quinta-feira, 16 de outubro de 2014

APRENDIZAGEM



APRENDIZAGEM – A aprendizagem é o processo por meio do qual a experiência e a prática geram uma alteração relativamente permanente no comportamento efetivo ou potencial. Do ponto de vista do desenvolvimento, o conhecimento humano reúne as habilidades que se acumulam durante toda vida. Em vista disso, a aprendizagem é interativa porque ocorre por meio da interação ativa com o ambiente, sendo, portanto, a maneira pela qual se dá a capacidade de uso de aprendizagens anteriores que dependem de circunstancias atuantes no momento presente.

CONDICIONAMENTO REFLEXO, CLÁSSICO OU RESPONDENTE – Também denominado de reflexo aprendido, foi criado pelo fisiologista russo Ivan Pavlov, é um tipo de aprendizagem associativa e é seletivo deixando evidenciado que para que ele ocorra são necessários repetidos emparelhamentos.
O condicionamento clássico é usado para modificar uma reação indesejada.
Os intervalos são importantes para estabelecer uma resposta condicionada.
O emparelhamento intermitente se dá quando ocorre um estímulo condicionado (EC) e um estímulo não condicionado (ENC), reduzindo tanto a velocidade de aprendizagem como a intensidade final da resposta
John Watson utilizou-se desse tipo de condicionamento para tratar do pequeno Albert.
Mary Cover Jones demonstrou uma maneira de perder os medos pelo método utilizado por Watson. Ela foi pioneira nesse procedimento ao emparelhar a temida imagem de um rato com o agradável ato de comer doces.
Joseph Wolpe adaptou o método de Jones para tratamento de certos tipos de ansiedade, deduzindo que os medos irracionais são aprendidos ou condicionados, também podem ser desaprendidos por meio do condicionamento. Esse procedimento gerou a terapia da dessensibilização. Essa teoria compreende o sistema de profundo relaxamento muscular, elaborando uma lista de situações que instigam diversos graus de medo ou ansiedade, que vão desde as intensamente produzidas até as que são pouco assustadoras.
Martin Seligman concebeu o conceito de predisposição, segundo o qual algumas coisas imediatamente se tornam estímulos condicionados a reações de medo porque possui predisposição biológica para aprender essas associações. Por meio desse conceito ele explica o fato de certas respostas condicionadas serem adquiridas tão facilmente. A facilidade com a qual se desenvolve a aversão condicionada ao sabor, ilustra a ocorrência da predisposição. Assim, a aversão ao sabor é a sensação de náusea ou repulsão que são adquiridas de forma muito rápida. Também denominado de Efeito de Sauce Bearnaise por Martin Seligman, basta um emparelhamento de um sabor com o mal estar para que ele seja evidenciado.

CONDICIONAMENTO OPERANTE OU INSTRUMENTAL – Esse tipo de condicionamento consiste em aprender a emitir ou a inibir uma certa resposta em razão das consequências que ela pode ter. os comportamentos operantes são diferentes das respostas envolvidas no condicionamento clássico porque são emitidos voluntariamente, ao passo que estas são produzidas por estímulo.
Edward Lee Thorndike concebeu a abordagem experimental denominada de Conexionismo, evidenciando conexões entre estímulos e resposta (E – R), alegando que a aprendizagem envolve uma reflexão inconsciente, utilizando-se de uma caixa-problema para demonstração de sua teoria. A sua conclusão levou ao entendimento de que tendências de respostas mal sucedidas tornam-se menos frequentes, enquanto as de êxito eram incorporadas.

LEI DO EFEITO – Para Thorndike, essa lei compreende que todo ato que atua numa dada situação produz satisfação, ficando associada a essa situação, de maneira que quando a situação se repetir, o ato terá maior probabilidade de novamente ocorrer. As conexões E – R são fortalecidas se forem seguidas de recompensas e enfraquecidas se acompanhadas de punição. Inversamente, se causa desconforto terá maior probabilidade de não se repetir.

LEI DO EXERCICIO OU DE USO E DESUSO – Segundo essa lei, toda resposta dada numa situação particular fica associada a essa situação. Quanto mais usada, mais fortemente a resposta associada. Inversamente, o desuso prolongado da resposta, enfraquece a associação. A melhoria só ocorre se for seguida de uma informação retroativa positiva ou recompensa. A pratica sem conhecimento das consequências do ato não possui efeito sobre a aprendizagem.

INSIGHT E MÉTODO TOP-DOWN - Wolfgang Kohler estudou macacos antropoides sobre a capacidade de resolução de problemas dos chipanzés. As soluções exigiam o método indireto, o experimento denominado de insight dos chipanzés. O insight é a habilidade para conceituar um problema de um modo único que permita a resolução. A solução do problema era empilhar caixotes colocando um sobre o outro até alcançar o cacho de banana. O método top-down enfatiza a natureza estruturada, planejada e conceitual em vez da tentativa e erro. A aprendizagem anterior pode ser frequentemente utilizada para ajudar a solução de problemas por insight, tendo sido demonstrado por Harry Harlow que concluiu a atividade de aprender a aprender, estabelecendo um contexto de aprendizagem relacionada ao problemas. A aprendizagem por insight é particularmente importante para os seres humanos que precisam aprender não apenas coisas corriqueiras, mas também das ideias éticas e culturais tão complexas quanto o valor do trabalho árduo, a ajuda ao próximo, entre outros.

Outros importantes nomes do condicionamento instrumental foram Hull, Tolman, Spence e Skinner.
Foi Edward Chace Tolman um dos pioneiros da aprendizagem cognitiva, argumentando que não é necessário exibir a aprendizagem para que ela tenha ocorrido. Ele batizou de aprendizagem latente a aprendizagem que não é aparente porque ainda não foi demonstrada. Essa aprendizagem encontra-se armazenada internamente a ainda não reflete no comportamento. Os psicólogos propuseram que esse tipo de aprendizagem fica armazenado sob a forma de uma imagem mental, ou mapa cognitivo. Quando chega o momento adequado, o sujeito é capaz de se lembrar da imagem armazenada e colocá-la em uso.

REFORÇO – É um tipo de consequência do comportamento que aumenta a probabilidade de determinado comportamento se repetir. Relação entre o organismo e o ambiente na qual o organismo emite uma resposta por meio do comportamento e produz alterações no ambiente. O reforço são estímulos cuja apresentação aumenta a probabilidade de um comportamento.
Quando uma consequência aumenta a probabilidade de ocorrência de um comportamento operante, é chamada de reforçadora. Quando diminui essa probabilidade é chamada de punidora. Essas relações constituem a base da lei do efeito ou princípio do reforçamento, considerando que comportamentos sempre recompensados têm grande probabilidade de se repetir, ao passo que comportamento sempre punidos tendem a ser eliminados.
Os reforçadores positivos aumentam a probabilidade de ocorrência de um comportamento por adicionar algo recompensador à situação.
Os reforçadores negativos provocam o mesmo efeito ao subtrair da situação algo desagradável.
Quando uma ação é imediatamente seguida de um reforçador, tendemos a repeti-la, mesmo que ela não tenha, na verdade, produzido esse reforço. Tal comportamento é chamado de supersticioso.
A punição é caracterizada por qualquer evento que diminua a probabilidade de nova ocorrência do comportamento que o precede. Às vezes, depois que a punição é aplicada algumas vezes, não é necessário continuá-la porque a simples ameaça de que ela venha o ocorrer é suficiente. Esse processo é chamado de treinamento de esquiva.
A contingencia é a possibilidade de que algo se realize ou não, sendo, portanto, uma eventualidade, acaso, casualidade, possibilidade. No condicionamento operante, as contingências ocorrem entre as respostas e as consequências. As contingências entre repostas e crecompensas são chamadas de esqueças de reforçamento. A contingência de reforço ocorre quando as alterações no ambiente aumentam a probabilidade do comportamento que as produzem voltar a ocorrer na relação do organismo e o meio.
A contingência de três termos é a unidade básica do controle do comportamento operante. Fórmula: estímulo discriminativo – resposta – consequência.
Na contingência tríplice todos os comportamentos operantes, do mais simples, ao mais complexo, são analisados de acordo com a contingencia tríplice: uma ocasião, uma resposta e uma consequência. Fórmula: O – R – C.
Os tipos de estímulos são neutro, condicionado e incondicionado. Possuem relação com o comportamento e as características físicas ou a natureza de um estimulo não podem qualifica-lo como reforçador. Para determinar um reforço ou reforçador deve-se considerar a relação entre o comportamento e a consequência, bem como se ela afeta um determinado comportamento no aumento de sua possibilidade de ocorrência.
Os tipos de reforço são naturais e artificiais. Os naturais são aqueles em que a consequência reforçada é um produto direto do próprio comportamento. Os artificiais ou arbitrários são aqueles em que a consequência reforçada é um produto indireto do comportamento.
Os efeitos do reforço são aumentar a frequência de um comportamento reforçado, diminuição da frequência de outros comportamentos e diminuição da variabilidade na topografia (forma) da resposta do comportamento reforçado.
No processo de modelagem o reforço ocorre por meio de aproximações sucessivas em relação à resposta desejada.
O determinante do comportamento operante é a sua consequência que não ocorre no vácuo, os eventos antecedentes também influenciam a probabilidade ocorrência de um comportamento operante. Estímulos associados ao reforço aumentam a probabilidade do comportamento ocorrer quando apresentado e os estímulos que sinalizam a extinção ou punição diminuem sua ocorrência.
Assim o comportamento operante é aquele que produz mudanças no ambiente e que é afetado por eles.
O comportamento operante discriminado é aquele que se emitidos em um determinado contexto, produzirão consequências reforçadoras.
A discriminação operante é o processo comportamental básico no qual as respostas específicas ocorrem apenas na presença de estímulos específicos.
No condicionamento discriminado o estimulo fornece contexto, dando chances para que a resposta ocorra.

CONTROLE DE ESTÍMULOS – O ambiente apenas altera a probabilidade de ocorrência do comportamento. Assim, o controle de estímulos refere-se à influencia dos estímulos antecedentes sobre o comportamento, considerando-se o efeito que o contexto tem sobre o comportamento.
Os estímulos discriminativos são os estímulos que são apresentados antes do comportamento e controlam sua ocorrência. Sinalizam que uma dada resposta será reforçada.
Os estímulos delta sinalizam que uma resposta não será reforçada, sinalizando indisponibilidade do reforço ou extinção.
O treino discriminativo consiste em reforçar um comportamento de um estímulo discriminativo e extinguir a presença de um estímulo delta, chamando-se reforçamento diferencial.
Um controle discriminativo de estímulos é estabelecido quando determinado comportamento tem alta probabilidade de ocorrer na presença de um estímulo discriminativo e baixa probabilidade na presença de estímulos delta;

APRENDIZAGEM COGNITIVA – Essa aprendizagem se refere aos processos mentais que acontecem no interior do ser humano quando aprende algo. A aprendizagem latente é qualquer conhecimento adquirido que ainda não foi demonstrado no comportamento. Um dos tipos de aprendizagem latente é o conhecimento da disposição espacial e das relações, que geralmente fica armazenado sob a forma de um mapa cognitivo. Um contexto de aprendizagem é um conceito ou procedimento que fornece a chave para a resolução de um problema, mesmo quando as exigências do problema sejam ligeiramente diferentes das exigências daqueles que já foi resolvido no passado. Os teóricos da aprendizagem social argumento que se aprende muito por meio da observação de outras pessoas que servem de modelos de comportamento ou simplesmente escutando algo. Esse processo é chamado de aprendizagem por observação ou vicária.
O principal propositor da teoria da aprendizagem social é Albert Bandura que se refere como teoria cognitiva social. Essa teoria dá ênfase às expectativas, aos insights e às informação ampliando a compreensão sobre como as pessoas aprendem. De acordo com ela, os seres humanos empregam sua capacidade de observação e pensamento para interpretar suas próprias experiências, bem como as de outras pessoas, ao decidir seu modo de agir. Essa importante perspectiva pode ser aplicada à aprendizagem de muitas coisas diferentes, desde habilidades e tendências comportamentais até atitudes, valores e ideias.

REFERÊNCIAS
ATKINSON, Richard; HILGARD, Ernest; ATKINSON, Rita; BEM, Daryl; HOEKSENA, Susan. Introdução à Psicologia. São Paulo: Cengage, 2011.
DAVIDOFF, Linda. Introdução à Psicologia. São Paulo: Pearson Makron Books, 2001.
FADIMAN, James; FRAGER, Robert. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra, 2002.
GAZZANIGA, Michael; HEATHERTON, Todd. Ciência psicológica: mente, cérebro e comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2005.
MORERIA, Marcio; MEDEIROS, Carlos. Princípios básicos de análise do comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2007.
MORRIS, Charles; MAISTO, Alberto. Introdução à psicologia. São Paulo: Pretence Hall, 2004.
MYERS, David. Psicologia. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
SCHULTZ, Duane; SCHULTZ, Sydney. Historia da psicologia moderna.São Paulo: Cengage Learning, 2012.

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