domingo, 16 de agosto de 2015

PSICOLOGIA AMBIENTAL


PSICOLOGIA AMBIENTAL – A preocupação com a relação ser humano e ambiente é uma das pautas que tem levado aos mais diversos debates em todo planeta. Isso devido ao aumento populacional e a intervenção humana no meio ambiente por meio do uso dos recursos naturais, represamento dos rios, o uso da água, o consumo de fertilizantes, a população urbana, o consumo de papel e a quantidade de veículos a motor que atuam modificando a natureza que se encontra diante de transformações como aquecimento global, desastres naturais, extinção de espécies, destruição da camada de ozônio e das florestas tropicais, entre outros graves acidentes.
Detecta-se, portanto, uma crise ambiental que, segundo Santos (2005), Pinheiro (2005), Wiesfeld (2005), Tassara e Rabinovich (2003), tem envolvido e levando à mobilizações da sociedade na busca por uma conscientização ambiental que se efetive de forma mais incidente sobre a preservação do meio ambiente.
Observam Moser (2005), Pinheiro (2003), Morval (2007) e Maior, Zutira e Bezerra (2007), que o homem tem mantido a todo instante e desde as mais remotas eras, uma interação com o ambiente que se delineia tanto predatória quanto esgotadora dos recursos naturais, necessitando, em vista disso, de uma ação que se revele educadora, conscientizadora e ativa pautada tanto na preservação como na perspectiva sustentável.
No Brasil, segundo Pinheiro (2003), o desenvolvimento da Psicologia Ambiental tem se aprofundado desde 2001 com a criação da Rede de Psicologia Ambiental Latino-Americana (REPALA), dando prosseguimento aos estudos iniciados pelo Laboratório de Psicologia Ambiental (LPA), da Universidade de Brasília, desde 1993, articulando-se com outras iniciativas como a do Laboratório de Psicologia Sócio-Ambiental e Intervenção da USP (LAPSI) e com a International Association People-Environment Studies (Associação Internacional para Estudos Pessoa-Ambiente - IAPS).
Neste sentido, a psicologia ambiental, Verdugo (2005), tem se definido como uma área ou subdisciplina da ciência psicológica mais geral, com seu objeto definido no estudo do comportamento e de seus correlatos, por meio de modos pelos quais os aspectos social e físico do ambiente influenciam o comportamento das pessoas e como as ações das pessoas, por sua vez, afetam os seus entornos. Este envolvimento torna necessária a promoção de esforços interdisciplinares a fim de abranger uma variedade diversa de dimensões (social, material) influenciadas por ou afetando o comportamento. Dessa forma, a psicologia ambiental emergiu como uma área aplicada da psicologia objetivando resolver problemas com respeito às interações ambiente comportamento. por consequência, anota Santos (2015) que se trata de uma disciplina que tem como objetivo compreender a relação pessoa-ambiente.
Entendem Alves, Sacramento e Higuchi (2004) que os conhecimentos da psicologia devem contribuir para que um processo de educação ambiental se efetive. Tal processo deve se deter a novas práticas de uso do meio que propiciem novas vivências e aprendizado, por meio de novas regras e valores tais como a solidariedade, o respeito ao saber comum que se efetivem na trajetória humana como singularidades expressas por sentimentos opostos que não se excluem, mas se complementam.
Neste sentido, observam Moser (1998b), Gunther e Rozestraten (2004), Freire e Vieira (2006) e Pinheiro, Gunther e Guzzo (2004) que a psicologia é identificada como uma ciência que possui o objeto de estudar o comportamento e, por consequência, investigar por meio da psicologia ambiental o comportamento humano e o ambiente.
Para tanto, assinalam Pinheiro (1997), Moser (1998a), Elali (2003), Di Castro (2005) e Carneiro e Bindé (1997), que essa modalidade de Psicologia está voltada para o estudo do homem em seu contexto e suas interrelações com o meio ambiente social e físico. O seu objetivo, conforme anotado por Higuchi (2002), Rabinovich (2005) e Alves e Bassani (2008), é o estudar e analisar as condições, formas e modos que se encontram inseridos nas relações entre as ações humanas e o meio ambiente, observando a mobilização dos comportamentos sociais causadores de impacto à saúde mental, analisando as percepções e interpretações entre a saúde humana e o meio ambiente. Esta ação, segundo Tassara e Rabinovich (2003), pode ser efetuada por meio de intervenções interdisciplinares, tais como com a antropologia urbana, a sociologia, a medicina, a biologia, o urbanismo, a engenharia florestal, o paisagismo, a geografia, p desenho industrial, entre outras, e utilizando-se de métodos plurais que envolvam desde a observação, a pesquisa participante ou pesquisa-ação, pesquisa experimental, entre outros.
Wiesenfeld (2005) e Morval (2007), chama a atenção que o campo de estudos da psicologia ambiental está voltado para a possibilidade de se compreender as reações individuais às condições ambientais, avaliando e percebendo os espaços físicos e suas influencias na atuação e na interação entre as pessoas e a localidade, a melhoria da conservação e edificação dos espaços e sua incidência individual, familiar e social, envolvendo conceitos como dimensões temporais, espaço pessoal, referencia ao passado e futuro da espécie, a história, ao direito ao ambiente equilibrado, à informação e à educação ambiental, atuação essa muldisciplinar com colaboração interdisciplinar devido a complexidade dos problemas ambiental.
O trabalho do psicólogo ambiental, segundo Pinheiro (1997), se dá por meio da percepção ambiental, do estudo do ambiente físico com sua dimensão social e aspectos funcionais, enfoque da interrelação e interdependência pessoa-ambiente numa visão bidirecional, entre outras ações que, segundo Santos (2015), compreendam a interação do homem com seu ambiente para desenvolver estratégias e ferramentas de aplicação e intervenção que contribuam para a mudança dessa relação de forma mais consciente. A sua ação pode se dar em conjunto com as áreas da educação, especificamente educação ambiental, com o direito ambiental, psicologia do trânsito, entre outras, utilizando-se de instrumental oriundo das atividades artísticas, a partir das visões de Vigotsky (1999), no sentido de por meio do teatro, da música e da literatura, transmitir princípios e normatizações constitucionais e da legislação ambiental, diretrizes educacionais para construção de comportamentos ambientalmente responsáveis e sustentáveis.

REFERÊNCIAS

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ALVES, M.; BASSANI, M. A psicologia ambiental como área de investigação da interrelação pessoa-ambiente. Publicação Eletrônica -II Fórum de Estudos Multidisciplinares, Centro Universitário de Franca, maio de 2008.
CARNEIRO, C.; BINDÉ, P. J. A Psicologia Ecológica e o estudo dos acontecimentos da vida diária. Estudos de Psicologia, Natal, v. 2, n. 2, p. 363-376, jul./dez. 1997.
DI CASTRO, V. O elevador como objeto de estudo da Psicologia Ambiental. Série: Textos de Psicologia Ambiental, nº 20. Brasília, DF: UnB, Laboratório de Psicologia Ambiental, 2005.
ELALI, G. O ambiente da escola – o ambiente na escola: uma discussão sobre a relação escola-natureza em educação infantil. Estudos de Psicologia 2003, 8(2), 309-319. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2003.
FREIRE, J.; VIEIRA, E. Uma escuta ética de Psicologia Ambiental. Psicologia & Sociedade; 18 (2): 32-37; mai./ago. 2006.
GÜNTHER, H.; ROZESTRATEN, R. A. Psicologia Ambiental: Algumas considerações sobre sua área de pesquisa e ensino. Série: Textos de Psicologia Ambiental, nº 07. Brasília, DF: UnB, Laboratório de Psicologia Ambiental, 2004.
HIGUCHI, M. Psicologia Ambiental: uma introdução às definições, histórico e campo de estudos e pesquisas. Cadernos Universitários, nº 049. Canoas: ULBRA, 2002.
MAIOR, M.; ZUTIRA, A.; BEZERRA, A.. Psicologia ambiental: estudo de caso em ambiente asilar. Tecnologia & Desenvolvimento Sustentável, Ano 1, Março/2007. CEFET – PB, 2007.
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MOSER, G. A Psicologia Ambiental: competência e contornos de uma disciplina. Comentários a partir das contribuições. Psicologia USP, 2005. 16(1/2), 279-294. Universidade Paris V, 2005.
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______. O lugar e o papel da psicologia ambiental no estudo das questões humanoambientais, segundo grupos de pesquisa brasileiros.Psicologia USP, 2005, 16(1/2), 103-113. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2005.
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PINHEIRO, J.; GUNTHER, H. ; GUZZO, R. (orgs). Psicologia Ambiental: entendendo as relações do homem com seu ambiente. São Paulo: Alínea, 2004.
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