terça-feira, 17 de junho de 2014

O PROJETO DE PESQUISA


O PROJETO DE PESQUISA – Após a escolha e delimitação do tema, formulação do problema, hipóteses e variáveis, é chegada a hora da elaboração do projeto de pesquisa. Este projeto, segundo Vera (1983) é um plano que possui a função de preparar com critério e a finalidade de proporcionar apoio e ajuda o produto da reflexão e do conhecimento do tema de pesquisa, constituído para introduzir um princípio de ordem nos conceitos e estabelecendo a hierarquia lógica das questões.

Assinala Vergara (2007) que o projeto é uma carta de intenções definida com clareza o problema motivador da investigação, com um referencial teórico e uma metodologia a ser empregada, apresentando cronograma e bibliografia, tudo em obediência às normas prescritas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Acrescenta Furasté (2008) que o projeto de pesquisa é a versão preliminar do trabalho que se vai realizar, sendo um esboço inicial do que se quer fazer, tornando-se, portanto, uma das fases da pesquisa na qual é efetuada a descrição da estrutura do estudo. Esse projeto serve de roteiro para o que se pretende realizar no trabalho acadêmico. As partes que compõe o projeto são a inscrição e delimitação do tema, problema a ser abordado, hipóteses, objetivos geral e específicos, justificativa, referencial teórico, metodologia com a definição do tipo de pesquisa, cronograma e referências bibliograficas.

Para Rudio (1988), a elaboração de um projeto de pesquisa implica o desenvolvimento de passos metodológicos que decorrem de respostas que envolvem o que pesquisar definindo o problema, hipóteses, questões norteadoras, base teórica e conceitual; por que pesquisar, apresentando a justificativa da escola do problema e estudo; para que pesquisar, apresentando os objetivos com os propósitos de estudo; como pesquisar, apresentando a metodologia adequada e escolhida; quando pesquisar, elaborando um cronograma de execução; e apresentação das referências bibliográficas básicas apresentadas na base teórica e conceitual.

É nessa etapa que se faz necessária a definição do objeto de pesquisa articulado com as escolhas do tema e formulação do projeto de pesquisa. Efetuada a escolha e delimitação do tema, formulação do problema e das hipóteses, passa-se à justificativa do estudo.

Para Furasté (2008) a justificativa é a apresentação dos motivos que levaram à decisão de se abordar o tema dentro do universo acadêmico, colocando as razões que levaram à escola e que sustentam a realização do trabalho.

A justificativa tem por função destacar a relevância e o porquê da realização da pesquisa, apresentando os motivos que a justificam, além de ser clara e trazer as contribuições que preveem a compreensão, intervenção ou solução do problema; deve articular a relevância intelectual e prática do problema investigado.

Os objetivos, para Furasté (2008), são definidos como geral e específicos, sendo, portanto, a definição com precisão e clareza das metas, propósitos e resultados concretos a que se pretende chegar.

Os objetivos são as expressões das metas que se almeja alcançar com a investigação, prevendo as intenções que se situam tanto no plano geral quanto no específico, por meio da utilização de verbos no infinitivo.

Para Vergara (2007), os objetivos podem ser final ou intermediário. Se o problema é uma questão a investigar, objetivo é um resultado a alcançar. O objetivo final dá a resposta ao problema. Os objetivos intermediários são metas de cujo atingimento depende o alcance do objetivo final.

A definição da base teórica ou conceitual é a definição clara dos pressupostos teóricos, das categorias e conceitos a serem utilizados no estudo, atendendo às características de ser sintético e objetivo, estabelecendo um diálogo entre a teoria e o problema a ser investigado, ser ético, fazendo as devidas referências aos autores considerados na abordagem.

Essa base teórica ou conceitual é denominada, segundo Furasté (2008) de referencial teórico significando a apresentação do embasamento teórico sobre o qual se fundamentará o trabalho com os pressupostos que darão suporte à abordagem dos estudos.

Esse referencial teórico, segundo Vergara (2007) tem por objetivo apresentar os estudos sobre o tema, ou especificamente sobre o problema, já realizados por outros autores, compreendendo uma revisão da literatura concernente ao acervo de teorias e críticas, como também trabalhos realizados como referências, revelando as preocupações e preferências do autor do projeto, apontando lacunas ou discordâncias ou pontos a ratificar. Outros objetivos do referencial teórico são o de permitir maior clareza na formulação do problema de pesquisa, facilitar a formulação de hipóteses ou suposições, sinalizar o método mais adequado para solução do problema, permitir a identificação de qual procedimento será mais pertinentes para a coleta e tratamento dos dados e fornecer elementos para interpretação desses dados.

Para Creswell (2007) os objetivos da revisão da literatura são o compartilhamento dos resultados de outros estudos que estão relacionados com a proposta do projeto, obedecendo a observância da tipologia de pesquisa, seja qualitativa, quantitativa ou mista.

A metodologia é a parte que, segundo Vera (1983), é um momento heurístico em que ocorre a reunião sistemática e ordenada de textos, obra e dados. Assim, é identificada como sendo o caminho ou a forma de desenvolver a pesquisa por meio do processo de elaboração investigativo, escolhendo aquele que melhor identifique e tenha correspondência com a problemática e o referencial teórico. Nessa parte são identificados os sujeitos de pesquisa, a coleta de dados e a descrição da organização e análise dos dados. É nessa parte que se deve definir o tipo de pesquisa a ser realizada, estabelecendo o universo e a amostra compreendidas pelo estudo, a seleção dos sujeitos, a forma como serão coletados, levantados, comparados, tratados e analisados os dados recolhidos.

Explica Furasté (2008) que a parte do projeto de pesquisa destinado à metodologia é aquele que compreende a definição dos procedimentos técnicos, das modalidades de atividades e dos métodos que serão utilizados.

O cronograma, para Furassté (2008) é definido como a distribuição das tarefas e etapas que permitirão um aproveitamento racional e lógico da disponibilidade de tempo para a realização do trabalho. É nessa parte do projeto que são estabelecidas as datas-limite para leitura, redação, revisão, digitação, entrega e outras atividades.

O cronograma possui a finalidade de definir o tempo necessário para realização de cada uma das etapas propostas para realização da pesquisa, descrevendo as atividades a serem realizadas em cada etapa, indicando a duração de cada atividade prevista. Nessa parte do projeto deverão estar discriminadas todas as etapas de trabalho com os seus respectivos prazos.

As referências possuem a finalidade de trazer a relação de todas as fontes utilizadas na elaboração do projeto de pesquisa, seguindo orientações técnicas normatizadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Essas referências são, portanto, a lista das obras citadas no referencial teórico.

Seguem abaixo algumas sugestões bibliográficas para leitura.

REFERÊNCIAS
BAUER, Martin; GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes, 2002.
BOGDAN, Robert; BIRKLEN, Sari. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto, 1994.
BREAKWELL, Glynis/ HAMMOND, Sean; SCHAW, Chris; SMITH, Jonathan. Métodos de pesquisa em psicologia.Porto Alegre: Artmed. 2010.
CRESWELL, John. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Porto Alegre: Artmed, 2007.
ECO, Umberto. Como fazer uma tese. São Paulo: Perspectiva, 1983.
FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas técnicas para o trabalho científico: elaboração e formatação com explicitação das normas da ABNT. Porto Alegre:s.n, 2008.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1995.
______. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1987.
GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais. São Paulo: Record, 2011.
HAGUETTE, Teresa. Metodologias qualitativas na sociologia. Petrópolis: Vozes, 2007.
MACHADO, Luiz Alberto. Faça seu TCC sem traumas. Maceió: Nascente, 2012.
MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos e resenhas. São Paulo: Atlas, 2007.
MINAYO, Maria Cecilia (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis:Vozes, 1994.
______. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo/Rio de Janeiro: Hucitec/Abrasco, 1996.
MOREIRA, Marco Antonio; ROSA, Paulo Ricardo da Silva. Uma introdução à pesquisa quantitativa em ensino. Porto Alegre/Campo Grande: UFRGS/UFMS, 2008.
PATACO, Vera; VENTURA, Magda; RESENDE, Érica. Metodologia para trabalhos acadêmicos e normas de apresentação gráfica. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
POPPER, K.R. A Lógica da Pesquisa Científica. São Paulo: Cultrix, 1975.
RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa. Petrópolis: Vozes, 1988.
SANTOS, Boaventura Souza. Um discurso sobre as ciências. Porto: Afrontamento, 1996.
SEVERINO, A J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo :Cortez , 1996.
SILVA, Augusto; PINTO, José Madureira (Orgs.). Metodologia das ciências sociais. Porto: Afrontamento, 1986.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1986.
Thompson, Augusto. Manual de orientação para preparo de monografia. Rio de Janeiro: Forense, 1991.
TRIVIÑOS, Augusto. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.
VERA, Asti. Metodologia da pesquisa científica. Porto Alegre: Globo, 1983.
VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2007.
VIEIRA, Maria do Pilar; PEIXOTO, Maria do Rosário; KHOURY, Yara. A pesquisa em história. São Paulo: Ática, 1998.
WEBER, Max. Metodologia das ciências sociais. São Paulo: Cortez, 2001.

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