DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL - INTRODUÇÃO: O presente trabalho de pesquisa aborda
acerca da teoria da personalidade desenvolvida pelo teórico Erik Erikson,
denominada de teoria psicossocial que reside no amplo quadro das teorias
psicodinâmicas da personalidade. O presente trabalho tem a finalidade de
revisar a teoria contemporânea postulada por esse autor, fazendo uma breve
abordagem biográfica, realizar um estudo sobre os estágios psicossociais do
desenvolvimento humano, que é baseado na premissa de que o desenvolvimento
decorre desde o nascimento até a morte. Procurará tratar sobre o
desenvolvimento psicossocial, a identidade do ego e a formação da
personalidade, a adolescência, a avaliação e a pesquisa, compreendendo,
portanto, o panorama que a contribuição eriksoniana acrescentou para a ciência
psicológica e o conhecimento humano. A metodologia aplicada ao presente estudo
compreende uma pesquisa bibliográfica efetuada a partir de uma revisão da
literatura, baseada em Roudinesco e Plon (1998), Schultz e Schultz (2014),
Cloninger (2003), Friedman e Schustak (2004), Hall, Lindzey e Campbell (2002),
procurando alcançar toda dimensão da proposta temática ora estudada.
A VIDA DE ERIK ERIKSON (1902-1994) - Erik
Erikson nasceu em 15 de junho de 1902, Frankfurt, Alemanha. Seu pai biológico era um desconhecido dinamarquês
que abandonou sua mãe antes dele nascer. Sua mãe era uma mulher judia que o
criou sozinha até ele completar 3 anos de vida. Ela se casou com um pediatra e
todos se mudaram para o sul da Alemanha. Durante a infância e adolescência, ele
se chamava Erik Homberger, pois seus pais lhe ocultaram os detalhes de seu
nascimento. Na escola, era satirizado pelas crianças por ser um judeu nórdico.
Depois de se formar na escola, se tornou artista. Frequentou escolas de artes e
viajou pela Europa, visitando museus e dormindo embaixo de pontes. Como pintor,
seu talento logo lhe rendeu reputação de artista
promissor, especialmente por seus retratos de crianças. Viveu como rebelde até seus 25
anos, quando começou a dar aulas de artes numa escola experimental para
estudantes americanos. Lá, através de amigos em comum, acabou conhecendo Anna
Freud, que se tornou sua psicanalista e o incentivou a estudar Psicanálise.
Nessa época, também conheceu uma professora canadense de dança, com quem se
casou e teve 3 filhos. Ele graduou-se no Instituto Psicanalítico de Viena, em
1933, se especializando em psicanálise infantil. Iniciou seu trabalho clínico
nos Estados Unidos neste mesmo ano, e foi analista didático nos Institutos da
Associação Americana de Psicanálise, desde 1942. Sua carreira inclui cargos nas
escolas de Medicina de Harvard e Yale, na Universidade da Califórnia e na
Clínica Austin Rigg. Tornou-se um psicanalista de renome que fez
grandes contribuições no campo psicológico e sua própria história de vida
contribuiu para a formulação de seus conceitos e teorias, entre os quais
focalizou o desenvolvimento contínuo da personalidade através de toda a vida,
um conceito que ele estudou numa variedade de situações socioculturais. Durante
sua carreira, Erikson se envolveu em estudos sobre a influência da cultura e da
sociedade no desenvolvimento infantil. Ele estudou grupos de crianças
nativo-americanas para formular suas teorias. Esses estudos possibilitaram a
correlação da formação da personalidade com os valores sociais e familiares.
A TEORIA DE ERIKSON - A teoria desenvolvida por Erik
Erikson, conforme Cloninger (2003) e Schultz e Schultz (2014), se inscreve no contexto da abordagem
dos estágios contínuos, concentrando-se no desenvolvimento da personalidade
durante toda vida. Denomina-se Teoria de Desenvolvimento Psicossocial por ter
tentar explicar o comportamento e o crescimento humanos, por meio de etapas ou
estágios, que compreendem desde o nascimento até a morte.Nessa teoria o autor
defende que todos os aspectos da personalidade podem ser explicados em termos
de momentos decisivos ou crises que o ser humano precisa enfrentar e resolver
em cada fase de desenvolvimento.As
diferenças individuais detectadas por Erikson, determinam que os indivíduos
diferem quanto às forças do seu ego, apresentando diferenças de personalidade e
biológicas. A adaptação e o ajustamento nessa teoria identifica que um ego
forte é a chave para a saúde mental, derivando de uma boa resolução das fases
de desenvolvimento, com predominância pelas forças positivas sobre as do polo
negativo. Os processos cognitivos nessa teoria, definem que o inconsciente é
uma força importante na personalidade, e a experiência é influenciada por
modalidades biológicas que se expressam por meio de símbolos e jogos. A
sociedade é entendida como aquela que modela a forma com as pessoas se
desenvolvem e as instituições culturais dão suporte às forças do ego. As
influências biológicas nesta teoria são determinantes cruciais da personalidade
e as diferenças de sexo são fortemente influenciadas. O desenvolvimento da
criança se dá ao longo de quatro fases psicossociais, cada uma delas contendo
uma crise na qual se desenvolve uma força específica do ego. Os adolescentes e
os adultos desenvolvem-se ao longo de outras quatro fases psicossociais. Também
aí cada fase envolve uma crise e desenvolve uma força específica do ego.
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL - O desenvolvimento psicossocial, segundo Cloninger (2003), Friedman e
Schustak (2004), Roudinesco e Plon (1998) e Hall, Lindzey e Campbell (2002), é o desenvolvimento da
personalidade que decorre ao longo de oito estágios – denominados de Oito
Estágios do Homem -, que constituem o ciclo da vida, sendo que cada estágio corresponde à
formação de um aspecto particular da personalidade. Ele esboça o seu método de
desenvolvimento a partir da experiência de confiança e desconfiança da criança
e o começo da esperança, através da procura de identidade do adolescente, da
procura de intimidade do jovem e do adulto e a resolução da crise da velhice.
Essa teoria está sustentada no princípio epigenético que se aplica tanto ao
desenvolvimento físico dos fetos antes do nascimento, quanto ao desenvolvimento
psicológico ao longo da vida, significando, portanto, que cada estágio
contribui para a formação da personalidade total, sendo por isso todos importantes
mesmo depois de se os atravessar. Esse princípio, conforme Schultz e Schultz
(2014), é a teoria de que o desenvolvimento humano é regido por uma sequencia de
etapas que dependem de fatores genéticos ou hereditários. Por esse princípio
epigenético da maturação, ele propõe a concepção de oito estágios de
desenvolvimento psicossociais, compreendendo do nascimento até o final da vida,
sendo que cada uma das fases desse estágio é atravessa por uma crise psicossocial entre
uma vertente positiva e uma negativa. Os oito estágios do homem
compreendem uma análise do desenvolvimento global do homem - cada estágio tem
seu momento -, relacionando-se com a conquista gradual das virtudes básicas.
O primeiro estágio é a infância ou o estágio oral-sensorial, abrangendo o
primeiro ano ou um ano e meio de vida. É nesse período que a criança desenvolve
a confiança e a desconfiança, e adquire a virtude da esperança, embasada na
relação com os pais, se de confiança ou desconfiança, o que determinará sua
vida e suas relações. Há que se ressaltar que durante o
primeiro ano de vida a criança é substancialmente dependente das pessoas que
cuidam dela, requerendo cuidado quanto à alimentação, higiene, locomoção,
aprendizado de palavras e seus significados, bem como estimulação para perceber
que existe um mundo em movimento ao seu redor. O amadurecimento ocorrerá de
forma equilibrada se a criança sentir que tem segurança e afeto, adquirindo
confiança nas pessoas e no mundo.
O segundo estágio é o muscular-anal, que vai dos dezoito meses aos três
ou quatro anos de idade e que possui o objetivo de desenvolver a autonomia,
minimizando a vergonha e a dúvida. A musculatura anal faz parte da musculatura
geral. A criança nessa fase de desenvolvimento, precisa aprender não só a
dominar seu esfíncter, mas os seus músculos e aprender o que ela pode
"querer" com eles. Só quando a criança tiver aprendido a confiar em
sua mãe e a confiar no mundo (primeiro estágio), é que ela pode passar a ter
vontade e precisar arriscar sua confiança, a fim de ver o que ela, como
indivíduo digno de confiança, pode querer.
O terceiro estágio é o locomotor-genital, que vai dos três ou quatro anos
até os cinco ou seis anos, onde a criança aprende a ter a virtude da
iniciativa, o que significa responder positivamente aos desafios do mundo,
tendo responsabilidades e aprendendo novas tarefas. Os pais podem incentivar
seus filhos a terem iniciativa, encorajando-os a seguirem suas ideias, ou seja,
suas fantasias, curiosidades e imaginação. Durante
este período a criança passa a perceber as diferenças sexuais, os papéis
desempenhados por mulheres e homens na sua cultura (conflito edipiano para
Freud) entendendo de forma diferente o mundo que a cerca. Nesta fase se a
curiosidade sexual e intelectual natural for reprimida e castigada poderá se
desenvolver um sentimento de culpa e diminuir a iniciativa de explorar novas
situações ou de buscar novos conhecimentos.
O quarto estágio é o de latência ou idade escolar, que vai
aproximadamente dos seis aos doze anos. Essa fase trabalha a virtude da
competência, eliminando os excessos de inferioridade. A melhor maneira de
superar essa fase é balancear a superioridade e a inferioridade, adquirindo a
virtude da competência, necessária para o justo desenvolvimento das
habilidades.
O quinto estágio é a adolescência, começando com a puberdade aos treze
anos e terminando aproximadamente entre 18 e 20 anos. É preciso mencionar que Erikson
dedicou especial importância ao período da adolescência, devido ao fato ser a
transição entre a infância e a idade adulta, em que se verifiquem
acontecimentos relevantes para a personalidade adulta. O objetivo deste estágio é
desenvolver a virtude da fidelidade, ou seja, uma capacidade de perceber e de
se manter, através de valores estabelecidos por meio de um sistema de vida
específico. Esta é a fase da formação da identidade do ego e da crise de
identidade, utilizadas por Erikson como base para a formulação dos estágios
seguintes.
O sexto estágio é a fase jovem-adulta, que vai dos dezoito aos trinta
anos. O objetivo é atingir a intimidade, em contraposição ao isolamento. Isso
se refere ao indivíduo que, tendo ultrapassado as questões básicas do seu
problema de identidade, pode mover-se em direção a questões de relacionamento
com os outros, como relacionamentos íntimos, de amizade, amor, intimidade
sexual e, até mesmo intimidade consigo próprio. Intimidade é realmente a
habilidade de fundir a sua identidade com a do outro, sem temor de estar
perdendo alguma coisa de si mesmo. A virtude desenvolvida nessa fase é o amor.
Amor, no contexto teórico, é estar apto a deixar os antagonismos de lado, em
nome de uma boa convivência. Não é só o amor encontrado no casamento, mas
também o amor por amigos, ou pelo vizinho, ou pelo colega de trabalho, entre
outros.
O sétimo estágio é o estágio da idade adulta, que lida com a geratividade
versus estagnação e vai aproximadamente dos 25 aos 55 anos.
O conceito de geratividade é uma tendência a que, na maturidade, as
pessoas apresentem determinados comportamentos que aumentam sua competência em
papéis de liderança, ensino, invenções, artes e ciência, atividades sociais, e
em deixar uma contribuição para o bem estar das futuras gerações. Considera-se
a geratividade como um diferencial positivo que a idade trás para as pessoas e
que precisa ser conhecida e valorizada.
Tem-se, portanto, que se trata da mais longa das idades
psicossociais, compreendendo entre os 30 aos 60 anos, consistindo no conflito
entre produzir, educar, cuidar do futuro e preocupar-se unicamente com as suas
necessidades e interesses. A vertente positiva é a generatividade que traduz o
desejo de criar novas vidas, obras de arte, ideias, objetos, educar, ensinar,
ou seja, o desejo de realizar algo que nos sobreviva e que contribua para o
bem-estar das gerações futuras. O indivíduo generativo = gerador ou criativo,
projeta-se no futuro não se preocupando somente consigo ou com os seus. A
virtude que se desenvolve neste estágio é o cuidado, que se expressa pela
preocupação com os outros, o querer cuidar das pessoas e compartilhar com elas
o seu conhecimento e experiências. O fracasso neste estágio, conduz à
estagnação, à incapacidade de projeção no futuro, isto acontece porque, o
indivíduo se torna egocêntrico, fecha-se nas suas próprias ambições dando pouco
ou nada de si aos outros.A ritualização é denominada por geracional e consiste
na ritualização da maternidade/paternidade, produção, ensino e papeis em que o
adulto age como transmissor de valores para os mais novos. O ritualismo
perverso é o autoritarismo, a usurpação da autoridade incompatível com o
cuidado.
O oitavo é o estágio final, o da velhice e da maturidade, que vai dos 55
a 60 anos em diante, consiste numa retrospectiva da vida ao
aproximar-se do fim, em que rever escolhas, opções, realizações e fracassos. A
vertente positiva é a integridade que advém do sentimento de que a vida teve
sentido, há satisfação por ter vivido e a existência como algo valioso. A
sabedoria é a virtude resultante do encontro da integridade com o desespero, e
consiste na consciencialização das potencialidades dadas as circunstâncias, e a
constatação de que não se viveu em vão. O desespero é a avaliação negativa do
que se fez e a tomada de consciência de que já não se pode recomeçar, que
desperdiçou o tempo e que quase nada de valioso foi criado, instalando-se a
angústia e o medo da morte. A ritualização presente neste último estágio pode
ser chamada de integral, que se reflete na sabedoria das idades.
Assinalam Schultz e Schultz (2014) que cada
uma das fases possui a sua crise, sendo esta o momento decisivo enfrentado em
cada fase de desenvolvimento. Essas crises são os confrontos com o ambiente,
envolvendo mudanças de perspectiva e requerendo que recorra-se à energia
instintiva de acordo com as necessidade de cada estágio do ciclo de vida.
Observou-se, conforme Schultz e Schultz
(2014) que cada uma das fases possui uma força básica que é identificada como
virtude e que surgem quando a crise é resolvida satisfatoriamente. Assim, essas
forças básicas são características e crenças motivadoras derivadas da resolução
satisfatória da crise em cada fase de desenvolvimento.
Assim como são identificadas as forças
básicas, também ocorrem as fraquezas básicas que são as características
motivadoras derivadas da resolução insatisfatória da crise de desenvolvimento.
Por consequência, dá-se um mau desenvolvimento que é uma situação que ocorre
quando o ego é composto apenas de uma única maneira de lidar com os conflitos.
As tendências de mau desenvolvimento:
IDENTIDADE DO EGO E FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE - Erikson, conforme Hall, Lindzey e Campbell (2002),
vai apresentar um novo conceito de ego, denominado de ego criativo, uma vez que
nessa instância psíquica pode-se encontrar soluções criativas para os novos
problemas que o assediam em cada estágio da vida.A identidade do ego para Erikson,
conforme Friedman e
Schustak (2004), efetuada
a partir dos oito estágios humanos, definia que o indivíduo tem que superar uma
tarefa psicossocial em cada um desses estágios. A confrontação em cada tarefa
produz um conflito com dois resultados possíveis: se o conflito é resolvido com
êxito, constrói-se uma qualidade positiva na personalidade e se produz o
desenvolvimento. Se o conflito persiste ou se resolve de forma insatisfatória,
há um dano para o Ego e uma qualidade negativa se incorpora dentro dele. Para
Schultz e Schultz (2014), a identidade do ego é a autoimagem formada durante a
adolescência que integra as ideias quanto ao que se é e o que se quer ser.
Assim, em conformidade com Erikson, a tarefa global do indivíduo é adquirir uma
identidade positiva à medida que avança de uma etapa para a seguinte.
A formação da identidade é um processo que dura
toda a vida, amplamente inconsciente para o indivíduo, vez que suas raízes
remontam à infância com a experiência de reciprocidade entre pais e filhos.
A teoria de formação da identidade traz a
perspectiva de que as pessoas alcançam a identidade na medida em que são
capazes de se envolver em uma série de compromissos relativamente estáveis. Os
tipos de compromissos relativamente estáveis necessários para alcançar um sentido
de identidade incluem a decisão sobre um conjunto de valores e crenças que
possam guiar as ações, uma série de objetivos educativos e profissionais
dirigidos aos esforços para realizá-los
e uma orientação de gênero que influi nas formas de amizade e intimidade
do indivíduo com homens e mulheres, que constituem uma atitude interpessoal.
A formação da identidade recebe a influência
conjunta de fatores intrapessoais que compreendem as capacidades inatas do
sujeito e as características adquiridas da personalidade; de fatores
interpessoais que incluem identificadores com outras pessoas das que se segue o
exemplo e o respeito por outras cujos conselhos são levados em conta; e de
fatores culturais, que consistem nos valores sociais aos quais uma pessoa está exposta
enquanto se desenvolve em um determinado país, comunidade ou grupo cultural
concretos. Assim, a
formação da identidade emerge como uma configuração estabelecida por meio de
sucessivas elaborações e reelaborações do ego na infância.
ADOLESCÊNCIA - Influenciado
pelas teorias do movimento culturalista americano, Eikson dedicou-se aos
problemas da adolescência. Para ele, a adolescência é uma crise normativa, fase normal de conflito e flutuação
na força do ego. Ela começa
com a instância de identidade difusa, que é um estado de coisas em que o
sujeito não estabelece compromissos firmes com nenhuma atitude ideológica,
ocupacional ou interpessoal, nem está vislumbrando tal possibilidade. Qualquer
compromisso que possa ocorrer tende a ser efêmero e a ser substituído com
rapidez por outros, igualmente provisórios. Sendo a quinta idade do processo de
desenvolvimento e que compreende a adolescência, quando ocorre a aquisição de
uma identidade psicossocial: a compreensão da sua singularidade e de seu papel
no mundo. Esta é fase que devido as influencias oriundas das fases anteriores,
tem-se a partir disso a percepção de uma constituição de elementos identitários
como somatórios das idades anteriormente vivenciadas. Para Erikson é o ego que
vai fazer o papel de agente interno ativador, em seus aspectos conscientes e
inconscientes. Essa aquisição por parte do adolescente de uma identidade
psicossocial possibilita a construção da identidade, o sentimento da
identidade: o sentimento de ser o mesmo ao longo da vida, atravessando mudanças
pessoais e ocorrências diversas.
Erikson define que nessa fase ocorre a moratória
psicossocial que é um período de pausa entre os jovens, sendo um compasso de
espera nos compromissos adultos, na procura de alternativas e de experimentação
de papéis que permitem um trabalho de elaboração internas. Na adolescência é a
permissão da sociedade para experimentação, exploração e ensaio aos vários
estatutos e papéis sociais. Assim, a moratória psicossocial é o período
intermediário admitido social para o adolescente encontrar sua posição na
sociedade por meio da livre experimentação das funções. Ocorre depois de ter
chegado ao autoconhecimento nos aspectos físicos, cognitivo, interpessoal,
social e sexual, quando os adolescentes começam a refletir sobre os tipos de
compromissos que gostariam de assumir, o que seria o estado da identidade em
fase de moratória, se convertendo em um período para analisar e provar vários
papéis sem a responsabilidade de assumir nenhum deles.
É durante a adolescência que ocorre uma integração
de todos os elementos de identidade convergentes e uma resolução de conflito,
que Erikson dividiu em sete momentos fundamentais, os quais se forem superados
se adquirirá uma identidade firma e a crise superada.
No desenraizamento, Erikson defendia que a cada
estádio de sua evolução, o sujeito podia fazer uma escolha baseada na confiança
ou na desconfiança, adotando o projeto profilático do higienismo e renunciado a
uma concepção psíquica da organização da personalidade. Assim, ligava a noção
de estádio à de evolução biológica social, afirmando que uma pedagogia da
adolescência era necessária para superar os conflitos de gerações.
A preocupação do adolescente em encontrar o seu
papel na sociedade provoca uma confusão de identidade, afinal, a preocupação
com a opinião do outro faz com que o adolescente modifique a sua forma de ser
no mundo, remodelando sua personalidade muitas vezes em um período muito curto,
seguindo o mesmo ritmo das transformações físicas que acontecem com ele.
Na adolescência, quando não se consegue sair da fase com um forte senso
de auto-identidade, não estarão equipadas para enfrentamento da idade adulta,
passando por uma crise de identidade. Essa crise significa o fracasso em
adquirir a identidade do ego durante a adolescência (SCHULTZ, SCHULTZ, 2014).
Tal fato se dá por ausência de uma força básica que deveria ser
desenvolvida nessa fase que é a da fidelidade, que surge de uma identidade do
ego coesa e que engloba sinceridade, genuinidade e senso de dever para com os
outros.
AVALIAÇÃO E PESQUISA - Erikson desenvolveu o seu método de avaliação da
personalidade baseado em técnicas de terapia com brinquedos, estudos
antropológicos e analises psicohistóricas.
A terapia com brinquedos é denominada de ludoterapia e era usada para
trabalhar com crianças mentalmente perturbadas, observando-se as formas e a
intensidade do brincar que revelavam aspectos da personalidade. Essa pratica
era denominada de Construção de Cenas, uma técnica de avaliação da
personalidade para crianças nas quais se analisam estruturas montadas a partir
de bonecas, bocós e outros brinquedos. Segundo Hall, Lindzey e Campbell (2002),
trata-se de uma psicoterapia para crianças numa situação lúdica de interação
entre elas e o analista.
A análise psicohistórica é um estudo biográfico, utilizando-se da
estrutura da teoria dos estágios contínuos para descrever as crises e formas de
lidar com figuras, concentrando-se numa crise significativa. Segundo Hall, Lindzey e Campbell (2002),
trata-se de um estudo da vida individual e coletiva com os métodos combinados
de psicanálise e história.
As contribuições mais significativas de Erikson, conforme Hall, Lindzey e Campbell (2002),
foi o de estabelecer uma teoria psicossocial do desenvolve, da qual emerge uma
concepção ampliada do ego e os estudos psicohistóricos que exemplificam sua
teoria psicossocial nas vidas de indivíduos famosos.
Para Cloninger
(2003), Erikson ajudou a psicohistória a superar o estágio de simples
documentação do impacto de pessoas importantes na história, para reconhecer as
influencias reciprocas entre as forças psicológicas e a história.
Cloninger (2003) destaca os estudos de Erikson
voltados para as diferenças étnicas e interculturais desenvolvidos sobre a
cultura dos Sioux e dos Yurok descrevendo o desenvolvimento individual
interligado com fatores culturais, sociais e econômicos, bem como suas pesquisa
de gênero.
CONCLUSÃO - Verificou-se com a realização do presente estudo a
importância do psicólogo Erik Erikson no desenvolvimento do pensamento
psicanalítico e, em especial, seus estudos dedicados às crianças e aos
adolescentes, notadamente com relação à questão da identidade.
É de fundamental importância ter conhecimento acerca dos
oito estágios humanos pensados por Erikson, com suas peculiaridades,
consequências e especificações, entre os quais é possível destacar uma
diversidade enorme de enquadramento com pessoas das relações mais próximas,
principalmente no tocante às fases da adolescência.
Esses estágios psicossociais são reveladores e constituem
indispensáveis conteúdos da teoria psicodinâmica da personalidade.
A dimensão dada pelo autor para o ego, ao dimensionar o ego
criativo, torna-se de relevante questão para melhor entendimento do seu
pensamento.
Mais importante ainda é sua perspectiva sociocultural
adotada e que permeia toda a sua teoria, dando destaque para a interação entre
o sujeito e o seu meio.
Pesquisa reveladora que bastante contribuiu para a formação
daquele que deseja ser profissional da psicologia.
REFERÊNCIAS
CLOUNINGER, Susan. Teorias da personalidade. São
Paulo: Martins Fontes, 2003.
FRIEDMAN, Howard; SCHUSTACK, Miriam. Teorias da
personalidade: da teoria clássica à pesquisa moderna. São Paulo: Prentice Hall,
2004.
HALL, Calvin; LINDZEY, Gardner; CAMPBELL, John.
Teorias da personalidade. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
ROUDINESCO, Elisabeth; PLON, Michel. Dicionário de
psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
SCHULTZ, Duane; SCHULTZ, Sydney. Teorias da
personalidade. Cengage Learning, 2014.
PS: Trabalho apresentado por Luiz Alberto Machado,
Edjane Galvão e Taiana Kislanov à disciplina Teorias da Personalidade,
ministrada pela Professora Janne Eyre Sarmento.
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