PSICOPATOLOGIA
– O livro Psicopatologia: teoria e clínica (Artmed, 2006) de J. Bergeret, A.
Bécache, J. Boulanger, J. Chartier, P. Dubor, M. Houser e J. Lustin, trata na
primeira parte da Teoria do aspecto genético, metapsicológico, violência e
evolução afetiva humana e o problema das defesas. Na segunda parte trata da
clínica com entrevista com o paciente em psicopatologia, a vida fetal e suas
consequências, noção de formalidade, noção de estrutura, estruturas neuróticas,
estrutura psicótica, os estados-militrofes e seus arranjos, doentes
psicossomáticos, clinica e teoria da clínica infantil e panorama das principais
psicoterapias. Na terceira parte trata dos aspectos institucionais e os
dispositivos de tratamento.
A
estrutura neurótica é entendida como neurose individual com aceitação clássica
da neurose ou neurose segundo a primeira tópica freudiana, fundada por inteiro
no princípio do recalcamento histérico. A concepção contemporânea da neurose ou
a neurose segundo a segunda tópica freudiana, a sua sintomatologia é bastante
mais imprecisa, na busca insaciável que pode assumir formas extremamente
variadas, tanto histéricas como carcteriais, e até mesmo paranoicas. O
inconsciente da neurose obriga a reconsiderar sua face existencial, frustração
e avidez, mesmo se, à primeira vista, sua base está em perda de referencia.
Considera, portanto, as formações incestuosas simbólicas. A neurose familiar
ocorre quando o desejo incestuoso da criança é retomado em espelho pelos pais,
que se tornam participantes nesse desejo. O núcleo edipiano típico se deve ao
conflito sexual da neurose que se sistua no nível genital do Édipo, mesmo se as
aptidões defensivas conduzam a tomar as vias de regressões pré-genitais e
considerando que o conflito no menino decorre da rivalidade edipiana com o pai,
do projeto de conquista da mãe. A identificação do menino com o pai e da menina
com a mãe são os herdeiros mais evidentes do complexo de Édipo. A castração
edipiana se incrusta bem, evidentemente, no destino biológico da diferença dos
sexos e o Superego masculino conservará por isso um rigor que seu homologo
feminino não atinge. As formas psudoneuróticas em patologia mental considera a
neurose de angustia, a depressão dita neurótica, as neuroses fóbicas e as
neuroses de caráter. As outras fobias como neurose hipocondríaca, hipocondria
psicótica, hipocondria depressiva, as neuroses de caráter e personalidade de
caráter, os diferentes tipos de descompensação e as neuroses autênticas que são
vistas a partir da histeria de conversão, os sintomas médicos ou ditos
somáticos, os acidentes paroxísticos, os transtornos do aspecto neurológico,
sintomas psíquicos e caráter histérico, a sedução e avidez afetiva, fuga ou
amnésia, caráter histérico, o paradoxo da histérica, a ubiquidade e
condensação, núcleo anal e histeria e psicose. A histeria de angustia é a fobia
situada sob o signo da sexualidade e é a única fobia neurótica. A neurose
obsessiva possui origem emocional a partir de sua distinção entre os destinos
respectivos da representação e do afeto, que assume nessa neurose importância capital.
O isolamento é o primeiro sintoma. O controle obsessivo é a segunda vertente da
sintomatologia do obsessivo. O caráter obsessivo no investimento e de controle
incessante. O rital obsessivo é outro destino da ambivalência do obsessivo. A representação
é isolada e essa redução do ato ao pensamento é um mecanismo particular do
recalcamento. Os afetos sofrem uma regressão dinâmica e temporal para as
representações anais. A depressão neurótica representa um elemento maior da
descompensação neurótica. A natureza neurótica da depressão se revela pela
capacidade de utilizar a dor depressiva para fins de elaboração psíquica, apesar
dos sintomas da ruminação e até mesmo da recusa. A depressão neurótica põe em
evidencia além da severidade do superego, a importância da hiancia narcísica do
Ego em relação com a precariedade das identificações que lhe permitiram se
construir, a integração ou não da castração edipiana, por meio da capacidade de
elaboração do trabalho de luto e surge como a pedra de toque das condições de
possibilidade do trabalho de elaboração do pré-consciente e, por conseguinte, o
lugar específico da vida psíquica.
A
estrutura psicótica considera o agir e o pensamento concreto, uma vez que a
inaptidão primeira para existir de maneira diferencial e, por consequência,
para dialogar leva a falar da lingaguem do psicótico como uma não-linguagem. No
psicótico, a insuficiência e mesmo a inaptidão ao distanciamento imaginário e simbólico
dão lugar a sistemas equivalentes de expressão direta das pulsões, não por
mentalização, mas por reificação. Com efeito, trata-se de uma verdadeira
coisificação de todo esboço de mentalização. Os modos de funcionamento deste
sistema, aparece como essencialmente ligadas à entrada ou à saída, serão
presididos pelo fenômeno de dupla polaridade da introjeção ou da projeção, sem
que, entretanto, jamais houvesse nessa fase, unipolar por excelência, a
constituição possível de um distanciamento objetal verdadeiro e sem que
houvesse uma diferenciação entre a realidade interior e o meio ambiente. Independentemente
dos fatores orgânicos que podem sempre intervir nos transtornos do
desenvolvimento mental, o fator educativo e, por conseguinte, o papel dos
elementos genéticos, em particular da relação materna primária, revelam-se
extremamente importantes. Uma mãe hiperprotetora, não permitindo à criança
alcançar o registro do desejo, sempre presente e prevenindo. Uma mãe ausente
que não permite que a criança ligue a espera penosa e as representações do
objeto desejado. A organização clinica reconhece o autismo como o primeiro e o
mais arcaico desses níveis de organização caracterizado pelo autismo esquizofrênico
cuja manifestação essencial reside para fugir do trauma de uma impossível boa
relação com os objetos ambientes, em uma fixação eletiva e persistente a um
movimento de desinvestimento sistemático do mundo exterior e no retorno fora de
representação e fora de mentalização. Um outro nível dessa posição anobjetal é
obtido na catatonia, na qual o fenomeno predominante é uma contratura muscular
quase total, com rigidez do tronco e dos membros, cujo essencial reside no
plano da musculatura, em uma contração simultânea dos músculos agonistas e
antagonistas, fixando de maneira curiosa toda a motricidade segmentar e dando
ao paciente uma aparecia estratificada. Um outro elemento que se mostra nessa
relação de objeto é a criação alucinativa ou delirante se encontra, na clinica,
na esquizofrenia paranoide. um outro nível da organização pré-objetal do Ego
poderá ser representado pela posição clinica dita depressiva, cuja organização
oral se exprime de acordo com a outra modalidade funcional que se caracteriza
pelo falar em oposição à projeção, da atividade dita introjetiva. As relações
entre desrealização, despersonalização e delírio considera que a
despersonalização propriamente dita constitui uma operação psíquica mais
regressiva. A desrealização pode facilmente sobrevir em uma pessoa normal, é
uma simples falha do funcionamento mental em que uma parte da realidade se
torna estranha à sua propria pessoal. A erotização das condutas psicóticas,
latentes ou deslocadas, anorexia, bulimia, é uma erotização secundária que
muitas vezes assume uma forma toxicomaníaca, apenas um conteúdo visual é as
vezes depositário de um traço autenticamente edipiano, como voyeurismo, vestígios
de imagos infantis.
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