PSICOLOGIA INDIVIDUAL – Adler desenvolveu
a sua teoria analisando seus pacientes: avaliando o que eles verbalizavam e o
seu comportamento durante as sessões de terapia, numa abordagem mais relaxada e
informal, usando o humor.
A psicologia individual de Adler se
concentra na singularidade de cada pessoa, negando a universalidade dos motivos
e metas biológicas e que as pessoas não vitimadas pelos instintos e conflitos e
condenadas por forças biológicas, nem pelas experiências da infância.
A personalidade é moldada pelo ambiente e
pelas interações sociais. O consciente é o centro da personalidade: estamos ativamente
envolvidos na criação do nosso self no direcionamento do nosso futuro.
As pessoas são mais motivadas pelo
interesse social do que pelas necessidades de poder e domínio.
A teoria de Adler é otimista ao defender que
as pessoas não são motivadas por forças inconscientes porque possui o livre-arbítrio
de moldar as forças sociais que influenciam e usá-las criativamente para
construir um estilo de vida singular. A experiência determina como as
tendências herdadas serão realizadas. As influencias da infância são
importantes, principalmente a posição na ordem de nascimento e a interação com
os pais.
Os portões de entrada da vida mental são
os métodos básicos de avaliação: são a posição na ordem do nascimento, as
primeiras lembranças e a análise dos sonhos. Veja mais aqui.
A INFÂNCIA DE ADLER – A infância de Adler
foi marcada por intensos esforços para compensar seus sentimentos de
inferioridade. Assim, tendo uma infância marcada pela doença, consciência de
morte e ciúme de seu irmão mais velho, uma vez que sofria de raquitismo e
impedido de brincar com outras crianças, Adler foi mimado pela mãe por causa
das doenças e destronado pela chagada do bebê. Gradativamente ele desenvolveu
um senso de autoestima e aceitação social, superando as franquezas do
sentimento de inferioridade para moldar o seu destino, mesmo tendo uma estatura
baixa e limitações físicas. Estudou Medicina, interessando-se por doenças
incuráveis que o levou a se especializar em neurologia e psiquiatria, quando
tornou-se discípulo de Freud até romper com a Psicanálise e a desenvolver a sua
própria teoria da personalidade mais voltada para o consciente e minimizando o
papel do inconsciente. Introduziu na sua pratica profissional procedimentos de
treinamento e orientação de grupos que foram precursoras das técnicas modernas
de terapia de grupo. O seu pensamento traduz a ideia de que a infância é
caracterizada pela falta de amor e segurança, quando os pais são indiferentes
ou hostis, devolvendo sentimentos de falta de valor ou arte de raiva e encaram
os outros com desconfiança.
As crianças que são negligenciadas ou
rejeitadas pelos pais podem desenvolver um sentimento de menos valia.
Os mimos na infância podem levar a um
estilo de vida mimado no qual a pessoa demonstra pouco ou nenhum sentimento
social pelos outros. Os quatro tipos de mimo são: excesso de indulgência, que
envolve uma gratificação persistente por parte dos pais em relação aos desejos
e necessidades das crianças, o que leva a sentimentos de direito legitimo e a
comportamentos manipuladores; o excesso de permissividade, que significa
permitir que a criança se comporte como bem quiser, sem consideração pelos
efeitos de seu comportamento sobre os outros, provocando a quebra das regras
sociais e infringindo o direito dos demais; excesso de dominação, que significa
que todas as decisões são tomadas apenas pelos pais, levado à falta de
confiança da criança e à tendência de se tornar dependente de outros quando
adultos; e superproteção, que significa prudência por parte dos pais, excesso
de avisos sobre os perigos potenciais no ambiente, levando a uma ansiedade
generalizada e à tendência de evitar situações sociais ou se esconder delas.
SENTIMENTO DE INFERIORIDADE – É o estado
normal de todas as pessoas, a fonte de toda a luta humana: estão sempre
presentes como força motivadora no comportamento. o crescimento individual é
resultado da compensação, da tentativa de superação da inferioridade real ou
imaginária, impulsionado pela necessidade de superar a sensação de
inferioridade e lutar por níveis cada vez mais altos de desenvolvimento.
A compensação é a motivação para superar
a inferioridade, lutando por níveis mais altos de desenvolvimento. É um
processo que começa na infância porque as crianças são indefesas e totalmente
dependentes dos adultos. A meta da compensação é uma vontade ou um impulso para
o poder, no qual a agressão desempenha um papel importante.
A inferioridade não é determinada pela
genética, mas em função do ambiente de desamparo e dependência dos adultos:
impossível escapar do sentimento de inferioridade, mas ele é necessário para a
motivação na luta para crescer.
Os sentimentos de inferioridade são a
fonte da motivação e da luta, resultante das tentativas de compensar esses
sentimentos, que são universais e determinados pelo desamparo da criança e da
sua dependência dos adultos. Veja mais aqui.
COMPLEXO DE INFERIORIDADE – É a
incapacidade de superar o sentimento de inferioridade intensificado. É a
situação que surge quando uma pessoa não consegue compensar seu sentimento
normal de inferioridade.
As três fontes do complexo de
inferioridade estão na infância e são: inferioridade orgânica, mimo excessivo e
negligência.
A inferioridade orgânica: as partes do
corpo ou órgãos do corpo moldam a personalidade por meio do esforço da pessoa
para compensar o defeito ou a fraqueza na infância. Os esforços para superar a
inferioridade orgânica podem resultar em extraordinários feitos artísticos, atléticos
e sociais, mas se não forem bem-sucedidos poderão levar a um complexo de inferioridade.
Mimar uma criança suscita um complexo de
inferioridade porque elas são o centro das atenções em casa. Todos os seus
desejos e necessidades são satisfeitos e pouco lhes é negado. Desenvolve-se a
ideia de que são as pessoas mais importantes em qualquer situação e que os
demais precisam sempre se submeter a elas. Quando passam a não ser mais o foco
das atenções, é um choque para o qual não estão preparadas, sendo, pois,
pessoas com pouco traquejo social, impacientes com os outros. Nunca aprenderam
a esperar pelo que querem nem a superar dificuldades, achando que devem ter
alguma deficiência que as está frustrando.
Nesse complexo as pessoas possuem uma
opinião ruim sobre si mesmas, sentem-se incapazes de lidar com as demandas da
vida.
COMPLEXO DE SUPERIORIDADE – É a situação
que se cria quando uma pessoa supercompe3nsa sensações de inferioridade
normais. Envolve uma supercompensação e uma opinião exagerada da capacidade e
realizações da pessoa, que pode se sentir internamente satisfeita e superior, e
não ter necessidade de demonstrar a sua superioridade com realizações, ou
sentir essa necessidade e se empenhar para se tornar extremamente bem-sucedida.
São pessoas que são dadas a se gabar, à vaidade, ao egocentrismo e a uma
tendência a denegrir os outros.
A noção de luta pela superioridade: é a
ânsia pela perfeição ou inteireza que motiva cada uma das pessoas. É a meta
inerente, a busca de inteireza ou conclusão orientada para o futuro e traz o
fato de que é fundamental da vida, pois é o ideal objetivo a ser perseguido. O significado
de superioridade é o de um impulso para buscar a perfeição: busca-se a
superioridade num esforço para aperfeiçoar e tornar completo ou inteiro.
A motivação é vista como expectativas
para o futuro, sob o argumento de que os instintos e impulsos primordiais são
insuficientes. Só a meta principal da superioridade ou perfeição explica a
personalidade e o comportamento.
A luta pela superioridade aumenta a
tensão ao invés de diminuir e a busca pela perfeição requer um grande dispêndio
de energia e esforço; a luta pela superioridade é manifestada tanto pelo
individuo como pela sociedade.
FINALISMO DE FICÇÃO – É a ideia que
existe uma meta imaginada ou potencial que rege o comportamento humano. Para Adler,
os seres humanos buscam constantemente a meta ficcional e ideal de perfeição. As
ideias ficcionais regem o comportamento humano. O finalismo é a ideia de meta
principal, um estado final de ser e uma necessidade de caminha na direção dele.
As metas são as potencialidades: lutamos por ideais que existem em nós
subjetivamente. A melhor formulação desse ideal criada pelos seres humanos até
agora foi o conceito de Deus: meta final subjetiva ou guia do self ideal.
ESTILO DE VIDA – É a estrutura ou padrão
de comportamentos e características de caráter peculiar pelo qual se busca a
perfeição. O estilo de vida torna-se a estrutura guia de todos os
comportamentos posteriores.
As categorias de problemas universais: os
que envolvem o nosso comportamento para os outros; os ocupacionais e os
amorosos.
Entre os estilos de vida básicos estão o
dominador, o dependente, o esquivo e os tipos socialmente úteis.
O estilo de vida dominador: é aquele que
apresenta uma atitude dominadora com pouca consciência social e sem
consideração pelos outros. Quando chega a ser extremo torna-se sádico,
delinquente ou psicopata. O menos violento se torna alcoólatra, viciado em
drogas ou suicida. Acreditam que podem magoar os outros atacando a si mesmos.
O estilo de vida dependente é o mais
comum e que espera ser satisfeito por outras pessoas e, portanto, se torna
dependente delas.
O estilo de vida esquivo não tenta
enfrentar os problemas da vida, evitando dificuldades e, ao mesmo tempo,
evitando qualquer possibilidade de fracasso.
Os estilos de vida dominador, dependente
e esquivo não estão preparados para lidar com os problemas da vida cotidiana,
não conseguem colaborar com outras pessoas e o choque entre o seu estilo de
vida e o mundo real resulta num comportamento anormal, que se manifesta na
forma de neuroses e psicoses, faltando-lhes o interesse social.
O estilo de vida socialmente útil
colabora com os outros e age de acordo com as necessidades deles, sabe lidar
com os problemas dentro de uma estrutura bem desenvolvida de interesse social. Veja
mais aqui.
INTERESSE SOCIAL – É o potencial inato da
pessoa em ajudar outra a atingir as metas pessoais e sociais. O papel da mãe é
fundamental no desenvolvimento do interesse social: a mãe precisa ensinar à
criança a colaboração, o companheirismo e a coragem. A ausência desse interesse
social podem tornar as pessoas neuróticas e até criminosas, bem como trazer
malefícios que vão desde a guerra até o ódio racional e embriaguez em público.
A Escala de Interesse Social (SIS) é
composta de pares de adjetivos, no qual os participantes da pesquisa escolhem
a palavra de cada par que melhor descreve um atributo que eles gostariam de
ter.
O Índice de Interesse Social (SII) é um
inventario no qual os participantes da pesquisa julgam até que ponto as
afirmações são uma representação de si mesmas ou de suas características pessoais.
As Escalas Adlerianas Básicas de Sucesso
Interpessoal (Versão A – BASIS-A) é um inventário de sessenta e cinco itens
planejado para avaliar o estilo de vida e o grau de interesse social. As cinco
dimensões de personalidade medidas são: ter interesse social, acompanhar,
assumir o comando, querer reconhecimento, ser cauteloso.
O interesse social pode ser bom para a
saúde de modo geral e com seus sentimentos relativos de pertencer, cooperar e
com senso de contribuir ou de receber apoio de uma rede social tem sido
associado positivamente ao bem-estar psíquico e mental.
PODER CRIATIVO DO SELF – É a habilidade
de criar um estilo de vida apropriado.
A ORDEM DO NASCIMENTO - A ordem do nascimento tem grande influencia
social na infância, influencia a partir da qual é criado o estilo de vida.
O primeiro filho ou primogênito
encontra-se numa posição singular e invejável porque, em geral, os pais felizes
com o seu nascimento, dedicam-lhe tempo e atenção consideráveis, o que os leva
a ter uma existência feliz e segura até o surgimento do segundo filho. Todos os
primogênitos sentem o choque da mudança da sua posição na família, mas os que
foram excessivamente mimados sentem muito mais.
O segundo filho é aquele que causa
revolta na vida do primogênito e se encontra numa situação singular: nunca teve
a posição de poder usufruída pelos primogênitos, não tendo a sensação de
destronamento e vivem a mudança de experiência dos pais. Ele tem no irmão mais
velho um determinador do ritmo, sendo o seu modelo, ameaça ou fonte de
competição.
O filho caçula nunca enfrenta o choque do
destronamento e geralmente se tornam os queridinhos da família. Eles se
desenvolvem muito rapidamente e se forem excessivamente mimados passam a char
que não precisam aprender a fazer nada por conta própria, razão pela qual podem
preservar o desamparo da infância e na condição de não habituadas a lutar e de
serem cuidadas, passam a ter dificuldade em se ajustar à idade adulta.
O filho único é o centro da atenção,
amadurecem cedo e manifestam comportamentos e atitudes adultos. Tendem a enfrentar
dificuldades quando descobrem que não são o centro das atenções fora de casa,
não aprendem a compartilhar e a competir e se sentirão desapontados que suas
habilidades não lhe trouxerem reconhecimento e atenção suficientes.
AS PRIMEIRAS LEMBRANÇAS – Técnica de
avaliação de personalidade no que se presume que as primeiras lembranças, quer
seja de eventos reais, quer seja de fantasia, revelam o interesse básico da
vida. São, portanto, os indicadores individuais mais satisfatórios do estilo de
vida. Assim, a personalidade é criada durante os primeiros quatro ou cinco anos
de vida. As primeiras lembranças revelam aspectos importantes e influentes na
personalidade.
ANÁLISE DOS SONHOS – Os sonhos envolvem
os sentimentos sobre um problema atual e o que se planeja fazer a respeito. Na fantasia
dos sonhos acredita-se que se pode superar os obstáculos mais difíceis da vida
ou simplificar o problema mais complexo.
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Paulo: Cengage Learning, 2014.