sábado, 30 de maio de 2015

PSICODRAMA & ROLE-PLAYING


ROLE-PLAYING – É uma técnica que pode ser usada para a exploração e para a expansão do eu num universo desconhecido. O conceito fundamental desta abordagem é o reconhecimento de que o homem é um role-player – ou seja, um intérprete de papéis -, de que todo o individuo é caracterizado pro certo leque de papéis que domina seu comportamento e de que toda cultura é caracterizada por certo conjunto de papéis impostos, com grau variado de sucesso, a seus membros. As técnicas são uma metodologia que capacita comparar cada um dos métodos terapêuticos sob condição de controle.
Role-player (em alemão Rollenspieler), significa a interpretação de papéis e é a adoção de um papel acabado, plenamente estabelecido, que não permite ao individuo nenhuma variação, qualquer grau de liberdade, o que permite ao individuo um certo grau de liberdade. Um papel é composto de duas partes: o seu denominador coletivo e o seu diferencial individual.
As primeiras experiências com as técnicas de role-playing aconteceram durante os testes feitos com terapeutas auxiliares colocados no contexto de situações padrão, num psicodrama experimental.
Nas situações terapêuticas pode-se concentrar primeiramente no estudo dos quatro fatores, demonstrando a importância crucial em todos os relacionamentos paciente-terapeuta: sentimentos um em relação ao outro, percepção um do outro, eventos motrizes, a interação entre eles e as relações de papéis, que emergem de um para o outro numa situação terapêutica em andamento. Como terapia de papéis objetiva melhorar as relações entre membros de determinado grupo. Cada membro pode assumir novo papel e esta situação influencia com frequência os resultados do próximo teste sociometrico, modificando a posição do individuo que, de outro modo, continuaria isolado e desajustado. Assim o role-playing torna-se treinamento e terapia de papéis.
O teste de espontaneidade é o segundo teste que satisfaz as exigências para o role-playing, uma vez que coloca o individuo em situação-padrão de vida que requer relações emocionais fundamentais e definidas, chamadas de estados de espontaneidade, tais como o medo, a raiva, entre outros. Se houver possibilidade de expansão, o próximo passo é o role-playing. Quando um instrutor de espontaneidade reconhece que o aluno ou paciente tem carência em certos estados, por exemplo, coragem, alegria, entre outros, coloca-o numa situação específica em que estes estados são inadequados ou aconselháveis. O aluno ou paciente representa esta situação, teatraliza de improviso o estado. Se é coragem que lhe falta, ele representa coragem até que aprenda a ser corajoso.

INFÂNCIA – Em vez de considerar a criança do ponto de vista dos organismos inferiores, tentando interpretá-la como um pequeno animal, em termos de psicologia animal, e em vez de tentar interpretá-lo como um pequeno neurótico ou pequeno selvagem, pelo ângulo neurótico, é pertinente encarar sistematicamente o bebê humano desde a plataforma dos mais elevados exemplos concretos de expressão e realização humana – referindo-se aqui ao gênio da raça -, interpretando-o como um gênio em potencial. Pressupõe-se aqui que, nos gênios da raça, certas capacidades e aptidões básicas latentes, comuns a todos os homens, encontram sua mais dramática expressão. Sua natural e continua espontaneidade e criatividade, não só em raros momentos mas como uma expressão cotidiana, fornece indícios para compreender a criança que não podem ser desprezados.
Uma criança de 2 a 3 anos de idade talvez não entenda quando um dos pais lhe diz algo que não deveria fazer. Para a criança certas coisas ditas não têm sentido e permanecem sem causar impressão. Tem-se, com isso, que se lembrar que a criança tem sua memoria no ato e não na memória, o rápido esquecimento de acidentes é uma condição natural, mas pode-se ensiná-la no ato.
Por um acidente da natureza, parece que o bebê humano nasce nove meses depois da concepção. Poderia nascer muitos meses depois e o recém-nascido poderia vir ao mundo quase preparado para cuidar de si mesmo, à semelhança de alguns recém-nascidos entre outros vertebrados. Por conseguinte, a soma de ajuda de que necessita para sobreviver tem de ser muito maior e mais prolongada que no caso de qualquer outro da classe primata.
A criança jamais deixa de lado suas expectativas de tornar-se o centro e o ditador do mundo. Poderá tornar-se mais humilde à medida que for envelhecendo e aprender que o universo tem uma teimosa estrutura particular., que lhe é impossível de penetrar e de conquistar contando apenas com métodos mágicos. A criança fará qualquer jogo – o jogo do método científico ou qualquer melhoria futura do mesmo – se isto ajuda-lo circunstancialmente a conseguir a realização de sua intensão profunda de permanecer para sempre em contato com a existência, de ser toda-poderosa, imortal e de, pelo menos, ex post facto, verificar no fim dos tempos as palavras do Gênese: “No começo era Deus, criador do mundo”, invertendo o vetor da flecha do passado para o futuro, do Deus fora de si para o homem em seu interior.
Toda criança tem uma droga miraculosa a seu dispor, prescrita para ela pela própria natureza, Megalomania Normalis. Repita-se a dose.
As crianças usam intuitivamente e quando é empregado consciente e sistematicamente para o propósito de treinamento, chama-se role-playing que se define como personificar outras formas de existência por meio do jogo. É uma forma especializada de jogo. Foi a técnica fundamental do Teatro da Espontaneidade vienense, devido ao papel predominante que a espontaneidade e a criatividade. É um provável método por excelência para encontrar e, se possível, solucionar aquela situação que desafia a criança. Os pais desempenhando o papel de um cão ou de um gato, leva as crianças a entender esses animais, conversar com eles, incorporá-los. O desempenho de um papel é a personificação de uma forma, de uma existência estranha através da brincadeira, é uma forma especial de brincar.
Depois de finda a fase do role-playing dos pais e de outros adultos na casa, e de haver adquirido habilidade considerável, introduz-se outro método particularmente recompensador – a técnica da inversão de papel. Se uma pessoa faz o papel de um médico, de um policial ou de um vendedor, a parte do pai ou da mãe, a fim de aprender de que modo funcionar dentro de tais papéis, tal técnica chama-se de role-playing. Mas se o pai ou mãe trocar de papeis, o pai sendo o filho e o filho o pai, trata-se de uma inversão de papéis.
Grupos de crianças separam-se dos grupos de adultos a partir dos 6 ou 7 anos de idade – é uma divisão social. Essa é a fase que coincide com o inicio da fase escolar.
A imaginação do homem não deixará de lado a eterna criança que existe nele, descobrindo novos modos de preencher o universo com seres fantásticos, mesmo que precise criá-los. A eterna criança no homem não fugirá de sua força imaginativa.

SOCIODRAMA – O sociodrama está introduzindo uma nova abordagem dos problemas antropológicos e culturais, métodos de ação profunda e de verificação experimental. O conceito subjacente nesta abordagem é o reconhecimento de que o homem é um intérprete de papéis que dominam o seu comportamento e que toda e qualquer cultura é caracterizada por um certo conjunto de papéis que ela impõe com variável grau de êxito, aos seus membros.
O vocábulo sociodrama tem duas raízes: socius que significa sócio, o outro individuo, e drama, que significa ação. Sociodrama é a ação em beneficio de outro individuo, de outra pessoa. O verdadeiro sujeito do sociodrama é o grupo. Não está limitado por um numero especial de indivíduos, pode consistir em tantas pessoas quantos os seres humanos que vivem em qualquer lugar ou, pelo menos, quantos pertençam à mesma cultura.
A diferença entre psicodrama e sociodrama deve ser ampliada a todo tipo de psicoterapia de grupo. Também deveria ser feita uma diferença entre o tipo individual de psicoterapia de grupo e o tipo coletivo de psicoterapia de grupo. O tipo individual é centrado no individuo. Focaliza a sua atenão em cada individuo na situação, nos indivíduos que compõem o grupo e não no grupo em geral. O tipo coletivo de terapia de grupo está centado neste. Focaliza a situação nos denominadores coletivos e não está interessado nas diferrenças individuais ou problemas privados que eles apresentam.
Trabalhadores sociodramáticos tem a tarefa de organizar encontros preventivos, didáticos e de reconstrução na comunidade. O agente de ação ingressa no grupo acompanhado por equipe de egos-auxiliares, se necessário, com a mesma determinação, audácia ou violência de um líder nazista ou sindical. O encontro pode transformar-se em ação tão chocante e entusiástica quanto aquelas de natureza politica, com a diferença de que os políticos tentam submeter as massas a seus esquemas, enquanto o sociodramatista conduzi-las ao máximo de realização, expressão e análise de grupos.

O TREINAMENTO DE PAPÉIS – É um método utilizado pelo teatro da espontaneidade de Viena, nbo qual a espontaneidade e a criatividade tomam uma posição importante. Também é denominado de treinamento de papéis espontâneo-criativo que consiste em colocar os indivíduos (atores) em diversas situações, em papéis estranhos a eles mesmos e às suas vidas.  O jogo de papéis pode ser utilizado como método para pesquisar mundos desconhecidos ou para a expansão do eu.

REFERÊNCIAS
CUKIER, Rosa. Palavras de Jacob Levy Moreno: vocabulário de citações do psicodrama, da psicoterapia de grupo, do sociodrama e da sociometria. São Paulo: Ágora. 2002.
FLEURY, Heloisa; KHOURI, Georges; HUG, Edward. Psicodrama e Neurociência: contribuição para a mudança terapêutica. São Paulo: Ágora, 2008.
GERSHONI, Jacob (Org.). Psicodrama no século 21: aplicações clínicas e educacionais. São Paulo: Ágora, 2008.
GONÇALVES, Camila (Org.). Psicodrama com crianças: uma psicoterapia possível. São Paulo: Ágora, 1988.
KNOBEL, Anna Maria. Moreno em ato: a construção do psicodrama a partir das práticas. São Paulo: Ágora,2004.
MORENO, Jacob Levy. O teatro da espontaneidade. São Paulo: Summus, 1984.
______. Psicodrama. São Paulo: Cultrix, 1978.
PAÏN, S.; JARREAU, G. Teoria e técnica da arte-terapia: a compreensão do sujeito. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
RICOTTA, Luisa Cristina. Cadernos de psicodrama: edição e desenvolvimento. São Paulo: Ágora, 1991.


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