BEHAVIORISMO
Luiz Alberto
Machado
INTRODUÇÃO - O presente trabalho procura destacar o
Behaviorismo sob o ponto de vista histórico e psicológico. Justifica-se a sua
realização tendo em vista a importância dessa corrente de pensamento na formação
dos conteúdos psicológicos, notadamente aqueles voltados para as questões
comportamentais. Objetiva efetuar uma abordagem histórica destacando os
importantes cultores do behaviorismo, partindo dos antecedentes dessa corrente
até seu desenvolvimento na contemporaneidade, destacando cada uma das teorias
propostas por essa importante corrente psicológica. A metodologia aplicada ao
presente estudo compreende uma pesquisa descritiva e bibliográfica, baseada nas
fontes disponíveis em livros, publicações especializadas e sites da internet. Para
tanto, aborda desde as teorias antecedentes ao behaviorismo, tratando do
conexionismo e associacionismo de Thorndike, o pensamento de Watson, as
consequências do movimento, o condicionamento reflexo de Pavlov, o behaviorismo
intencional de Tolman, a teoria da contiguidade de Guthrie, a teoria formal de
Hull, o behaviorismo radical de Skinner, a teoria social cognitiva de Bandura,
os processos cognitivos de Rotter e o movimento na contemporaneidade.
BEHAVIORISMO
- Efetuando-se
uma revisão da literatura baseada em Moreira (1999), Atkinson et al (2011) e Morris
e Maisto (2004), o behaviorismo surgiu no inicio do séc. XX, principalmente nos
Estados Unidos. Mais precisamente, trata-se de uma escola psicológica inaugurada
em 1913, por intermédio das ideias de John Broasdus Watson (1878-1958) em
reação ao mentalismo que dominava a psicologia europeia.
O termo behaviorismo, no dizer de Schultz
e Schultz (2012), tornou-se corrente refletindo a grande repercussão que
alcançou em todo o mundo a posição doutrinária de Watson, criador do sistema e
da respectiva denominação, influenciado pelos princípios do exercício, da
frequência e da recência como fatores de aprendizagem de Edward Lee Thorndike,
pelo objetivismo biológico de Jacques Loeb e pelo darwinismo, bem como pelo
Funcionalismo que enfatizava a atividade e o ajustamento. Por esse criador, a
Psicologia deveria ser encarada e abordada sob o mesmo enfoque de objetividade
da ciência natural.
Segundo Moreira (1999, p. 14) “A tônica
da visão de mundo behaviorissta está nos comportamentos observáveis e
mensuráveis do sujeito”, considerando as respostas aos estímulos externos e na
consequência da emissão das respostas. Possui esta escola a ideia de que o
comportamento é controlado pelas consequências, significando que a manipulação
de eventos posteriores à exibição de comportamento podem ser controlados.
Conforme Gazzaniga e Heatherton (2005, p.
52) trata-se de “Uma abordagem psicológica que enfatiza o papel das forças
ambientais na produção do comportamento”.
Entende-se, pois, tratar de uma escola
que possui por objeto o comportamento, adotando métodos de investigação da
experimentação e observação que eram pertinentes às ciências naturais, por meio
da ideia de continuidade entre as espécies.
1.1 Antecedentes históricos
No séc. XIX, conforme Atkinson et al
(2011) e Schultz e Schultz (2012), antes de Watson aparecer com o seu manifesto
behaviorista, vários estudos experimentais já eram realizados por pesquisadores
sobre o comportamento animal, a exemplo de Edward Lee Thorndike (1874-1949) que
se dedicou aos estudos da aprendizagem humana e de não humanos, formulando a
sua Lei do Efeito.
1.1.1 O conexionismo/associacionismo de
Thorndike
Em conformidade com Oliveira (2009) e Tourinho
(2011), encontrou-se que Edwar Thorndike desenvolveu sua teoria considerando
que a aprendizagem consiste na formação de ligações estímulo-resposta (E-R), que
assumem a forma de conexões neurais. Essas ligações fisiológicas são
fortalecidas pelo uso ou pela natureza satisfatória das consequências e são
enfraquecidas por desuso ou por consequências desconfortáveis. Advoga,
portanto, a ideia de que seres humanos chegam a respostas apropriadas em grande
parte por ensaio-e-erro, mas podem também dar determinadas respostas em razão
do predeterminado ser, atitude ou algo semelhante, culturalmente aceito.
A Lei do Efeito de Thorndike, conforme Atkinson
et al (2011), se dá quando uma conexão é
seguida de uma consequência satisfatória e é fortalecida, sendo mais provável
que a mesma resposta seja dada outra vez ao mesmo estímulo. Reciprocamente, se
a conexão é seguida por um estado de coisa irritante, ela é enfraquecida, e a
resposta não será repetida.
Observa Tourinho (2011) que essa lei
fazia referencia à vida animal, examinando seus processos de associação e
hábitos, sumarizando experimentos com gatos privados de alimentos em
caixas-problemas, propondo a necessidade de experimentos cruciais planejados
cuidadosamente para se obter o comportamento animal.
A esse respeito, acrescenta Oliveira
(2009) que essa lei no lugar de ater-se a pormenores da topografia da resposta ou a
propriedades como latência ou força da resposta, a Lei do Efeito sugeria que o
cientista do comportamento deveria voltar sua atenção para mudanças na
probabilidade da resposta, como função de mudanças na satisfação do organismo
produzida por sua ação.
Por esses procedimentos, explica Tourinho (2011)
que com suas
caixas-problema para estudos com gatos, Thorndike registrava mudanças no tempo
que o animal levava para sair da caixa, assim como observava a redução na
variabilidade da resposta.
Tem-se, portanto, que a Lei do Efeito também antecipava uma das principais realizações da
ciência do comportamento ao longo do século XX: a superação do mecanicismo e a
elaboração do selecionismo como modo causal explicativo do comportamento.
Contudo, ela foi bastante criticada pelos psicólogos comportamentalistas.
1.2 O behaviorismo de Watson
A contribuição watsoniana, conforme Schultz
e Schultz (2012), tornou-se mais marcante e influente no combate que
desencadeou contra o método introspeccionista, empregado na psicologia oficial
de então, acadêmica, desde a criação do primeiro laboratório experimental,
criado por Wilhem Wundt, em Leipzig, no ano de 1879.
Watson, segundo Moreira (1999), criticava
o elementarismo estruturalista de Wundt e Titchener, contribuindo por introduzir
a análise do comportamento pelo método objetivo das ciências naturais
possibilitando o conhecido das respostas elementares que o compõe. Assim como a
redução do mesmo a secreções glandulares e a movimentos musculares, isto é, a
processos físico-quimicos, deixou-se entender que o comportamento implica uma
relação entre estimulo e resposta, o que expressa o principio científico da
causalidade regendo o fenômeno da conduta. Era, com base nessa ideia, através
do condicionamento estímulo-resposta, a partir do nascimento, que se formavam
todas as formas complexas e superiores do comportamento humano.
A teoria watsoniana, conforme Moreira
(1999), focalizava muito mais estímulos do que as consequências e estava bastante
influenciado pelo condicionamento clássico de Pavlov. Em vista disso, entendia
o pensamento watsoniano que o comportamento significava movimento muscular,
descartando o mentalismo em favor de uma ciência puramente objetiva do
comportamento. Por isso, não se interessava pelo reforço ou pela punição como
causas de aprendizagem, argumentando que se aprende a conectar um estímulo e
uma resposta simplesmente porque os dois ocorrem juntos, em contiguidade, ou
seja, supondo que a contiguidade sozinha, sem reforço, é suficiente para
produzir aprendizagem. Por isso, para ele as emoções humanas eram respostas
condicionadas e incondicionadas.
Observou-se que as ideias de Watson faziam
referência
ao reflexo que constituía o núcleo da explicação do comportamento em geral,
inclusive do comportamento humano complexo. Este último se explicava não pela
referência a processos adicionais ao reflexo, mas pela sucessão de processos de
condicionamento respondente. Essa perspectiva representava uma extensão de
princípios e procedimentos da investigação pavloviana, isto é, o
condicionamento respondente, do campo fisiológico para o fenômeno do
comportamento.
Os métodos de
Watson, segundo Schultz e Schultz (2012) e Fademan e Frager (2002), incluíam a
observação com e sem o uso de instrumentos, teste, relato verbal e do reflexo
condicionado. Seus principais objetos de
estudo eram os elementos do comportamento que envolviam os movimentos
musculares do corpo e as secreções glandulares.
1.3 As consequências do movimento
behaviorista
Esse movimento desdobrou-se em várias
direções, dando origem a posições distintas. Nesse amplo quadro podem ser
mencionadas, entre outras, as versões do behaviorismo lógico, molar, molecular,
operacional, propositivo e descritivo. Essas são orientações divergentes que
receberam a denominação de neobeaviorismo, tendo-se por ênfase, posteriormente,
da metodologia básica de Watson na descrição objetiva das reações observáveis
do organismo. Nesse sentido recebeu contribuições de Floyd Allport, de Albert
Weiss, Edwin Hult, Walter Hunter, Edward Tolman e Z. Y. Kuo, além de Karl
lashley e William McDougall.
1.3.1 O condicionamento dos reflexos de
Pavlov
Foi Pavlov quem, segundo Gazzaniga e
Heatherton (2005) influenciou Watson com seu trabalho sobre o sistema digestivo voltado
para o reflexo salivar. Dessa forma, encontrou-se que Ivan Petrovich Pavlov
(1849-1936) realizou o estudo de relações reflexas ou respondentes. Mais tarde,
conforme observado por Tourinho (2011), trouxe a proposta de que as respostas de um organismo
podem vir a ser eliciadas por estímulos condicionados.
A teoria de Pavlov, segundo Moreira
(1999), refere-se à aprendizagem como substituição do estimulo: o estímulo
condicionado, depois de ter sido emparelhado um numero suficiente de vezes com
o estimulo incondicionado, passando a eliciar a mesma resposta, podendo
substituí-lo. Esse tipo de condicionamento é também chamado de aprendizagem de
sinal, uma vez que o estimulo condicionado serve como sinal para a ocorrência
da resposta incondicionada. O reflexo é função direta de um estimulo controlado
pelo observador.
1.3.2 O behaviorismo intencional de Tolman
Esse modelo proposto por Edward Chace
Tolman (1886-1959), segundo Schultz e Schultz (2012), é o sistema que combina o
estudo objetivo do comportamento com a ponderação da intenção ou a orientação
do propósito no comportamento. Assim, a intencionalidade do comportamento pode
ser definida em termos comportamentais objetivos sem se recorrer à introspecção
ou aos relatos das sensações do individuo em relação à experiência, uma vez que
o comportamento está impregnado de intenção e visa atingir um objetivo ou
aprender a forma de alcançar a meta. Para tanto, esse autor defendeu as
variáveis intervenientes que são fatores não observáveis inseridos no
organismo, que são determinantes reais do comportamento. Em vista disso, Tolman
propôs uma explicação cognitiva para a aprendizagem, sugerindo que a repetição
do desempenho de uma tarefa reforça a relação aprendida entre as dicas
ambientais e as expectativas do organismo.
1.3.3 A teoria da contiguidade de Guthrie
O behaviorismo de Edwin Gunthrie (1886–1959), conforme Oliveira (2009), traz por principio
básico o fato de que se alguma coisa for feita em uma dada situação,
provavelmente será feita de novo frente à mesma situação. Assim, se uma
resposta acompanha um estimulo, tenderá a acompanhá-lo outra vez. Em vista
disso, o autor defendeu o modelo de aprendizagem “tiro-e-queda”, considerando
que a intensidade de uma ligação E-R, que ele denominou de hábito, é atingida
na ocasião do primeiro pareamento, não sendo enfraquecida nem reforçada pela
prática. Ele propôs três técnicas eficazes para substituir respostas
indesejáveis por desejáveis, a primeira denominada de Método da fadiga, que
consiste em repetir o sinal até que a resposta original canse e continue
repetindo-o até que, eventualmente, nova resposta seja dada.
A segunda denominada de Método do Limiar,
introduzindo o estímulo que se deseja, desconsiderando o grau fraco que não
provoque a resposta. Assim, se ele não elicia a resposta indesejada,
provavelmente eliciará outras, até que uma desejada seja dada, a qual ficará
associada ao estimulo que será, então, suprimido.
A terceira denominada de Método do Estímulo
Incompatível, apresentando que o estimulo quando a resposta não ocorrer, então,
diferentes respostas provavelmente ocorrerão até que apareça uma que é desejada
e então ficará associada, por ser a mais recente, ao estimulo, o qual será
então retirado.
1.3.4 A teoria formal de Hull
Assinala Tourinho (2011) que Clark Hull
(1884-1952) trouxe a teoria do sistema dedutivo-hipotético, reunindo uma
estrutura lógica de postulados, corolários e teoremas similares à estrutura da
geometria euclidiana. Sua teoria é a do tipo E-O-R, ou seja, o estimulo afeta o
organismo, tudo como consequência a resposta. Foi influenciado pelo
condicionamento clássico de Pavlov e pela Lei do Efeito de Thorndike, com a crença
de que todo comportamento consiste de conexões E-R e a influencia do reforço na
aprendizagem são básicos, tendo como conceito central o hábito, uma conexão E-R
e a condição primaria para a formação do hábito que é o reforço. Seu trabalho
foi continuado por Keneth Spence.
Para Schultz e Schultz (2012), Hull
introduziu o espírito mecanicista ao considerar o comportamento humano
automático e possível de ser reduzido e explicado na linguagem física. Trata-se
de um posicionamento objetivo e reducionista com base quantitativa que
sinalizava que as leis fundamentais do comportamento seriam expressas na
linguagem precisa da matemática por meio do método estabelecido para definir
postulados e pelos quais se podem obter conclusões testáveis por meio de
experiências.
Introduziu ele, no dizer de Schultz e
Schultz (2012), a Lei do Reforço Primário, defendendo que quando uma relação E-R
é seguida pela redução de uma necessidade corporal, aumenta a probabilidade de
que o mesmo estímulo provoque a mesma resposta em ocasiões subsequentes. Essa
força de conexão E-R é chamada de força de hábito, significando ser uma função
do número de reforços.
1.3.5 O behaviorismo radical operante de
Skinner
Burrhus Frederic Skinner (1904-1990),
segundo Morris e Maisto (2004), foi um legítimo sucessor de Watson, ao mesmo tempo
em que conferiu ao movimento behaviorista impressões próprias, alargou
enormemente os horizontes da investigação científica do comportamento e deu
origem a uma extensa comunidade científica reunida em torno de programas de
investigação por ele inaugurados.
Assim sendo, assinala Ditrich (2004) que
seguindo o
percurso de Watson, Skinner iniciou sua carreira estudando o reflexo, demonstrando
seu interesse não simplesmente a possibilidade
do condicionamento, ou sua suficiência para explicar a aprendizagem, mas
principalmente a variabilidade do reflexo. Em vista disso, ele buscava as leis
da variabilidade, o que, de certa forma, já começava a afastá-lo da lógica
mecanicista, mesmo tomando o reflexo como objeto de estudos.
Foi, segundo Rodrigues (2005), a elaboração skinneriana que
definitivamente afastou o mecanicismo, assinalando a bidirecionalidade,
variabilidade e dependência mútua das relações entre respostas e estímulos, e o
caráter probabilístico da determinação das primeiras, uma perspectiva ainda não
inteiramente explorada na própria ciência do comportamento.
O horizonte do projeto skinneriano, conforme Zilio (2010), sempre foi o comportamento
humano. Em vista disso, a proposta de Skinner subverte radicalmente muitas
concepções tradicionais sobre a linguagem: no lugar de algo armazenado, a
linguagem é comportamento, comportamento verbal; no lugar de ideias ou imagens
mentais, os significados encontram-se nas contingências de reforço; no lugar de
representar uma realidade independente, nossos conceitos definem modos
particulares de interação com parcelas da realidade; no lugar de um acesso
privilegiado à consciência, nossas autodescrições limitam-se pelas práticas de
uma comunidade verbal.
Em conformidade com Ditrich (2004), Lopes
(2006), Rodrigues (2005) e Zilio (2010), a proposição de Skinner, é a de que o reforço tem dois efeitos: um aumento
na probabilidade da resposta e uma sensação de prazer.
Skinner também se notabilizou, segundo Morris
e Maisto (2004), pela introdução do ensino programado com a pesquisa teórica e
pratica da modificação do comportamento, que se refere aos processos básicos e
essenciais de toda e qualquer variedade.
Para Schultz e Schultz (2012, p. 296), a sua
pesquisa: “[...] dedica-se ao estudo das respostas, tratando apenas do
comportamento observável por acreditar que a tarefa da investigação cientifica
era estabelecer as relações funcionais entre as condições de estimulo
controladas pelo pesquisador e as respostas subsequentes do organismo”.
Conforme Gazzaniga e Heatherton (2005),
Skinner desenvolveu o processo chamado modelagem que envolve reforçar
comportamentos que são cada vez mai semelhantes ao comportamento desejado. Foi
utilizado para ensinar habilidades sociais apropriadas a pessoas mentalmente
doentes, linguagem às crianças autistas e habilidades básicas.
Assinalam Fademan e Frager (2002, p. 194)
que Skinner possui uma posição neo-hedonística experimental, atualizando o
condutismo watsoniano ao sustentar um behaviorismo predominantemente empírico,
recorrendo a um principio geral, simples e fecundo, o do reforço, trazido
diretamente da doutrina pavloviana do condicionamento, enriquecido com o
sentido dado por Thorndike na revisão da Lei do Efeito. Com isso, criou
verdadeira tecnologia experimental com a qual apurou o controle das condições
determinantes antecedentes como variáveis independentes, e da observação das
respostas como variáveis dependentes, sem as restrições comportamentais com que
se conseguia a correlação precisa entre os estímulos e as respostas no
condicionamento clássico ou respondente.
Há que se entender que reforçamento,
segundo Fademan e Frager (2002, p. 195) é “[...] um reforço qualquer que
aumenta a probabilidade de uma resposta”. Esses reforços podem primários e
secundários.
Os reforços primários, no dizer de Fademan
e Frager (2002), são recompensas físicas diretas. Já os reforços secundários,
são estímulos neutros que se associaram a reforços primários de modo a atuarem
como recompensas.
O reforço positivo, para Gazzaniga e
Heatherton (2005) é aquele que aumenta a probabilidade de um comportamento ser
repetido ao administrar um estimulo agradável, geralmente é referido como
recompensa. Já o reforço negativo, é aquele que aumenta o comportamento pela
remoção de um estimulo adverso.
A partir disso, argumenta Lopes (2006)
que a proposição
do operante restaurava o interesse pelas consequências do comportamento, ou
melhor, o reconhecimento de suas funções causais, como assinaladas por
Thorndike antes.
O condicionamento operante proposto por Skinner,
segundo Gazzaniga
e Heatherton (2005, p. 191), “[...] é o processo de aprendizagem em que as
consequências de uma ação determinam a probabilidade de ela ser realizada no
futuro”.
Conforme Davidoff (2001, p. 109), o
condicionamento operante “[...] ocorre sempre que os efeitos que se seguem a um
opoerante aumentam ou diminuem a probabilidade de o operamnte voltar a ser desempenhado
em uma situação similar”. Isso quer dizer que a frequência relativa ou
intensidade de uma ação é modificada durante o condicionamento operqate. Nesse
caso, o reforçamento sucede o ato fortalecido.
Na visão de Schultz e Schultz (2012) e Morris
e Maisto (2004), o comportamento operante é visto por Skinner como o melhor
representante da situação típica de aprendizagem. Assim, a Lei da Aquisição é
entendida como a força de um comportamento operante aumenta quando, em seguida,
recebe um estimulo reforçador. Procedeu, pois, aos esquemas de reforço que são
as condições que envolvem diferentes razões ou intervalos de tempo entre
reforços.
Tem-se, portanto, que no condicionamento
operante controlam-se as motivações primárias do animal, colocado a seguir, no
labirinto ou em caixas especiais, onde é possível a observação de seu comportamento
molar e variando no processo da aprendizagem, comportamento em que se repete a
situação experimental após cada sucesso seguido de recompensa.
Há que se distinguir o condicionamento
operante do respondente. Nesse sentido, Fademan e Frager (2002) entendem que o
condicionamento respondente é comportamento reflexo, ou seja, o organismo
responde automaticamente a um estímulo.
1.3.6 A teoria social cognitiva de
Bandura
A contribuição de Albert Bandura (1925),
segundo Morris e Maisto (2004), está em destacar a origem sociopsicogênica de
numerosas anomalias de conduta, decorrentes da aprendizagem social e não meros
sintomas de doenças. Ele retoma uma tese ao fundamentar com dados empíricos
experimentais e comungando a aprendizagem social com recursos farmacológicos.
Nesse sentido, conforme Schultz e Schultz
(2012), consiste a teoria da aprendizagem social estudando na formação e na
modificação do comportamento nas situações sociais, bem como em alterar ou
modificar comportamentos considerados socialmente anormais ou indesejáveis.
Para tanto, trouxe Bandura à tona a questão da autoeficácia que foi descrita
como o senso de autoestima ou valor próprio, o sentimento de adequação,
eficácia e competência para enfrentar os problemas. Assim, a autoeficácia é a
percepção que o individuo tem de sua autoestima e a competência em lidar com os
problemas da vida.
Para Morris e Maisto (2004) a ênfase que
a teoria da aprendizagem social dá às expectativas, aos insigths e às informações, amplia a compreensão como as pessoa
aprendem, uma vez que os seres humanos empregam sua capacidade de observação e
pensamento para interpretar suas próprias experiências, bem como as de outras
pessoas, ao decidir o modo de agir.
Dessa forma, Bandura apresenta o reforço
vicário que, conforme Schultz e Schultz (2012), é a noção de que o aprendizado
pode ocorrer por observação dos comportamentos de outras pessoas e das
consequências deles decorrentes e não apenas experimentando o reforço
diretamente. Esse reforço parte do princípio de que o ser humano é capaz de
antecipar e avaliar as consequências que observa nas outras pessoas, mesmo não
passando pela mesma experiência.
1.3.7 Os processos cognitivos de Julian
Rotter
As ideias de Julian Rotter (1916),
definiram, conforme Schultz e Schultz (2012), os quatro princípios regentes dos
resultados comportamentais. O primeiro desses princípios prega que o individuo
cria expectativas subjetivas em relação às consequências ou aos resultados do
seu comportamento com base na quantidade e no tipo de reforço que recebe.
O segundo princípio, segundo Schultz e
Schultz (2012), define que se calcula a probabilidade de determinado
comportamento conduzido a um reforço especifico e o ajusta apropriadamente.
O terceiro principio, demonstrado por Schultz
e Schultz (2012), atribui valores diferentes para os diversos reforços e avalia
o seu valor relativo nas variadas situações.
Por fim, o quarto princípio, no dizer de Schultz
e Schultz (2012), advoga que como cada individuo apresenta um comportamento exclusivo
e único no ambiente psicológico, o mesmo reforço pode adquirir diferentes
valores para diversas pessoas. Assim, os valores e as expectativas subjetivas
que constituem em estados cognitivos internos, determinam os efeitos das
diferentes experiências externas sobre o individuo. Dessa forma, conforme os
autores mencionados, Rotter trouxe a ideia de lócus de controle sobre a origem
do reforço, observando que o lócus de controle interno é a crença de que o
reforço depende do comportamento da pessoa, e o externo depende de forças
externas.
1.4 O behaviorismo contemporâneo
Conforme Gazzaniga e Heatherton (2005), o behaviorismo
foi o paradigma psicológico dominante até a década de 1960, influenciando os
métodos e as teorias de todas as áreas da psicologia.
Acrescenta Davidoff (2001) que os
behavioristas dominaram as décadas de 1930/60 e que contemporâneos ainda
investigam estímulos, respostas observáveis e aprendizagem, estudando também
amor, estresse, empatia e sexualidade.
Assinala Davidoff (2001) que o behaviorimo
atual se caracteriza pelo forte envolvimento com a formulação de perguntas
precisas e claras e o uso de métodos relativamente objetivos na condução de
pesquisas cuidadoras.
Entre os contemporâneos, destacam-se Kenneth
W. Spencer (1907-1967) que tem se referido mais à psicologia E-R, do que à
corrente behaviorista, identificado mais como membro da psicologia da
aprendizagem, da teoria do reforço ou da contiguidade, associacionista ou
rerflexologista.
Além disso, encontra-se na literatura que
a visão não
representacional da linguagem, postulada pela Análise do Comportamento, está em
acordo com muitos sistemas de pensamento que, ao longo do século XX foram
construídos na filosofia e nas ciências humanas.
Atualmente encontra-se a utilização das teorias
behavioristas quase que exclusivamente às áreas das organizações.
CONSIDERAÇÕES FINAIS - O presente estudo
teve por objetivo efetuar observações e análises acerca do desenvolvimento da
psicologia behaviorista por meio de uma revisão da literatura e de uma
abordagem histórica das teorias dos seus principais cultores.
Observou-se, portanto, que o movimento
teve embasamento em ideias anteriores ao fundamento dado por Watson por
intermédio do seu manifesto.
A partir de Watson a vertente
behaviorista passou a ter vigência por todo século XX, construindo um arcabouço
investigativo e de organização de pesquisa que a definiu como a psicologia
comportamental.
Merece destaque, além dos nomes citados
em todo o trabalho, a contribuição de Skinner para as áreas psicológicas e
educacionais, bem como a de Bandura com sua teoria social cognitiva tão
importante para o desenvolvimento de estudos acerca da aprendizagem.
Destaca-se como uma das mais importantes
contribuições do Behaviorismo a sua concepção relacional do comportamento
humano, a interpretação funcional não representacional da linguagem e dos
processos linguísticos, a visão selecionista da causação do comportamento e
a proposta de que os fenômenos psicológicos são relações do homem com o mundo,
que podem ser abordadas com os conceitos de uma ciência do comportamento.
Dessa forma, conclui-se enfatizando a importância
de se estudar o behaviorismo para a formação do psicólogo.
REFERÊNCIAS
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à Psicologia. São Paulo: Cengage, 2011.
DAVIDOFF, Linda. Introdução à Psicologia. São Paulo: Pearson Makron Books, 2001.
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OLIVEIRA, Debora. A concepção behaviorista da linguagem de W. V. O. Quine: exposição
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formação de professores: uma análise a partir das dissertações e teses no
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SCHULTZ, Duane; SCHUTLZ, Sydney. História
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e Crítica, Porto Alegre, vol. 24, nº 1, 2011.
ZILIO, Diego. Behaviorismo radical e as teorias da mente. São Paulo:
EdUnesp/Cultura Acadêmica, 2010.
ADENDO: Trabalho apresentado em vídeo
pelos alunos Luiz Alberto Machado, Gilson José da Silva, Edjane
Galvão, Graceanne Teixeira Santos, Isabel Cerqueira, Lucineide Rocha e Patrícia
Lins para a disciplina História da Psicologia, ministrada pela professora Maria
de Fátima Pereira dos Santos.
Veja mais Psicologia.