ROLE-PLAYING – É uma técnica que pode ser
usada para a exploração e para a expansão do eu num universo desconhecido. O conceito
fundamental desta abordagem é o reconhecimento de que o homem é um role-player –
ou seja, um intérprete de papéis -, de que todo o individuo é caracterizado pro
certo leque de papéis que domina seu comportamento e de que toda cultura é
caracterizada por certo conjunto de papéis impostos, com grau variado de
sucesso, a seus membros. As técnicas são uma metodologia que capacita comparar
cada um dos métodos terapêuticos sob condição de controle.
Role-player (em alemão Rollenspieler), significa
a interpretação de papéis e é a adoção de um papel acabado, plenamente
estabelecido, que não permite ao individuo nenhuma variação, qualquer grau de
liberdade, o que permite ao individuo um certo grau de liberdade. Um papel é
composto de duas partes: o seu denominador coletivo e o seu diferencial
individual.
As primeiras experiências com as técnicas
de role-playing aconteceram durante os testes feitos com terapeutas auxiliares
colocados no contexto de situações padrão, num psicodrama experimental.
Nas situações terapêuticas pode-se
concentrar primeiramente no estudo dos quatro fatores, demonstrando a importância
crucial em todos os relacionamentos paciente-terapeuta: sentimentos um em
relação ao outro, percepção um do outro, eventos motrizes, a interação entre
eles e as relações de papéis, que emergem de um para o outro numa situação terapêutica
em andamento. Como terapia de papéis objetiva melhorar as relações entre
membros de determinado grupo. Cada membro pode assumir novo papel e esta
situação influencia com frequência os resultados do próximo teste sociometrico,
modificando a posição do individuo que, de outro modo, continuaria isolado e
desajustado. Assim o role-playing torna-se treinamento e terapia de papéis.
O teste de espontaneidade é o segundo
teste que satisfaz as exigências para o role-playing, uma vez que coloca o
individuo em situação-padrão de vida que requer relações emocionais
fundamentais e definidas, chamadas de estados de espontaneidade, tais como o
medo, a raiva, entre outros. Se houver possibilidade de expansão, o próximo
passo é o role-playing. Quando um instrutor de espontaneidade reconhece que o
aluno ou paciente tem carência em certos estados, por exemplo, coragem,
alegria, entre outros, coloca-o numa situação específica em que estes estados
são inadequados ou aconselháveis. O aluno ou paciente representa esta situação,
teatraliza de improviso o estado. Se é coragem que lhe falta, ele representa
coragem até que aprenda a ser corajoso.
INFÂNCIA – Em vez de considerar a criança
do ponto de vista dos organismos inferiores, tentando interpretá-la como um
pequeno animal, em termos de psicologia animal, e em vez de tentar
interpretá-lo como um pequeno neurótico ou pequeno selvagem, pelo ângulo neurótico,
é pertinente encarar sistematicamente o bebê humano desde a plataforma dos mais
elevados exemplos concretos de expressão e realização humana – referindo-se
aqui ao gênio da raça -, interpretando-o como um gênio em potencial. Pressupõe-se
aqui que, nos gênios da raça, certas capacidades e aptidões básicas latentes,
comuns a todos os homens, encontram sua mais dramática expressão. Sua natural e
continua espontaneidade e criatividade, não só em raros momentos mas como uma
expressão cotidiana, fornece indícios para compreender a criança que não podem
ser desprezados.
Uma criança de 2 a 3 anos de idade talvez
não entenda quando um dos pais lhe diz algo que não deveria fazer. Para a
criança certas coisas ditas não têm sentido e permanecem sem causar impressão. Tem-se,
com isso, que se lembrar que a criança tem sua memoria no ato e não na memória,
o rápido esquecimento de acidentes é uma condição natural, mas pode-se
ensiná-la no ato.
Por um acidente da natureza, parece que o
bebê humano nasce nove meses depois da concepção. Poderia nascer muitos meses
depois e o recém-nascido poderia vir ao mundo quase preparado para cuidar de si
mesmo, à semelhança de alguns recém-nascidos entre outros vertebrados. Por conseguinte,
a soma de ajuda de que necessita para sobreviver tem de ser muito maior e mais
prolongada que no caso de qualquer outro da classe primata.
A criança jamais deixa de lado suas
expectativas de tornar-se o centro e o ditador do mundo. Poderá tornar-se mais
humilde à medida que for envelhecendo e aprender que o universo tem uma teimosa
estrutura particular., que lhe é impossível de penetrar e de conquistar contando
apenas com métodos mágicos. A criança fará qualquer jogo – o jogo do método
científico ou qualquer melhoria futura do mesmo – se isto ajuda-lo
circunstancialmente a conseguir a realização de sua intensão profunda de
permanecer para sempre em contato com a existência, de ser toda-poderosa,
imortal e de, pelo menos, ex post facto, verificar no fim dos tempos as
palavras do Gênese: “No começo era Deus, criador do mundo”, invertendo o vetor
da flecha do passado para o futuro, do Deus fora de si para o homem em seu
interior.
Toda criança tem uma droga miraculosa a
seu dispor, prescrita para ela pela própria natureza, Megalomania Normalis. Repita-se
a dose.
As crianças usam intuitivamente e quando
é empregado consciente e sistematicamente para o propósito de treinamento,
chama-se role-playing que se define como personificar outras formas de
existência por meio do jogo. É uma forma especializada de jogo. Foi a técnica
fundamental do Teatro da Espontaneidade vienense, devido ao papel predominante
que a espontaneidade e a criatividade. É um provável método por excelência para
encontrar e, se possível, solucionar aquela situação que desafia a criança. Os pais
desempenhando o papel de um cão ou de um gato, leva as crianças a entender
esses animais, conversar com eles, incorporá-los. O desempenho de um papel é a
personificação de uma forma, de uma existência estranha através da brincadeira,
é uma forma especial de brincar.
Depois de finda a fase do role-playing
dos pais e de outros adultos na casa, e de haver adquirido habilidade
considerável, introduz-se outro método particularmente recompensador – a técnica
da inversão de papel. Se uma pessoa faz o papel de um médico, de um policial ou
de um vendedor, a parte do pai ou da mãe, a fim de aprender de que modo funcionar
dentro de tais papéis, tal técnica chama-se de role-playing. Mas se o pai ou
mãe trocar de papeis, o pai sendo o filho e o filho o pai, trata-se de uma inversão
de papéis.
Grupos de crianças separam-se dos grupos
de adultos a partir dos 6 ou 7 anos de idade – é uma divisão social. Essa é a
fase que coincide com o inicio da fase escolar.
A imaginação do homem não deixará de lado
a eterna criança que existe nele, descobrindo novos modos de preencher o
universo com seres fantásticos, mesmo que precise criá-los. A eterna criança no
homem não fugirá de sua força imaginativa.
SOCIODRAMA – O sociodrama está introduzindo
uma nova abordagem dos problemas antropológicos e culturais, métodos de ação
profunda e de verificação experimental. O conceito subjacente nesta abordagem é
o reconhecimento de que o homem é um intérprete de papéis que dominam o seu
comportamento e que toda e qualquer cultura é caracterizada por um certo
conjunto de papéis que ela impõe com variável grau de êxito, aos seus membros.
O vocábulo sociodrama tem duas raízes:
socius que significa sócio, o outro individuo, e drama, que significa ação. Sociodrama
é a ação em beneficio de outro individuo, de outra pessoa. O verdadeiro sujeito
do sociodrama é o grupo. Não está limitado por um numero especial de indivíduos,
pode consistir em tantas pessoas quantos os seres humanos que vivem em qualquer
lugar ou, pelo menos, quantos pertençam à mesma cultura.
A diferença entre psicodrama e sociodrama
deve ser ampliada a todo tipo de psicoterapia de grupo. Também deveria ser
feita uma diferença entre o tipo individual de psicoterapia de grupo e o tipo
coletivo de psicoterapia de grupo. O tipo individual é centrado no individuo. Focaliza
a sua atenão em cada individuo na situação, nos indivíduos que compõem o grupo
e não no grupo em geral. O tipo coletivo de terapia de grupo está centado
neste. Focaliza a situação nos denominadores coletivos e não está interessado
nas diferrenças individuais ou problemas privados que eles apresentam.
Trabalhadores sociodramáticos tem a
tarefa de organizar encontros preventivos, didáticos e de reconstrução na
comunidade. O agente de ação ingressa no grupo acompanhado por equipe de
egos-auxiliares, se necessário, com a mesma determinação, audácia ou violência
de um líder nazista ou sindical. O encontro pode transformar-se em ação tão
chocante e entusiástica quanto aquelas de natureza politica, com a diferença de
que os políticos tentam submeter as massas a seus esquemas, enquanto o
sociodramatista conduzi-las ao máximo de realização, expressão e análise de
grupos.
O TREINAMENTO DE PAPÉIS – É um método
utilizado pelo teatro da espontaneidade de Viena, nbo qual a espontaneidade e a
criatividade tomam uma posição importante. Também é denominado de treinamento
de papéis espontâneo-criativo que consiste em colocar os indivíduos (atores) em
diversas situações, em papéis estranhos a eles mesmos e às suas vidas. O jogo de papéis pode ser utilizado como
método para pesquisar mundos desconhecidos ou para a expansão do eu.
REFERÊNCIAS
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para a mudança terapêutica. São Paulo: Ágora, 2008.
GERSHONI,
Jacob (Org.). Psicodrama no século 21: aplicações clínicas e educacionais. São
Paulo: Ágora, 2008.
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RICOTTA, Luisa Cristina. Cadernos de
psicodrama: edição e desenvolvimento. São Paulo: Ágora, 1991.