terça-feira, 17 de novembro de 2015

SÍNDROME DE BURNOUT & O PROFESSOR


SÍNDROME DE BURNOUT & O PROFESSOR – INTRODUÇÃO: O presente trabalho de pesquisa está voltado para abordagem sobre a temática da Síndrome de Burnout, suas causas e consequências, especialmente no âmbito da atividade profissional docente. Justifica-se a realização do presente estudo em razão da incidência em alta escala dessa enfermidade entre os obreiros, resultante das adversidades estressoras que acometem todo aquele no desempenho de suas atividades profissionais, não poupando o trabalho árduo e persistente de professores no âmbito escolar. Objetiva tratar acerca das causas e consequências da Síndrome de Burnout, notadamente a sua incidência no trabalho do profissional da educação. A metodologia empregada no presente estudo compreende uma pesquisa descritiva e bibliográfica, realizada através de uma revisão da literatura, disponível nas fontes impressas e da internet abordando toda dimensão da temática proposta. Pretende, com isso, além de observar as causas, consequências, diagnósticos e tratamento da doença, procurar focalizar a prevenção e a qualidade de vida do professor, bem como o papel da escola nas questões preventivas e de promoção da saúde no contexto de suas atividades profissionais. 


SÍNDROME DE BURNOUT - A Síndrome de Burnout, segundo Codo e Menezes (2015), foi descoberta nos anos de 1970, resultado dos estudos desenvolvidos pelo psicólogo estadunidense Herbert Freudenberg, ao descrever como consequência de excesso de expectativas e alto nível de estresse sofrido por profissionais que se envolviam no atendimento de terceiros. Nas últimas décadas, conforme anotado por Silva et al (2008), estudos psicológicos foram desenvolvidos buscando uma maior compreensão acerca do tema, concluindo-se ser identificada como uma reação orgânica às pressões incidentes nas relações e atividades trabalhistas.  
A Síndrome de Burnout, segundo Jbelli (2008), aparece quando o profissional se sente pressionado, levando-o a sentir-se vazio e exausto, até chegar ao esgotamento psicológico, impedindo de lidar com as atividades laborais. Trata-se, portanto, de uma enfermidade que se manifesta a longo prazo, e surge quando o profissional se sente subestimado pela organização ou possui mais encargos e atividades do que consegue lidar, identificada com o surgimento de conflitos nas relações com os colegas de trabalho. Entre os sintomas da Síndrome de Burnout, conforme Codo e Menezes (2015), estão o estresse, queda de cabelo, dor de estomago, enxaqueca, sudorese, taquicardia, palpitações, medo, condição arredia, angústia, apatia, úlcera, hipertensão, dores de cabeça, insônia, consumo exagerado de medicamentos e álcool, e sensação de impotência para realização da atividade laboral. Em vista disso, a exposição a situações estressantes, conforme anotado por Codo e Menezes (2015), desencadeia a síndrome de Burnout, fenômeno este que possui vinculação às ocorrências de riscos de natureza psicossocial na área laboral. Tal enfermidade acomete aqueles que atuam diretamente e de forma constante com o emocional.
O diagnóstico da Síndrome de Burnout, conforme Codo e Menezes (2015) apresenta dois perfis específicos, sendo que o perfil 1 é aquele que ocorre diante da presença de condutas e sentimentos vinculados ao estresse no trabalho, culminando no mal-estar não invalida ou incapacita para o desenvolvimento das atividades. Já o perfil 2, segundo os autores em comento, é aquele em que há incidência de maior dano laboral, apresentando problemas que significativamente incidem sobre o desempenho e execução de suas atividades, provocando ausências até de longo prazo e comorbidades psiquiátricas.
Entre os problemas mais constantes para os acometidos da Síndrome de Burnout, segundo Silva (2006), são os de natureza cognitiva, acrescidos de queda no desempenho, problemas de relações interpessoais que levam ao retraimento, a ausência de cuidados pessoais, as preocupações com o trabalho fora dele, satisfação reduzida, entre outros problemas de saúde oriundos do estresse crônico, como complicações digestivas e intestinais, problemas cardíacos, obesidade e depressão.
Entre os sinais da Síndrome de Burnout, segundo Codo e Menezes (2015), é a exaustão que pode se manifestar física, mental ou emocional, como se não se pudesse fazer mais nada por causa da sensação de sobrecarga e cansaço, consequência de sintomas físicos como falta de energia e dor no intestino ou no estomago.
Outro sinal identificado por Codo e Menezes (2015), é a falta de motivação e que ocorre quando não mais entusiasmo para realização de suas atividades, apresentando-se desmotivado e sem forças para enfrentar suas atribuições.
A frustração, o cinismo e as emoções negativas, segundo Codo e Menezes (2015), são outros sinais que se apresentam quando do aparecimento da Síndrome de Burnout, manifestando desilusão, pessimismo, sensação de fracasso, frustração e negatividade.
A Síndrome de Burnout, segundo Codo e Menezes (2015), é constituída a partir de um modelo teórico formado por quatro dimensões que envolvem a ilusão pelo trabalho, o desgaste psíquico, a indolência e a culpa.
Com relação à ilusão do trabalho, assinalam Codo e Menezes (2015), há a indicação identificada no desejo individual pelo atingimento de metas laborais que são percebidas como condições atraentes para a satisfação pessoal.
O desgaste psíquico, no dizer de Codo e Menezes (2015), se caracteriza pela exaustão emocional, física e sentimental, relacionada ao contato direto com a clientela assistida no atendimento e que corroboram o aparecimento de problemas.
A indolência, para Codo e Menezes (2015), relaciona-se com a manifestação que se dá por meio de indiferenças atitudinais no atendimento da clientela que necessitam maiores atenções no ambiente laboral, bem como o surgimento de sentimento insensível com relação aos problemas alheios.
Por fim, a culpa, segundo Codo e Menezes (2015), possui evidencia quando do aparecimento de cobranças ou de sentimentos de culpabilização atinente às atitudes ou comportamento negativos que surgem na atividade laboral, principalmente naqueles que afetando diretamente as relações nesse ambiente de trabalho.
É o ambiente laboral, conforme Silva et al (2008) e Carlotto (2011), o ambiente em que se encontram as probabilidades de ser o local no qual ocorre a manifestação do estresse em sua maior frequência, por causa das atividades e situações vivenciadas na rotina de trabalho, que são, muitas vezes, recheadas de adversidades que incidem e possuem maior repercussão na qualidade de vida profissional.
As consequências da Síndrome de Burnout, segundo Jbelli (2008) e Carlotto (2002), são identificadas na insatisfação direta de execução das tarefas e atividades, notadamente com relação ao trabalho desenvolvido, influenciando, por consequência, a qualidade do desempenho e das atividades no ambiente educacional. Além disso, leva à apatia, desumanização, alienação, problemas de saúde, pensamento de abandono e recusa da profissão, absenteísmo, entre outros problemas. Observa Carlotto (2010), que a síndrome de Burnout, de forma geral, é vista como um problema de natureza social que possui uma grande relevância, razão pela qual passou a ser estudada nos mais diversos países, especialmente, em razão de sua incidência e vinculação ao peso de suas consequências no custeamento organizacional.
O tratamento da Síndrome de Burnout, segundo Silva et al (2008), considera algumas estratégias que devem incidir sobre a melhoria da qualidade de vida no âmbito laboral, procurando transformar o ambiente em contexto saudável, propiciando o fortalecimento individual e coletivo, desenvolvimento de capacidade para lidar com o estresse e situações de conflito, criação de redes de apoio social, promoção de reflexões sobre a temática para troca de informações e experiências, ênfase na promoção de valores humanos e adoção de valores coletivos.


A ATIVIDADE DOCENTE E A SÍNDROME DE BURNOUT - A atividade desenvolvida pelo professor na sala de aula, conforme Carlotto (2012), está sujeita a inúmeros agentes estressores de natureza psicossocial que se encontram no seu cotidiano em todos os níveis de ensino. Assim, entende-se que a atividade docente na sala, conforme Braun e Carlotto (2015), exige do profissional uma alta carga emocional cotidiana, colaborando, sobretudo, para ao desenvolvimento da síndrome de Burnout. Em vista disso, assinalam Braun e Carlotto (2015), que é durante a pratica pedagógica que o profissional docente vivencia situações diversas que tanto desarmonizam quanto desequilibram os seus anseios e expectativas individuais, sociais e profissionais.
Com a adoção da educação inclusiva e da educação especial, proposta pela Constituição Federal e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei 9394/96), assinala Silva (2006), que as classes passaram a exigir profissionais com formação específica diferenciada, no sentido de garantir a qualificação do ensino-aprendizagem para as turmas inclusivas que são bastante heterogêneas, atuando além de sua prática docente, a condição de cuidador, exigindo, por isso, atenção redobrada e constante, levando-o ao envolvimento intenso com alunos e maior estreitamento nos vínculos afetivos na sala de aula. A categoria profissional dos professores, segundo Jbelli (2008), por enfrentar um conjunto de alunos que não é homogêneo, possuem resultados diferenciados que emergem tanto dentro do próprio grupo de trabalho como em subgrupos formados pro sistemas paralelos e segregados pela especialização, a exemplo daqueles que militam na área de educação especial, de jovens e adultos, entre outros, com atendimento especializado para portadores de necessidades especiais, idosos, jovens e adultos fora da idade específica de educação, formando, por conta disso, maiores expectativas e ansiedades entre os profissionais dessas áreas. Dessa forma, expressa Silva et al (2008), que a exigência de incessante e diário cuidado do docente com os alunos especiais e demais alunos da sala de aula, proporciona um desgaste físico maior que podem levar ao esgotamento físico e emocional, com associação aos desejos de dificuldade de adaptação e desistência de atuação na área. Estes professores, segundo anotado por Carlotto et al (2012), são aqueles que são submetidos a um ambiente profissional sobrecarregado de situações estressantes, como aquele referente ao processo de aprendizagem, notadamente quando envolvendo situações inclusivas com alunos com deficiências e, também, com a carga excessiva requisitada de trabalho.
Na adoção da educação inclusiva na escola, conforme Levy, Nunes Sobrinho e Souza (2009), os professores possuem uma maior interação que pode ser considerada como uma fonte estressante devido aos procedimentos burocráticos, cargas de trabalho excessivo, reunião constantes, maior diversidade de alunos, heterogeneidade de desempenho. Estudos anotados por Carlotto (2002, 2010 e 2012), dão conta reiterando os posicionamentos expressos pelo fatio de que o professor de ensino regular que possuem classes inclusivas está exposto às condições estressantes devido a carga excessiva de trabalho.
Entre os fatores que contribuem para o surgimento da Síndrome de Burnout em professores, segundo Braun e Carlotto (2015), são as altas cargas de trabalho distribuídas entre os turnos da manhã, tarde e noite, o número de alunos na sala de aula, exposição a situações estressantes que incidem sobre a satisfação/insatisfação com a atividade laboral, alto nível na dimensão de ilusão de trabalho, desgaste psíquico, indolência e culpa, alta cobrança profissional, acúmulo de tarefa, não efetividade de êxito no desempenho profissional, lidar constantemente com situações adversas oriundas de situações conflitivas e estressantes. Tais fatores levam ao surgimento de problemas de desgaste físico, de coordenação de movimento, dependência estressante de autocuidado, aumento da indolência, distanciamento emocional, limitações de locomoção, tanto na atividade diária quanto nas atividades educativas, provocando o aparecimento de patologias físicas e psicológicas.
Os fatores associados à Síndrome de Burnout na atividade docente, segundo Carlotto (2012), dão conta de que se trata de um fenômeno complexo que envolve desde variáveis demográficas até situações estressantes, oriundas das interações individuais do professor com o seu ambiente de trabalho, incluindo nessas variáveis laborais pela experiência de maior número de alunos com diferentes condições de ensino-aprendizagem, passando a ser o trabalho de alta exigência com baixa possibilidade de controle, altas expectativas de resultados e incidência de fracasso do público assistido.
O enfrentamento de situações estressantes, conforme Jbelli (2008), identificadas como fatores de proteção da síndrome de Burnout, estão centradas nas estratégias de prevenção que envolvem desde evitação, escape, centradas no equilíbrio emocional, relaxamento e tranquilidade.


CONCLUSÃO - Com a realização do presente estudo, observou-se que os professores no desenvolvimento da sua atividade docente, está sujeito à Síndrome de Burnout, por causa de exposição às condições estressantes, sobrecarga de trabalho e exaustão física e mental. Passou-se a entender que a Síndrome de Burnout é um sofrimento que causa danos irreparáveis à saúde do trabalhador diante de situações estressantes e que possui características pelo enfrentamento do organismo em situações que incidem sobre o equilíbrio mental e físico. O profissional acometido pela SB perde interesse pelo trabalho, diminuição da energia e desempenho, perda de humor, desmotivação, desanimo, falta de criatividade, entre outros sintomas. Entre as atividades recomendadas para prevenção da SB estão relaxamento, meditação, dormir suficiente, exercícios físicos e caminhadas, lazer, leituras, atividades voluntárias e culinárias, tempo livre para o ócio criativo, entre outras recomendações. Dessa forma, faz-se necessário combater a exaustão e o esgotamento, a perda de estímulo e a desmotivação, a baixa realização e o fracasso profissional, esses os sintomas principais dos vitimados pela Síndrome de Burnout. Nesse sentido, a escola pode desempenhar um papel fundamental de forma preventiva e promovendo a melhoria da qualidade de vida de seus professores, tornando o ambiente profissional mais qualitativo, harmonioso e integrando profissionais docentes e não docentes, corroborando a realização de treinamentos e debates com todos, investindo na qualificação e na infraestrutura, facilitando a comunicação entre os obreiros, reconhecer a qualidade do corpo discente.

REFERÊNCIAS
BRAUN, Ana; CARLOTTO, Mary. Síndrome de Burnout em professores de ensino especial. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-65782013000200004. Acesso em 15 set 2015.
CARLOTTO, Mary Sandra. Síndrome de Burnout em professores: prevalência e fatores associados. Psicologia: Teoria e Prática, v. 27, n. 4, p. 403-410, 2011.
______. A síndrome de Burnout e o trabalho docente. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 7, n. 1, p. 21-29, jan./jun. 2002.
______. Síndrome de Burnout: O estresse ocupacional do professor. Canoas: Ulbra, 2010.
______. Síndrome de Burnout em professores: avaliação, fatores associados e intervenção. Porto: LivPsic, 2012.
CARLOTTO, Mary; LIBRELOTTO, R.; PIZZINATO, A.; BARCINSKI, M. Prevalência e fatores associados à Síndrome de Burnout em professores de ensino especial. Análise Psicológica, v. XXX, n.3, p.315-327, 2012.
CODO, Wanderley; MENEZES, Iône. O que é Burnout? Disponível em http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/jornaldoprofessor/midias//arquivo/edicao3/Burnout.pdf. Acesso em 20 set 2015.
JBELLI, Chafic. Burnout em professores: identificação, tratamento e prevenção. Rio de Janeiro: SinproRio, 2008.
LEVY, Gisele; NUNES SOBRINHO, Francisco; SOUZA, Carlos. Síndrome de Burnout em professores da rede pública. Produção, v. 19, n. 3, set./dez. 2009.
SILVA, Maria Emília. Burnout: por que sofrem os professores? Estudos e Pesquisas em Psicologia – UERJ, Rio de Janeiro, ano 6, nº 1, 2006.
SILVA, Joilson; DAMASIO, Bruno; MELO, Suéllen; AQUINO, Thiago. Estresse e Burnout em professores. Revista Forum Identidades, ano 2, volume 3 – p. 75-83 – jan-jun de 2008.

Trabalho apresentado à disciplina Psicologia Escolar e da Aprendizagem, ministrada pela professora Ms Rosiete, pelos graduandos de Psicologia Luiz Alberto Machado, Taiana Kislanov, Edjane Galvão e Luis Gustavo Tenório.

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