quinta-feira, 13 de março de 2014

O MITO DA CAVERNA DE PLATÃO


O MITO DA CAVERNA DE PLATÃO - O “Mito da Caverna” foi inserido pelo filósofo grego Platão (cerca de 428/427–348/347 a.C.), no livro VII da sua obra “A República”. Nesse mito o filosofo concebeu pessoas prisioneiras desde a infância na escassa iluminação do interior de uma caverna. Todos estavam encadeados e imóveis por detrás do muro, com a percepção apenas das imagens da parede da frente. Quando se moviam, carregavam estatuetas, vasos, bacias, animais e outros vasilhames sobre suas cabeças. No meio desse cenário as pessoas só viam sombras como espectros que se movimentavam e eram tidas como verdadeiras. Quem tivesse a ousadia de sair dali nada enxergaria por ter suas vistas ofuscadas pela luminosidade do sol. E esta luminosidade causava temor. Ao persistente, havia de se adaptar e conseguir, aos poucos, desvendar recuperando a visão e descobrindo a múltipla expressão de cores e coisas. Era um outro mundo só capaz ao corajoso de tomar ciência ao se vislumbrar com o mundo das coisas.
A metáfora desse mito está na escuridão da caverna onde vivem as pessoas que estão fadadas a serem prisioneiras da ignorância. Elas não enxergam nada mais que sombras e se satisfazem com seus temores. Esse é o mundo do empirismo, do senso comum, representados pelas sombras. Na caverna todos estavam enclausurados, sem a liberdade de se movimentar livremente, nem experimentar nada além da escuridão. A libertação dessas pessoas ocorre quando elas saem do interior da caverna e enfrentam a luminosidade do sol que incide sobre seus olhos, ofuscando a sua visão. Este é o mundo da ciência, da filosofia, da sabedoria. Este saber se adquire aos poucos, pacientemente, demovendo a escuridão para contemplar a plenitude da claridade.
A caverna, neste sentido, é a ignorância; e sol, o universo da sabedoria, o saber do filósofo. E o desejo deste filósofo é libertar a todos os que estão prisioneiros. E mesmo que os prisioneiros zombem, teimem e não queiram sair da caverna, ao filósofo é dado o poder de perseguir a luminosidade do sol e, sempre que possível, levar esta luminosidade para todos por meio das ideias. Na caverna todos os seres humanos estão amarrados às imagens projetadas nas paredes, vivendo nas sombras e por elas guiadas sob a falsa ciência de que aquele é, para eles, o verdadeiro mundo real.
A saída da caverna significa a comunhão com a informação e o conhecimento, organizando racionalmente o desenvolvimento de suas atividades. Do contrário, a manutenção na caverna, significa seguir a experiência, viver na crença dos temores, não aceitando o novo nem se encaminhando para além de suas potencialidades e aptidões.
A ideia básica mostrada pela metáfora do mito demonstra o quanto a educação é importante e que a falta dela significa a perda da oportunidade do saber viver verdadeiramente, uma vez que entendia o filósofo ser a educação o resultado da informação e do conhecimento. A expressão platônica, com isso, distingue a ignorância, o senso comum e o empirismo, da ciência, da filosofia, do conhecimento e da sabedoria.
Hoje, com a expressividade ilimitada da informação e da comunicação, é farto o universo para o saber. Isso não significa que no presente não se tenha sombras e cavernas. Existem sim cavernas e sombras que se mantém mantendo a ignorância e o sectarismo, contra a luminosidade das ideias progressistas e emancipadoras.
Enfim, vê-se, pois, que se trata de uma metáfora filosófica da condição humana com relação ao mundo, chamando atenção para a importância da educação e do conhecimento filosófico na superação da ignorância.
O seu pensamento filosófico assinala com o “Mito da Caverna” a passagem gradativa do senso comum da visão humana para a explicação da realidade por meio do conhecimento racional, organizado e sistemático da Filosofia que busca na causalidade as respostas para tudo que se expressa na vida. Nessa condução, entende o filosofo que o processo para aquisição da consciência passa pelo domínio das idéias e das coisas sensíveis, uma vez que a realidade reside no campo das ideias enquanto o senso comum e a maioria da humanidade estão instalados e condenados às sombras como verdadeiras da ignorância e do mundo corruptível, mutável, ilusório e não funcional das coisas sensíveis.
Trazendo a metáfora para a vida do ser humano hoje, encontra-se no mito a lição de que, aos acomodados e desmotivados, as sombras do inoportuno e da improdutividade, o estacionamento da formação e da imobilidade, o marasmo da mesmice repetitiva das tarefas e atividades.
Aos motivados e corajosos, o universo da formação continuada, do aprendizado constante, da renovação de oportunidades, das saídas para novas realidades.
Essa metáfora aplica-se muito bem ao contemporâneo mundo do umbigocentrismo que não enxerga nada além do que o individualismo possessivo duma exclusiva subjetividade privatizada. Nesse cenário verifica-se que a informação e o conhecimento levam ao alargamento de horizontes. Essa a lição que o antiqüíssimo “Mito da Caverna” deixa para todos na atualidade.

REFERÊNCIA
PLATÃO. A República. São Paulo: Abril, 1978.

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