sábado, 6 de junho de 2015

A TEIA DA INTERDEPENDÊNCIA E A SOCIOLOGIA FIGURATIVA DE NORBERT ELIAS


NORBERT ELIAS – As ideias do sociólogo alemão Norbert Elias (1897-1990), foram responsáveis pelo desenvolvimento de uma teoria social inovadora que alargou o campo dos estudos sociológicos e estão voltadas à elucidação de processos sociais, da interação humana no âmbito da sociedade, para a relação entre poder, comportamento, emoção e conhecimento na História. A sua concepção de grandes redes sociais tem tido aplicação nas sociedades ocidentais pós-modernas, por enfatizar a presença da ação individual e a estrutura em vigor sobre o individuo.

SOCIOLOGIA FIGURATIVA – É teoria sociológica que adota uma abordagem de caráter crítico, cujos conceitos fundamentais foram construídos a partir da identificação das deficiências e limitações de perspectivas teóricas consideradas clássicas pelas ciências sociais, associadas, sobretudo, ao funcionalismo parsoniano e a certas versões do estruturalismo. Preocupa-se com a relação entre o indivíduo e a sociedade, analisando os processos sociais baseados nas necessidades do indivíduos na construção de teias de interdependência que, por sua vez, originam configurações como aldeia, família, cidade, estado, nações: "[...] a complexidade de se investigar algumas configurações decorre do fato de que as cadeias de interdependência são maiores e mais diferenciadas". Essas configurações são denominadas de estruturas. A teoria da figuração articula o social e o individual, as estruturas sociais e a subjetividade, o eu e o nós, a identidade individual e a identidade coletiva. Parte do princípio de que a realidade social não se contrapõe aos indivíduos, mas surge da interdependência de suas ações. O autor concebe as ações individuais ou interpessoais no marco das estruturas sociais que as possibilitam e ao mesmo tempo que limitam os cursos de ações e interação possíveis. Assim, a ideia de figuração é semelhante à ideia de totalidade dos psicólogos gestaltistas. A explicação do comportamento só pode ser efetuada em relação às figurações que eles formam entre si e às interdependências que os vinculam. Com isso, ele substitui o conceito de sistema da teoria parsoniana pelo conceito dinâmico de figuração, em uma teoria social da ação entendida como interdependência, semelhante ao conceito de ação recíproca de George Simmel. Os problemas histórico-sociais, para Elias, não podem ser explicados a partir das ações individuais nem das interações entre um ego e um alter, entre um eu e um outro, mas como parte da complexa trama de interdependências em que se desenvolvem as ações das pessoas. Por consequência, o autor torna inteligível a ordem social que se vai constituindo em um período histórico como produto das interações, vinculando as transformações sociais às mudanças na estrutura da personalidade. Sua preocupação está voltada para o comportamento entendido em relação a cada configuração de pessoas e em cada momento histórico. Assim, as figurações são sempre formas de relação historicamente construídas.

REFERÊNCIAS
ÁLVARO, José Luis; GARRIDO, Alicia. Psicologia social: perspectivas psicológicas e sociológicas. São Paulo: McGraw-Hill, 2006.
BRANDÃO, Carlos da Fonseca. Norbert Elias: formação, educação e emoções no processo de civilização. Petrópolis: Vozes, 2003.
LEÃO, Andréa Borges. Norbert Elias & e a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.


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