OFICINA DE PRÁTICAS
PEDAGÓGICAS EM EJA – A Amigos da Biblioteca (ABI) promoverá no próximo semestre de 2020, na Biblioteca Pública Fenelon Barreto, em Palmares
– PE, a oficina de Práticas Pedagógicas em EJA, destinado a professores e
público em geral. Inscrições abertas e gratuitas na biblioteca.
A OFICINA: a presente oficina faz parte do resultado
de atividades realizadas em escolas, nos cursos de Pedagogia e Psicologia, nos estudos
efetuados em pós-graduações tanto latu
como stricto sensu dessas áreas, bem
como de palestras e grupos de pesquisas acerca da temática da Educação de
Jovens e Adultos (EJA). Os grupos de pesquisa referenciados envolvem tanto
graduandos como especialistas, mestres e doutores que produziram investigações
que redundaram na publicação de uma série de artigos, monografias, dissertações
de mestrado e tese de doutoramentos sobre o tema em questão, os quais se
encontram elencados nas referências bibliográficas desta proposta. As
atividades tiveram início nos anos 2000, na Fundação Bradesco, de Maceió –AL,
sendo, ao longo dos anos, posteriormente levadas para escolas da rede pública
alagoana e de diversos estados brasileiros, produzindo-se com o desenvolvimento
dessas atividades, pesquisas que levassem em consideração a temática, suas
atribuições e competências, inclusive a evasão e o seu combate. Assim sendo, a Educação
de Jovens e Adultos (EJA) se propõe a democratizar o ensino público para todos,
por meio da Declaração Mundial Educação para todos, outorgada a nível
internacional na Conferência Mundial realizada em Jonthien, na Tailândia, em 1990,
a qual contou com a participação de parceiros importantes, tais como Organização
das Nações Unidas (ONU), Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência
e Cultura (UNESCO), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Fundo
das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Banco Mundial. Reunidos estavam para
a efetivação de uma educação democrática. Nesse contexto, diferentes termos
foram utilizados para nomear essa modalidade de ensino, dentre eles,
Alfabetização de Adultos, Educação Rural, Educação Cooperativa, entre outras. No
Brasil a terminologia EJA – Educação de Jovens e Adultos – definiu-se na Lei de
Diretrizes e Bases - LDB nº 9.394/1996 -, apresentando a oferta de educação
regular noturna para jovens e adultos, a qual compartilha a concepção de que os
processos formativos desenvolvem-se no cotidiano familiar e social, não apenas
no ambiente escolar. O Parecer nº. 11, de 1 de maio de 2000, do CNE, a Educação
de Jovens e Adultos possui três funções sociais, sendo elas, a função
reparadora, a equalizadora e a qualificadora. A função reparadora garante aos
jovens e adultos o usufruto dos direitos civis, assim como o acesso a um bem
social, nesse caso, uma escola. O
principal objetivo desta proposta é ajudar na elaboração de diagnóstico e,
possível prognóstico, buscando encontrar as principais causas sobre a evasão
escolar e, evidentemente, procurar uma solução para tal evidência.
JUSTIFICATIVA:
Justifica-se a
realização do presente projeto tendo em vista o confronto com o
problema que mais se mostrou preocupante: a evasão escolar. Por conta disso,
tem-se efetuado caloroso debate entre os integrantes da comunidade escolar.
Após várias discussões objetivando descobrir os motivos que levavam da taxa de
evasão escolar, percebeu-se que um dos fatores que mais se destacava era o
trabalho realizado em sala de aula, em virtude da visão que os docentes
possuíam do currículo. O levantamento de diagnóstico de forma sistemática,
levou às observações diárias das aulas ministradas pelos docentes no que se
refere às estratégias utilizadas. Além disso, passaram à realização de reuniões
pedagógicas com o objetivo de analisar o currículo, discutir os dados
estatísticos sobre a evasão na escola a partir da comparação de dados de
semestres anteriores, de modo a diagnosticar fatores internos e externos que
poderiam explicar a alta taxa de evasão escolar. A proposta procura viabilizar uma
nova reflexão sobre a elevação do índice de evasão escolar na EJA e, com isso,
procurar possíveis soluções. Assim, propõe incluir a formação continuada dos
docentes para alicerce às novas bases do currículo, de modo orientasse as práticas
pedagógicas capazes de contemplar as necessidades dos alunos, aproximando a
prática de sala de aula à vida dos mesmos. Desta forma, justifica-se a realização deste projeto por
procurar contribuir para encontrar soluções efetivas para combate à evasão
escolar em EJA.
OBJETIVOS:
Geral: Desenvolver
estratégias de ensino que favoreça a permanência do aluno no âmbito escolar em
EJA. Específicos: Provocar o levantamento para diagnóstico do perfil dos professores
e alunos em todas as turmas, de modo a conhecer as especificidades dos sujeitos
da EJA; Discutir e elaborar diferentes estratégias pedagógicas para EJA, que
considerem a relação entre escola, alunos, educação inclusiva e o mundo do
trabalho; Ampliar o conhecimento prévio como meio e estratégia para construir e
novos saberes, proporcionando a integração e troca de experiência entre os
professores do EJA, seus alunos e comunidade, promovendo um processo de reavaliação
ao processo de avaliação.
REFERENCIAL
TEÓRICO: EVASÃO EM EJA - Para embasamento teórico do presente projeto, foi utilizado a Lei
9394/96 - Lei de Diretrizes e Base da Educação Brasileira (LDB), Conselho
Nacional de Educação: Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de
Jovens e Adultos (EJA), para discutir a estruturação e funcionamento da EJA, além
de uma base teórica em autoridades pedagógicas, educadores, pedagogos,
psicólogos e pesquisas realizadas por grupos de pesquisa do país, todas utilizadas
para amparar a definição de estratégia pedagógica, no que refere-se à discussão
da evasão escolar, e para melhor compreender o papel do da escola e do
professor em EJA. Faz-se, portanto, conveniente observar que o artigo
205 da Constituição Federal de 1988, prevê que: A educação, direito de todos e
dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. A LDB regulamenta a previsão
constitucional e o Parecer CEB nº 11/ 2000 que apresenta as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a EJA (BRASIL, 2000), chama atenção para a
necessidade de se observar o perfil do aluno de EJA bem como suas reais
situações, como princípio da organização do projeto pedagógico das escolas que
atendem jovens e adultos. Assim, a situação escolar, a idade dos alunos e suas
especificidades quanto ao trabalho, sexo, situação socioeconômica devem se
constituir em fonte de pesquisa para que o fazer pedagógico atenda os
princípios da equidade (igualdade de direitos e de oportunidades à educação),
da diferença (reconhecimento da alteridade, valorização e desenvolvimento de
seus conhecimentos e valores) e da proporcionalidade (adequação do currículo
respeitando as necessidades do aluno adulto). Há que se levar em consideração que maior parte dos alunos da EJA são trabalhadores, que com
sacrifício, vontade de vencer, obstinação na expectativa de melhorar suas
condições de vida, optam, por frequentar cursos noturnos, muitas vezes sendo
necessário acumular responsabilidades profissionais e domésticas, ou reduzir
seu pouco tempo de lazer. Essas pessoas dominam com grande dificuldade a
leitura e a escrita, afora outros óbices para acessar informações essenciais a
uma inserção eficiente e autônoma em muitas das dimensões que caracterizam as
sociedades contemporâneas. A maioria tem esperança de continuar os estudos,
concluir o ensino fundamental, ter acesso a outros graus de ensino e a
habilitações profissionais. É conveniente mencionar que os jovens e adultos já
chegam à escola com alguns conhecimentos sobre o mundo letrado, que adquiriram
em breves passagens pela escola ou na realização de atividades cotidianas. Em
sua bagagem trazem conhecimentos adquiridos ao longo de histórias de vida as
mais diversas. São de uma diversidade tanto profissional como informalmente
desempenham suas funções de sustento e labor, mais jovens ou mais velhos.
Trazem crenças, conhecimentos e valores já formados. No entanto, estes alunos
chegam à escola temerosos, sentem-se ameaçados, muitas vezes têm vergonha de
falar de si mesmos, de sua moradia, de suas experiências frustradas da
infância, principalmente em relação à escola. Foi neste sentido que os artigos
37 e 38 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, da LDB e, mais
especificamente, da EJA, estão destinados àqueles que não tiveram acesso ou
continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria,
estabelecendo os sistemas de ensino que assegurarão gratuitamente aos jovens e
adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades
educacionais apropriadas, considerando as características do alunado, seus
interesses, condições de vida e trabalho, mediante cursos e exames. Esses
sistemas de ensino, regulam os referidos artigos da lei, manterão cursos e
exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo,
habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular (BRASIL, 2000). Com
isso, tenta-se atender as exigências educativas da sociedade contemporânea que
são crescentes e estão relacionadas a diferentes dimensões da vida das pessoas,
tais como ao trabalho, à participação social e política, à vida familiar e
comunitária, às oportunidades de lazer e desenvolvimento cultural (BRASIL,
2001). Assim sendo, observa Kuenzer (2000, p. 40), que a devida importância do
papel da educação, se faz necessário voltar-se para uma formação na qual os
educandos trabalhadores possam: "aprender, refletir criticamente; agir com
responsabilidade individual e coletiva; participar do trabalho e da vida
coletiva; comportar-se de forma solidária; acompanhar a dinamicidade das
mudanças sociais; enfrentar problemas novos construindo soluções originais com
agilidade e rapidez, a partir da utilização de métodos adequados aos
conhecimentos científicos, tecnológicos e sócio-históricos".
A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA: Em conformidade
com a Unesco (2000), a EJA
representa uma possibilidade de efetivar um caminho de desenvolvimento a todas
as pessoas, de todas as idades, permitindo que jovens e adultos atualizem seus
conhecimentos, mostrem habilidades, troquem experiências e tenham acesso a
novas formas de trabalho e cultura. Neste sentido, Leite (2017) e Rodrigues e
Dantas (2018), a EJA é uma modalidade de ensino com a
finalidade específica em receber jovens e adultos que, por alguma razão, não
tiveram a oportunidade de concluir os estudos nos anos da Educação Básica em
idade apropriada. Além dessa finalidade, a EJA objetiva promover a inclusão
social e a inserção no mercado de trabalho de jovens e adultos, resgatando a
sua identidade escolar. Os estudantes da EJA têm a necessidade de cultivar a
sua autoestima e a motivação do público da EJA vem da construção do
conhecimento através da prática da educação popular, conscientizando-os através
das práticas pedagógicas usadas para a libertação e caráter crítico, social e
individual de cada sujeito. Observam Gagno e Portela (2013) que a garantia
de acesso e permanência com sucesso para estudantes de EJA deve ser o objetivo
de toda a sociedade, e isso só será possível na medida em que as diferenças
forem respeitadas. Para avançar na perspectiva de um direito efetivado é
preciso superar a longa história de paralelismo, dualidade e preconceito que
permeou a sociedade brasileira e as políticas educacionais para a EJA. Neste
sentido, consoante a colaboração recíproca e a gestão democrática, a avaliação necessária
das políticas implica uma atualização permanente em clima de dialogo com
diferentes interlocutores institucionais compromissados com a EJA, em
conformidade com o Parecer CNE/CEB 11/2000. No dizer de Simões (2017) a EJA tem se constituído
como lugar social e historicamente reservado aos setores populares. Assim, os
alunos, na maioria das vezes, são trabalhadores, pobres, subempregados,
oprimidos, excluídos, e reconhecidos como classe social dominada, cuja
reprodução da hierarquia social é legitimada na hierarquia escolar. Assim
sendo, na expressão de Kuenzer (2000, p. 40), considera-se que a EJA, enquanto
modalidade educacional que atende a educandos-trabalhadores, tem como
finalidade e objetivos o compromisso com a formação humana e com o acesso à
cultura geral, de modo a que os educandos venham a participar política e
produtivamente das relações sociais, com comportamento ético e compromisso
político, através do desenvolvimento da autonomia intelectual e moral. Tendo em
vista este papel, a educação deve voltar-se para uma formação na qual os
educandos-trabalhadores possam: aprender permanentemente, refletir
criticamente; agir com responsabilidade individual e coletiva; participar do
trabalho e da vida coletiva; comportar-se de forma solidária; acompanhar a
dinamicidade das mudanças sociais; enfrentar problemas novos construindo
soluções originais com agilidade e rapidez, a partir da utilização metodologicamente
adequada de conhecimentos científicos, tecnológicos e sóciohistóricos.
EVASÃO
EM EJA: A evasão
escolar, no dizer de Laibida e Pryjma (2013) e Lacet et al (2017), é vista como
uma
séria problemática ocasionada por diversos fatores internos ou externos à
escola. Contudo a evasão escolar não deve ser vista exclusivamente como
fracasso para o aluno, mas também como fracasso da própria instituição de
ensino, que reiteradas vezes não alcança seus objetivos, especialmente no que
se refere à produtividade do estudante. Destaca Simões (2017) que o problema da evasão escolar possui raízes
históricas, contexto no qual a EJA é marcada por diversas políticas impostas
pelas elites, por meio de sucessivas intervenções do governo mudando o sistema
escolar, sem resultar, necessariamente, em qualidade de ensino. Diversas razões
de ordem social e principalmente econômica concorrem para a evasão escolar
neste cenário. Contudo, o Estado parece não estar atento a essas questões e as
medidas que adota são bastante distanciadas das reais necessidades dos alunos
dessa modalidade. Em conformidade com Simões (2017), o fenômeno da evasão
escolar na modalidade EJA, tem sido observado há vários anos e tem desafiado a
compreensão dos educadores das escolas que ofertam essa modalidade de ensino.
Os altos índices de abandono dos alunos chamam a atenção e impressionam com
frequência, pois, em muitas salas de EJA, o número de alunos evadidos a cada
semestre chega a ser superior ao número de alunos aprovados e tem servido como
pretexto para o fechamento de muitas classes.
CAUSAS
DA EVASÃO EM EJA: São
vários os fatores que ocasionam a evasão escolar na EJA, como o cansaço devido
à maioria dos estudantes serem trabalhadores, a instabilidade familiar, baixa
autoestima e desmotivação. As causas, segundo estudos realizados por Simões
(2017), estão nas dificuldades enfrentadas pela escolarização tardia dos
sujeitos da EJA, que envolvem desde condições organizacionais e estruturais da
escola até a rotina de vida dos alunos, todos contribuem para a evasão. Muitos
discentes apresentam experiências de vida e realidade social, como dificuldade
de aprendizagem, cansaço físico, conflitos com os familiares e colegas,
estrutura precária e dificuldade de conciliar tempo de estudo e trabalho, que
não lhes permitem encontrar significado na rotina escolar. Compreende-se que,
dentre as diversas razões consideradas como influentes no processo de evasão,
as escolas devem estar atentas, em especial, à responsabilidade pelas questões
intraescolares, pois se configuram como fatores sobre os quais as instituições
de ensino são efetivamente capazes de agir. A escola tem expressiva influência
no fenômeno, o que exige que essa instituição assuma uma tomada de posição mais
ativa diante do desafio de reduzir a evasão na modalidade EJA. Silva e Carvalho
(2015) assinalam que turmas com um número elevado de evasão,
devido a diversos fatores com trabalho, família, desmotivação causa por várias
situações, desde a prática pedagógica do professor que não compreende a
dinâmica das turmas noturnas. Reitera Simões
(2017) que também a escola pode estar inadequada para atender estes sujeitos em
suas diversidades e a falta de atenção a tais especificidades gera fracassos que
acabam por desestimular os sujeitos, levando-os a desistirem da escola. Assim,
a escola, em sua variedade de aspectos, tais como o currículo, a gestão
escolar, as avaliações e a organização do trabalho pedagógico, entre outros,
precisa analisar, com profundidade, a relação de suas práticas com o fenômeno
da evasão.
PRÁTICAS
PEDAGÓGICAS: DIAGNÓSTICO/PROGNÓSTICO & EVASÃO EM EJA: Há que se levar em consideração que,
conforme Cardoso e Estrada (2013), a EJA exige uma inclusão que tome por base o reconhecimento
do jovem adulto como sujeito. Dessa forma, é importante observar que a característica
principal do educador da EJA é reconhecer no educando o sujeito
histórico-cultural, com conhecimentos e experiências acumuladas em situações
socialmente diferenciadas e a partir daí considerar o diálogo entre as diversas
culturas e saberes, exigindo maior desempenho do professor. Perceber também que
trabalhar com essa modalidade de ensino requer flexibilização, levando-se em
conta suas especificidades. Expressa Simões
(2017) que os problemas constatados na EJA podem estar relacionados com os
perfis dos jovens, caracterizados por suas especificidades, o que exige uma
reconfiguração da escola para atendimento desse público. Arroyo (2006) destaca
que, para configurar a EJA, deve-se conhecer quem são os seus sujeitos, no
sentido de adequar a escola frente às necessidades de uma educação
diferenciada. Para o pesquisador, o ponto de partida é perguntar quem são esses
jovens e adultos. É preciso compreender como eles vivenciam o processo
educativo, buscando entender as razões e motivações que levam esses alunos a
abandonarem ou retornarem à escola.
BUSCANDO
SOLUÇÕES PARA EVASÃO: Observam
Silva e Carvalho (2015) que a sala de aula pode reverter as
dificuldades e promover em parceria entre educador e educando um espaço de
inovação, acolhimento e libertação. Cabe ao educador a tarefa de orientar,
mediar, conversar, conhecer o aluno e, com eles criar alternativas pedagógicas
que permitam conhecer e até “viver a vida [pedagógica] do aluno junto com ele”,
utilizando dessa relação como subsídio no momento da aprendizagem seja qual for
a modalidade ou etapa de ensino: na educação infantil, EJA, no ensino
fundamental, médio ou superior. O/a professor/a apresentar uma metodologia
dinâmica, onde o diálogo com os alunos ampliem nas suas práticas experiências
interdisciplinares, de modo que a aprendizagem permita uma riqueza de cultura e
conhecimentos. Necessidade de um trabalho efetivo na promoção de formação de
professores para a EJA, que se analisem as políticas públicas existentes para a
modalidade, que se promovam movimentos como os Fóruns para que todos os
envolvidos como professores e alunos tenham vez e voz sobre as reais
necessidades de melhoria da modalidade, entendendo o estudante como o principal
componente desse grupo e que é nele, ser singular, que estão as respostas para
a melhoria da EJA. Enfatiza Oliveira
(2009) que a reflexão e o debate são importantes elementos para que a escola
possa repensar as suas práticas pedagógicas, considerando a diversidade e as
demandas dos sujeitos, ofertando um ensino de qualidade e contribuindo para a
permanência dos alunos na EJA. Para Moço et al (2015), as ações adequadas para
combate a evasão na EJA devem ser definidas a partir do uso de variadas
linguagens (relacionadas com a arte e a cultura, como música, teatro, cordel,
etc.), reorganização do tempo (cronograma ajustado à disponibilidade dos
alunos), currículo contextualizado (com maior significado à aprendizagem, ao
associar temas do cotidiano às disciplinas), articulações para parcerias com
empresas (públicas e privadas para facilitar o acesso dos alunos à escola,
evitando atrasos), atendimento aos filhos (infraestrutura para recepção,
evitando a falta), atendimento individual (plano de estudos personalizados
respeitando o ritmo de cada um), acolhimento e merenda. Mediante isso, Cardoso
e Estrada (2013) expressam que a EJA deve constituir-se de uma estrutura flexível,
pois há um tempo diferenciado de aprendizagem e não um tempo único para todos
os educandos, bem como os mesmos possuem diferentes possibilidades e condições
de reinserção nos processos educativos formais; o tempo que o educando jovem,
adulto e idoso permanecerá no processo educativo tem valor próprio e
significativo, assim sendo à escola cabe superar um ensino de caráter
enciclopédico, centrado mais na quantidade de informações do que na relação
qualitativa com o conhecimento; os conteúdos específicos de cada disciplina
deverão estar articulados à realidade, considerando sua dimensão
sócio-histórica, vinculada ao mundo do trabalho, à ciência, às novas
tecnologias, dentre outros; a escola é um dos espaços em que os educandos
desenvolvem a capacidade de pensar, ler, interpretar e reinventar o seu mundo,
por meio da atividade reflexiva. Nessa perspectiva, Dourado et al (2015) dá total relevância
para integração, todos: gestão, professores e alunos se sentem
como parte integrante do processo, o que tem refletido diretamente na vida de
cada um, assim os educandos, educadores, gestores e comunidade tenderam a ser
cada vez mais responsáveis e autores de seu próprio conhecimento. Nesse
sentido, sugere a organização do fazer pedagógico a partir da observação e
interesse dos alunos e das necessidades de aprendizagem tanto individual como
de grupos, modificando o modo de ensinar. Nas reuniões pedagógicas, deve-se
procura contar com a participação da equipe gestora e dos docentes, bem como a
participação da Semed, se possível. Assim,
todas as ações devem estar voltadas para a construção do diagnóstico do índice de evasão, observação da
reestruturação e planejamento curricular, ações estratégicas, avaliações bimestrais, formação continuada dos
professores, encontros motivacionais, momentos da família dos alunos, avaliações
e reavaliações, procurando um prognóstico e, evidentemente, solução para o
problema de evasão nas turmas de EJA. Tudo isso, partindo do princípio de que a TV, o vídeo, as
revistas em quadrinhos, o jornal, o teatro, a música, o cordel e outras tantas
ferramentas disponíveis, que já são conhecidas pelos alunos e que, muitas vezes
eles não têm acesso e pelo fato destes recursos proporcionarem uma forma
diferente, dinâmica, e prazerosa de estudar, estimulando a aquisição de
conhecimentos, e possam ser utilizados na prática educativa. É primordial que o
professor saiba utilizá-los de forma a construir um conhecimento rico e
esclarecedor. Os recursos sejam tecnológicos ou artísticos, poderão ser
aplicados durante as aulas na produção de texto orais e escritos, a partir de
imagens, de filmes, de comerciais de TV, de histórias narradas, de manchetes de
jornal, dentre outras tantas e possíveis instrumentações que poderão ser
aproveitadas na sala de aula para melhor desenvolver o processo de aprendizagem
em jovens e adultos.
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