domingo, 21 de julho de 2013

MOMENTOS DE REFLEXÃO –MORIN, BAUDRILLARD, BATAILLE, KELNER, ANAXIMANDRO & UPANIXADES


OS UPANIXADES
A felicidade é para um o que é para os outros. Devo fazer aos outros o que faço a mim.
(Escrituras Shruti hindus)

ANAXIMANDRO DE MILETO (610 e 547 a.C)
O apeíron é o principio e o elemento das coisas existentes. Pois tudo ou é principio ou procede de um princípio, mas do ilimitado não há principio: se houvesse, seria seu limite. E ainda: sendo princípio, deve também ser não-engendrado e o indestrutível, porque o que foi gerado necessariamente tem fim e há um término para toda destruição. [...] O verdadeiro critério para o julgamento de cada homem é ser ele propriamente um ser que absolutamente não deveria existir, mas se penitencia de sua existência pelo sofrimento multiforme e pela morte: o que se pode esperar de um tal ser? Não somos todos pecadores condenados à morte? Penitenciamo-nos de nosso nascimento, em primeiro lugar, pelo viver e, em segundo lugar, pelo morrer. O que vale vosso existir? E, se nada vale, para que estás aí? Por vossa culpa, observo eu, demorais-vos nessa existência. Com a morte tereis de expiá-la.

CHARLES DUMOULIN (1500–1566)
A prática comercial diária mostra que a utilidade do uso de uma soma considerável de dinheiro não é pequena... nem os campos frutificam sozinhos, sem gastos, trabalho e industria dos homens; o dinheiro, da mesma forma, ainda que deva ser devolvido dentro de um prazo, proporciona nesse período um produto considerável, pela industria do homem. E por vezes priva a quem empresta de tudo aquilo que traz a quem o toma emprestado... Portanto, toda a condenação, todo o ódio à usura, devem ser compreendidos como aplicáveis à usura excessiva e absurda, não à usura moderada e aceitável.
(De um advogado francês do séc. XVI justificando a usura, recolhido do livro História da riqueza do homem, de Leo Huberman)

JEAN BAUDRILLARD (1929-2007)
Existe uma fábula de Nasreddin na qual ele é visto todos os dias passar a fronteira com mulas carregadas de sacos. Cada vez que passa, ele é revistado, inspecionam os sacos, mas não se encontra nada. E Nasreddin continua a passar a fronteira com suas mulas. Muito depois, perguntaram-lhe o que é que ele poderia estar contrabandeando. E Nasreddin responde: “Eu fazia contrabando de mulas”.

GEORGES BATAILLE (1897-1962)
[...] Creio que o erotismo tem para os homens um sentido que o esforço cientifico não pode atingir. O erotismo só pode ser considerado se levarmos o homem em consideração. [...] o erotismo é a aprovação da vida até a morte.

EDGAR MORIN (1921)
[...] Não partilho nada da fé da religião revelada. Espinoza fez o ato filosófico mais importante dos tempos modernos, isto é, ele suprimiu o Deus exterior ao mundo e criador do mundo a partir do exterior, como uma espécie de arquiteto, de produtor para dizer que a força criadora está no interior do mundo físico, isto é, ele suprimiu o que se chama de transcendência, um Deus superior e exterior, para conceber uma força criadora que está na natureza e no mundo. E é essa filosofia, que encontramos em Hegel e em outros, que me convém.

DOUGLAS KELLNER (1943)
[...] profundas questões filosóficas sobre a natureza da realidade, da subjetividade e do ser humano no mundo da tecnologia: o que é autenticamente humano quando se tornam indefinidas as fronteiras entre a humanidade e tecnologia? O que sobre das noções de autenticidade e identidade numa implosão programa entre tecnologia e ser humano? O que é realidade, se ela é capaz de tanta simulação? De que modo a realidade está hoje sendo corroída, e quais são as consequências disso? Certamente, William Gibson não responde a essas perguntas, mas pelo menos suas obras as formulam e nos obrigam a pensar nelas.
(A cultura da mídia)