O PROJETO DE PESQUISA – Após a escolha e
delimitação do tema, formulação do problema, hipóteses e variáveis, é chegada a
hora da elaboração do projeto de pesquisa. Este projeto, segundo Vera (1983) é
um plano que possui a função de preparar com critério e a finalidade de
proporcionar apoio e ajuda o produto da reflexão e do conhecimento do tema de
pesquisa, constituído para introduzir um princípio de ordem nos conceitos e
estabelecendo a hierarquia lógica das questões.
Assinala Vergara (2007) que o projeto é uma
carta de intenções definida com clareza o problema motivador da investigação,
com um referencial teórico e uma metodologia a ser empregada, apresentando
cronograma e bibliografia, tudo em obediência às normas prescritas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Acrescenta Furasté (2008) que o projeto de
pesquisa é a versão preliminar do trabalho que se vai realizar, sendo um esboço
inicial do que se quer fazer, tornando-se, portanto, uma das fases da pesquisa
na qual é efetuada a descrição da estrutura do estudo. Esse projeto serve de
roteiro para o que se pretende realizar no trabalho acadêmico. As partes que
compõe o projeto são a inscrição e delimitação do tema, problema a ser
abordado, hipóteses, objetivos geral e específicos, justificativa, referencial
teórico, metodologia com a definição do tipo de pesquisa, cronograma e
referências bibliograficas.
Para Rudio (1988), a elaboração de um projeto
de pesquisa implica o desenvolvimento de passos metodológicos que decorrem de
respostas que envolvem o que pesquisar definindo o problema, hipóteses, questões
norteadoras, base teórica e conceitual; por que pesquisar, apresentando a
justificativa da escola do problema e estudo; para que pesquisar, apresentando
os objetivos com os propósitos de estudo; como pesquisar, apresentando a
metodologia adequada e escolhida; quando pesquisar, elaborando um cronograma de
execução; e apresentação das referências bibliográficas básicas apresentadas na
base teórica e conceitual.
É nessa etapa que se faz necessária a
definição do objeto de pesquisa articulado com as escolhas do tema e formulação
do projeto de pesquisa. Efetuada a escolha e delimitação do tema, formulação do
problema e das hipóteses, passa-se à justificativa do estudo.
Para Furasté (2008) a justificativa é a
apresentação dos motivos que levaram à decisão de se abordar o tema dentro do
universo acadêmico, colocando as razões que levaram à escola e que sustentam a
realização do trabalho.
A justificativa tem por função destacar a
relevância e o porquê da realização da pesquisa, apresentando os motivos que a
justificam, além de ser clara e trazer as contribuições que preveem a
compreensão, intervenção ou solução do problema; deve articular a relevância
intelectual e prática do problema investigado.
Os objetivos, para Furasté (2008), são
definidos como geral e específicos, sendo, portanto, a definição com precisão e
clareza das metas, propósitos e resultados concretos a que se pretende chegar.
Os objetivos são as expressões das metas que
se almeja alcançar com a investigação, prevendo as intenções que se situam
tanto no plano geral quanto no específico, por meio da utilização de verbos no
infinitivo.
Para Vergara (2007), os objetivos podem ser
final ou intermediário. Se o problema é uma questão a investigar, objetivo é um
resultado a alcançar. O objetivo final dá a resposta ao problema. Os objetivos
intermediários são metas de cujo atingimento depende o alcance do objetivo
final.
A definição da base teórica ou conceitual é a
definição clara dos pressupostos teóricos, das categorias e conceitos a serem
utilizados no estudo, atendendo às características de ser sintético e objetivo,
estabelecendo um diálogo entre a teoria e o problema a ser investigado, ser
ético, fazendo as devidas referências aos autores considerados na abordagem.
Essa base teórica ou conceitual é denominada,
segundo Furasté (2008) de referencial teórico significando a apresentação do
embasamento teórico sobre o qual se fundamentará o trabalho com os pressupostos
que darão suporte à abordagem dos estudos.
Esse referencial teórico, segundo Vergara
(2007) tem por objetivo apresentar os estudos sobre o tema, ou especificamente
sobre o problema, já realizados por outros autores, compreendendo uma revisão
da literatura concernente ao acervo de teorias e críticas, como também
trabalhos realizados como referências, revelando as preocupações e preferências
do autor do projeto, apontando lacunas ou discordâncias ou pontos a ratificar. Outros
objetivos do referencial teórico são o de permitir maior clareza na formulação
do problema de pesquisa, facilitar a formulação de hipóteses ou suposições,
sinalizar o método mais adequado para solução do problema, permitir a
identificação de qual procedimento será mais pertinentes para a coleta e tratamento
dos dados e fornecer elementos para interpretação desses dados.
Para Creswell (2007) os objetivos da revisão
da literatura são o compartilhamento dos resultados de outros estudos que estão
relacionados com a proposta do projeto, obedecendo a observância da tipologia
de pesquisa, seja qualitativa, quantitativa ou mista.
A metodologia é a parte que, segundo Vera
(1983), é um momento heurístico em que ocorre a reunião sistemática e ordenada
de textos, obra e dados. Assim, é identificada como sendo o caminho ou a forma
de desenvolver a pesquisa por meio do processo de elaboração investigativo,
escolhendo aquele que melhor identifique e tenha correspondência com a
problemática e o referencial teórico. Nessa parte são identificados os sujeitos
de pesquisa, a coleta de dados e a descrição da organização e análise dos
dados. É nessa parte que se deve definir o tipo de pesquisa a ser realizada,
estabelecendo o universo e a amostra compreendidas pelo estudo, a seleção dos
sujeitos, a forma como serão coletados, levantados, comparados, tratados e
analisados os dados recolhidos.
Explica Furasté (2008) que a parte do projeto
de pesquisa destinado à metodologia é aquele que compreende a definição dos
procedimentos técnicos, das modalidades de atividades e dos métodos que serão
utilizados.
O cronograma, para Furassté (2008) é definido
como a distribuição das tarefas e etapas que permitirão um aproveitamento
racional e lógico da disponibilidade de tempo para a realização do trabalho. É nessa
parte do projeto que são estabelecidas as datas-limite para leitura, redação,
revisão, digitação, entrega e outras atividades.
O cronograma possui a finalidade de definir o
tempo necessário para realização de cada uma das etapas propostas para
realização da pesquisa, descrevendo as atividades a serem realizadas em cada
etapa, indicando a duração de cada atividade prevista. Nessa parte do projeto
deverão estar discriminadas todas as etapas de trabalho com os seus respectivos
prazos.
As referências possuem a finalidade de trazer
a relação de todas as fontes utilizadas na elaboração do projeto de pesquisa,
seguindo orientações técnicas normatizadas pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT). Essas referências são, portanto, a lista das obras citadas no
referencial teórico.
Seguem abaixo algumas sugestões
bibliográficas para leitura.
REFERÊNCIAS
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qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes,
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pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Porto Alegre: Artmed,
2007.
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tese. São Paulo: Perspectiva, 1983.
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o trabalho científico: elaboração e formatação com explicitação das normas da
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