ONIOMANIA
& SHOPAHOLIC – A compulsão pelo consumo tronou-se um assunto para
debates que envolvem as mais diversas perspectivas, sejam elas médicas,
psicológicas, psiquiátricas, sejam nas visões do marketing, da economia, da
sociologia, entre outras.
Parte da visão do consumo na sociedade atual,
oriundo do processo de industrialização e sua exposição maciça por meio de
apelos propagandísticos nos veículos de comunicação de massa.
O desenfreado consumo tem sido objeto de
estudos das mais diversas áreas do conhecimento, notadamente pela necessidade
de escoamento da produção de produtos e utilização de serviços, como das causas
de ansiedade e estresse incidentes no comportamento do consumidor pela
aquisição dos produtos mais sofisticados, dos serviços mais especializados e do
atendimento aqui e agora.
Em vista disso, o estresse e a ansiedade
constante têm promovido que se instaurem no ser humano compulsões as mais
diversas que, por sua vez, acarretam à identificação de transtornos.
Essas compulsões passaram, então, a serem
observadas tanto como desordem de comportamento, como estudos do comportamento
humano diante do consumo desenfreado da realidade contemporânea.
Essa desordem originou a oniomania que foi descrita,
em 1915, pelo psiquiatra alemão Emil Kraepelin (1856-1926), como o impulso
irresistível para obtenção dos mais diversos itens, inclusive aqueles
desnecessários. Com isso, considera-se um transtorno do controle do impulso.
Inicialmente entendeu-se que a oniomania poderia
ser uma forma de autocura com alívio da tensão e satisfação da aquisição do que
se necessita.
Contudo, detectou-se que a tensão diminuída
após a compra é substituída pelo sentimento de culpa, contribuindo para
problemas de caráter crônico, destrutivo e patológico que levam a dívidas,
inadimplemento e consequências financeiras e jurídicas, afora propiciar o
aparecimento de sintomas patológicos associados.
A COMPULSÃO PELO CONSUMO – As patologias que possuem
relação com os distúrbios compulsivos, conforme Fonseca (2011) e Guerra e
Penalosa (2014), começaram a ser observadas no começo do séc. XIX. Contudo,
apenas no final do século XX é que ocorreram as primeiras identificações da
compra compulsiva como um comportamento crônico e repetitivo em resposta aos
sentimentos negativos ou eventos primários, passando a ser considerada como uma
síndrome psiquiátrica.
É preciso entender que, segundo Davidoff
(2001, p. 757), a compulsão é entendida como “Comportamento ritualístico
recorrente, apesar das tentativas de resistir ao impulso”.
Nesse sentido, a autora considera que as
obsessões e compulsões variam amplamente, muito embora se enquadrem nas
categorias das dúvidas obsessivas, pensamentos obsessivos, impulsos obsessivos,
medos obsessivos, imagens obsessivas, cessão e controle às compulsões.
No dizer de Davidoff (2001), as causas da
compulsão estão na diátese múltipla e nos estresses. Para a autora, segundo a
visão behaviorista, as obsessões e compulsões são adquiridas por meio dos
princípios de reforçamento e que fatores fisiológicos podem contribuir para
formação desse comportamento.
Para Morris e Maisto (2004, p. 412) as
compulsões e obsessões são formas diferentes da ansiedade, considerando as
obsessões como “[...] pensamentos ou ideias involuntárias recorrentes, apenas
das tentativas da pessoas eliminá-los”, enquanto que a compulsão é o “[...]
comportamento repetitivo e ritualístico que a vítima sente compelida a
realizar”.
No dizer de Leite (2011) há o entendimento de
que as
compras compulsivas são consideradas como um vício e um fenômeno social, quando
consumidores sucumbem às compras para preenchimento do vazio interior.
Essas compulsões passaram a ser denominadas
de oniomania pelo psiquiatra alemão Emil Kraepelin (1856-1926), como sendo o
impulso patológico para o ato desenfreado de comprar.
O transtorno do comprar compulsivo (TCC),
também conhecido como oniomania, conforme Filomensky (2011), é o ato da compra
excessiva resultante de um impulso patológico que ocorre inicialmente no final
da adolescência ou depois dos vinte anos, associado à desinibição que inclui
álcool, cigarros, sexo precoce e uso de drogas, às compras descontroladas.
Os portadores desse transtorno são
identificados como shopaholic,
considerados como incapazes de controle do desejo de compras ou quando os
frequentes e excessivos gastos passam a interferir nos aspectos da vida do
paciente. Os sintomas é de excitação e ansiedade para comprar, de gratificação
e prazer em consumar a compra, ou acometido de angústia, irritabilidade ou frustração
pela inibição do ato de comprar.
Trata-se, conforme Tavares et al (2008) de um
comportamento de consumo descrito em todos os continentes do planeta, não
possuindo ainda até o presente uma incerta classificação nem incluído nos
sistemas nosológicos contemporâneos, ou seja, ainda não foi descrito pelo
Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais, nem na
Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS).
É também reconhecido, no dizer de Martins
(2014), como o comportamento do consumidor de forma crônica e repetitiva,
difícil de ser interrompido e consequências graves e prejudiciais. Geralmente
ocorre em resposta aos eventos e aos sentimentos negativos, configurando
incapacidade de resistência à urgência de compras e os seus prejuízos.
No dizer de Tavares et al (2008) o TCC é
comórbido com frequência com os transtornos da ansiedade, do humor, alimentares
e uso de substâncias. Por essa ideia, a classificação desses compradores foram
acometidos de significativas depressões recorrentes ou do transtorno bipolar,
bulimia, transtorno de personalidade, compulsão alimentar, escoriação
psicogênica, abuso de bemzodiazepínicos, tentativas de suicídio, TOC,
transtornos do controle do impulso (TCI) e cleptomania, entre outros comportamentos
impulsivos.
Significa dizer que esse transtorno, conforme
Lopes e Souza (2014), caracteriza-se pela impulsividade, impossibilitando-se os
pacientes, independente de formação acadêmica, de evitar as compras ou a
incapacidade de domínio sobre o impulso das compras. Em vista disso, é
considerado como um transtorno de dependência agrupado com os transtornos da
droga e do uso do álcool.
A oniomania, Nery, Menêses e Torres (2014), associada
aos impulsos reativo incluem a piromania e a clieptomania, como parte dos
transtornos obsessivo-compulsivo, ou de humor, categorizado com a combinação de
dependências que incluem o comportamento sexual compulsivo, a dependência da
Internet e o jogo patológico.
O tratamento da oniomania, conforme Hodgins e
Peden (2008), ainda não possui um padrão psicoterápico, sendo efetuado ainda
por meio de um modelo cognitivo-comportamental, tratados com base em
antidepressivos e outras iniciativas da pfiscofarmacologia. Dessa forma, as
recomendações clínicas e terapêuticas são da prescrição de intervenções
psicossociais no modelo cognitivo-comportamental.
REFERÊNCIAS
DAVIDOFF, Linda. Introdução à psicologia. São Paulo: Pearson |Makron Books, 2001.
FILOMENSKY, Tatiana. O comprar compulsivo e suas relações com transtorno
obsessivo-compulsivo e transtorno afetivo bipolar. São Paulo: Edusp, 2011.
FONSECA, Patrícia. Significados e julgamentos percebidos na frequência do consumo.
Brasília: UnB, 2011.
GUERRA, Diego; PENALOSA, Veronica. Compra
compulsiva: uma abordagem multidisciplinar com estudantes universitários. XII SemEAD Empreendedorismo e Inovação.
Disponível em
http://www.ead.fea.usp.br/semead/12semead/resultado/an_resumo.asp?cod_trabalho=823.
Acesso 03 maio 2014.
HODGINS, David; PEDEN, Nicole. Tratamento
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Paulo, 30(Supl I):S31-40, 2008.
LEITE, Priscilla. Adaptação transcultural e validação das escolas the richmond compulsive
buyning scale e compulsive buying scale. Rio de Janeiro: UFRJ, 2011.
LOPES, Francirene; SOUZA, Regiane. Compulsão
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Internacional de Psicologia. Disponível em
http://www.eventos.uem.br/index.php/cipsi/2012/paper/view/797. Acesso em 03
maio 2014.
MARTINS, Gisele. O consumo compulsivo. Janela Econômica. Disponível em
http://www.santacruz.br/v4/download/janela-economica/2010/9_O_consumo_compulsivo.pdf.
Acesso em 03 maio 2014.
MORRIS, Charles; MAISTO, Albert. Introdução á psicologia. São Paulo:
Prentice Hall, 2004.
NERY, Matheus; MENÊSES, Carla; TORRES,
Thalita. Um
breve ensaio da psicologia acerca do comportamento consumista na sociedade
atual. Interfaces Científicas.
Disponível em https://periodicos.set.edu.br/index.php/humanas/article/view/164.
Acesso em 03 maio 2014.
TAVARES, Hermano; LOBO, Daniela; FUENTES,
Daniel; BLACK, Donald. Compras compulsivas: uma revisão e um relato de caso. Revista Brasileira de Psiquiatria, São
Paulo, vol. 30, supl. 1, jan/mai, 2008.
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