sexta-feira, 12 de julho de 2013

MOMENTOS DE REFLEXÃO - THOREAU, WILDE, HUXLEY, FROMM, SARTRE, CALVINO E LEMINSKI



HENRY DAVID THOREAU (1817-1862)
[…] É preciso mais do que a devoção de um dia para conhecer e tomar posse da riqueza de um dia. [...] Na verdade, contemplar todo dia o nascer e o pôr do sol – contemplar um fato universal – é tudo de que precisamos para nos manter eternamente sãos.

OSCAR WILDE (1854-1900)
Só há uma coisa pior que a injustiça: a justiça sem espada na mão. Quando o direito não é a força, ele é um mal.
(Aforismos)

ALDOUS HUXLEY (1894-1963)
[...] Não nos pertencemos mais do que nos pertence o que possuímos. Não fomos nós que nos fizemos, não podemos ter domínio supremo sobre nós mesmo. Não somos nossos senhores. Somos propriedade de Deus. Não é uma felicidade ver as coisas dessa maneira? Há alguma felicidade ou algum conformo em considerar que nos pertecemos? Os moços e os ricos podem pensar assim. Estes podem julgar ser uma grande coisa fazer tudo á sua maneira, como supõem – não depender de ninguém, não pensar em alguma coisa que não lhe este4ja ao alcance da vista, não se preocupar com a gratidão contínua, a prece contínua, o dever de referir continuamente à vontade de outro todos os seus atos. Mas à medida que o tempo, eles, como todos os homens, verificarão que a independência não foi feita para o homem, que ela é um estagio antinatural; pode satisfazer por um momento, mas não nos leva com segurança até o fim...
(Admirável mundo novo)

ERIC FROMM (1900-1980)
[...] o homem só pode realizar-se e ser feliz em ligação e solidariedade com seus semelhantes.
(Análise do homem)

JEAN-PAUL SARTRE (1905-1980)
[...] Vale a pena divertir-se um instante com os imbecis, dá-se corda, eles se erguem no ar, enormes e leves como elefantes de borracha, puxa-se a corda e eles voltam, flutuam a baixa altura, aturdidos, estupefatos, dançam a cada sacudidela do barbante, com saltos desajeitados. Mas é preciso mudar constantemente de imbecis, senão é a náusea. [...] quando a gente está bêbada dá-se ao luxo do patético.

ÍTALO CALVINO (1923-1985)
[...] Com um arrepio, afasto a ideia de que a prisão seja meu corpo mortal e a evasão que me espera seja o distanciamento da alma, o inicio de uma vida ultraterrena. [...] A conclusão a que levam todas essas histórias é que a vida de toda pessoa é única, uniforme e compacta como um cobertor enfeltrado cujos fios não podem ser separados.
(Se um viajante numa noite de inverno)

PAULO LEMINSKI (1944-1989)
Parece mentira mas cheguei ao sétimo andar. A que ponto chegamos! Nessa velocidade, a lembrança do décimo segundo andar parece apenas uma lembrança. A Física ensina que os corpos têm sua queda acelerada à medida que se aproximam do destino. Não vejo por que deveria ser diferente comigo. A lei da gravidade é a mais democrática de todas. Rege, com idêntico rigor, gregos e troianos, joias e paralelepípedos, impérios e pétalas de magnólia. Sete é conta de mentiroso. Ela me mentiu. Nada mais fácil que mentir que se ama alguém. Basta dizer: eu te amo. Quem vai saber? Como medir? Como provar? As palavras também estão sujeitas à lei da gravidade?
(Gozo fabuloso)