FRANCIS BACON (1561-1626)
[...] deve ser
lembrado que todas as investigações diligentes e toda coleta de fatos
empreendidas pela história natural devem mudar de direção e voltarem-se para um
fim contrario àquelas para os quais ora são dirigidas. Até agora os homens
tiveram grande curiosidade por conhece3r a verdade das coisas e por explicar de
modo apurado as diferenças existentes entre os animais, entre as ervas e entre
os fósseis. Tais diferenças, na maior parte, são como que caprichos da natureza
e não coisas de alguma utilidade para a ciência. Prestam-se, certamente, ao
divertimento, às vezes servem à prática, mas muito pouco ou nada para a
prospecção da natureza. Por isso toda obra deve voltar-se inteiramente para a
investigação e a observação das semelhanças e das analogias, seja no todo ou
nas partes. Estas são, com efeito, as que conferem unidade à natureza e dão
inicio à constituição da ciência.
(Aforismo)
KARL MARX (1818-1883)
A questão de
saber se cabe ao pensamento humano uma verdade objetiva não é teórica, mas
prática. É na práxis que o homem deve demonstrar a verdade, isto é, a realidade
e o poder, o caráter terreno de seu pensamento. A disputa entre a realidade ou
não realidade do pensamento isolado da práxis – é uma questão puramente
escolástica.
(Manuscritos econômicos e filosóficos e outros textos escolhidos)
FERNANDO PESSOA (1888-1935)
[...] Eu quero
ser sempre aquilo com quem simpatizo, eu torno-me sempre, mais tarde ou mais
cedo, aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia, seja uma flor ou
uma ideia abstrata, seja uma multidão ou um modo de compreender Deus. E eu
simpatizo com tudo, vivo de tudo em tudo, são-me simpáticos os homens
superiores porque são superiores, e são-me simpáticos os homens inferiores
porque são superiores também. Porque ser inferior é diferente de ser superior. E
por isso é uma superioridade a certos momentos de visão.
(Passagem das horas)
JEAN LOJKINE
A invenção
científica moderna, com efeito, não pode vir à luz e se desenvolver senão por
um trabalho de equipe e diante formas de cooperação que nada tem a ver com a
troca de mercadorias entre proprietários privados. A informação assim criada,
assentada num trabalho cada vez mais coletivo, não pode ser conservada e, menos
ainda, ser enriquecida se for apropriada privadamente: ela perde seu valor (de
uso), seguindo, nisto, a lei da entropia, se for simplesmente acumulada,
estocada como mercadoria.
(A revolução informacional)
ANTONIO JOAQUIM SEVERINO
O modo de existir
humano não pode prescindir da continua e sempre crescente contribuição do
conhecimento.
(O poder da verdade e a verdade do saber)