APRENDIZAGEM
– A aprendizagem é o processo por meio do qual a experiência e a prática geram
uma alteração relativamente permanente no comportamento efetivo ou potencial. Do
ponto de vista do desenvolvimento, o conhecimento humano reúne as habilidades
que se acumulam durante toda vida. Em vista disso, a aprendizagem é interativa
porque ocorre por meio da interação ativa com o ambiente, sendo, portanto, a
maneira pela qual se dá a capacidade de uso de aprendizagens anteriores que
dependem de circunstancias atuantes no momento presente.
CONDICIONAMENTO
REFLEXO, CLÁSSICO OU RESPONDENTE – Também denominado de reflexo aprendido, foi
criado pelo fisiologista russo Ivan Pavlov, é um tipo de aprendizagem
associativa e é seletivo deixando evidenciado que para que ele ocorra são
necessários repetidos emparelhamentos.
O
condicionamento clássico é usado para modificar uma reação indesejada.
Os
intervalos são importantes para estabelecer uma resposta condicionada.
O
emparelhamento intermitente se dá quando ocorre um estímulo condicionado (EC) e
um estímulo não condicionado (ENC), reduzindo tanto a velocidade de
aprendizagem como a intensidade final da resposta
John
Watson utilizou-se desse tipo de condicionamento para tratar do pequeno Albert.
Mary
Cover Jones demonstrou uma maneira de perder os medos pelo método utilizado por
Watson. Ela foi pioneira nesse procedimento ao emparelhar a temida imagem de um
rato com o agradável ato de comer doces.
Joseph
Wolpe adaptou o método de Jones para tratamento de certos tipos de ansiedade,
deduzindo que os medos irracionais são aprendidos ou condicionados, também
podem ser desaprendidos por meio do condicionamento. Esse procedimento gerou a
terapia da dessensibilização. Essa teoria compreende o sistema de profundo relaxamento
muscular, elaborando uma lista de situações que instigam diversos graus de medo
ou ansiedade, que vão desde as intensamente produzidas até as que são pouco
assustadoras.
Martin
Seligman concebeu o conceito de predisposição, segundo o qual algumas coisas
imediatamente se tornam estímulos condicionados a reações de medo porque possui
predisposição biológica para aprender essas associações. Por meio desse
conceito ele explica o fato de certas respostas condicionadas serem adquiridas
tão facilmente. A facilidade com a qual se desenvolve a aversão condicionada ao
sabor, ilustra a ocorrência da predisposição. Assim, a aversão ao sabor é a
sensação de náusea ou repulsão que são adquiridas de forma muito rápida. Também
denominado de Efeito de Sauce Bearnaise por Martin Seligman, basta um
emparelhamento de um sabor com o mal estar para que ele seja evidenciado.
CONDICIONAMENTO
OPERANTE OU INSTRUMENTAL – Esse tipo de condicionamento consiste em aprender a
emitir ou a inibir uma certa resposta em razão das consequências que ela pode
ter. os comportamentos operantes são diferentes das respostas envolvidas no
condicionamento clássico porque são emitidos voluntariamente, ao passo que
estas são produzidas por estímulo.
Edward
Lee Thorndike concebeu a abordagem experimental denominada de Conexionismo,
evidenciando conexões entre estímulos e resposta (E – R), alegando que a
aprendizagem envolve uma reflexão inconsciente, utilizando-se de uma
caixa-problema para demonstração de sua teoria. A sua conclusão levou ao entendimento
de que tendências de respostas mal sucedidas tornam-se menos frequentes,
enquanto as de êxito eram incorporadas.
LEI
DO EFEITO – Para Thorndike, essa lei compreende que todo ato que atua numa dada
situação produz satisfação, ficando associada a essa situação, de maneira que
quando a situação se repetir, o ato terá maior probabilidade de novamente
ocorrer. As conexões E – R são fortalecidas se forem seguidas de recompensas e
enfraquecidas se acompanhadas de punição. Inversamente, se causa desconforto
terá maior probabilidade de não se repetir.
LEI
DO EXERCICIO OU DE USO E DESUSO – Segundo essa lei, toda resposta dada numa
situação particular fica associada a essa situação. Quanto mais usada, mais
fortemente a resposta associada. Inversamente, o desuso prolongado da resposta,
enfraquece a associação. A melhoria só ocorre se for seguida de uma informação
retroativa positiva ou recompensa. A pratica sem conhecimento das consequências
do ato não possui efeito sobre a aprendizagem.
INSIGHT
E MÉTODO TOP-DOWN - Wolfgang Kohler estudou macacos antropoides sobre a
capacidade de resolução de problemas dos chipanzés. As soluções exigiam o
método indireto, o experimento denominado de insight dos chipanzés. O insight é
a habilidade para conceituar um problema de um modo único que permita a
resolução. A solução do problema era empilhar caixotes colocando um sobre o
outro até alcançar o cacho de banana. O método top-down enfatiza a natureza
estruturada, planejada e conceitual em vez da tentativa e erro. A aprendizagem
anterior pode ser frequentemente utilizada para ajudar a solução de problemas
por insight, tendo sido demonstrado por Harry Harlow que concluiu a atividade
de aprender a aprender, estabelecendo um contexto de aprendizagem relacionada
ao problemas. A aprendizagem por insight é particularmente importante para os
seres humanos que precisam aprender não apenas coisas corriqueiras, mas também
das ideias éticas e culturais tão complexas quanto o valor do trabalho árduo, a
ajuda ao próximo, entre outros.
Outros
importantes nomes do condicionamento instrumental foram Hull, Tolman, Spence e
Skinner.
Foi
Edward Chace Tolman um dos pioneiros da aprendizagem cognitiva, argumentando
que não é necessário exibir a aprendizagem para que ela tenha ocorrido. Ele
batizou de aprendizagem latente a aprendizagem que não é aparente porque ainda
não foi demonstrada. Essa aprendizagem encontra-se armazenada internamente a
ainda não reflete no comportamento. Os psicólogos propuseram que esse tipo de
aprendizagem fica armazenado sob a forma de uma imagem mental, ou mapa
cognitivo. Quando chega o momento adequado, o sujeito é capaz de se lembrar da
imagem armazenada e colocá-la em uso.
REFORÇO
– É um tipo de consequência do comportamento que aumenta a probabilidade de
determinado comportamento se repetir. Relação entre o organismo e o ambiente na
qual o organismo emite uma resposta por meio do comportamento e produz
alterações no ambiente. O reforço são estímulos cuja apresentação aumenta a
probabilidade de um comportamento.
Quando
uma consequência aumenta a probabilidade de ocorrência de um comportamento
operante, é chamada de reforçadora. Quando diminui essa probabilidade é chamada
de punidora. Essas relações constituem a base da lei do efeito ou princípio do reforçamento,
considerando que comportamentos sempre recompensados têm grande probabilidade
de se repetir, ao passo que comportamento sempre punidos tendem a ser
eliminados.
Os
reforçadores positivos aumentam a probabilidade de ocorrência de um comportamento
por adicionar algo recompensador à situação.
Os
reforçadores negativos provocam o mesmo efeito ao subtrair da situação algo
desagradável.
Quando
uma ação é imediatamente seguida de um reforçador, tendemos a repeti-la, mesmo
que ela não tenha, na verdade, produzido esse reforço. Tal comportamento é
chamado de supersticioso.
A
punição é caracterizada por qualquer evento que diminua a probabilidade de nova
ocorrência do comportamento que o precede. Às vezes, depois que a punição é
aplicada algumas vezes, não é necessário continuá-la porque a simples ameaça de
que ela venha o ocorrer é suficiente. Esse processo é chamado de treinamento de
esquiva.
A
contingencia é a possibilidade de que algo se realize ou não, sendo, portanto,
uma eventualidade, acaso, casualidade, possibilidade. No condicionamento
operante, as contingências ocorrem entre as respostas e as consequências. As
contingências entre repostas e crecompensas são chamadas de esqueças de
reforçamento. A contingência de reforço ocorre quando as alterações no ambiente
aumentam a probabilidade do comportamento que as produzem voltar a ocorrer na
relação do organismo e o meio.
A
contingência de três termos é a unidade básica do controle do comportamento
operante. Fórmula: estímulo discriminativo – resposta – consequência.
Na
contingência tríplice todos os comportamentos operantes, do mais simples, ao
mais complexo, são analisados de acordo com a contingencia tríplice: uma
ocasião, uma resposta e uma consequência. Fórmula: O – R – C.
Os
tipos de estímulos são neutro, condicionado e incondicionado. Possuem relação
com o comportamento e as características físicas ou a natureza de um estimulo
não podem qualifica-lo como reforçador. Para determinar um reforço ou
reforçador deve-se considerar a relação entre o comportamento e a consequência,
bem como se ela afeta um determinado comportamento no aumento de sua
possibilidade de ocorrência.
Os
tipos de reforço são naturais e artificiais. Os naturais são aqueles em que a
consequência reforçada é um produto direto do próprio comportamento. Os
artificiais ou arbitrários são aqueles em que a consequência reforçada é um
produto indireto do comportamento.
Os
efeitos do reforço são aumentar a frequência de um comportamento reforçado,
diminuição da frequência de outros comportamentos e diminuição da variabilidade
na topografia (forma) da resposta do comportamento reforçado.
No
processo de modelagem o reforço ocorre por meio de aproximações sucessivas em
relação à resposta desejada.
O
determinante do comportamento operante é a sua consequência que não ocorre no
vácuo, os eventos antecedentes também influenciam a probabilidade ocorrência de
um comportamento operante. Estímulos associados ao reforço aumentam a
probabilidade do comportamento ocorrer quando apresentado e os estímulos que
sinalizam a extinção ou punição diminuem sua ocorrência.
Assim
o comportamento operante é aquele que produz mudanças no ambiente e que é
afetado por eles.
O
comportamento operante discriminado é aquele que se emitidos em um determinado
contexto, produzirão consequências reforçadoras.
A
discriminação operante é o processo comportamental básico no qual as respostas
específicas ocorrem apenas na presença de estímulos específicos.
No
condicionamento discriminado o estimulo fornece contexto, dando chances para
que a resposta ocorra.
CONTROLE
DE ESTÍMULOS – O ambiente apenas altera a probabilidade de ocorrência do
comportamento. Assim, o controle de estímulos refere-se à influencia dos
estímulos antecedentes sobre o comportamento, considerando-se o efeito que o
contexto tem sobre o comportamento.
Os
estímulos discriminativos são os estímulos que são apresentados antes do
comportamento e controlam sua ocorrência. Sinalizam que uma dada resposta será
reforçada.
Os
estímulos delta sinalizam que uma resposta não será reforçada, sinalizando
indisponibilidade do reforço ou extinção.
O
treino discriminativo consiste em reforçar um comportamento de um estímulo
discriminativo e extinguir a presença de um estímulo delta, chamando-se
reforçamento diferencial.
Um
controle discriminativo de estímulos é estabelecido quando determinado
comportamento tem alta probabilidade de ocorrer na presença de um estímulo
discriminativo e baixa probabilidade na presença de estímulos delta;
APRENDIZAGEM
COGNITIVA – Essa aprendizagem se refere aos processos mentais que acontecem no
interior do ser humano quando aprende algo. A aprendizagem latente é qualquer
conhecimento adquirido que ainda não foi demonstrado no comportamento. Um dos
tipos de aprendizagem latente é o conhecimento da disposição espacial e das
relações, que geralmente fica armazenado sob a forma de um mapa cognitivo. Um
contexto de aprendizagem é um conceito ou procedimento que fornece a chave para
a resolução de um problema, mesmo quando as exigências do problema sejam
ligeiramente diferentes das exigências daqueles que já foi resolvido no
passado. Os teóricos da aprendizagem social argumento que se aprende muito por
meio da observação de outras pessoas que servem de modelos de comportamento ou
simplesmente escutando algo. Esse processo é chamado de aprendizagem por
observação ou vicária.
O
principal propositor da teoria da aprendizagem social é Albert Bandura que se
refere como teoria cognitiva social. Essa teoria dá ênfase às expectativas, aos
insights e às informação ampliando a compreensão sobre como as pessoas
aprendem. De acordo com ela, os seres humanos empregam sua capacidade de
observação e pensamento para interpretar suas próprias experiências, bem como
as de outras pessoas, ao decidir seu modo de agir. Essa importante perspectiva
pode ser aplicada à aprendizagem de muitas coisas diferentes, desde habilidades
e tendências comportamentais até atitudes, valores e ideias.
REFERÊNCIAS
ATKINSON,
Richard; HILGARD, Ernest; ATKINSON, Rita; BEM, Daryl; HOEKSENA, Susan.
Introdução à Psicologia. São Paulo: Cengage, 2011.
DAVIDOFF, Linda. Introdução à Psicologia. São Paulo: Pearson Makron Books, 2001.
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Porto Alegre: Artmed, 2005.
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MORRIS,
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2004.
MYERS,
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SCHULTZ,
Duane; SCHULTZ, Sydney. Historia da psicologia moderna.São Paulo: Cengage
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