem passar em
razão de uma doença terminal , bem como da possibilidade de morrer no
isolamento. Eles também tem medo de onerar seus parentes com os gastos de uma
hospitalização ou os cuidados de uma enfermeira. Às vezes, os pacientes não são
capazes de oferecer muito apoio aos idosos à medida que estes envelhecem, seja
por viver muito distantes, por ser incapazes de lidar com a dor de ver uma
pessoa querida morrer ou pelo medo que eles próprios têm da morte.
O efeito
morte, segundo Davidoff (2001) ocorre nessa fase por causa das perdas
específicas em testes mentais que envolvem atividades com relação ao
vocabulário e tarefas mentais, em razão de processo patológico que danificam o
cérebro. As perdas mentais levam a lentidão no processo de informações e nas
habilidades intelectuais, memória de longo prazo baixa, perda de lembranças,
desaprendem e esquecem, porém mantendo linguagem e aptidões numéricas,
prosseguindo também a aprendizagem e o potencial para solução criativa de
problemas. Nesse caso, Davidoff (2001) elege dois tipos de inteligência: fluida
e cristalizada. A inteligência fluida envolve a parte biológica, a capacidade
de racionar e relembrar que declinam na velhice com as mudanças cerebrais. A
inteligência cristalizada envolvem os conhecimentos assimilados como
vocabulário, matemática, raciocínio social e informações. As habilidades de
conhecimento são influenciadas pelo ambiente, havendo necessidade da habilidade
fluida para ter inteligência cristalizada. Como as ações do cérebro diminui,
ocorrem também alterações e déficits, havendo necessidade aconselhamento para
diminuir ansiedades, depressão e elevar a autoestima, principalmente por causa
da falta de familiaridade e de problemas de motivação.
O
enfrentamento da morte se dá contra o sofrimento físico e a humilhação. Nesse
sentido, Davidoff (2001) apresenta a teoria do estágio da morte: negam, raiva
por se sentirem ludibriadas, inveja, barganha com bom comportamento, depressão
e, finalmente, aceitação.
A preocupação
com a morte varia de acordo com a idade da pessoa. Na meia idade a morte se
torna uma preocupação maior. Nesta fase da vida o indivíduo já passou pela
experiência da morte vivenciada de que um dia ela terá que enfrentar a morte,
como realidade em sua própria vida. Segundo a psiquiatra Elisabeth Kubler-Ross,
anotado por Morris e Maisto (2004), a maioria das pessoas que estão morrendo
apreciam a oportunidade de falar abertamente sobre sua condição e estão
conscientes de estarem próximos da morte, mesmo que isso não lhe tenha sido
dito. Essa médica delineou cinco etapas na conciliação com a morte: O primeiro
estágio – se caracteriza pela tentativa de negação da realidade. O
segundo estágio – se caracteriza pela resposta emocional de ira ou de revolta.
Esta reação é mais frequente em pessoas jovens. No terceiro estágio – o
indivíduo começa um processo de barganha. O quarto estágio – é marcado por
aquilo que Kubler-Ross chama de depressão preparatória. O quinto estágio –
desse processo se caracteriza pela aceitação da realidade. A partir desse
momento normalmente o indivíduo assume uma atitude mais racional, e isso
contribui para que a transição final seja tranquila e mais resignada. Também
propôs uma progressão semelhante nos sentimentos das pessoas que enfrentam luto
eminente. Morrer como viver é uma experiência individual. Para algumas pessoas,
a negação ou a raiva pode ser um modo mais saudável de enfrentar a morte do que
a calma aceitação. A descrição de Kubler-Ross, portanto, não deve ser vista
como um modelo universal ou como um critério para uma “boa morte”. A morte como
fenômeno natural é parte integrante e inevitável da própria vida. Uma adequação
filosófica da vida, por tanto deveria incluir a experiência da morte como algo
absolutamente normal. Em muitas culturas primitivas a morte é parte da
experiência constate dos grupos sociais, e desde cedo na vida do indivíduo ele
é exposto ao contato com a realidade da morte. Nessas culturas, via de regra,
os indivíduos tendem a encarar a morte com bastante naturalidade e ela não
representa nenhuma sobrecarga emocional. O estilo de vida deve ser alicerçado
em hábitos saudáveis, atividade física regular e orientada por pessoas
qualificadas, alimentar-se sem exagero, manter o peso ideal, ingerir álcool com
moderação, não fumar e fazer controles médicos periódicos, mesmo na ausência de
sintomas. O ambiente contribui com ausência de poluentes, infraestrutura
sanitária adequada, possibilidade de acesso ao mercado, consultas médicas
regulares, participação em eventos socioculturais e sentir-se produtivo até o
fim da vida, dedicando-se a um ideal. A ciência comprova que, se essas medidas
forem adotadas um envelhecimento melhor. O tratamento de doenças crônicas visa
fundamentalmente: o alivio do desconforto, o retardamento da evolução, a prevenção
das complicações, o bem estar, a independência/diminuição da dependência, a melhora
da mobilidade. A mesma defasagem entre as diversas classes sociais se percebe
em relação à mobilidade.
Vê-se,
portanto, que a preocupação com a morte normalmente varia de acordo com a idade
da pessoa. Na meia-idade o assunto da morte se torna uma preocupação maior.
Geralmente nesta fase da vida a pessoa já passou pela experiência da morte de
entes queridos e isso lhe traz a noção mais vivida de que um dia ela terá de
enfrentar a morte como realidade em sua própria vida. Na velhice esse quadro é
consideravelmente agravado com a frequente morte de
pessoas nessa mesma faixa etária. A frequência da morte
entre pessoas idosas pode levar o individuo a uma excessiva preocupação com o
seu próprio fim.
PSICOTERAPIA NA TERCEIRA IDADE – A psicoterapia nessa
fase vai desde o apoio até o tratamento psicanalítico. Uma ação psicoterápica
pode ser realizada por pessoas ou profissionais com ajuda meio informal. A
psicoterapia é formal, profissional, sistemática com enquadre que compreendem
combinações práticas. A psicoterapia indireta é realizada por pessoa íntima ou
técnico para compartilhamento de angústias, dúvidas e desabafos. A catarse
consiste em encontros sistemáticos e continuados de amparo e escuta contra a
angustia do desamparo, realizado por profissional que deve continência, ou
seja, a capacidade de ouvir sem revide temas como depressão, tédio ou fuga. A
terapia de apoio acredita nas capacidades real e sincera do idoso – capacidades
mentais, emocionais e físicas que se encontram latentes. A psicoterapia de
acompanhamento ocorre quando o idoso não tem possibilidades físicas,
geográficas, econômicas ou disposição para conservação de um vínculo. A terapia
em domicilio ocorre no domicilio ou instituição por profissional, não podendo
ser confundida com visitas sociais. A grupoterapia é importante para
desenvolvimento de intercâmbio e interação grupal. A terapia psicanalítica vai
abordar o inconsciente para mudanças na qualidade de vida e convívio, devendo o
idoso querer a terapia e fazer mudanças permitindo acesso a zonas ocultas do
psiquismo na procura do vazio existencial, dificuldades de relacionamento,
queda da autoestima e sentimentos depressivos.
REFERÊNCIAS
DAVIDOFF, Linda. Introdução à psicologia. São Paulo: Pearson
Makron Books, 2001.
MARANHÃO, José Luiz de Souza. O que é a morte. São Paulo:
Saraiva, 1992.
MORRIS, Charles; MAISTO,
Albert. Introdução à psicologia. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
MYERS, David.
Psicologia.Rio de Janeiro: LTC, 2006
ROSA, Merval. Psicologia
evolutiva. Petrópolis: Vozes, 1983.
SALLY, Diane Papalia;
OLDS, Sally Wendkos; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento humano. Porto
Alegre: Artmed, 2006.