ALBERT BANDURA – Albert Bandura nasceu em
1925, na província de Alberta, Canadá. Muito jovem foi trabalhar com
construções no deserto, tapando buracos numa rodovia, resultando essa
experiência como fascinante. Frequentou a universidade e fez o curso de
psicologia por conveniência, obtendo o seu Ph. D, em 1952. Entre seus livros mais importantes cabe citar:
Principles of Behavior Modification (1969); Aggression: A Social Learning
Analysis (1973); Social Leaning Theory (1977); Thought and Action (1985) y
Self-Efficacy: The Exercise of Control (1997).
APRENDIZAGEM – A abordagem de Bandura é
uma teoria de aprendizagem social, que investiga o comportamento como adquirido
e modificado num contexto social.
A aprendizagem observacional indica a
importante no processo da observação do comportamento de outras pessoas,
considerando aprender através de reforço vicariante, ou seja, observando-se o
comportamento de outras e as consequências dele. Esse enfoque na aprendizagem
se dá por meio de observação ou exemplos. Trata-se, portanto, do aprendizado de
novas respostas por meio de observação do comportamento de outras pessoas.
Outra característica é o tratamento de processos cognitivos internos ou de
pensamento, considerando que se aprende, mediante exemplos e reforços
vicariantes, pela capacidade de antecipar e estimar as consequências dos
comportamentos observados. Enfatiza a observação dos outros como um meio de
aprendizagem, a qual considera ser mediada por processos cognitivos.
O reforço vicariante é o aprendizado ou
fortalecimento de um comportamento por meio da observação do comportamento de
outras pessoas e das consequências de tal comportamento, em vez de
experimentação direta do reforço ou das consequências.
A aprendizagem
ativa é aprender, fazendo e experimentando as conseqüências da ação.
A aprendizagem
indireta é aprender, observando os outros.
A
aprendizagem por observação se dá por intermédio de reforço indireto:
recompensa ou punição de outrem, pela expectativa de ser reforçado pelo domínio
e pela identificação com o modelo admirado ou de status elevado. Os processos componentes que estão por trás do
aprendizado pela observação são: a atenção, incluindo os eventos apresentados
(clareza, valência afetiva, complexidade, freqüência, valor funcional) e as
características do observador (capacidades sensoriais, nível de atenção
despertada, conjunto de percepção, reforço anterior); a retenção, incluindo
codificação simbólica, organização cognitiva, ensaio simbólico, ensaio motor);
a reprodução motora, incluindo capacidades físicas, auto-observação da
reprodução, exatidão do retorno; a motivação, incluindo reforço externo,
indireto e próprio controle dos próprios reforçadores).
MODELAGEM – é a base da aprendizagem de
observação, entendendo que a maior parte dos comportamentos humanos é aprendida
por meio de exemplos, seja intencional ou acidentalmente. Aprende-se a observar
as outras pessoas modelando o comportamento pelo delas. A modelagem é a
observação do comportamento de um modelo e repetido, adquirindo respostas que
nunca se desempenhou ou apresentou anteriormente, e reforçar ou enfraquecer as
existentes. É a demonstração de modelagem que utiliza um boneco joão-bobo
plástico e inflável que mede um pouco mais de um metro de altura. Trata-se,
portanto, de uma técnica da modificação de comportamento que envolve observar o
comportamento de outros chamados modelos e com eles tomar parte no desempenho
do comportamento desejado. Ela é influenciada por características: dos modelos,
dos observadores e as consequências recompensadoras associadas aos
comportamentos.
As características dos modelos
influenciam as tendências a imitá-los. Essa imitação é afetada pela idade e
pelo sexo. Outro fator importante é o status. É na extensão da imitação que o
modelo influencia. Os comportamentos altamente complexos não são imitados tão
pronta ou imediatamente quanto os mais simples. Os comportamentos hostis e
agressivos tendem a ser imitados com mais vigor, especialmente por crianças: as
crianças tendem a imitar o comportamento de um modelo adulto do mesmo sexo, que
consideram ter um status superior.
As características dos observadores: os
atributos dos observadores determinam a eficácia da aprendizagem de observação.
As pessoas com autoconfiança e autoestima baixas são mais propensas a imitar o
comportamento de um modelo do que aquelas com autoconfiança e autoestima altas.
As consequências recompensadoras
associadas aos comportamentos: influenciam a extensão da modelagem e até mesmo
anular o impacto das características dos modelos e dos observadores. Um modelo
de elevado status pode levar a imitação de um determinado comportamento, mas,
se as recompensas não tiverem significado, interrompe-se o comportamento e será
menos propenso a influencia por aquele modelo no futuro.
Enfim, a modelagem é a mudança no comportamento, pensamento, ou emoções que ocorrem
por meio da observação de uma outra pessoa - um modelo.
DESINIBIÇÃO – Trata-se do modelo que
influencia na supressão ou inibição de comportamentos. É o enfraquecimento de
inibições ou constrangimento por meio da observação do comportamento de um
modelo, que influencia, inclusive, o comportamento sexual. .
OS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM DE
OBSERVAÇÃO – A aprendizagem de observação é governada por quatro mecanismos
relacionados entre si: processos de atenção, de retenção, de produção e
motivacionais e de incentivos.
Os processos de atenção variam em função
das habilidades cognitivas e de percepção dos observadores e do valor do
comportamento que está sendo modelado. Não haverá aprendizagem de observação ou
modelagem a não aser que o individuo esteja atento ao modelo. A simples
exposição do individuo ao modelo não garante que ele estará atento às pistas e
aos estímulos relevantes ou mesmo que perceberá a situação acuradamente. O
individuo tem de perceber o modelo com precisão para adquirir a informação
necessária para imitar o comportamento do modelo. Esses processos desenvolvem a
cognição e a habilidade de percepção de tal força que se possa prestar atenção
suficiente a um modelo e percebê-lo com a precisão necessária para imitar o
comportamento apresentado.
Os processos de retenção guaram ou
lembram do comportamento do modelo de modo que se possa imita-lo ou repeti-lo
mais adiante; para isso, usa-se os processos cognitivos para codificar ou
formar imagens mentais e descrições verbais do comportamento do modelo.
Os processos de produção transpõem as
representações simbólicas das imagens mentais ou verbais do comportamento do
modelo para o próprio comportamento observável, produzindo corporal ou
fisicamente as respostas e recebendo feedbacks sobre a precisão da pratica
continuada.
Os processos motivacionais e de incentivo
percebem que o comportamento do modelo leva a uma recompensa e assim esperar
que a aprendizagem e desempenho bem-sucedido do mesmo comportamento levará a
consequências semelhantes.
AUTORREFORÇO – É a administração de
recompensas ou punições a si mesmo por satisfazer, superar ou frustrar as
próprias expectativas ou padrões. Estabelece padrões pessoais de comportamento
e realizações.
AUTOEFICÁCIA – É o sentimento de
adequação, eficácia e competência para se lidar com a vida. As experiências
vicariantes, ou seja, ver outras pessoas apresentarem bom desempenho,
fortalecem a autoeficácia, particularmente se as pessoas que observa-se são
semelhantes em capacidade. Algumas condições aumentam a auoeficácia: expor as
pessoas a experiências bem-sucedidas estabelecendo objetivos alcançáveis
aumenta o desempenho satisfatório; expor as pessoas aos modelos adequados que
são bem-sucedidos realça as experiências vicariantes de sucesso; oferecer
persuasão verbal incentiva as pessoas a acreditar que possuem habilidade para
um desempenho satisfatório; fortalecer a estimulação fisiológica por meio de
dieta apropriada, redução de estresse e programas de exercícios aumenta a
força, a resistência e a capacidade de lidar com as situações. Assim, a auto-eficácia é o senso de uma pessoa de ser capaz
de lidar efetivamente com uma tarefa particular
ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DE MODELAGEM
E AUTOEFICÁCIA – Na infância a modelagem limita-se a imitação direta.
Na adolescência as experiências de
transição implicam lidar com novas demandas e pressões, desde um maior
interesse sexual até a escolha da faculdade ou seguir uma carreira. Os
adolescentes precisam estabelecer novas competências e avaliações para suas
habilidades.
A vida adulta é dividida em dois
períodos: adulta jovem e meia-idade. A adulta jovem compreende adaptações como
casamento, paternidade e ascensão profissional, sendo necessária elevada
autoeficácia para que as experiências apresentem resultados positivos. Os anos
da meia-idade são estressantes,por reavaliação de carreira e de vida familiar e
social. Ao se defrontar com as limitações, ocorrem redefinições de objetivos e
reavaliação das aptidões para encontrar novas oportunidades para melhor a
autoeficácia.
As reavaliações na velhice são difíceis,
o declínio das capacidades mental e física, a aposentadoria e o afastamento da
vida social podem exigir autoavaliação.
MODIFICAÇÕES DO COMPORTAMENTO –
Concentra-se em aspectos externos, nos comportamentos inadequados ou
destrutivos, é o comportamento ou o sintoma o alvo da abordagem da aprendizagem
social.
Se a modelagem é a forma como
originariamente aprende-se os comportamentos, deve ser um modo eficaz de
reaprender ou modificar o comportamento.
Uma técnica denominada participação
guiada implica assistir a um modelo vivo e depois participar com ele.
Na modelação encoberta as pessoas são
instruídas a imaginar um modelo lidando com uma situação temida ou ameaçadora;
elas não veem, realmente, um modelo. A modelação encoberta vem sendo utilizada
para tratar fobias de cobras e inibições sociais.
Vários comportamentos podem ser
modificados por meio da abordagem de modelagem. Existem dois exemplos: medo de
tratamento médico e ansiedade frente a testes. Algumas pessoas têm tanto medo
de situações medicas que são impedidas de buscar tratamento. Utilizam-se
procedimentos para reduzir o medo de hospitalização e de tratamento dental em
adultos.
A ansiedade frente a testes é tão séria
que o desempenho em exames não reflete com precisão o conhecimento da matéria
em avaliação.
As técnicas de modificação de
comportamento provocaram criticas por parte de educadores, políticos e
psicólogos, sugerindo que explora as pessoas, manipulando-as e controlando-as
contra a sua vontade. Porém, ela não ocorre sem o conhecimento do cliente.
Sendo a autoconsciência e a autorregulação vitais para eficácia de qualquer
programa de modificação ou reaprendizado de comportamento.
O determinismo recíproco é o conceito de
que o comportamento é controlado pelo individuo, por meio de processos
cognitivos e pelo ambiente, por meio de eventos de estimulo social externo.
A reciprocidade triádica é o conceito de
que o comportamento é determinado pela interação de variáveis comportamentais,
cognitivas ou situacionais.
CONCLUSÃO – A aquisição de conhecimento ou aprendizagem e desempenho observável baseado
naquele conhecimento (comportamento), enfatizando a importância da observação e
da modelagem dos comportamentos, atitudes e respostas emocionais dos outros.
Considera: eventos ambientais (recursos, conseqüências de ações e ambiente
físico), pessoais (crenças, expectativas, atitudes e conhecimento) e
comportamentos (atos individuais, escolhas e declarações verbais) interagem no
processo de aprendizagem denominado de determinismo recíproco: "O
aprendizado seria excessivamente trabalhoso, para não mencionar perigosos, se
as pessoas dependessem somente dos efeitos de suas próprias ações para
informá-las sobre o que fazer. Por sorte, a maior parte do comportamento humano
é aprendido pela observação através da modelagem. Pela observação dos outros,
uma pessoa forma uma idéia de como novos comportamentos são executados e, em
ocasiões posteriores, esta informação codificada serve como um guia para a
ação".
A autorregulação e
modificação cognitiva do comportamento considera: o automanejo, ou seja, programa
de mudança de comportamento básico (estabelecimento de objetivos, observação de
seu próprio trabalho, manutenção de registros e avaliação do próprio desempenho,
seleção e liberação de reforço), estabelecimento de objetivos específicos,
tornando-os públicos, registro e avaliação de progresso através de mapa,
diário, listagem com a freqüência ou duração dos comportamentos em questão; e auto-reforço.
A autoinstrução e
modificação cognitiva do comportamento: é um modelo adulto realiza uma tarefa
enquanto fala consigo mesmo em voz alta (modelagem cognitiva). O âmbito da
aplicação envolve a compreensão das desordens agressivas (Bandura, 1973) e
psicológicas, em especial no contexto da modificação do comportamento (Bandura,
1969); técnica de modelagem de comportamento que é muito usada em programas de
treinamento.
Os princípios
reguladores são: o nível mais alto de aprendizado de observação é alcançado,
primeiro, organizando e ensaiando o comportamento-modelo de modo simbólico e,
depois, representando-o publicamente. A codificação de um comportamento
modelado em palavras, rótulos ou imagens, resulta em retenção mais eficiente do
que aquela proporcionada pela observação; é mais provável que os indivíduos
adotem um comportamento como modelo se ele produzir resultados que eles
valorizam; é mais provável que os indivíduos adotem um comportamento como
modelo, se o modelo for parecido com o observador.
A modificação
cognitiva do comportamento ocorre por meio de procedimentos baseados nos
princípios comportamentais e cognitivos de aprendizagem para mudar seu próprio
comportamento, usando fala privada e autoinstrução.
REFERÊNCIAS
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à Psicologia. São Paulo: Cengage, 2011.
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