SÍNDROME DE BURNOUT & O
PROFESSOR – INTRODUÇÃO: O
presente trabalho de pesquisa está voltado para abordagem sobre a temática da
Síndrome de Burnout, suas causas e consequências, especialmente no âmbito da
atividade profissional docente. Justifica-se a realização do presente estudo em
razão da incidência em alta escala dessa enfermidade entre os obreiros,
resultante das adversidades estressoras que acometem todo aquele no desempenho
de suas atividades profissionais, não poupando o trabalho árduo e persistente
de professores no âmbito escolar. Objetiva tratar acerca das causas e
consequências da Síndrome de Burnout, notadamente a sua incidência no trabalho
do profissional da educação. A metodologia empregada no presente estudo
compreende uma pesquisa descritiva e bibliográfica, realizada através de uma
revisão da literatura, disponível nas fontes impressas e da internet abordando
toda dimensão da temática proposta. Pretende, com isso, além de observar as
causas, consequências, diagnósticos e tratamento da doença, procurar focalizar
a prevenção e a qualidade de vida do professor, bem como o papel da escola nas
questões preventivas e de promoção da saúde no contexto de suas atividades
profissionais.
SÍNDROME DE BURNOUT - A Síndrome de Burnout, segundo Codo e
Menezes (2015), foi descoberta nos anos de 1970, resultado dos estudos
desenvolvidos pelo psicólogo estadunidense Herbert Freudenberg, ao descrever
como consequência de excesso de expectativas e alto nível de estresse sofrido
por profissionais que se envolviam no atendimento de terceiros. Nas últimas
décadas, conforme anotado por Silva et al (2008), estudos psicológicos foram
desenvolvidos buscando uma maior compreensão acerca do tema, concluindo-se ser
identificada como uma reação orgânica às pressões incidentes nas relações e
atividades trabalhistas.
A
Síndrome de Burnout, segundo Jbelli (2008), aparece quando o profissional se
sente pressionado, levando-o a sentir-se vazio e exausto, até chegar ao
esgotamento psicológico, impedindo de lidar com as atividades laborais.
Trata-se, portanto, de uma enfermidade que se manifesta a longo prazo, e surge
quando o profissional se sente subestimado pela organização ou possui mais
encargos e atividades do que consegue lidar, identificada com o surgimento de
conflitos nas relações com os colegas de trabalho. Entre os sintomas da
Síndrome de Burnout, conforme Codo e Menezes (2015), estão o estresse, queda de
cabelo, dor de estomago, enxaqueca, sudorese, taquicardia, palpitações, medo,
condição arredia, angústia, apatia, úlcera, hipertensão, dores de cabeça,
insônia, consumo exagerado de medicamentos e álcool, e sensação de impotência
para realização da atividade laboral. Em vista disso, a exposição a situações
estressantes, conforme anotado por Codo e Menezes (2015), desencadeia a
síndrome de Burnout, fenômeno este que possui vinculação às ocorrências de
riscos de natureza psicossocial na área laboral. Tal enfermidade acomete
aqueles que atuam diretamente e de forma constante com o emocional.
O
diagnóstico da Síndrome de Burnout, conforme Codo e Menezes (2015) apresenta
dois perfis específicos, sendo que o perfil 1 é aquele que ocorre diante da
presença de condutas e sentimentos vinculados ao estresse no trabalho,
culminando no mal-estar não invalida ou incapacita para o desenvolvimento das
atividades. Já o perfil 2, segundo os autores em comento, é aquele em que há
incidência de maior dano laboral, apresentando problemas que significativamente
incidem sobre o desempenho e execução de suas atividades, provocando ausências
até de longo prazo e comorbidades psiquiátricas.
Entre
os problemas mais constantes para os acometidos da Síndrome de Burnout, segundo
Silva (2006), são os de natureza cognitiva, acrescidos de queda no desempenho,
problemas de relações interpessoais que levam ao retraimento, a ausência de
cuidados pessoais, as preocupações com o trabalho fora dele, satisfação
reduzida, entre outros problemas de saúde oriundos do estresse crônico, como
complicações digestivas e intestinais, problemas cardíacos, obesidade e
depressão.
Entre
os sinais da Síndrome de Burnout, segundo Codo e Menezes (2015), é a exaustão
que pode se manifestar física, mental ou emocional, como se não se pudesse
fazer mais nada por causa da sensação de sobrecarga e cansaço, consequência de
sintomas físicos como falta de energia e dor no intestino ou no estomago.
Outro
sinal identificado por Codo e Menezes (2015), é a falta de motivação e que
ocorre quando não mais entusiasmo para realização de suas atividades,
apresentando-se desmotivado e sem forças para enfrentar suas atribuições.
A
frustração, o cinismo e as emoções negativas, segundo Codo e Menezes (2015),
são outros sinais que se apresentam quando do aparecimento da Síndrome de
Burnout, manifestando desilusão, pessimismo, sensação de fracasso, frustração e
negatividade.
A
Síndrome de Burnout, segundo Codo e Menezes (2015), é constituída a partir de
um modelo teórico formado por quatro dimensões que envolvem a ilusão pelo
trabalho, o desgaste psíquico, a indolência e a culpa.
Com
relação à ilusão do trabalho, assinalam Codo e Menezes (2015), há a indicação
identificada no desejo individual pelo atingimento de metas laborais que são
percebidas como condições atraentes para a satisfação pessoal.
O
desgaste psíquico, no dizer de Codo e Menezes (2015), se caracteriza pela
exaustão emocional, física e sentimental, relacionada ao contato direto com a
clientela assistida no atendimento e que corroboram o aparecimento de
problemas.
A
indolência, para Codo e Menezes (2015), relaciona-se com a manifestação que se
dá por meio de indiferenças atitudinais no atendimento da clientela que
necessitam maiores atenções no ambiente laboral, bem como o surgimento de
sentimento insensível com relação aos problemas alheios.
Por
fim, a culpa, segundo Codo e Menezes (2015), possui evidencia quando do
aparecimento de cobranças ou de sentimentos de culpabilização atinente às
atitudes ou comportamento negativos que surgem na atividade laboral,
principalmente naqueles que afetando diretamente as relações nesse ambiente de
trabalho.
É
o ambiente laboral, conforme Silva et al (2008) e Carlotto (2011), o ambiente
em que se encontram as probabilidades de ser o local no qual ocorre a
manifestação do estresse em sua maior frequência, por causa das atividades e situações
vivenciadas na rotina de trabalho, que são, muitas vezes, recheadas de
adversidades que incidem e possuem maior repercussão na qualidade de vida
profissional.
As
consequências da Síndrome de Burnout, segundo Jbelli (2008) e Carlotto (2002),
são identificadas na insatisfação direta de execução das tarefas e atividades,
notadamente com relação ao trabalho desenvolvido, influenciando, por
consequência, a qualidade do desempenho e das atividades no ambiente
educacional. Além disso, leva à apatia, desumanização, alienação, problemas de
saúde, pensamento de abandono e recusa da profissão, absenteísmo, entre outros
problemas. Observa Carlotto (2010), que a síndrome de Burnout, de forma geral,
é vista como um problema de natureza social que possui uma grande relevância,
razão pela qual passou a ser estudada nos mais diversos países, especialmente,
em razão de sua incidência e vinculação ao peso de suas consequências no
custeamento organizacional.
O
tratamento da Síndrome de Burnout, segundo Silva et al (2008), considera
algumas estratégias que devem incidir sobre a melhoria da qualidade de vida no
âmbito laboral, procurando transformar o ambiente em contexto saudável,
propiciando o fortalecimento individual e coletivo, desenvolvimento de
capacidade para lidar com o estresse e situações de conflito, criação de redes
de apoio social, promoção de reflexões sobre a temática para troca de
informações e experiências, ênfase na promoção de valores humanos e adoção de
valores coletivos.
A ATIVIDADE DOCENTE E A
SÍNDROME DE BURNOUT - A
atividade desenvolvida pelo professor na sala de aula, conforme Carlotto
(2012), está sujeita a inúmeros agentes estressores de natureza psicossocial
que se encontram no seu cotidiano em todos os níveis de ensino. Assim, entende-se
que a atividade docente na sala, conforme Braun e Carlotto (2015), exige do
profissional uma alta carga emocional cotidiana, colaborando, sobretudo, para
ao desenvolvimento da síndrome de Burnout. Em vista disso, assinalam Braun e
Carlotto (2015), que é durante a pratica pedagógica que o profissional docente
vivencia situações diversas que tanto desarmonizam quanto desequilibram os seus
anseios e expectativas individuais, sociais e profissionais.
Com
a adoção da educação inclusiva e da educação especial, proposta pela
Constituição Federal e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB
– Lei 9394/96), assinala Silva (2006), que as classes passaram a exigir
profissionais com formação específica diferenciada, no sentido de garantir a
qualificação do ensino-aprendizagem para as turmas inclusivas que são bastante
heterogêneas, atuando além de sua prática docente, a condição de cuidador,
exigindo, por isso, atenção redobrada e constante, levando-o ao envolvimento
intenso com alunos e maior estreitamento nos vínculos afetivos na sala de aula.
A categoria profissional dos professores, segundo Jbelli (2008), por enfrentar
um conjunto de alunos que não é homogêneo, possuem resultados diferenciados que
emergem tanto dentro do próprio grupo de trabalho como em subgrupos formados
pro sistemas paralelos e segregados pela especialização, a exemplo daqueles que
militam na área de educação especial, de jovens e adultos, entre outros, com
atendimento especializado para portadores de necessidades especiais, idosos,
jovens e adultos fora da idade específica de educação, formando, por conta
disso, maiores expectativas e ansiedades entre os profissionais dessas áreas. Dessa
forma, expressa Silva et al (2008), que a exigência de incessante e diário
cuidado do docente com os alunos especiais e demais alunos da sala de aula,
proporciona um desgaste físico maior que podem levar ao esgotamento físico e
emocional, com associação aos desejos de dificuldade de adaptação e desistência
de atuação na área. Estes professores, segundo anotado por Carlotto et al
(2012), são aqueles que são submetidos a um ambiente profissional
sobrecarregado de situações estressantes, como aquele referente ao processo de
aprendizagem, notadamente quando envolvendo situações inclusivas com alunos com
deficiências e, também, com a carga excessiva requisitada de trabalho.
Na
adoção da educação inclusiva na escola, conforme Levy, Nunes Sobrinho e Souza
(2009), os professores possuem uma maior interação que pode ser considerada
como uma fonte estressante devido aos procedimentos burocráticos, cargas de
trabalho excessivo, reunião constantes, maior diversidade de alunos,
heterogeneidade de desempenho. Estudos anotados por Carlotto (2002, 2010 e
2012), dão conta reiterando os posicionamentos expressos pelo fatio de que o
professor de ensino regular que possuem classes inclusivas está exposto às
condições estressantes devido a carga excessiva de trabalho.
Entre
os fatores que contribuem para o surgimento da Síndrome de Burnout em
professores, segundo Braun e Carlotto (2015), são as altas cargas de trabalho
distribuídas entre os turnos da manhã, tarde e noite, o número de alunos na
sala de aula, exposição a situações estressantes que incidem sobre a
satisfação/insatisfação com a atividade laboral, alto nível na dimensão de
ilusão de trabalho, desgaste psíquico, indolência e culpa, alta cobrança
profissional, acúmulo de tarefa, não efetividade de êxito no desempenho
profissional, lidar constantemente com situações adversas oriundas de situações
conflitivas e estressantes. Tais fatores levam ao surgimento de problemas de
desgaste físico, de coordenação de movimento, dependência estressante de
autocuidado, aumento da indolência, distanciamento emocional, limitações de
locomoção, tanto na atividade diária quanto nas atividades educativas,
provocando o aparecimento de patologias físicas e psicológicas.
Os
fatores associados à Síndrome de Burnout na atividade docente, segundo Carlotto
(2012), dão conta de que se trata de um fenômeno complexo que envolve desde
variáveis demográficas até situações estressantes, oriundas das interações
individuais do professor com o seu ambiente de trabalho, incluindo nessas
variáveis laborais pela experiência de maior número de alunos com diferentes
condições de ensino-aprendizagem, passando a ser o trabalho de alta exigência
com baixa possibilidade de controle, altas expectativas de resultados e
incidência de fracasso do público assistido.
O
enfrentamento de situações estressantes, conforme Jbelli (2008), identificadas
como fatores de proteção da síndrome de Burnout, estão centradas nas
estratégias de prevenção que envolvem desde evitação, escape, centradas no
equilíbrio emocional, relaxamento e tranquilidade.
CONCLUSÃO - Com a realização do presente estudo,
observou-se que os professores no desenvolvimento da sua atividade docente,
está sujeito à Síndrome de Burnout, por causa de exposição às condições
estressantes, sobrecarga de trabalho e exaustão física e mental. Passou-se a
entender que a Síndrome de Burnout é um sofrimento que causa danos irreparáveis
à saúde do trabalhador diante de situações estressantes e que possui
características pelo enfrentamento do organismo em situações que incidem sobre
o equilíbrio mental e físico. O profissional acometido pela SB perde interesse
pelo trabalho, diminuição da energia e desempenho, perda de humor,
desmotivação, desanimo, falta de criatividade, entre outros sintomas. Entre as
atividades recomendadas para prevenção da SB estão relaxamento, meditação, dormir
suficiente, exercícios físicos e caminhadas, lazer, leituras, atividades
voluntárias e culinárias, tempo livre para o ócio criativo, entre outras
recomendações. Dessa forma, faz-se necessário combater a exaustão e o
esgotamento, a perda de estímulo e a desmotivação, a baixa realização e o
fracasso profissional, esses os sintomas principais dos vitimados pela Síndrome
de Burnout. Nesse sentido, a escola pode desempenhar um papel fundamental de
forma preventiva e promovendo a melhoria da qualidade de vida de seus
professores, tornando o ambiente profissional mais qualitativo, harmonioso e
integrando profissionais docentes e não docentes, corroborando a realização de
treinamentos e debates com todos, investindo na qualificação e na
infraestrutura, facilitando a comunicação entre os obreiros, reconhecer a
qualidade do corpo discente.
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professores. Revista Forum Identidades,
ano 2, volume 3 – p. 75-83 – jan-jun de 2008.
Trabalho
apresentado à disciplina Psicologia Escolar e da Aprendizagem, ministrada pela
professora Ms Rosiete, pelos graduandos de Psicologia Luiz Alberto Machado,
Taiana Kislanov, Edjane Galvão e Luis Gustavo Tenório.
Veja
mais aqui.