sábado, 8 de março de 2014

PEDAGOGIA DA AUTONOMIA DE PAULO FREIRE

PEDAGOGIA DA AUTONOMIA DE PAULO FREIRE – A obra em estudo é a última de autoria do professor Honoris Causa de 27 universidades no mundo e filosofo educacional pernambucano Paulo Freire (1921-1997), autor da Pedagogia do Oprimido e docente da Universidade de Harvard, em 1969, tendo sido Consultor Especial do Departamento de Educação do Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra, na Suíça, dando consultoria educacional para vários governos do Terceiro Mundo, principalmente na África, chegando a lecionar na Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, e na Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP, até tornar-se em 1989, Secretário de Educação no Município de São Paulo.
O livro “Pedagogia da Autonomia” apresenta uma abordagem analítica sob o manto dialético, acerca da prática e do cotidiano do professor dentro da sala de aula e sua participação dentro e fora das paredes do recinto, envolvendo desde a educação fundamental até a pós-graduação. Traz a visão de toda concepção freireana acerca dos saberes que são indispensáveis à pratica educativa no contexto da antropologia da educação, delineada em três partes que são ao mesmo tempo distintas e complementares, onde, na primeiro capitulo, o autor traz a temática de que “Não há docência sem discência”.
Neste primeiro capítulo, assinala o autor que ensinar exige rigorisidade metódia, pesquisa, respeito aos saberes dos educandos, criticidade, estética e ética, corporeificação das palavras pelo exemplo, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação, reflexão critica sobre a pratica e o reconhecimento e a assunção da identidade cultural.
É nesta exposição que o autor expõe a idéia do aprender ensinando e ensinar aprendendo, ao contrário da educação bancária de depósito de conteúdos no recipiente passivo que é a competência dos educandos, observando ser a pratica ensinar/aprendendo e aprender/ensinando uma pratica constante e verdade no processo educacional, em razão de que o ato de ensinar exige o aprender e a apreensão dos novos caminhos do saber.
Por esta razão, é evidente que o professor na prática do ensinar deva antecipadamente ter o conhecimento necessário para administração da transferência de conteúdos numa modelagem ativa, dialógica e participativa, sem utilização daquele formato antiquado da aula expositiva, dogmática e unidericional.
Na pratica pedagógica proposta por Paulo Freire o debate é fundamental e que o professor traga os conhecimentos introdutórios do que deve ser apresentado para abrir e dar direção e organicidade ao processo de ensino, uma vez que este deve respeitar os saberes já contidos na personalidade do educando que foram construídos no cotidiano de suas experiências.
Por esta razão, o ato de ensinar traz uma serie de exigências éticas de criticidade, competência profissional, liberdade para a compreensão da educação uma forma de intervir no mundo com diálogo, esperança, generosidade, coerência, sensatez, tolerância, comprometimento, entre outras atitudes necessárias para a solidária participação na formação de todos.
No segundo capítulo ele traz que “Ensinar não é transferir conhecimento”, tratando acerca das indagações que devem ser propostas pelo professor para aguçar a curiosidade e o senso critico dos seus alunos, possibilitando a eles a descobertas de novos conhecimentos de forma criativa e inovadora, que sejam capazes de transformar a realidade ao redor. Tudo isso tendo por base que o professor nunca deve se expressar como o dono absoluto da verdade, mas que seu ponto de vista sirva de ponto de partida para novas indagações, críticas, reflexões e debates compartilhados entre todos os presentes na sala de aula.
Por esta razão, Paulo Freire chama atenção para o fato de ensinar exige, entre outras coisas, um respeito verdadeiro à autonomia do ser educando, levando em consideração seus conhecimentos já adquiridos e não devem ser submetidos ao preconceito ou qualquer discriminação. Exatamente por isso o autor defende que ensinar exige bom senso, no sentido de se avaliar todos os contextos, condições sociais e culturais onde o aluno se encontra imerso, destacando nesta ótica os acontecimentos locais e toda a realidade do educando, visando proporcionar uma avaliação criteriosa do que é na verdade para ser ensinado e aprendido.
Daí todas as exigências apresentadas por Paulo Freire para que o ato de ensinar seja dialogicamente uma descoberta, porque ensinar não é transferir conhecimentos, é participar da formação e contribuir para a evolução do debate, dos estudos e do desenvolvimento humano.
No terceiro e último capítulo ele aborda a questão de que “Ensinar é uma especificidade humana”, trazendo um novo elenco de exigências para o ato de ensinar, entre elas a de segurança e domínio sobre o que faz para agir democraticamente, respeitando as diferenças e os diferentes pontos de vista dos alunos, além da já mencionada competência profissional com a generosidade de quem partilha seus conhecimentos e compartilha dos debates e discussões com o intuito de evoluir de forma libertária para defender as transformações necessárias, os direitos subjugados e a autonomia necessária para o exercício da cidadania.
Com isso, observa-se que o elenco de exigências arroladas por Paulo Freire no livro estudado, faz referência ao que deve ser feito para que o professor, na sua pratica diária, desenvolva visando uma educação plena e uma pedagogia conseqüente. Este elenco que passa pela competência profissional, pela reflexão constante acerca da prática pedagógica desenvolvida, pelo respeito ao outro e seus saberes no reconhecimento a identidade cultural, pela constância dialógica dos conteúdos com propostas a debates e discussões visando o desenvolvimento da formação dos seres, manifestando sempre a alegria e a esperança na liberdade e na consciência do inacabado, proporcionando a curiosidade e a busca constante por novos conhecimentos, atuando democraticamente e rejeitando toda e qualquer forma de preconceito e discriminação, entre tantas outras atitudinais posturas emancipatórias e colaborativas que são pautadas na solidariedade humana.
A perspectiva geral do autor, está quando ele (FREIRE, 1996, p.94-96) entende que a Pedagogia da Autonomia “[...]  deve estar centrada em experiências estimuladoras da decisão, da responsabilidade, ou seja, em experiências respeitosas da liberdade”. Isto porque o educador é um ser político sujeito às emoções e, por isso, deve apontar inúmeros caminhos para que o debate entre ele e os alunos possam buscar consensos na construção da autonomia.
Em toda obra visualiza-se que o autor questiona freqüente e veementemente sobre a eficácia do processo educacional, sobre o que é ser um educador progressista e ainda sobre o sentido epistemológico do que se pode chamar de formação de classes populares enquanto pensamento crítico-autônomo.
Com estes questionamentos efetuados sobe a metodologia dialética, traz, então, o processo libertário da pratica educacional pautadas em saberes progressistas que instiguem à curiosidade dos educandos, levando-os à pesquisa, ao debate e à busca constante por novos conhecimentos, na obtenção básica do experimento democrático e do exercício da cidadania, no respeito, na participação, na solidariedade.
Finalmente, observa-se tratar de uma obra que se caracteriza como inovadora pelo rigor metodológico com que se apresenta, trazendo uma ética pedagógica pautada na criticidade, no bom senso, pesquisa, esperança, humildade, risco, tolerância e de outras importantes sensações e comportamentos que devem incentivar e embasar a pratica pedagógica doravante.

REFERÊNCIA:
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia, saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e terra, 1996.

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