quarta-feira, 20 de maio de 2015

DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL DE ERIK ERIKSON


DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL - INTRODUÇÃO: O presente trabalho de pesquisa aborda acerca da teoria da personalidade desenvolvida pelo teórico Erik Erikson, denominada de teoria psicossocial que reside no amplo quadro das teorias psicodinâmicas da personalidade. O presente trabalho tem a finalidade de revisar a teoria contemporânea postulada por esse autor, fazendo uma breve abordagem biográfica, realizar um estudo sobre os estágios psicossociais do desenvolvimento humano, que é baseado na premissa de que o desenvolvimento decorre desde o nascimento até a morte. Procurará tratar sobre o desenvolvimento psicossocial, a identidade do ego e a formação da personalidade, a adolescência, a avaliação e a pesquisa, compreendendo, portanto, o panorama que a contribuição eriksoniana acrescentou para a ciência psicológica e o conhecimento humano. A metodologia aplicada ao presente estudo compreende uma pesquisa bibliográfica efetuada a partir de uma revisão da literatura, baseada em Roudinesco e Plon (1998), Schultz e Schultz (2014), Cloninger (2003), Friedman e Schustak (2004), Hall, Lindzey e Campbell (2002), procurando alcançar toda dimensão da proposta temática ora estudada.

A VIDA DE ERIK ERIKSON (1902-1994) - Erik Erikson nasceu em 15 de junho de 1902, Frankfurt, Alemanha. Seu pai biológico era um desconhecido dinamarquês que abandonou sua mãe antes dele nascer. Sua mãe era uma mulher judia que o criou sozinha até ele completar 3 anos de vida. Ela se casou com um pediatra e todos se mudaram para o sul da Alemanha. Durante a infância e adolescência, ele se chamava Erik Homberger, pois seus pais lhe ocultaram os detalhes de seu nascimento. Na escola, era satirizado pelas crianças por ser um judeu nórdico. Depois de se formar na escola, se tornou artista. Frequentou escolas de artes e viajou pela Europa, visitando museus e dormindo embaixo de pontes. Como pintor, seu talento logo lhe rendeu reputação de artista promissor, especialmente por seus retratos de crianças. Viveu como rebelde até seus 25 anos, quando começou a dar aulas de artes numa escola experimental para estudantes americanos. Lá, através de amigos em comum, acabou conhecendo Anna Freud, que se tornou sua psicanalista e o incentivou a estudar Psicanálise. Nessa época, também conheceu uma professora canadense de dança, com quem se casou e teve 3 filhos. Ele graduou-se no Instituto Psicanalítico de Viena, em 1933, se especializando em psicanálise infantil. Iniciou seu trabalho clínico nos Estados Unidos neste mesmo ano, e foi analista didático nos Institutos da Associação Americana de Psicanálise, desde 1942. Sua carreira inclui cargos nas escolas de Medicina de Harvard e Yale, na Universidade da Califórnia e na Clínica Austin Rigg. Tornou-se um psicanalista de renome que fez grandes contribuições no campo psicológico e sua própria história de vida contribuiu para a formulação de seus conceitos e teorias, entre os quais focalizou o desenvolvimento contínuo da personalidade através de toda a vida, um conceito que ele estudou numa variedade de situações socioculturais. Durante sua carreira, Erikson se envolveu em estudos sobre a influência da cultura e da sociedade no desenvolvimento infantil. Ele estudou grupos de crianças nativo-americanas para formular suas teorias. Esses estudos possibilitaram a correlação da formação da personalidade com os valores sociais e familiares.

A TEORIA DE ERIKSON - A teoria desenvolvida por Erik Erikson, conforme Cloninger (2003) e Schultz e Schultz (2014), se inscreve no contexto da abordagem dos estágios contínuos, concentrando-se no desenvolvimento da personalidade durante toda vida. Denomina-se Teoria de Desenvolvimento Psicossocial por ter tentar explicar o comportamento e o crescimento humanos, por meio de etapas ou estágios, que compreendem desde o nascimento até a morte.Nessa teoria o autor defende que todos os aspectos da personalidade podem ser explicados em termos de momentos decisivos ou crises que o ser humano precisa enfrentar e resolver em cada fase de desenvolvimento.As diferenças individuais detectadas por Erikson, determinam que os indivíduos diferem quanto às forças do seu ego, apresentando diferenças de personalidade e biológicas. A adaptação e o ajustamento nessa teoria identifica que um ego forte é a chave para a saúde mental, derivando de uma boa resolução das fases de desenvolvimento, com predominância pelas forças positivas sobre as do polo negativo. Os processos cognitivos nessa teoria, definem que o inconsciente é uma força importante na personalidade, e a experiência é influenciada por modalidades biológicas que se expressam por meio de símbolos e jogos. A sociedade é entendida como aquela que modela a forma com as pessoas se desenvolvem e as instituições culturais dão suporte às forças do ego. As influências biológicas nesta teoria são determinantes cruciais da personalidade e as diferenças de sexo são fortemente influenciadas. O desenvolvimento da criança se dá ao longo de quatro fases psicossociais, cada uma delas contendo uma crise na qual se desenvolve uma força específica do ego. Os adolescentes e os adultos desenvolvem-se ao longo de outras quatro fases psicossociais. Também aí cada fase envolve uma crise e desenvolve uma força específica do ego.

DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL - O desenvolvimento psicossocial, segundo Cloninger (2003), Friedman e Schustak (2004), Roudinesco e Plon (1998) e Hall, Lindzey e Campbell (2002), é o desenvolvimento da personalidade que decorre ao longo de oito estágios – denominados de Oito Estágios do Homem -, que constituem o ciclo da vida, sendo que cada estágio corresponde à formação de um aspecto particular da personalidade. Ele esboça o seu método de desenvolvimento a partir da experiência de confiança e desconfiança da criança e o começo da esperança, através da procura de identidade do adolescente, da procura de intimidade do jovem e do adulto e a resolução da crise da velhice. Essa teoria está sustentada no princípio epigenético que se aplica tanto ao desenvolvimento físico dos fetos antes do nascimento, quanto ao desenvolvimento psicológico ao longo da vida, significando, portanto, que cada estágio contribui para a formação da personalidade total, sendo por isso todos importantes mesmo depois de se os atravessar. Esse princípio, conforme Schultz e Schultz (2014), é a teoria de que o desenvolvimento humano é regido por uma sequencia de etapas que dependem de fatores genéticos ou hereditários. Por esse princípio epigenético da maturação, ele propõe a concepção de oito estágios de desenvolvimento psicossociais, compreendendo do nascimento até o final da vida, sendo que cada uma das fases desse estágio é atravessa por uma crise psicossocial entre uma vertente positiva e uma negativa. Os oito estágios do homem compreendem uma análise do desenvolvimento global do homem - cada estágio tem seu momento -, relacionando-se com a conquista gradual das virtudes básicas.


O primeiro estágio é a infância ou o estágio oral-sensorial, abrangendo o primeiro ano ou um ano e meio de vida. É nesse período que a criança desenvolve a confiança e a desconfiança, e adquire a virtude da esperança, embasada na relação com os pais, se de confiança ou desconfiança, o que determinará sua vida e suas relações. Há que se ressaltar que durante o primeiro ano de vida a criança é substancialmente dependente das pessoas que cuidam dela, requerendo cuidado quanto à alimentação, higiene, locomoção, aprendizado de palavras e seus significados, bem como estimulação para perceber que existe um mundo em movimento ao seu redor. O amadurecimento ocorrerá de forma equilibrada se a criança sentir que tem segurança e afeto, adquirindo confiança nas pessoas e no mundo.
O segundo estágio é o muscular-anal, que vai dos dezoito meses aos três ou quatro anos de idade e que possui o objetivo de desenvolver a autonomia, minimizando a vergonha e a dúvida. A musculatura anal faz parte da musculatura geral. A criança nessa fase de desenvolvimento, precisa aprender não só a dominar seu esfíncter, mas os seus músculos e aprender o que ela pode "querer" com eles. Só quando a criança tiver aprendido a confiar em sua mãe e a confiar no mundo (primeiro estágio), é que ela pode passar a ter vontade e precisar arriscar sua confiança, a fim de ver o que ela, como indivíduo digno de confiança, pode querer.
O terceiro estágio é o locomotor-genital, que vai dos três ou quatro anos até os cinco ou seis anos, onde a criança aprende a ter a virtude da iniciativa, o que significa responder positivamente aos desafios do mundo, tendo responsabilidades e aprendendo novas tarefas. Os pais podem incentivar seus filhos a terem iniciativa, encorajando-os a seguirem suas ideias, ou seja, suas fantasias, curiosidades e imaginação. Durante este período a criança passa a perceber as diferenças sexuais, os papéis desempenhados por mulheres e homens na sua cultura (conflito edipiano para Freud) entendendo de forma diferente o mundo que a cerca. Nesta fase se a curiosidade sexual e intelectual natural for reprimida e castigada poderá se desenvolver um sentimento de culpa e diminuir a iniciativa de explorar novas situações ou de buscar novos conhecimentos.
O quarto estágio é o de latência ou idade escolar, que vai aproximadamente dos seis aos doze anos. Essa fase trabalha a virtude da competência, eliminando os excessos de inferioridade. A melhor maneira de superar essa fase é balancear a superioridade e a inferioridade, adquirindo a virtude da competência, necessária para o justo desenvolvimento das habilidades.
O quinto estágio é a adolescência, começando com a puberdade aos treze anos e terminando aproximadamente entre 18 e 20 anos. É preciso mencionar que Erikson dedicou especial importância ao período da adolescência, devido ao fato ser a transição entre a infância e a idade adulta, em que se verifiquem acontecimentos relevantes para a personalidade adulta. O objetivo deste estágio é desenvolver a virtude da fidelidade, ou seja, uma capacidade de perceber e de se manter, através de valores estabelecidos por meio de um sistema de vida específico. Esta é a fase da formação da identidade do ego e da crise de identidade, utilizadas por Erikson como base para a formulação dos estágios seguintes.
O sexto estágio é a fase jovem-adulta, que vai dos dezoito aos trinta anos. O objetivo é atingir a intimidade, em contraposição ao isolamento. Isso se refere ao indivíduo que, tendo ultrapassado as questões básicas do seu problema de identidade, pode mover-se em direção a questões de relacionamento com os outros, como relacionamentos íntimos, de amizade, amor, intimidade sexual e, até mesmo intimidade consigo próprio. Intimidade é realmente a habilidade de fundir a sua identidade com a do outro, sem temor de estar perdendo alguma coisa de si mesmo. A virtude desenvolvida nessa fase é o amor. Amor, no contexto teórico, é estar apto a deixar os antagonismos de lado, em nome de uma boa convivência. Não é só o amor encontrado no casamento, mas também o amor por amigos, ou pelo vizinho, ou pelo colega de trabalho, entre outros.
O sétimo estágio é o estágio da idade adulta, que lida com a geratividade versus estagnação e vai aproximadamente dos 25 aos 55 anos.
O conceito de geratividade é uma tendência a que, na maturidade, as pessoas apresentem determinados comportamentos que aumentam sua competência em papéis de liderança, ensino, invenções, artes e ciência, atividades sociais, e em deixar uma contribuição para o bem estar das futuras gerações. Considera-se a geratividade como um diferencial positivo que a idade trás para as pessoas e que precisa ser conhecida e valorizada.
Tem-se, portanto, que se trata da mais longa das idades psicossociais, compreendendo entre os 30 aos 60 anos, consistindo no conflito entre produzir, educar, cuidar do futuro e preocupar-se unicamente com as suas necessidades e interesses. A vertente positiva é a generatividade que traduz o desejo de criar novas vidas, obras de arte, ideias, objetos, educar, ensinar, ou seja, o desejo de realizar algo que nos sobreviva e que contribua para o bem-estar das gerações futuras. O indivíduo generativo = gerador ou criativo, projeta-se no futuro não se preocupando somente consigo ou com os seus. A virtude que se desenvolve neste estágio é o cuidado, que se expressa pela preocupação com os outros, o querer cuidar das pessoas e compartilhar com elas o seu conhecimento e experiências. O fracasso neste estágio, conduz à estagnação, à incapacidade de projeção no futuro, isto acontece porque, o indivíduo se torna egocêntrico, fecha-se nas suas próprias ambições dando pouco ou nada de si aos outros.A ritualização é denominada por geracional e consiste na ritualização da maternidade/paternidade, produção, ensino e papeis em que o adulto age como transmissor de valores para os mais novos. O ritualismo perverso é o autoritarismo, a usurpação da autoridade incompatível com o cuidado.
O oitavo é o estágio final, o da velhice e da maturidade, que vai dos 55 a 60 anos em diante, consiste numa retrospectiva da vida ao aproximar-se do fim, em que rever escolhas, opções, realizações e fracassos. A vertente positiva é a integridade que advém do sentimento de que a vida teve sentido, há satisfação por ter vivido e a existência como algo valioso. A sabedoria é a virtude resultante do encontro da integridade com o desespero, e consiste na consciencialização das potencialidades dadas as circunstâncias, e a constatação de que não se viveu em vão. O desespero é a avaliação negativa do que se fez e a tomada de consciência de que já não se pode recomeçar, que desperdiçou o tempo e que quase nada de valioso foi criado, instalando-se a angústia e o medo da morte. A ritualização presente neste último estágio pode ser chamada de integral, que se reflete na sabedoria das idades.
Assinalam Schultz e Schultz (2014) que cada uma das fases possui a sua crise, sendo esta o momento decisivo enfrentado em cada fase de desenvolvimento. Essas crises são os confrontos com o ambiente, envolvendo mudanças de perspectiva e requerendo que recorra-se à energia instintiva de acordo com as necessidade de cada estágio do ciclo de vida.
Observou-se, conforme Schultz e Schultz (2014) que cada uma das fases possui uma força básica que é identificada como virtude e que surgem quando a crise é resolvida satisfatoriamente. Assim, essas forças básicas são características e crenças motivadoras derivadas da resolução satisfatória da crise em cada fase de desenvolvimento.
Assim como são identificadas as forças básicas, também ocorrem as fraquezas básicas que são as características motivadoras derivadas da resolução insatisfatória da crise de desenvolvimento. Por consequência, dá-se um mau desenvolvimento que é uma situação que ocorre quando o ego é composto apenas de uma única maneira de lidar com os conflitos.
As tendências de mau desenvolvimento:



IDENTIDADE DO EGO E FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE - Erikson, conforme Hall, Lindzey e Campbell (2002), vai apresentar um novo conceito de ego, denominado de ego criativo, uma vez que nessa instância psíquica pode-se encontrar soluções criativas para os novos problemas que o assediam em cada estágio da vida.A identidade do ego para Erikson, conforme Friedman e Schustak (2004), efetuada a partir dos oito estágios humanos, definia que o indivíduo tem que superar uma tarefa psicossocial em cada um desses estágios. A confrontação em cada tarefa produz um conflito com dois resultados possíveis: se o conflito é resolvido com êxito, constrói-se uma qualidade positiva na personalidade e se produz o desenvolvimento. Se o conflito persiste ou se resolve de forma insatisfatória, há um dano para o Ego e uma qualidade negativa se incorpora dentro dele. Para Schultz e Schultz (2014), a identidade do ego é a autoimagem formada durante a adolescência que integra as ideias quanto ao que se é e o que se quer ser. Assim, em conformidade com Erikson, a tarefa global do indivíduo é adquirir uma identidade positiva à medida que avança de uma etapa para a seguinte.
A formação da identidade é um processo que dura toda a vida, amplamente inconsciente para o indivíduo, vez que suas raízes remontam à infância com a experiência de reciprocidade entre pais e filhos.
A teoria de formação da identidade traz a perspectiva de que as pessoas alcançam a identidade na medida em que são capazes de se envolver em uma série de compromissos relativamente estáveis. Os tipos de compromissos relativamente estáveis necessários para alcançar um sentido de identidade incluem a decisão sobre um conjunto de valores e crenças que possam guiar as ações, uma série de objetivos educativos e profissionais dirigidos aos esforços para realizá-los  e uma orientação de gênero que influi nas formas de amizade e intimidade do indivíduo com homens e mulheres, que constituem uma atitude interpessoal.
A formação da identidade recebe a influência conjunta de fatores intrapessoais que compreendem as capacidades inatas do sujeito e as características adquiridas da personalidade; de fatores interpessoais que incluem identificadores com outras pessoas das que se segue o exemplo e o respeito por outras cujos conselhos são levados em conta; e de fatores culturais, que consistem nos valores sociais aos quais uma pessoa está exposta enquanto se desenvolve em um determinado país, comunidade ou grupo cultural concretos. Assim, a formação da identidade emerge como uma configuração estabelecida por meio de sucessivas elaborações e reelaborações do ego na infância.

ADOLESCÊNCIA - Influenciado pelas teorias do movimento culturalista americano, Eikson dedicou-se aos problemas da adolescência. Para ele, a adolescência é uma crise normativa, fase normal de conflito e flutuação na força do ego. Ela começa com a instância de identidade difusa, que é um estado de coisas em que o sujeito não estabelece compromissos firmes com nenhuma atitude ideológica, ocupacional ou interpessoal, nem está vislumbrando tal possibilidade. Qualquer compromisso que possa ocorrer tende a ser efêmero e a ser substituído com rapidez por outros, igualmente provisórios. Sendo a quinta idade do processo de desenvolvimento e que compreende a adolescência, quando ocorre a aquisição de uma identidade psicossocial: a compreensão da sua singularidade e de seu papel no mundo. Esta é fase que devido as influencias oriundas das fases anteriores, tem-se a partir disso a percepção de uma constituição de elementos identitários como somatórios das idades anteriormente vivenciadas. Para Erikson é o ego que vai fazer o papel de agente interno ativador, em seus aspectos conscientes e inconscientes. Essa aquisição por parte do adolescente de uma identidade psicossocial possibilita a construção da identidade, o sentimento da identidade: o sentimento de ser o mesmo ao longo da vida, atravessando mudanças pessoais e ocorrências diversas.
Erikson define que nessa fase ocorre a moratória psicossocial que é um período de pausa entre os jovens, sendo um compasso de espera nos compromissos adultos, na procura de alternativas e de experimentação de papéis que permitem um trabalho de elaboração internas. Na adolescência é a permissão da sociedade para experimentação, exploração e ensaio aos vários estatutos e papéis sociais. Assim, a moratória psicossocial é o período intermediário admitido social para o adolescente encontrar sua posição na sociedade por meio da livre experimentação das funções. Ocorre depois de ter chegado ao autoconhecimento nos aspectos físicos, cognitivo, interpessoal, social e sexual, quando os adolescentes começam a refletir sobre os tipos de compromissos que gostariam de assumir, o que seria o estado da identidade em fase de moratória, se convertendo em um período para analisar e provar vários papéis sem a responsabilidade de assumir nenhum deles.
É durante a adolescência que ocorre uma integração de todos os elementos de identidade convergentes e uma resolução de conflito, que Erikson dividiu em sete momentos fundamentais, os quais se forem superados se adquirirá uma identidade firma e a crise superada.
No desenraizamento, Erikson defendia que a cada estádio de sua evolução, o sujeito podia fazer uma escolha baseada na confiança ou na desconfiança, adotando o projeto profilático do higienismo e renunciado a uma concepção psíquica da organização da personalidade. Assim, ligava a noção de estádio à de evolução biológica social, afirmando que uma pedagogia da adolescência era necessária para superar os conflitos de gerações.
A preocupação do adolescente em encontrar o seu papel na sociedade provoca uma confusão de identidade, afinal, a preocupação com a opinião do outro faz com que o adolescente modifique a sua forma de ser no mundo, remodelando sua personalidade muitas vezes em um período muito curto, seguindo o mesmo ritmo das transformações físicas que acontecem com ele.
Na adolescência, quando não se consegue sair da fase com um forte senso de auto-identidade, não estarão equipadas para enfrentamento da idade adulta, passando por uma crise de identidade. Essa crise significa o fracasso em adquirir a identidade do ego durante a adolescência (SCHULTZ, SCHULTZ, 2014).
Tal fato se dá por ausência de uma força básica que deveria ser desenvolvida nessa fase que é a da fidelidade, que surge de uma identidade do ego coesa e que engloba sinceridade, genuinidade e senso de dever para com os outros.

AVALIAÇÃO E PESQUISA - Erikson desenvolveu o seu método de avaliação da personalidade baseado em técnicas de terapia com brinquedos, estudos antropológicos e analises psicohistóricas.
A terapia com brinquedos é denominada de ludoterapia e era usada para trabalhar com crianças mentalmente perturbadas, observando-se as formas e a intensidade do brincar que revelavam aspectos da personalidade. Essa pratica era denominada de Construção de Cenas, uma técnica de avaliação da personalidade para crianças nas quais se analisam estruturas montadas a partir de bonecas, bocós e outros brinquedos. Segundo Hall, Lindzey e Campbell (2002), trata-se de uma psicoterapia para crianças numa situação lúdica de interação entre elas e o analista.
A análise psicohistórica é um estudo biográfico, utilizando-se da estrutura da teoria dos estágios contínuos para descrever as crises e formas de lidar com figuras, concentrando-se numa crise significativa. Segundo Hall, Lindzey e Campbell (2002), trata-se de um estudo da vida individual e coletiva com os métodos combinados de psicanálise e história.
As contribuições mais significativas de Erikson, conforme Hall, Lindzey e Campbell (2002), foi o de estabelecer uma teoria psicossocial do desenvolve, da qual emerge uma concepção ampliada do ego e os estudos psicohistóricos que exemplificam sua teoria psicossocial nas vidas de indivíduos famosos.
Para Cloninger (2003), Erikson ajudou a psicohistória a superar o estágio de simples documentação do impacto de pessoas importantes na história, para reconhecer as influencias reciprocas entre as forças psicológicas e a história.
Cloninger (2003) destaca os estudos de Erikson voltados para as diferenças étnicas e interculturais desenvolvidos sobre a cultura dos Sioux e dos Yurok descrevendo o desenvolvimento individual interligado com fatores culturais, sociais e econômicos, bem como suas pesquisa de gênero.

CONCLUSÃO - Verificou-se com a realização do presente estudo a importância do psicólogo Erik Erikson no desenvolvimento do pensamento psicanalítico e, em especial, seus estudos dedicados às crianças e aos adolescentes, notadamente com relação à questão da identidade.
É de fundamental importância ter conhecimento acerca dos oito estágios humanos pensados por Erikson, com suas peculiaridades, consequências e especificações, entre os quais é possível destacar uma diversidade enorme de enquadramento com pessoas das relações mais próximas, principalmente no tocante às fases da adolescência.
Esses estágios psicossociais são reveladores e constituem indispensáveis conteúdos da teoria psicodinâmica da personalidade.
A dimensão dada pelo autor para o ego, ao dimensionar o ego criativo, torna-se de relevante questão para melhor entendimento do seu pensamento.
Mais importante ainda é sua perspectiva sociocultural adotada e que permeia toda a sua teoria, dando destaque para a interação entre o sujeito e o seu meio.
Pesquisa reveladora que bastante contribuiu para a formação daquele que deseja ser profissional da psicologia.
REFERÊNCIAS
CLOUNINGER, Susan. Teorias da personalidade. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
FRIEDMAN, Howard; SCHUSTACK, Miriam. Teorias da personalidade: da teoria clássica à pesquisa moderna. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
HALL, Calvin; LINDZEY, Gardner; CAMPBELL, John. Teorias da personalidade. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
ROUDINESCO, Elisabeth; PLON, Michel. Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
SCHULTZ, Duane; SCHULTZ, Sydney. Teorias da personalidade. Cengage Learning, 2014.

PS: Trabalho apresentado por Luiz Alberto Machado, Edjane Galvão e Taiana Kislanov à disciplina Teorias da Personalidade, ministrada pela Professora Janne Eyre Sarmento.


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